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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

CAMPUS DE ARAPIRACA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

EDUARDO SIQUEIRA CADETE

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS E SUBCOBERTURAS


COM MATERIAIS ALTERNATIVOS NO CONTEXTO CLIMÁTICO DO SEMIÁRIDO
ALAGOANO

ARAPIRACA
2020
Eduardo Siqueira Cadete

Análise do desempenho térmico de coberturas e subcoberturas com materiais


alternativos no contexto climático do semiárido alagoano

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC


apresentado à Universidade Federal de
Alagoas – UFAL, Campus de Arapiraca, como
pré-requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof. Dr.ª Simone Carnaúba


Torres

Arapiraca
2020
A Deus,
Ele é a razão de tudo o que tenho e sou.
AGRADECIMENTOS

À Deus, que é o sustento e razão da minha vida.


Ao meu grande e fiel amigo São José, que por sua poderosa intercessão
pôde me proporcionar momentos únicos com a divina providência para que eu
pudesse chegar até aqui.
A toda a minha família que sempre me apoiou e sempre esteve disponível
em fazer de tudo para que esse trabalho fosse concluído.
A minha namorada Caroline, por todo o apoio, amor e paciência diante dos
grandes desafios da vida pessoal e universitária e a todos os meus amigos, que se
fizeram presentes em minha vida, em especial Ítalo Ewerton e Edvanio Lima, meus
irmãos de casa que me ajudaram a compreender o dom da vida fraterna e
comunitária, o qual tenho um apresso imenso.
A Comunidade Católica Shalom, comunidade pela qual Deus me deu como
minha vocação, sendo um grande tesouro em um frágil e simples vaso de argila. A
toda a comunidade, minha eterna gratidão.
Aos pesquisadores do GATU (Grupo de Estudos em Atmosfera Climática
Urbana), que me ajudaram a descobrir o quão grande e encantador é o mundo da
pesquisa. Agradeço em especial o Wellington Silva e Mateus Biela por terem me
ajudado com a produção prática e teórica desse trabalho. Agradeço também à
minha grande parceira de projeto e amiga Taisa Donato por sempre me apoiar e
estar junto em todos os momentos, fora e dentro da graduação.
Aos meus queridos orientadores, Ricardo Victor Barbosa e Simone
Carnaúba Torres, por todo o empenho e dedicação como excelentes profissionais, o
qual tiveram um papel bastante decisivo na minha trajetória acadêmica. A vocês
minha eterna gratidão!
RESUMO

Os sistemas de cobertura desempenham importante papel nas habitações desde a


antiguidade, quando se buscava, essencialmente, proteção contra as intempéries,
utilizando-se de materiais locais, como terra e palha, (Durante, et. al. 2019). A
presente pesquisa tem por objetivo analisar comparativamente o desempenho
térmico de dois tipos de cobertura e dois tipos de subcobertura (forro), utilizando
materiais alternativos no contexto climático do semiárido alagoano na cidade de
Arapiraca-AL. A telha cerâmica capa canal, como também o forro de PVC foram
escolhidos como cobertura e subcobertura, respectivamente como sistemas
convencionais encontrados no mercado da construção civil, em alternativa foi-se
utilizado o telhão de argamassa com fibras de sisal e o forro de bambu (Guadua
paniculata), popularmente conhecido por “taboca”, como cobertura e subcobertura
utilizando materiais alternativos. Trata-se de uma pesquisa experimental na qual
foram monitoradas as variáveis de temperatura do ar em quatro células-teste
construídas em alvenaria e com os dois sistemas de coberturas citados
anteriormente, sendo duas com aplicação de forro (PVC e taboca) e uma sem
aplicação de forro. O monitoramento foi realizado em duas etapas do verão:
fevereiro e dezembro de 2019. O registro da temperatura do ar foi realizado com
dataloggers, com dados horários e contínuos nos três dias de monitoramento. A
diferença de temperatura entre as coberturas chegou a 1,3°C às 12:00h no dia
07/12/19. O forro de taboca e o PVC possuíram desempenho semelhantes durante o
período da madrugada e durante o dia, o que mostrou a importância do uso do forro
para um tipo de habitação de interesse social, principalmente no dia 26/02/19 às
(12h) com diferença de quase 1°C. Constatou-se, dessa forma, que o bambu
Guadua paniculata é um material com potencialidade de uso como forros em
habitações de interesse social no semiárido, com vistas ao conforto térmico na
edificação. Já o telhão se mostrou favorável apenas com a utilização das
subcoberturas.

Palavras-chave: Desempenho térmico. Bambu (Guadua paniculata). Telhão.


