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1ª REPÚBLICA

REPÚBLICA VELHA

Por: Carlos Guilherme Dornela Gonçalves


HISTÓRIA DA 1ª REPÚBLICA
A segunda constituição brasileira, a de 1891, foi responsável por ordenar o período. Nela havia
continuidades e rupturas com o regime anterior.

- Continuidades: a matriz liberal, especificamente a adaptação do liberalismo às Comentado [CG1]: Priorização de direitos individuais
contraditoriedades em diversas esferas (econômica, política, social, etc.) (religião, igualdade formal, etc.)
- Rupturas: fim da monarquia e início da república; federalismo (fator determinante para a
transição de um período centralizado para um descentralizado quanto à administração Comentado [CG2]: Período de maior descentralização
pública/política). política da história do Brasil.

O início do período foi marcado pelo debate quanto à organização do poder e à decisão das instâncias
jurídicas, e também pela instabilidade política causada pela recente mudança de regime e que Comentado [CG3]: Havia desconfiança por parte dos
culminou em crises políticas, econômicas, financeiras e diversas revoltas, tais como: países que tinham relações com o Brasil dado que a
monarquia é um regime longevo e a ruptura traz incertezas.
- Revolta da Armada;
- Revolta de Canudos;
- Revolta do Contestado.

Vale pontuar a presença de militares que tentavam impor uma ordem positivista em contraposição
com um projeto civil. (Disputa entre projeto liberal de república e projeto antiliberal e militarizante).

FEDERALISMO

O pacto federalista permitiu a ampla autonomia dada a cada estado e suas elites. No âmbito local
comandavam os coronéis, e no estadual, as oligarquias. Cada estado era responsável, por exemplo,
pela administração de suas minas, pela fiscalidade, pela autonomia de aquisição de empréstimos, Comentado [CG4]: Não precisavam recorrer ao governo
pelos seus sistemas eleitorais e judiciários, pelo recrutamento de seus exércitos autônomos, etc. da federal.
Comentado [CG5]: Houve, inclusive, momentos em que
A autonomia conquistada nesse período foi tamanha que permeava até as menores esferas. Estados exércitos estaduais conflituaram contra o exército nacional.
autônomos, municípios autônomos e até distritos autônomos. Era um modelo de “Estado dentro do
Estado”.

CORONELISMO

O autor Vitor Nunes Leal classifica o coronelismo como um fenômeno datado, isto é, restrito a um
período histórico específico: apenas à primeira república. Tal fenômeno é mais do que o mandonismo
local ou disputa entre elites, que são fenômenos a-históricos, embora estejam presentes. O
coronelismo é uma mudança qualitativa do padrão de consolidação do poder privado baseado na
terra. Ele foi um resultado do monopólio e da concentração da terra que permitiu entes privados,
especificamente os coronéis, terem grande poder e influência sob suas áreas de comando. Comentado [CG6]: Título da mais alta patente da extinta
Guarda Nacional do período imperial.
Durante esse fenômeno, há conflitos de interesses entre as grandes famílias da elite, que
corriqueiramente recorriam à violência com a contratação de forças paramilitares como capangas,
cangaços e milícias para manter seu controle. Nesse contexto, surgem diversas alianças entre as
grandes famílias com o objetivo de amenizar os conflitos entre elas, alianças tais que serão muito
importantes na política dos governadores, como será visto a seguir. As tensões também ocorriam
entre os coronéis e outros grupos de interesse relevantes, como bacharéis, a Igreja, funcionários
públicos, profissionais liberais e a emergente elite empresarial.

Geografia da unificação de elites regionais

1. São Paulo e Minas Gerais institucionalizam um pacto de união primeiro que outras regiões e
compõem os dois maiores partidos o Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano
Paulista, sendo as duas mais fortes alianças oligárquicas. Na prática, essa aliança representava
uma atuação unitária no Congresso Nacional.
2. Em regiões como Goiás, Mato Grosso e Amazonas, não havia alianças, apenas uma família
exercia todo o domínio sobre a região.
3. E regiões como Paraná, Santa Catarina e Piauí também não havia alianças, mas várias famílias
estavam presentes exercendo influência sobre a região

No plano estadual, a recrutação política se dá pelos coronéis que se destacavam no plano local e pelas
novas elites.

