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E O PENSAMENTO
ANTI-RACISTA DE MANUEL GONZALEZ PRADA
(...) desde cuándo las revoluciones anuncian decrepitud y muerte? Ninguna de las naciones
hispanoamericanas ofrece hoy la miseria política y social que reinaba en la Europa del
feudalismo; pero a la época feudal se la considera como una etapa de la evolución, en tanto
que a la era de los revoluciones hispano-americanas se la mira como un estado irremediable
y definitivo.17
Na visão desse pensador crítico, o conceito de “revolução” era muito mais amplo do
que se costumava usar na América Latina: ele entendia por revolução um processo amplo,
no qual as estruturas sociais seriam transformadas; não as que convenientemente usavam
do nome de “revolução” e se tratavam de disputas pelo poder dentro da elite dominante. É
por essa razão que ironizou, com muita propriedade, a própria avaliação da Europa sobre si
mesma e sua perspectiva sobre a América Latina: o que é considerado como parte de um
processo histórico lá, é visto na América Latina como um sinal de “degeneração” ou de
“decadência”, sugerindo de forma irônica, que existem leis sociológicas para os latinos da
América e outras para os latinos da Europa.18
Gonzalez Prada fez uma crítica à postura européia de avaliar sempre a Europa de uma
forma e a América Latina de outra forma. Além disso, ele percebeu o quanto a visão euro-
péia era parcial, procurando encontrar elementos para desqualificar a América Latina.
O escritor falava, não só como peruano, mas também como um “latino-americano”. Ele
criticou Le Bon e a postura européia em confronto, não apenas com o Peru, mas com toda
a América Latina. Aqui, sua crítica teria, depois, semelhanças nos escritos de Manoel
Bomfim: embora mantivesse o foco no seu país, conseguia perceber que os problemas eram
similares aos dos outros países latino-americanos.19
Buscando encontrar uma base teórica maior para justificar seu ponto de vista, o autor
citou Louis Gumplowicz, para quem todo grupo étnico buscava manter o domínio sobre um
outro grupo – conquistado em uma guerra ou considerado “débil” ou “inferior”. Assim,
afirmou que, na América, tanto os conquistadores quanto os seus descendentes formavam
um elemento étnico grande o suficiente para subjugar e explorar os indígenas.
É por isso que, mesmo qualificando como exageradas muitas afirmações de Las Casas,
não negava a crueldade dos exploradores, que levaram muitos povos americanos à debili-
dade e à extinção. Fazendo uma comparação com a natureza, Gonzalez Prada disse que “las
hormigas que domesticam pulgones para ordeñalas, no imitam la imprevisión del blanco,
no destruyen a su animal productivo”.20
Notas
*
Mestre em História Social pela FFLCH-USP.
1
MARIÁTEGUI, J. C. Sete ensaios de interpretação da realidade peruana. São Paulo, Alfa-Ômega,
1975, p. 9.
2
HALPERIN DONGHI, T. História da América Latina. 2 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989, p.
159.
3
CORTIER, J. Clases, Estado y nación en el Peru. México, Universidad Nacional Autónoma de México,
1982, p. 98.
4
CHANG RODRIGUEZ, E. El ensaio de Manuel Gonzalez Prada. Revista Iberoamericana. Pittsburg,
Instituto Internacional de Literatura Ibero Americana, 1976, p. 95.
5
MARIÁTEGUI, op. cit., p. 182.
6
GONZALEZ PRADA, M. Paginas libres/Horas de Lucha. Venezuela, Biblioteca Ayacucho, p. 106.
7
Id. “Instruccion Catolica”, in: op. cit, p. 88.