Células-teste. Semiárido.
ABSTRACT

The coverage systems act a very important role in houses since the ancient times,
when men sought, essentially, protection against storms, using local materials, as
clay and straw, (Durante, et. al. 2019). This research intends to make a thermal
performance comparative analysis of two types of coverage and two types of under-
coverage (ceiling) using alternative materials in the semiarid weather reality of
Arapiraca - AL. The capa-canal roof tile, just as PVC ceiling were chosen as
coverage and under-coverage, respectively as conventional systems found in civil
construction market, as an alternative, it was used the big mortar and sisal fibers roof
tile and the bamboo ceiling (Guadua paniculata), popularly known as “taboca” as
coverage and under-coverage using alternative materials. This is an experimental
research in which the temperature variations of air and of the surface were monitored
in four test cells built in masonry and with the two coverage systems which were
previously mentioned, two with ceiling (PVC and bamboo), and one with no ceiling.
The monitoring was made in two moments of summer: in February and in December
of 2019. The air temperature registration was made with dataloggers, with continued
and timed data for three days of monitoring. The difference of temperature between
the coverages achieved 1,3 °C at 12:00 pm on December 07, 2019. The bambu
ceiling and PVC ceiling had similar performances during the dawn and during the
day, which showed the significance of the use of ceiling for a type of social housing,
mostly on February 26, 2019 at 12:00 pm, with a difference of 1 °C. It was
understood, therefore, that Guadua paniculata bamboo is a material with potencial
for use as ceiling for social housing in semiarid, in order to achieve thermal comfort in
the building. However, the big mortar and sisal fibers roof tile has been shown
beneficial only with the use of under-coverages.

Keywords: Thermal performance. Bamboo (Guadua paniculata). Big roof tile. Test
cells. Semiarid.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Os parâmetros do ambiente físico criam qualidades ambientais e dão


lugar a uma percepção e avaliação integradas do homem 19

Figura 2 - Comportamento térmico durante o dia 21

Figura 3 - Zoneamento bioclimático brasileiro 23

Figura 4 - Carta bioclimática para a cidade de Arapiraca – AL 25

Figura 5 - Trocas térmicas entre o corpo e o ambiente 26

Figura 6 - Esquema de trocas de calor de um telhado 27

Figura 7 - Localização da Universidade Federal de Alagoas e células-teste 30

Figura 8 - Projeto das células-teste 31

Figura 9 - Telha cerâmica e telhão de argamassa e sisal 31

Figura 10 - As três células-teste na etapa 1 32

Figura 11 - As três células-teste na etapa 2 33

Figura 12 – (A) Croqui do telhão canal (B) croqui do capote 33

Figura 13 - Formas dos telhões 34

Figura 14 - Execução da forma do capote 34

Figura 15 - Execução da forma do telhão canal 35

Figura 16 - Preparação da argamassa com fibras de sisal 36

Figura 17 - Montagem do telhão na forma 36

Figura 18 - Processo de cura do telhão 37

Figura 19 - Distribuição geográfica da taboca pelo território nacional 38

Figura 20 - O bambu Guadua paniculata (taboca) 38

Figura 21 - Aplicação dos forros nas células-teste: (A) PVC e (B) taboca 39

Figura 22 - (A) Hobo datalogger, modelo UX100-003 (B) Corte com Hobo na célula-
teste 40

Figura 23 – Estação meteorológica instalada no canteiro experimental 41


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores mínimos e máximos diários registrados pela estação automática


do INMET no município de Arapiraca-AL, nos dias 26 a 28 de fevereiro de 2019 43

Tabela 2 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


externa no dia 26/02/2019 45

Tabela 3 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


externa no dia 27/02/2019 46

Tabela 4 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


externa no dia 28/02/2019 46

Tabela 5 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna com o forro de PVC


e com forro de taboca tendo referência a célula-teste testemunho (telha cerâmica
sem forro) 47

Tabela 6 - Valores mínimos e máximos diários registrados pela estação


meteorológica implantado no canteiro experimental no campus Arapiraca-AL, nos
dias 06 a 08 de dezembro de 2019 49

Tabela 7 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 06/12/2019 52

Tabela 8 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 07/12/2019 53

Tabela 9 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 08/12/2019 53

Tabela 10 - Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna com o forro de


PVC e com forro de taboca tomando-se como referência a célula-teste sem forro 54
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 26 a


28 de fevereiro de 2019, registrados pela estação do INMET 43

Gráfico 2 - Temperatura do ar (ºC) registradas no interior das três células-teste com


telha cerâmica e temperatura do ar (ºC) registrados pela estação automática do
INMET, nos dias 26 a 28 de fevereiro de 2019 44

Gráfico 3 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas


três células-teste no dia 26/02/2019 45

Gráfico 4 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas


três células-teste no dia 27/02/2019 46

Gráfico 5 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas


três células-teste no dia 28/02/2019 46

Gráfico 6 - Diferença média horária de temperatura do ar (ºC) registradas nas células-


teste com forro de PVC e com forro de taboca tomando-se como referência a célula-
teste testemunho (telha cerâmica sem forro) 47