Eleições corrompidas

Dado a força dos coronéis, o uso de meios extra legais de manipulação e o fator do voto aberto, os
processos eleitorais eram, em sua grande maioria, estruturalmente corrompidos. Fenômenos como o
voto de cabresto e curral eleitoral são deste período. Comentado [CG7]: Voto comprado por força política ou
econômica.
Foi só com a posterior chegada de Vargas no poder que o longo processo de modernização possibilitou
Comentado [CG8]: Região que sofre influência eleitoral
um aumento do poder público em detrimento do poder privado. O coronelismo acaba de imediato de um coronel, isto é, há uma artificial homogeneidade nos
com a chegada dele no poder. votos graças às ameaças de poder.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES

A política dos governadores é o nome dado ao acordo entre Minas Gerais e São Paulo para o rodízio Comentado [CG9]: Maior peso no Congresso por ter a
do poder do governo federal. Uma vez que as duas elites eram as mais fortes, tanto em influência maior força demográfica.
como em representação no Congresso, elas conseguiam cooperar para se auto elegerem. Comentado [CG10]: Maior força econômica.

Depois da primeira década da república, instaura-se uma estrutura de poder hierarquizada que
estabiliza as tensões pelo país:

As partes mais baixas da pirâmide ofereciam apoio para suas superiores imediatas em trocas de
favores, isto é, numa relação de clientelismo.
As oligarquias secundárias ofereciam apoio às principais para conseguir apoio político como
nomeações e favorecimento em obras públicas.

Os coronéis ofereciam apoio às oligarquias secundárias pelo controle de seus currais eleitorais.

A população oferecia apoio (embora forçado) aos coronéis em troca de proteção e cargos públicos.

Vertentes de análise

- Tradicional: diz que a política dos governadores foi responsável pela maior estabilidade do
período e previsibilidade política, dado que já se sabiam quem seria o próximo eleito.
- Outra vertente: admite a longevidade do regime (pouco mais de 30 anos), mas duvida da
previsibilidade, pois a cada processo sucessório corria-se o risco de uma erupção de tensões.
A revolução de 1930, por exemplo, foi resultado da incapacidade de se conter a crise do último
processo sucessório.

SETORES POPULARES

- Participação política limitada e corrompida;


- Há movimentos sociais urbanos e o surgimento do movimento operário, que será
criminalizado;
- Movimento operário socialista e sindicalista que lutou por direitos civis e sociais.

Para saber mais:

https://escolakids.uol.com.br/historia/republica-velha-o-periodo-da-republica-oligarquica.htm

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ECONOMIA 1ª REPÚBLICA
Caio Prado

CRISE DE TRANSIÇÃO

A primeira década republicana, caracterizada pela transição para o novo regime, foi de extrema
importância para a transição ao capitalismo periférico e chegada no auge do sistema primário-
exportador.

A transição, que pressupunha adaptações e intervenções estatais, foi marcada por uma crise
econômica, resultado de:

- Problemas monetários associados ao fim da escravidão e à grande quantidade de novos


trabalhadores imigrantes: falta de meios para pagamento de salários e necessidade de Comentado [CG11]: Mudança para o modelo de
aumento abrupto da emissão monetária; assalariamento.
- Política de expansão de crédito; Comentado [CG12]: Facilidade de acesso ao crédito pela
- Não indenização dos proprietários de escravos; falta de fiscalização permitiu investimentos em áreas não
aprovadas. Empresas-fantasma recebiam crédito, fechavam
- Governou perdeu bases fiscais com a transição e autonomia das regiões e precisou se custear as portas para não pagá-lo, mas continuavam negociando
pelo aumento das emissões monetárias; suas ações.
- Mudanças ideológicas (de mentalidade): movimentação financeira inédita → especulações e
forte criação de empresas sem crescimento real da economia;
- Crescimento financeiro sem crescimento real pela expansão monetária, provocando
desequilíbrio cambial; Comentado [CG13]: Prejudica indústria.
- Encilhamento; Comentado [CG14]: Nome da crise de grande impressão
- Desconfiança do capital estrangeiro com a mudança de regime, o que afasta investimentos. de moeda que desvalorizou a moeda da época e causou um
surto inflacionário.
Foi no governo de Campos Salles que suas políticas fizeram superar a crise e atraíram de volta o capital
estrangeiro.

