Você está na página 1de 5

Esposa de pastor é 

pastora?
Publicado porMarcia Rezende21/06/2014Publicado emIgrejaTags:Igreja, pastor, pastora

Um dos legados da Visão do G12 para a Igreja Brasileira, foi a ideia


de que a esposa do pastor deve ser reconhecida como pastora, pois não
é possível que o pastor desenvolva seu ministério sem o seu auxílio.

Como esposa de pastor e pastora, mas, acima de tudo, como


educadora, desejo aqui expressar o que eu penso, ou melhor, qual o
meu entendimento sobre o que a Bíblia fala a respeito disso.

“ESPOSA DE PASTOR É PASTORA PORQUE AMBOS SÃO UMA


SÓ CARNE…”

O chamado pastoral, bem como todos os demais chamados


vocacionais, são individuais e pessoais.

Ser pastor, ou seja, liderar um grupo de ovelhas espirituais, pastorear o


rebanho de Cristo, estar à frente de uma igreja local, é um chamado
específico da parte de Deus. Não é uma profissão, não é uma escolha
pessoal, não é uma determinação do corpo eclesiástico, não é um mero
título. Ser pastor é uma vocação dada por Deus.

E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo. Efésios 4:11-12

Estar casado, implica em compartilhar sonhos e apoiar a vocação do


cônjuge. Mas não necessariamente em se ter a mesma vocação. Isso,
quem decide é Deus.

Impor sobre a esposa do pastor, ou qualquer outra pessoa, uma


posição para a qual ela não foi chamada é desastroso. Esposa de
diácono não tem que ser diaconisa. Esposa de evangelista não tem que
ser uma evangelista. Esposa de professor não tem que ser professora.
Esposa de um ministro de louvor não tem que ser ministra de louvor.
Esposa de tesoureiro não tem que ser tesoureira. Esposa de pregador
não tem que ser pregadora… e assim sucessivamente.

Não existe nenhuma, absolutamente nenhuma referência ou exemplos


bíblicos de que a esposa tem que ter a mesma vocação ministerial do
marido.

Portanto, não. A esposa do pastor não é pastora por ser uma só


carne com ele.

“A ESPOSA DO PASTOR TEM QUE SER CHAMADA DE PASTORA


POR RESPEITO…”

Na minha opinião, tal argumento é ainda pior! Respeito?! Chamar


alguém de algo que ela não é, agora é sinal de respeito?! Penso que ao
fazer isso, maculamos a identidade do outro.
Ser pastor não é ser melhor do que ninguém, não é ser mais capacitado
ou mais espiritual. É uma posição de liderança e autoridade, outorgada
por Deus, mas não significa que esta pessoa tenha algum mérito por
isso.

Se a esposa do pastor tiver o dom da misericórdia e for chamada por


Deus para ser uma diaconisa na igreja, chamá-la de pastora é adulterar
este chamado, e impor sobre ela atributos e funções para os quais ela
não foi vocacionada.

Quer que a esposa do pastor se sinta respeitada e honrada? Não lhe dê


títulos, mas respeite sua identidade, sua personalidade, seu
chamado. Conheço esposas de pastores que não tem um chamado para
ministério em tempo integral e são donas de casa, dentistas,
psicólogas, comerciantes. Conheço esposas de pastores que tem um
chamado ministerial e são pastoras, professoras, líderes de louvor,
ministras de ação social. Conhecer QUEM É a esposa do seu pastor e
respeitar suas escolhas e limitações é o que realmente importa.

Cada um permaneça na vocação em que foi chamado. (1Coríntios


7:20)

A vocação da esposa do pastor não pode ser categoricamente


limitada a exercer o ministério do marido. Ela tem que ter o
direito de ser quem ela é, e de servir a Deus na área em que Ele
mesmo a chamou para servir, seja qual for. 

É importante que cada comunidade eclesiástica tenha isso em mente e


não exija que a esposa do pastor tenha um determinado perfil pré-
estabelecido ou cumpra com um roteiro de ministério já pré-escolhido
para ela.  Por outro lado, é essencial que o próprio pastor entenda essa
questão e passe isso para a igreja. E que sua esposa ame
profundamente o Senhor, saiba quem ela é em Cristo, e siga feliz o
caminho que Deus escolheu para sua vida.

Há que se lembrar também que ser pastor ou pastora é algo muito,


muito sério, e deve ser encarado como tal. Conceder esta
nomenclatura a alguém só porque é “bonitinho” ou carinhoso, acaba
desvirtuando o real significado desta palavra.

Portanto, não. Não convém que se chame alguém de pastor(a) só


por uma questão de respeito ou carinho.

A ESPOSA DO PASTOR TAMBÉM É FILHA DE DEUS!

Certamente que a esposa e os filhos de um pastor compõem, de certa


forma, o seu ministério. O pastor que não encontra, em casa, o apoio
necessário para exercer sua vocação, está propenso a ter um ministério
fraco, estressante e tão complicado que, muitas vezes, o faz desistir no
meio do caminho.  Mas isso não significa, de modo algum, que a
esposa e os filhos possuem a mesma vocação pastoral. Cada um é
único diante de Deus e os dons são distribuídos pelo Seu Espírito
sobre a Igreja, conforme Ele (o Senhor) deseja e julga útil (1
Coríntios 12).

Também acho estranha essa história de que, num ministério, 50% se


deve ao pastor e 50% à sua esposa. Já ouvi inclusive que apenas 10%
é mérito do pastor, e os outros 90% são da esposa… Não há dúvidas
de que o pastor que tem um casamento saudável e estruturado poderá
exercer seu ministério de forma muito mais tranquila. Mas daí a
transferir dele para a esposa a capacidade dada por Deus, de cuidar do
seu rebanho, já é um pouco demais. Ser ajudadora, ou coadjutora, não
significa ser autora.

Portanto, nem “esposa do pastor” ou “pastora”, a mulher que se


casa com um ministro é sim, mais uma ovelha,  e não deixa de ser
também uma pessoa. Uma pessoa com identidade própria, valores
próprios, dons espirituais próprios, talentos próprios, personalidade
própria, vocação própria e… nome próprio.  Que seja ela respeitada
como tal.

Você também pode gostar