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de Antofagasta.
Resumo
Dentre os conflitos territoriais mais longevos da América Latina está o conflito entre Chile
e Bolívia pelo controle da região de Antofagasta. Durante a Guerra do Pacífico, conflito
envolvendo Chile, Peru e Bolívia pelo controle da porção norte do Deserto do Atacama
ocorrida no período de 1879 a 1883, em que o Chile saiu vitorioso; a Bolívia teve que
renunciar à região de Antofagasta e consequentemente a sua saída soberana para o Oceano
Pacífico. Desde então, a recuperação da região de Antofagasta, atualmente sob controle
chileno, tornou-se um objetivo nacional para a Bolívia e, até os dias atuais, é motivo de
conflitos diplomáticos entre os dois países. Este artigo tem como objetivo analisar as atuais
tentativas dos dois países em questão para solucionar o conflito. Assim, contará com um
levantamento histórico das tentativas orquestradas pelos países envolvidos para solucionar
a querela, bem como uma análise dos atuais diálogos entre Chile e Bolívia sobre a
questão.
Abstract
Among the oldest territorial conflicts in Latin America is the conflict between Chile and
Bolivia for control of the Antofagasta region. During the War of Pacific, conflict involving
Chile, Peru and Bolivia for control of the northern part of the Atacama Desert that occurred
in the period 1879 to 1883, in which Chile emerged victorious; Bolivia had to resign to the
region of Antofagasta and hence its sovereign outlet to the Pacific Ocean. Since then, the
recovery of the Antofagasta region, currently under Chilean control, became a national
goal for Bolivia and, to this day, is a cause of diplomatic conflicts between the two
countries. This article aims to analyze the current efforts of the two countries concerned to
resolve the conflict. So, will feature a historical survey of attempts orchestrated by the
countries concerned to resolve the dispute, as well as an analysis of the current dialogue
between Chile and Bolivia on the issue.
1
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí, Mestre em Ciência Política pela mesma
instituição, doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
1- Introdução
“Esperamos 135 anos e, em questões de Estado como esta, nós bolivianos estamos
unidos. Será um orgulho ver sair, finalmente, um barco boliviano de nossa costa a caminho
de outro país” (FERRER, 2014). As palavras proferidas pelo presidente boliviano Evo
Morales durante sua visita à Haia, Holanda, para depositar o memorando do processo
movido pelo seu governo contra o Chile no Tribunal Internacional de Justiça da
Organização das Nações Unidas em 2014, demonstra a importância e a longevidade da luta
pelo acesso ao mar para o país sul-americano. Com três perdas territoriais2 significativas
durante os séculos XIX e XX, a Bolívia viu-se enclausurada nos Andes e com suas fontes
de riquezas minerais e naturais significativamente reduzidas, razão a qual é frequentemente
atribuído o seu subdesenvolvimento.
Durante mais de um século a Bolívia luta pelo seu direito de acesso ao mar perdido
durante a Guerra do Pacífico que também envolveu Peru e Chile. Seja por meio de acordos
bilaterais com o Chile, seja por meio de apelações em instâncias superiores de
organizações internacionais, a Bolívia busca por fim ao seu status de país mediterrâneo3 e
definiu este como um interesse nacional em sua Constituição. Se por um lado a Bolívia
adota uma postura militante em busca de seu direito ao acesso ao mar, o Chile adota uma
posição defensiva sobre a questão, alegando ser improcedente o apelo boliviano.
O presente artigo tem como objetivo analisar os esforços orquestrados tanto pela
Bolívia quanto pelo Chile para trazer à tona uma solução viável para o conflito. Para
atingir tal objetivo será analisado, primeiramente, em perspectiva histórica, as causas do
conflito, que remontam ao século XIX, e os tratados bilaterais entre Chile e Bolívia
assinados após o fim do conflito até as atuais apelações bolivianas no Tribunal
Internacional de Justiça da Organização das Nações Unidas.