AUGE DO MODELO PRIMÁRIO-EXPORTADOR

Durante a 1ª república o modelo primário-exportador atinge seu auge. Contudo, surgem diversas
contradições até que, com a crise de 1929, fica evidente a sua insustentabilidade.

A base produtiva é a mesma do período colonial, só muda o trabalho, que nesse período não é mais
escravo. Mantém a monocultura, o latifúndio, o controle do capital estrangeiro, e o foco em
exportação.

O alcance do apogeu não foi um processo natural, mas acelerado por fatores externo e internos.

Fatores externos

- Nova etapa da mundialização do capital: crescimento demográfico, urbano, industrial, de


serviços, e a incorporação de tecnologias de produção mudam o padrão de consumo e de
circulação;
- Dilatação da presença de capital estrangeiro no Brasil: grandes serviços públicos, transportes
(ferrovias), sistema bancário em expansão e filiais de bancos em território nacional;
- Atividades financeiras: crescimento exponencial da concessão de empréstimos, inclusive aos
estados e municípios, que são autônomos.
o Crescimento da dívida externa (muito por causa do setor ferroviário): de 30bi libras
para 250bi de libras.

Fatores internos

- Eficácia da transição do trabalho: introdução de relações capitalistas; Comentado [CG15]: Principalmente pela solução
- Incorporação de inovações técnicas/tecnológicas: beneficiamento do café, novas matrizes imigrantista do setor cafeeiro de SP.
energéticas e processos mecânicos modernos (eletricidade e vapor), ferrovia e setor naval
(navegação oceânica);
- Mudança no plano ideológico (superestrutural): outra percepção quanto ao
empreendedorismo e ânsia por prosperidade material.

Contradições

Caio Prado sublinha a importância de se compreender o desenvolvimento do comércio externo nessa


fase para entender o auge do setor primário-exportador:

- Grande ritmo de expansão do valor das exportações (borracha, fumo, cacau, açúcar, erva
mate, café) → excessiva concentração no setor exportador; Comentado [CG16]: Principal contradição.
- Frequentes intervenções no setor do café não resolvem o problema estrutural, até que fica
insustentável;
- Fundos enviados para o exterior, dada a subordinação ao capital estrangeiro;
- Aumento da dívida externa;
- Constante deterioração dos termos de troca → problema da balança comercial;
- Maior sensibilidade às flutuações externas → sujeição às determinações externas =
vulnerabilidade;
- Mercado interno relativamente dependente de fornecimento externo (máquinas, trilhos,
estrutura portuária, etc.)
- Reinvenção da escravidão no setor da borracha → coerção extraeconômica, servidão por
dívida;
- Dificuldade de submeter o trabalho de imigrantes a uma mentalidade senhorial → imigração Comentado [CG17]: Imigrantes tinham aspirações de
de retorno com períodos de déficit imigratório; terem suas próprias terras e serem produtores
independentes.
o Migração de retorno não acontece com imigrantes do Sul, que já chegam no Brasil
com autonomia; Comentado [CG18]: Mais emigrante que imigrante.
o Movimentos sociais no campo e oposição à alguns trabalhos;
- Redução dos saldos comerciais → agrava uma tendência crônica de desequilíbrio da balança
de pagamentos.

*Os dois setores de exportação que mais sofrem são:

Café: superprodução → desequilíbrio de demanda e oferta internacional

Borracha: o fornecimento de borracha brasileira se torna insignificante com o aumento da


concorrência internacional. Comentado [CG19]: Traficaram as árvores de borracha
para o Oriente, que passou a ser concorrente.
NOTAS SOBRE OS SETORES MAIS IMPORTANTES DA ECONOMIA

Café

- Setor mais importante;


- Transição do trabalho;
- Dinâmicas regionais diferenciadas;
- Fenômeno da superprodução;
- Adoção de reiteradas formas de recuperação das perdas por intervenção estatal;
- Avanço do capital estrangeiro no controle do café → perdas recaem mais sobre produtores
do que sobre donos do capital;
- Convênio de Taubaté;
- Crise de 1929 e seus efeitos.

