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SILVA, Flávia Cristina: BARREIRAS À GESTÃO DA CADEIA DE


SUPRIMENTOS VERDE NA INDÚSTRIA
AUTOMOTIVA. Revista de Administração de Empresas, 2018

RESUMO:

O objetivo geral deste artigo foi identificar e analisar as barreiras à Gestão da Cadeia de
Suprimentos Verde na indústria automotiva brasileira, do ponto de vista de um fornecedor de
primeira camada. Por meio da validação de 13 barreiras prioritárias, agrupadas em categorias
como apoio, desempenho e conhecimento, e utilizando o método Analytic Hierarchy Process
(AHP), o estudo destacou que as implicações de custo são a barreira mais influente para a
implementação da gestão sustentável na cadeia de suprimentos automotiva.

Na cadeia de suprimentos no setor automobilístico há disparidades entre as empresas de


acordo com suas posições, isso afeto o desempenho econômico, ambiental e operacional dos
atores envolvidos, especialmente aqueles na posição de fornecedores iniciais com capital
nacional. Essas disparidades têm impacto em todas as relações ao longo da cadeia. Tal
situação cria barreiras para a implementação da Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde
(GCSV), que envolve a adaptação de processos e produtos aos parâmetros de proteção
ambiental, como ecodesign, reciclagem, remanufatura, compras verdes, avaliação do ciclo de
vida e logística reversa. Diante dessa realidade, o estudo parte do pressuposto de que, dada a
impossibilidade de eliminar todas as barreiras simultaneamente, os atores da cadeia
hierarquizam-nas de acordo com suas prioridades.

A GCSV envolve atividades de planejamento e controle dos fluxos de produtos, serviços,


informações e recursos financeiros ao longo da cadeia de suprimentos, desde a extração de
matéria-prima até a disposição pós-uso do produto. A qual integra considerações ambientais
em áreas como design de produto, terceirização de serviços, processos de fabricação, entrega
ao consumidor e gestão do produto após o fim de sua vida útil. As práticas podem ser
chamadas de operações verdes, práticas ambientais, iniciativas ambientais, entre outros
termos. Não há um modelo único para as práticas de GCSV, mas a literatura abrange
atividades relacionadas a fornecedores, projeto de produto, manufatura e logística reversa.
Alguns desafios a serem esclarecidos incluem o desequilíbrio entre práticas internas e
externas, assim como os resultados conflitantes associados às práticas e seu impacto
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econômico. Além disso, a falta de evidências claras sobre os benefícios para o desempenho
ambiental, econômico e operacional é uma barreira à sua implementação.

Sobre a pesquisa, foi conduzida em três fases, utilizando uma abordagem de métodos mistos,
para explorar e compreender os problemas de pesquisa relacionados às barreiras da Gestão da
Cadeia de Suprimentos Verde (GCSV). A primeira fase consistiu-se em uma revisão extensa
de bases de dados, já a segunda fase 2 envolveu a validação das barreiras identificadas por
especialistas técnicos e acadêmicos. Por fim, a fase 3 envolveu a comparação dos resultados
com a realidade vivenciada em uma organização do setor automotivo. Ademais, o método
AHP foi utilizado para analisar o grau de influência de cada barreira, e as decisões coletivas
foram obtidas por meio da média geométrica dos julgamentos individuais. Assim, o estudo
visou compreender as dificuldades enfrentadas por uma empresa, sem atribuir pesos às
decisões de cada representante.

Nesta pesquisa sobre as barreiras à Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde, identificou-se 13


obstáculos à implementação dessa prática. Nesse sentido, a falta de comprometimento da alta
direção foi considerada a mais relevante, seguida pela falta de conhecimento técnico e baixa
ecoeficiência do processo. Houve consenso entre os gestores das áreas de Compras e
Qualidade de que os principais impedimentos estão no relacionamento entre os atores da
cadeia. Outrossim, os entraves relacionados ao desempenho ambiental foram considerados
menos significativas. Então, a pesquisa ressalta a importância de superar essas barreiras para
promover práticas ambientais sustentáveis na gestão da cadeia de suprimentos, em resposta às
demandas por melhores práticas ambientais.

O estudo apontou a importância de estar ciente das barreiras para implementar práticas
ambientais efetivas na cadeia de suprimentos, considerando as demandas da sociedade e dos
stakeholders. No entanto, o estudo possui limitações e sugere pesquisas futuras para ampliar a
compreensão das barreiras à GCSV em diferentes setores e níveis de fornecimento, utilizando
técnicas estatísticas mais conclusivas.

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