2
A Bolívia sofreu três grandes perdas territoriais durante os séculos XIX e XX. A primeira dela foi a região de
Antofagasta e, consequentemente, sua saída soberana para o mar, foco deste artigo. A segunda foi a perda
do território do Acre para o Brasil, sem a necessidade de um conflito armado, os dois países firmaram a
seção do território por meio do Tratado de Petrópolis assinado em 1903. E, a terceira perda foi a região
conhecida como Chaco Boreal, alvo de disputa entre Bolívia e Paraguai, o qual saiu vitorioso do conflito
armado conhecido como Guerra do Chaco durante os anos de 1932 e 1935.
3
Por país mediterrâneo entendem-se países que não possuem acesso direto ao mar.
2- Origens do conflito: A Guerra do Pacífico
De acordo com Ortega (2006), até meados de 1870 o Chile viveu um período de
“bonança” econômica sem precedentes devido aos altos preços de seus principais produtos
de exportação. Este período de prosperidade econômica resultou no crescimento das
atividades produtivas tradicionais chilenas, na ampliação do seu mercado interno com a
abertura de novos itens de produção, além do crescimento do setor exportador chileno.
4
No original: “Santiago fue hermoseado y mejorado y ensanchando sus calles y con la construcción de un
edifício para el Congresso, la Quinta Normal com sus museos y palácios. La antiga roca del cerro de Santa
Lucía se convertió en un hermoso parque al estilo europeo. Una reforma educacional estableció la educación
libre permitiendo la creación de escuelas privadas. Se crearon hospitales y una moderna escuela de medicina,
que estableceria un liderazgo indiscutible de los medicos chilenos por todo el siglo venidero. Jóvenes
chilenos que demonstraban aptitude excepcionales en su campo fueram enviados a Europa a estudiar y
perfeccionase, entre ellos vários oficiales de marina y del ejército. Todo este progresso se financiaba com los
impuestos del salitre y con los de la mina de plata de Caracoles.”
O auge das companhias chilenas nos territórios peruanos e bolivianos havia
impulsionado estes dois governos a obter o máximo benefício possível do trabalho
desses empresários estrangeiros. Devemos lembrar que nem o Peru nem a Bolívia
obtiveram os benefícios adicionais que significavam o comércio e o abastecimento
das empresas. Até Cobija, o único porto ativo boliviano, era abastecido de gêneros
alimentícios, bens de consumo e até água pelos chilenos (URRITIA, 2008, P.5,
tradução nossa5).
Uma questão que foi central para o início da Guerra do Pacífico foi a tensão entre
os envolvidos no que se refere ao estabelecimento de suas fronteiras.
A Bolívia havia mantido uma disputa constante com o Chile sobre o limite exato
entre as duas nações. Como no caso da Patagônia, o limite norte do Reino do Chile
era o deserto do Atacama, um páramo 6 com extensão de quase mil quilômetros.
Embora a Bolívia, país criado artificialmente em 1825, nunca tenha exercido
soberania alguma sobre o território, se reconhecia o limite como o paralelo 25°S
em Caleta Paposo. Depois da descoberta das riquezas do salitre, o Chile reclamou
que sua soberania se estendia até o paralelo 23°S. A apelação chilena resultou em
um acordo em 1866 entre ambos os governos pelo qual se estabelecia o paralelo
25°S como fronteira. Além disso, o tratado especificava que os dois países
compartilhariam as tarifas alfandegárias de todos os minerais exportados do
território compreendido entre os paralelos 23° e 24°S. No início de 1870 se supôs
o descobrimento do grande depósito de prata de Caracoles que estavam um pouco
mais ao norte do paralelo 24°S. Um grande fluxo de capital chileno pôs em
funcionamento a mina e permitiu a construção de uma ferrovia e de um cais em
Antofagasta (URRITIA, 2008, P.6-7, tradução nossa7).
5
No original: “El auge de las compañías chilenas en territórios peruanos y bolivianos había impulsado a
estos dos gobiernos a obter el máximo beneficio posible del trabajo de estos empresários extranjeros. Hay de
recordar que ni Perú ni Bolivia obtenían los beneficios adicionales que significaban el comercio y
abastecimento de las empresas. Hasta Cobija, el único puerto activo boliviano, era suministrado de víveres,
bienes de consumo y hasta de agua por los chilenos”.
6
Ecossistema neotropical de montanha encontrado em países andinos.