Borracha

- Incidência geográfica no Norte;


- Elevação dos preços;
- Grande peso na pauta de exportações na última década do séc. XIX e nas duas primeiras do
XX;
- Imigração interna.

Cacau

- O cacau, que antes era só nativo, passou a ser produzido comercialmente.

Açúcar

- Brasil “perde o bonde” por demorar a passar por transformações tecnológicas;


- Mecanismos protecionistas europeus obstruem a produção brasileira.

INDUSTRIALIZAÇÃO
Caio Prado usou o censo das indústrias de 1907 e o censo de 1920 para entender o cenário da indústria
brasileira.

- Concentração industrial no Sudeste (SP e RJ);


- Relação entre café e indústria = origem do empresário e do capital brasileiro;
- Presença de bens não duráveis (têxtil e alimentos);
- Pouca mudança entre 1907 e 1920 por: atrasos causados pela 1ª Guerra Mundial e pela falta
de políticas industriais (falta de protecionismo, por exemplo);
- A indústria cresce relativamente apesar da falta de políticas;
- Indústria fragilizada pela falta de política industrial: mudança de câmbio constante e políticas
monetárias = instabilidade;
- Siderurgia em MG cresce em escala.

IMPERIALISMO

A economia brasileira era dependente, vulnerável, subordinada e de tipo colonial, de acordo com Caio Comentado [CG20]: - Setor primário é predominante;
Prado. O capital industrial mantém a subordinação do Brasil ao tentar controlar todas as cadeias - Subordinação ao capital estrangeiro;
- Estrutura latifundiário;
produtivas mais rentáveis.
- Etc.
O imperialismo está presente em todo o setor primário-exportador, principalmente do café. Ele
também participa da especulação financeira através de filiais do setor bancário em território nacional.

O domínio imperialista:

- Controla os mercados consumidores, favorecendo o consumo de bens estrangeiros em


território nacional;
- Assegura o provimento de matérias-primas para a indústria estrangeira;
- Concede empréstimos para os setores nacionais, aumentando a dívida pública e promovendo
a transferência dos excedentes do Estado para o exterior;
- Permite o desenvolvimento de empreendimentos industriais, serviços urbanos e públicos, e
ferrovias às custas da subordinação por dívida;
- Adquiria terras com potencial extrativo para conseguir matéria-prima Comentado [CG21]: Antes de Vargas, a propriedade da
terra incluía propriedade sobre o subsolo. Com Vargas o
O imperialismo é: subsolo se tornou monopólio estatal.

- Fator de exploração da riqueza internacional;


- Limitador de acumulação interna; Comentado [CG22]: Já que lucros vão para o exterior
- Perturbador das finanças nacionais e contas públicas; para pagamento de dívidas.
- Impulsionador da economia brasileira;
- Mantenedor da condição de subordinação do BR ao capital estrangeiro.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS GERAIS

- Brasil tem posição secundária na DIT pelo volume do comércio e por ser periférico, tendo
pouca influência internacional;
- Somente o setor exportador estava de fato inserido nas lógicas capitalistas, grande parte do
restante da economia estava imersa na economia camponesa e de autoconsumo;
- Havia um nexo estreito entre a revolução técnico-científica e o desenvolvimento das
economias primário-exportadoras;
- A 1ª República representou, ao longo do período, uma especialização extrema da produção. Comentado [CG23]: Em resumo, a pauta de exportações
Se antes a pauta de exportações era relativamente balanceada, no final do período o açúcar, deixou de ser diversificada ao longo do período e se
concentrou no café.
a borracha e o algodão perderam espaço para o café, deixando o Brasil muito dependente
desse produto.
- A dependência da economia no setor do café motivou um financiamento ativo do governo
central (desvios públicos para expansão de ferrovias, por exemplo), a chamada “política de
salvação nacional”; Comentado [CG24]: *Melhor explicada no resumo da Era
- Os investimentos no Brasil pararam de ser concentrados pela Inglaterra, abrindo espaço para Vargas.
os EUA, a Alemanha, e a França, que ajudaram no desenvolvimento de serviços urbanos, por Comentado [CG25]: Nesse período a Inglaterra começa a
exemplo, e aumentaram a dívida pública; se interessar mais por desenvolver as suas zonas coloniais,
e, como EUA e Alemanha não tinham colônias significantes,
- No contexto externo, os EUA avançavam e disputavam a hegemonia frente à Inglaterra. A puderam expandir suas participações no Brasil.
Doutrina Monroe de criar uma zona de influência estadunidense em toda a América estimulou
os investimentos americanos na América Latina;
- Como a Inglaterra já havia se apossado de setores estratégicos no Brasil, os EUA se
concentraram no setor agrícola e mineral.

