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RESUMO – Singularidades de uma rapariga loura

A obra "Singularidades de uma rapariga loura", conto realista escrito por Eça de Queiroz,
publicado em 1874 pelo Diário de Notícias de Portugal e, posteriormente em seu livro Os
Contos, em 1902, conta a má sucedida história de amor de Macário, moço este que confessa
suas vivências ao narrador. José Maria Eça de Queiroz (1845-1900) foi um dos escritores
portugueses responsáveis pelo surgimento do realismo; ele e outros literatos da época reuniam-
se publicamente para discutir ideias revolucionárias e antirromânticas a fim de que os sistemas
literário e político vigentes na época fossem modificados - este evento de "rebeliões" foi
chamado de Questão Coimbra.
Em Singularidades de uma rapariga loura, o personagem principal inicia contando sobre
como o surgimento de novas vizinhas despertou sua curiosidade de moço virgem e sem
experiência; inicialmente vira uma moça de meia idade e já se interessara pela novidade da
vizinhança, mas foi a sua filha, uma moça de cabelos lindos e louros, que despertara maior
euforia em Macário. Certo dia as vizinhas calouras adentraram seu local de trabalho - que, a
propósito, era a loja do próprio tio -, e o encanto que o protagonista sentira pela loura aumentou
ainda mais.
Após o ocorrido, os jovens passaram a se encontrar com certa frequência e, em dado
momento do romance, foi definido que se casariam. Ao contar ao tio, porém, o sobrinho não
imaginaria que a reação desse seria de extrema reprovação e, não bastasse, que faria Macário
escolher entre viver e trabalhar sobre seu teto ou oficializar o casório. O amante, não obstante,
mostrou-se certeiro em relação ao matrimônio, então foi demitido, despejado e obrigado a viver
sob extremo esforço em lugares não apropriados - não que pertencesse a um alto escalão, mas
nunca passara por necessidades extremas, o que foi o bastante para que sofresse certas
dificuldades.
A fim de conseguir renda suficiente para o casório, Macário trabalhou com muita
dificuldade - pois as relações que seu tio possuía com os comerciantes locais eram fortes e
suficientes para que não ousassem contratar o sobrinho rejeitado e correr o risco do corte de
relações com o comerciante - e por anos a fio; entretanto, devido a um calote sofrido por parte
de um amigo, o apaixonado perde todas as suas economias e precisa juntá-las novamente. O
tio, ao saber do sofrimento de seu familiar, compadece-se com a situação e o chama novamente
ao trabalho em sua loja.
Quando o dinheiro acumulado é suficiente para o casório, os namorados decidem provar
alianças e escolher a que mais os agradassem; em certo instante, estão em uma pequena
joalheria a experimentar os diferentes anéis, e, ao escolher um anel, decidem não o levar por
ora. Prestes a sair da loja, porém, o dono do estabelecimento alega que a joia não foi paga;
Macário, um pouco desnorteado, aponta que o pagamento ocorrerá simultaneamente ao
recebimento do anelado escolhido, contudo, o comerciante diz se referir ao que a moça levava
nos bolsos de seu vestido. Enfurecido, o protagonista paga ao joalheiro e sai do local; na rua, a
rapariga tenta contornar e justificar a situação, às tentativas de explicações ele responde, porém,
apenas com "Vai-te.", e repete a ordem novamente: "Vai-te. És uma ladra." A história finaliza-
se com a partida da noiva e a desolação do coração de Macário.
O final abrupto e inovador representa uma ruptura de expectativa, criada em toda a história,
de que os apaixonados viverão a vida que almejaram. Eça de Queiroz rompe com todo o
paradigma romântico ao escrever que um personagem, regido por sua racionalidade e
valores morais, escolhe não vivenciar o amor que tanto desejou – talvez com descrições
extensas e, muitas vezes, desnecessárias, mas, com certeza, com uma pungência e maestria
inegáveis.

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