7
Bolivia había mantenido una disputa constante con Chile sobre el limite exacto entre las dos naciones.
Como en el caso de la patagônia el limite norte del Reino de Chile era el desierto de Atacama, un páramo
con una extensíon de casi mil kilómetros. Aunque Bolivia, país creado artificialmente en 1825, nunca había
ejercido soberania alguna sobre el território, se reconocía el límite como el paralelo 25°S en Caleta Paposo.
Después de descubrirse la riqueza del salitre, Chile reclamó que su soberanía se extendía hasta el paralelo
23°S. El reclamo chileno resultó en un acuerdo em 1866 entre ambos gobiernos por el cual se establecía el
paralelo 25°S como linea divisoria. Además, el tratado especificaba que los dos países compartirían los
derechos de aduanas de todos los minerales exportados desde el territorio compreendido entre los paralelos
23° y 24° S. A comienzos de 1870 se supo del descubrimiento del gran yacimiento de plata de Caracoles que
estaba un poco más al norte del paralelo 24°S. Una gran inversión de capitales chilenos puso en
funcionamento la mina y permtió la construcción de un ferrocarril y de un muelle en Antofagasta.
Temendo os “impulsos expansionistas” chilenos, já que ambos sofriam com as
investidas de seu vizinho andino, os governos boliviano e peruano assinaram em 1873 o
“Tratado de Alianza Defensiva” que consistia em um acordo de ajuda mútua em caso de
agressão externa no qual obrigava a outra parte a participar do conflito em seu favor em
caso de uma futura declaração de guerra (FILIPPI e CHARÃO, 2014). Este acordo, no
entanto, foi considerado secreto pelo governo chileno que alegava desconhecimento sobre
tal.
Já a Bolívia, em uma séria crise econômica após o golpe de Estado que levou
Hilarión Daza ao poder (já que este, ao assumir a presidência, obrigou o Tesouro Nacional
a pagar as facções militares que o conduziram ao poder e assim esvaziou os cofres do país)
estabeleceu em fevereiro de 1878 um novo imposto sobre a Antofagasta Nitrate & Railway
Company no qual a tributou em dez centavos por quintal 8 de salitre explorado (URRITIA,
2008). Tal ação foi entendida pelo governo chileno como uma quebra do acordo firmado
entre os dois países em 1874 (FILIPPI e CHARÃO, 2014).
8
Antiga medida de peso que equivale a aproximadamente 60kg.
[Ela] se estruturou em torno dos interesses de uma empresa capitalista já
estabelecida em outro país, que serviu de justificativa para que um setor da
sociedade chilena gerasse uma aventura internacional de conquista territorial e
econômica que alcançou três objetivos: pôs fim a crise, restaurou os vínculos com
o mercado internacional e fez desnecessárias as reformas econômicas que
eventualmente surgiram (ORTEGA, 2006, P41-42, tradução nossa9).
Ainda de acordo com Ortega (2006), o salitre não foi uma saída milagrosa para a
crise, uma vez que já era um importante produto de exportação chileno. Porém, ao
contrário do cobre, da prata e do trigo, outros produtos importantes nas exportações
chilenas, o salitre encontrava-se com bons preços no mercado internacional e,
principalmente, pelo fato dos depósitos do deserto do Atacama serem os únicos no mundo,
eliminava-se a possibilidade de concorrência, o que não ocorria com os outros produtos
tradicionais de exportação chilenos. Assim, “se pode pensar que a captura de todos os
territórios de nitrato foi concebido como „uma possível solução para a fortuna em declínio
do Chile‟" (ORTEGA, 2006, P.42). Assim, Ortega (2006) analisa que,
9
No original: Ella se estructuró en torno a los intereses de una empresa capitalista ya establecida en otro país,
que sirvieron de pretexto para que un sector de la sociedad chilena generara una aventura internacional de
conquista territorial y económica que logró tres objetivos: puso fin a la crisis; restauró la vinculación con el
mercado internacional, e hizo innecesarias las reformas económicas que en algún momento se plantearon.