PRECEDENTES DA REVOLUÇÃO DE 1930

Os sinais de contexto para uma revolução estavam surgindo (ex.: tenentismo, semana da arte
moderna, etc.)

Os processos sucessórios da presidência eram momentos de tensão, já que a aliança entre as duas
maiores oligarquias (MG e SP) tinha de ser cumprida para que não eclodissem conflitos. Contudo, no
processo sucessório de 1922 todas as oligarquias de 2ª grandeza (BA, RS, RJ, etc.) articularam uma
oposição contra o eixo MG-SP. Essas oligarquias eram contra a eleição de Artur Bernardes e colocaram Comentado [CG26]: Essa oposição não questionava o
um candidato. modelo oligárquico. Ela queria que ele se mantivesse, só
queria participar mais do controle do poder.
A eleição de Artur Bernardes e o fracasso da oposição não desarticulou as oligarquias opositoras. Pelo
contrário, surgiram movimentos de reação, como o TENENTISMO. Membros da oposição em São Comentado [CG27]: Movimento com pregações
Paulo se juntam com os do Sul e formam a COLUNA PRESTES. revolucionárias que era contra o eixo SP-MG.

No fim da 1ª República, a negação de uma indicação mineira à presidência causa uma cisão intra- Os membros foram responsáveis por algumas revoltas
pontuais, como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
oligárquica entre SP e MG. MG, então, alia-se com RS e PB na chamada Aliança Liberal para lançar a
candidatura de Getúlio Vargas. Essa aliança reivindicava:

- Regulamentação das relações de trabalho;


- Reforma da estrutura política;
- Movimento operário comunista;
- Anistia aos revoltosos (tenentes);
- Questionamento do modelo econômico.

A candidatura de Vargas não deu certo, mas seus membros não se desarticularam. Eles se aliaram aos
militares para ganhar mais poder. A morte de João Pessoa (por fins não políticos) foi usada para
mobilização e agitação do sentimento contra o governo. Militares derrubam o governo de Washington
Luís e colocam Vargas no lugar.

Interpretações da natureza do golpe

1ª) Foi uma disputa entre a burguesia média e a nacional

2ª) Foi uma revolução democrático burguesa (mercado interno x imperialismo – grandes industriais)
3ª) Foi um conflito sem distinção de classes, mas havia um compromisso de atender todas as classes
que resulta da incapacidade da aliança liberal de se impor

4ª) “Contra interpretação”: nega o caráter revolucionário e diz que foi um golpe preventivo da
burguesia contra o movimento operário; foi um contragolpe.

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POLÍTICA ECONÔMICA 1ª REPÚBLICA


PRIMEIRA DÉCADA DA REPÚBLICA

É um período de transição, consolidação do novo regime, resolução de problemas (heranças do


período colonial), adaptação a um novo padrão de integração do Brasil à economia capitalista.

- Transformações estruturais e crises políticas se sobrepõem (economia x política);


- A economia estava refém da política;
- Transição do trabalho; assalariamento se generaliza → necessidade de expansão da base
monetária;
- Reordenamento da inserção do país na economia internacional → país de herança colonial e
base agroexportadora se organiza para competir internacionalmente (ex.: ferrovias);
- Debate entre papelistas e metalistas no interior do governo; Comentado [CG28]: Ruy Barbosa era papelista e disputou
- Expansão da dívida externa e do setor financeiro; contra reação conservadora dos metalistas.

O padrão de inserção do Brasil no capitalismo é dado em um estado de vulnerabilidade (ex.:


deterioração dos termos de troca; crises cambiais; necessidade de novos acordos comerciais). Comentado [CG29]: Desequilíbrio do balanço de
pagamentos.
Crise do Encilhamento

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/encilhamento-politica-economica-tentou-
impulsionar-a-
industrializacao.htm#:~:text=Encilhamento%20foi%20o%20nome%20pelo,momento%20de%20grav
es%20desajustes%20econ%C3%B4micos.