10
Para Chile el resultado se tradujo en una expansión territorial de alrededor de un tercio de su superficie
anterior y en adquirir el control sobre los únicos yacimientos de salitre en el mundo. Ello le permitió
remontar los problemas económicos, sociales y políticos generados por una severa recesión que se había
iniciado a mediados de la década de 1870, y que había puesto en jaque al proyecto de estado-nación que se
venía desarrollando desde la década de 1830.3) También le permitió restablecer sus vínculos con los
mercados internacionales de bienes y de servicios financieros. En otras palabras, la guerra rescató a la
oligarquía chilena de la crisis más compleja que habia experimentado desde que había estructurado su
modelo republicano.
3- O Fim do Conflito e as Negociações bilaterais entre Chile e Bolívia:
Nos oito artigos que compõe o acordo, foram tratadas questões referentes ao novo
território chileno11, que agora se estendia até o paralelo 23°S, após a anexação da porção
litorânea do território boliviano, bem como o caráter irrevogável 12 desta anexação. Além
da questão territorial, o tratado também versa sobre a devolução dos bens13 bolivianos
confiscados durante o conflito pelo governo ou por autoridades civis ou militares chilenas.
Também estava previsto do Pacto de Trégua o pagamento de indenizações pelos danos
ocasionados durante o conflito ao governo boliviano (CHILE, Pacto de Tregua entre
Bolivia y Chile, 1884).
Neste acordo ainda estava previsto que os produtos naturais chilenos e seus
derivados estariam livres de impostos alfandegários em território boliviano 14 e o mesmo
valia para este tipo de produto boliviano em território chileno, desde que exportados por
um porto chileno. Produtos manufaturados possuiriam uma legislação específica e bens
nacionalizados que entrassem pelo porto de Arica seriam considerados estrangeiros para
fins de admissão e tributação. No entanto, mercadorias estrangeiras com destino à Bolívia
que ingressassem por Antofagasta teriam trânsito livre (CHILE, Pacto de Tregua entre
Bolivia y Chile, 1884).
11
Artigo 2°
12
Artigo7°
13
Artigo3°
14
Artigo 5°
No tocante à tributação de mercadorias com destino à Bolívia ingressante pelo
porto de Arica15, a renda desta tributação seria dividida em 25% para o serviço
alfandegário e ao Chile pelo despacho de mercadorias de consumo dos territórios de Tacna
e Arica e 75% para a Bolívia, dos quais, 40% seriam destinados ao pagamento de
indenização chilena e para a quitação de um empréstimo efetuado pelo governo chileno
junto ao governo boliviano no ano de 1867. O restante deste montante seria destinado ao
governo boliviano (CHILE, Pacto de Tregua entre Bolivia y Chile, 1884).
O Pacto de Trégua foi apenas o primeiro de uma série de acordos entre os governos
dos dois países para estabelecer as diretrizes de um bom relacionamento entre eles. De
acordo com Sá Neto e Campos (2014, P. 92), “a partir de então iniciou-se uma série de
tentativas entre os dois países, o que fez gerar um direito bilateral de ordem regional no
sentido de garantir-se à Bolívia seu direito de acesso ao mar, de maneira complementar e
anterior ao regime multilateral”.
Duas décadas mais tarde, em 20 de outubro de 1904 um novo acordo foi firmado
entre os governos de Chile e Bolívia. O Tratado de Paz e Amizade derivou do Artigo 8° do
Pacto de Trégua, onde os dois países se comprometiam em “preparar e facilitar o ajuste de
uma paz sólida e estável entre as duas repúblicas” (CHILE, Pacto de Tregua entre Bolivia
y Chile, 1884, tradução nossa16). Em seu Artigo 1°, o Tratado de Paz e Amizade
reestabelece as relações de paz e amizade entre os dois países em caráter definitivo e não
apenas como trégua nas animosidades.
15
Artigo 6°
16
No original e na íntegra: Artigo 8° Como el propósito de las partes contratantes al celebrar este pacto de
tregua, es prepara y facilitar el ajuste de una paz sólida y estable entre las dos repúblicas, se comprometen
recíprocamente a seguir gestiones conducentes a este fin.
17
Artigo 2°
18
Artigo 3°
estrada de ferro seria repassada à Bolívia. O governo chileno se comprometia ainda em
financiar parte dos investimentos na construção de estradas de ferro ligando as principais
cidades bolivianas por estradas de ferro durante o prazo de 30 anos, encerrando totalmente
este compromisso ao fim deste período.
Com esse tratado, o Estado boliviano, ante a sua perda soberana de saída ao mar,
adquire um amplo direito de livre trânsito até e desde o mar, com caráter de
perpetuidade e não reciprocidade, além de gozar do direito de administrar suas
operações aduaneiras nos portos chilenos que lhes sejam convenientes (2014,
P94).
Essa convenção, além de regulamentar essa matéria, o faz com uma série de
aspectos operativos em relação às atividades do comércio exterior e transporte de
mercadorias, determinando que as mercadorias respectivas estejam submetidas às
autoridades aduaneiras e leis bolivianas, exceto nos casos em que o Chile seja
afetado, fazendo com que esse último não possa fiscalizar mercadorias bolivianas,
em trânsito por seus portos (SÁ NETO E CAMPOS, 2014, P.94).
19
Artigo 4°
20
Artigo 6°
21
Artigo 7°
fim do conflito. Assim, o governo boliviano teve que importar armamentos através do
território peruano, o que significou condições desfavoráveis em relação ao tempo e custos
(ARREDONDO Apud SÁ NETO E CAMPOS, 2014).
Notam-se nas convenções assinadas entre os dois países a partir de 1912 uma clara
tentativa de estabelecer e garantir o transporte de produto da e para a Bolívia, com o
reconhecimento de sua autoridade aduaneira em território chileno, caracterizando assim, a
busca de solução por meio de acordos bilaterais entre ambos os governos.
O primeiro, diz respeito ao fato da soberania dos povos como parte integral de sua
existência como fator inalienável, por nenhum título nem causa pode alienar total
ou parcialmente em favor de um terceiro, as nacionalidades não podem ser
desmembradas em favor de outro povo por que estão impedidas de fazê-lo. O
segundo ponto referente ao fato de que qualquer povo está impedido a limitar sua
integridade, ainda com base no consentimento coletivo. Muito menos sob qualquer
meio de pressão que exerça sobre seu livre arbítrio. No caso da Bolívia, esta não
tinha capacidade econômica nem militar para poder acionar livremente e atuou em
busca da libertação que havia sido imposto o Pacto de Trégua firmado com o Chile
(CASTELBLANCO, 2008, P.31, tradução nossa)22
22
No original: El primero, concerniente al hecho de la soberanía de los pueblos como parte integral de su
existencia como factor inalienable, por ningún título ni causa puede enajenar total o parcialmente en favor de
un tercero, las nacionalidades no pueden ser desmembradas en favor de otro pueblo porque están impedidas
de hacerlo. El segundo punto referente al hecho de que cualquier pueblo está impedido a limitar su
integridad, aún con base en el consentimiento colectivo. Mucho menos bajo cualquier medio de presión que
se ejerza sobre su albedrío. En el caso de Bolivia, ésta no tenía la capacidad económica ni militar para poder
accionar libremente y actuó en búsqueda de la liberación que le había impuesto el Pacto de Tregua firmado
con Chile.
3- Conseguir a colaboração e o apoio do seu vizinho Peru, que o permitiria
conseguir uma abordagem com seu vizinho Chile;
4- Conseguir o respaldo de todos os países do países do continente. A Bolívia tem
conquistado o apoio de vários países do mundo, que estão de acordo em apoiar a
sua causa marítima;
5- Realizar negociações diretas com o Chile, buscando a aproximação com seu
vizinho para por em evidência a necessidade que tem como nação de que o Chile
cumpra com sua promessa de devolver a sua saída soberana para o mar
(CASTELBLANCO, 2008, P. 28)23.
Sua reivindicação legítima dos territórios está amparada nos tratados limítrofes
que acordaram com o Chile e que parece ter sido ignorado como o tempo, não só
no seu cumprimento efetivo, mas também em sua memória histórica, que se nega a
recordar ou reconhecer a propriedade da Bolívia sobre estes territórios desde sua
fundação como República independente tal e como testemunham as declarações do
próprio Libertador que desde a fundação da nação que leva seu nome buscou uma
maneira de destinar-lhe e garantir o acesso ao mar (CASTELBLANCO, 2008,
P.29, tradução nossa)25.