APOGEU E CRISE DA 1ª REPÚBLICA

O governo de Campos Salles, na passagem para o século XX, findou a crise e estabilizou o país. Entre
1900 e 1930, foi o auge de ambos: economia e política, até o encontro das limitações do sistema
quando a crise de 1929 estourou.

A partir de 1900, todas as crises do período são de natureza externa (choques externos, não internos),
dado o modelo dependente do país.

Visão tradicional do período

O complexo cafeeiro de SP é mais complexo do que os de MG e RJ, dadas as conexões financeiras do


estado paulista.

Dada a potência do setor, a visão tradicional se sustenta em 2 pilares para explicar o período:
Comentado [CG30]: Tornar produto interno mais barato
1. Durante toda a 1ª República, houve uma tendência de depreciação cambial para atender as
e competitivo internacionalmente para vender os estoques
demandas do setor do café. de café.
2. O governo participou ativamente no fortalecimento do setor.

Perante os choques externos, entendia-se que era necessário adotar uma “política de salvação
nacional”, que era ortodoxa. Os períodos de adoção dessas políticas ficaram conhecidos como
“interlúdios da política econômica ortodoxa”.

Ciclos econômicos da 1ª República

• 1900 – 1913 (era de ouro)


- Superou-se as instabilidades e crises (política, institucional e econômica) da 1ª década e abriu
um período de crescimento (o mais importante de todo o período).
- 1ª experiência com o padrão-ouro;
- Convênio de Taubaté: proposição de intervenção do Estado por meio da política de
valorização do café. Intervenções dos governos dos estados, principalmente SP, às vezes em
descompasso com o governo federal.
• 1914 – 1918 (período de guerra)
- Nova moratória; Comentado [CG31]: Prorrogação do prazo de pagamento
- Adaptação ao contexto de guerra = deterioração dos termos de troca; da dívida externa.
- Boom e recessão pós-guerra.
• 1922 – 1926
- Crise e recuperação econômica;
- Regulação institucionalizada do setor do café.
• 1926 – 1930
- Crise de 1929;
- Irredutibilidade do governo em entender a natureza da crise.

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INDUSTRIALIZAÇÃO NA 1ª REPÚBLICA
MODELOS DE INTERPRETAÇÃO DAS ORIGENS DA INDUSTRIALIZAÇÃO

SUZIGAN, Wilson (Faz uma coletânea de óticas e adiciona uma autoral)

1. Ótica dos choques adversos

A análise da industrialização por essa ótica tem como foco o impacto (impulsionador ou
retardador, a depender do período) dos choques externos no progresso econômico brasileiro,
especialmente no setor exportador.

Dentro dessa ótica existem duas visões:

a) Extrema: está associada à teoria geral da Cepal (estruturalismo histórico), que é a


explicação generalizante do desenvolvimento da América Latina. De acordo com essa
teoria, a mudança do quadro brasileiro (e latino-americano, no geral) dentro da Divisão
Internacional do Trabalho só seria possível com a industrialização. O último choque do
período, o de 1929, foi determinante para desencadear um forte processo de
industrialização.
b) ...
2. Ótica da industrialização liderada pela expansão das exportações

Essa ótica inverte o foco da primeira e destaca a importância do mercado interno para a
industrialização, especialmente o setor do café.

Os setores primário-exportadores foram responsáveis por:

- Monetizar a economia;
- Expandir a renda interna e criar um mercado interno;
- Desenvolver a infraestrutura (portuária, energética, ferroviária etc.);
- Integrar o mercado interno (resultado da modernização dos transportes);
- Construir um mercado de trabalho (iniciado pelo setor do café);
- Constituir um sistema bancário moderno.

Essa ótica estabelece uma relação linear e direta entre a expansão do setor exportador e a
industrialização.

Os autores dessa ótica concordam com o nexo entre café e industrialização, e dão destaque
para o surgimento do capital e empresário industrial. Também afirmam que o Estado teve
pouca participação, mesmo com políticas de industrialização e favorecimento dos transportes.