23
No original: 1. Poner en evidencia la demanda marítima en congresos, conferencias, buscando la
cooperación de organismos internacionales como la ONU y la OEA. 2. Obtener el apoyo y la mediación de
Estados Unidos, país que ha procurado acompañar a Bolivia en todo el proceso de recuperación del litoral. 3.
Lograr la colaboración y apoyo de su vecino Perú, que le permita lograr un acercamiento con su vecino
Chile. 4. Lograr el respaldo de todos los países del continente, Bolivia ha logrado el apoyo de varios en el
mundo, que están de acuerdo en apoyar la causa marítima. 5. Realizar negociaciones directas con Chile,
intentando el acercamiento con su vecino para poner en evidencia la necesidad que tiene como nación de que
Chile cumpla con su promesa de devolverle la salida soberana al mar.
24
No original “los acuerdos entre Estados pueden ser anulados, modificados y extinguidos, por acuerdo
mutuo y mediante la intervención de los organismos internacionales, como la ONU o la OEA, que instan a la
partes a revisar la relación jurídica que es perjudicial o crea divergencias
25
No original: Su reclamación legítima de los territorios está amparada en los tratados limítrofes que ha
suscrito con Chile y que parecen haber ignorado con el tiempo, no sólo en su cumplimiento efectivo sino
también en su memoria histórica, que se niega a recordar o reconocer la propiedad de Bolivia sobre estos
territorios desde su fundación como República independiente tal y como lo testimonian las declaraciones del
propio Libertador, desde la fundación de la nación que lleva su nombre buscó la manera de asignarle y
garantizar el acceso al mar.
Em 1950, os governos boliviano e chileno, com a mediação estadunidense,
engajaram negociações para garantir à Bolívia uma saída soberana ao Oceano Pacífico. Os
termos do tratado previam a cessão de uma faixa de litoral a favor da Bolívia e, em troca o
governo chileno garantiria o direito de explorar as águas do Lago Titicaca. Este acordo, no
entanto, não logrou êxito (EL LIBRO DEL MAR, BOLÍVIA, 2014).
Ainda no âmbito da OEA, em 1979, foi aprovada a resolução 426 em que foi
reconhecido que o problema marítimo boliviano é um assunto de interesse hemisférico
permanente. Esta resolução recomendava ainda que as partes iniciassem negociações para
resolver a questão. “Tais negociações deveriam levar em consideração os direitos e
interesses das partes envolvidas e poderiam considerar, entre outros elementos, a inclusão
de uma zona portuária de desenvolvimento multinacional integrada e, assim, considerar o
pedido boliviano de não contemplar compensações territoriais” (EL LIBRO DEL MAR,
BOLÍVIA, 2014, P.45, tradução nossa)26.
Em 1983, uma nova resolução da OEA, buscou promover o diálogo entre os dois
países sobre a questão.
26
No original: Tales negociaciones deberán tener en cuenta los derechos e intereses de las partes
involucradas y podrían considerar, entre otros elementos, la inclusión de una zona portuaria de desarrollo
multinacional integrada y, asimismo, tener en cuenta el planteamiento boliviano de no incluir
compensaciones territoriales
que constituem as recíprocas conveniências e direitos e interesses das partes
envolvidas (EL LIBRO DEL MAR, BOLÍVIA, 2014, P.46)27.
De acordo com Sá Neto e Campos (2014), durante o período de 1979 a 1989 a OEA emitiu
pelo menos onze resoluções sobre o litígio entre Chile e Bolívia.
Tema Marítimo
27
No original: Siguiendo este continuo grupo de Resoluciones, en la XIII Asamblea General de la OEA
llevada a cabo en noviembre de 1983 se adoptó por consenso y con el voto favorable de Chile, la Resolución
686, la cual exhortaba a Bolivia y Chile a que: “inicien un proceso de acercamiento y reforzamiento de la
amistad de los pueblos boliviano y chileno, orientado a una normalización de sus relaciones tendiente a
superar las dificultades que los separan, incluyendo en especial una fórmula que haga posible dar a Bolivia
una salida soberana al Océano Pacífico sobre las bases que consulten las recíprocas conveniencias y los
derechos e intereses de las partes involucradas”.15 Cabe resaltar que los términos de la Resolución de 1983
fueron negociados y acordados por Bolivia y Chile antes de su aprobación.
28
No original: Tema Marítimo En el espíritu de esta agenda bilateral amplia y sin exclusiones, ambas
delegaciones intercambiaron criterios sobre el tema marítimo y ceroincidion en la importancia de continuar
este diálogo de manera constructiva. Ambas delegaciones acordaron celebrar la XVI reunión del Mecanismo
de Consultas Políticas Bolivia - Chile, en Bolivia, en fecha y lugar a convenir por vía diplomática.
apresentar propostas sobre como solucionar a demanda marítima boliviana, bem como
outros acordos anteriores com o mesmo objetivo29.
Em discurso, o presidente boliviano Evo Morales justificou tal iniciativa como uma
nova estratégia para a demanda marítima histórica boliviana.
Apesar de 132 anos de diálogo e esforços, a Bolívia não tem uma saída soberana
para o pacífico. Frente a esta realidade é necessário dar um passo histórico... O
Direito Internacional, nestas últimas décadas e particularmente nestes últimos
anos, tem tido grandes avanços, agora existem tribunais e cortes aos quais podem
chegar os Estados soberanos a reclamar e demandar o que em direito lhes
corresponde... Por tudo isso, a luta por nossa reivindicação marítima, luta que tem
marcado nossa história por 132 anos, agora deve incluir outro elemento
fundamental: a apelação ante os tribunais e organismos internacionais, buscando
com direito e justiça, uma saída livre e soberana ao Oceano Pacífico (EL LIBRO
DEL MAR, BOLÍVIA, 2014, P.71-72, tradução nossa) 30.
Não pode ser negligenciado, no entanto, que o território em questão, muito além de
uma saída soberana para o mar, é uma reserva mundial de recursos naturais de grande
demanda internacional, como a prata, cobre, lítio e recursos marinhos. Sendo assim, o
controle desse território representa também o controle sobre estas fontes de recursos
naturais.
Esta, no entanto, é uma pauta que o governo boliviano não está disposto a abrir mão
e considera de vital importância para o seu desenvolvimento e inclusão definitiva no
mercado mundial de recursos naturais. O Chile, por seu turno, não está disposto a abrir
mão do território conquistado com a Guerra do Pacífico, muito menos de suas riquezas
naturais que hoje são importantes produtos de exportação.
Mesmo após treze décadas do fim do conflito, não há sinais claros de que o atrito
entre Chile e Bolívia devido a questão do acesso ao mar, possa ser solucionada em um
futuro próximo, o que coloca esta disputa territorial como a mais longeva da América do
Sul e o principal entrave no estabelecimento de relações bilaterais entre os dois países
envolvidos.
Referências:
http://repository.urosario.edu.co/bitstream/handle/10336/1854/52862956-
2008.pdf?sequence=1&isAllowed=y
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/a_revolucao_boliviana_de_1952_entre_
a_ruptura_e_a_desilusao.pdf
URRUTIA, Carlos López. Guerra del Pacífico. Ristre Multimedia, Pozuelo de Alarcón
(Madrid), 2008. Disponível em :
https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=OVaQJp_t_jAC&oi=fnd&pg=PA1&dq=guerra+do+pac%C3%ADfico&ots=f
c-Eb12vuV&sig=dG4eEx9dcmLFkNg-lRyos9uiCIA#v=onepage&q&f=true
ORTEGA, Luis. En torno a los Orígenes de La Guerra del Pacífico : Una visión desde la
historia económica y social. Asian Journal of Latin American Studies. V. 19, n°402,
Coréia do Sul. Disponível em: http://www.ajlas.org/
FERRER, Isabel. A Bolívia denuncia Chile em Haia em busca de um acesso ao mar. EL PAÍS Brasil,
Haia, 15 de abril de 2014. Caderno Internacional.
http://www.bicentenariochile.cl/index.php?option=com_content&view=article&id=115:pa
cto-de-tregua-entre-bolivia-y-chile&catid=15:guerra-del-pacifico&Itemid=9