3. Ótica do capitalismo tardio

Essa ótica faz uma associação entre o desenvolvimento industrial e o surgimento do


capitalismo.

Os autores se baseiam na experiência da indústria de SP e generalizam para o Brasil.

João Manuel Cardoso de Mello, Sérgio Silva, Maria Tavares e outros autores mantém o nexo
café-indústria (acumulação prévia do mercado cafeeiro).

Substituem a relação linear e direta que a ótica 2 afirmava existir, e diz sobre as contradições
do modelo econômico brasileiro:

- Sujeição ao capital estrangeiro que promove dependência (imperialismo);


- Setor cafeeiro estava condicionado à expansão das exportações (mercado externo);
- Acumulação do capital do setor exportador (?)

4. Ótica da industrialização intencionalmente promovida por políticas de governo

Essa ótica foca na importância das deliberações políticas para a industrialização. Tais como:

- Concessão de incentivos e subsídios à indústria;


- Ajustes nas políticas tarifária e cambial.

O setor têxtil, por exemplo, foi especialmente beneficiado

O setor açucareiro, por sua vez, beneficiou-se com uma política de garantia de juros.

5. Extra (proposta pelo autor): Ótica da teoria do crescimento induzido por produtos básicos

Essa ótica é muito similar à de número 2. Ela diz que o crescimento dos setores de produtos
básicos e de exportação (café, açúcar, algodão) gerou um desencadeamento por
multiplicadores. O crescimento da renda/produto desses setores beneficiou o crescimento da
indústria.

- Os produtos básicos precisam de máquinas → surgimento de pequena indústria de máquinas


e sacaria. Comentado [CG32]: Ensacamento do café vindo de sacos
- Os tributos sobre os produtos básicos (mesmo que indiretos) favoreceram o setor industrial. da indústria têxtil.

Campos de discordância entre as óticas

• Encilhamento: Comentado [CG33]: Período de expansão do crédito,


- Algumas óticas vão dizer que foi um período de impulsionamento da industrialização pelas especulações etc.
especulações;
- Outras vão afirmar que as novas empresas que surgiram no período não foram duradouras, já
que eram meramente especulativas.
• 1ª Guerra Mundial
- Algumas óticas dizem que a guerra acelerou a industrialização já que as restrições e o
contingenciamento do mercado externo foram como uma “janela de oportunidade” para o
Brasil;
- Outras vão dizer que a guerra limitou a atuação brasileira.
• Crise de 1929
- Algumas vão dizer do efeito positivo (?)
- Outras vão dizer do efeito negativo (?)

Síntese de Suzigan: contribuições das óticas e conclusões próprias

Suzigan sintetiza o período de industrialização em duas partes:

• Até a 1ª Guerra:
- A ótica 5 explica bem o período (similar à ótica 2): indústria que produz insumo para indústria.
Ex.: indústria mecânica (máquinas) que produz equipamentos para indústrias de baixa
complexidade.
- Para ele, as políticas de tarifa e câmbio do período são não-intencionais (com exceção do setor
açucareiro), ou seja, a ótica 4 perde valor.
- Ainda assim, concorda que o Estado favorece de forma indireta a industrialização.
- E adiciona que a origem do capital industrial veio tanto do capital agrário, como do mercantil
(estrangeiro).
• Pós 1ª Guerra:
- Após a guerra a complexidade da indústria cresce muito. Ex.: o desenvolvimento da indústria
siderúrgica por capital estrangeiro.
- O autor também ressalta a importância do setor exportador para a criação de um mercado
interno. Comentado [CG34]: Setor exportador foi responsável
pelo assalariamento, geração de renda e,
consequentemente, aumento do consumo.

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TÓPICOS DE ESTUDO
CENÁRIO GERAL

• Federalismo;
• Coronelismo;
• Política dos governadores e suas vertentes de análise;
• Processo eleitoral;
• Tenentismo;
• Clientelismo.

ECONOMIA

• Crise de transição (encilhamento, o problema monetário e de crédito);


• Auge do modelo primário-exportador e suas contradições;
• Noções gerais da pauta de exportação;
• Imperialismo;
• Política de salvação nacional e Convênio de Taubaté;
• Noção geral dos ciclos econômicos;
• Nexo café-industrialização
• Óticas sobre a industrialização.

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