Gráfico 7 - Comportamento da temperatura do ar (°C) interna nas células-teste e


externa (estação meteorológica), durante o período de monitoramento 48

Gráfico 8 - Comportamento da umidade relativa do ar (%) interna nas células-teste e


externa (estação meteorológica), durante o período de monitoramento 49

Gráfico 9 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 06,
07 e 08 de dezembro de 2019, registrados pela estação meteorológica instalada no
local 50

Gráfico 10 - Temperatura do ar interno (ºC) registradas no interior das três células-


teste e temperatura do ar (ºC) registrados pela estação meteorológica instalada no
local 50

Gráfico 11 - Temperatura do ar (ºC) registradas no interior das uma célula-teste com


telhão e uma com telha cerâmica e temperatura do ar externa (ºC) registrados pela
estação meteorológica instalada no local 51

Gráfico 12 - Diferença de temperatura do ar interna (ºC) registradas nas duas células-


teste com telhão e telha cerâmica, ambas sem forro comparadas a temperatura
externa do ar 51

Gráfico 13 - Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células-


teste comparadas a temperatura externa no dia 06/12/2019 52

Gráfico 14 - Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células- 53


teste comparadas a temperatura externa no dia 07/12/2019

Gráfico 15 - Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células-


teste comparadas a temperatura externa no dia 08/12/2019 53

Gráfico 16 - Diferença média horária de temperatura do ar (ºC) registradas nas


células-teste com forro de PVC e com forro de taboca tomando-se como referência a
célula-teste testemunho (sem forro) 54
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descrição dos critérios avaliados pela NBR 15575/2013 e NBR 15220/2005
para edificações localizadas na zona bioclimática 8 (correspondente à cidade de
Arapiraca-AL) 24

Quadro 2 - Estratégias bioclimáticas indicadas para a cidade de Arapiraca – AL 25

Quadro 3 – Dados coletados no dia 26 de fevereiro de 2019 61

Quadro 4 – Dados coletados no dia 27 de fevereiro de 2019 62

Quadro 5 – Dados coletados no dia 28 de fevereiro de 2019 63

Quadro 6 – Dados coletados no dia 06 de dezembro de 2019 64

Quadro 7 – Dados coletados no dia 07 de dezembro de 2019 65

Quadro 8 – Dados coletados no dia 08 de dezembro de 2019 66


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS.................................................................................................... 14
1.1.1 Geral ............................................................................................................... 14
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15
2 DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS: INTERFERÊNCIA NAS
CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO HUMANO .................................... 16
2.1 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO CONFORTO TÉRMICO ........................... 17
2.1.1 Humanas ........................................................................................................ 18
2.1.2 Ambientais ...................................................................................................... 18
2.2 DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES .............................................. 19
2.3 NORMATIZAÇÃO EM DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES.......... 22
2.4 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE COBERTURAS PARA O CONFORTO
TÉRMICO ....................................................................................................... 24
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 30
3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS CÉLULAS TESTES............................. 30
3.2 SISTEMA DE COBERTURAS ........................................................................ 31
3.3 MONTAGEM DO TELHÃO DE ARGAMASSA COM FIBRA SISAL ................ 33
3.4 DESCRIÇÃO DAS SUBCOBERTURAS ......................................................... 37
3.4.1 O bambu Guadua paniculata - Taboca ........................................................... 37
3.5 MONTAGEM DAS SUBCOBERTURAS ......................................................... 39
3.6 MONITORAMENTO DOS DADOS AMBIENTAIS: TEMPERATURA DO AR E
UMIDADE RELATIVA DO AR ......................................................................... 39
3.7 PARÂMETROS DE ANÁLISE ......................................................................... 41
4 RESULTADOS ............................................................................................... 43
4.1 RESULTADOS DA ETAPA 1 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM TELHA
CERÂMICA ..................................................................................................... 43
4.2 RESULTADOS DA ETAPA 2 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM
TELHÃO DE ARGAMASSA COM SISAL ....................................................... 48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 56
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58
APÊNDICE A - RESULTADOS DOS DADOS COLETADOS ......................... 61
13

1 INTRODUÇÃO

Para que se atinja maior grau de eficiência energética e alto grau de conforto
térmico, acústico e luminoso para os usuários em um determinado projeto
arquitetônico, a concepção da envoltória do edifício tem papel extremamente
relevante (PIRRÓ, 2014). Todas as características climáticas locais devem ser
levadas em consideração na elaboração de um projeto arquitetônico, permitindo que
o projetista seja capaz de promover melhores condições de conforto com as
particularidades locais, promovendo estratégias de eficiência energética e
sustentabilidade na edificação.
No que se refere a condições de conforto, deve-se ter uma atenção maior
para habitações voltadas para população de baixa renda. Na maioria das vezes, elas
são construídas com materiais de baixa qualidade, podendo até ser autoconstruídos
pelos próprios usuários, onde o fator de conforto é o último a se pensar. Quando se
refere a qualidade de materiais utilizados para as habitações, a coberta é o local que
mais se precisa de atenção, sendo muitas vezes o mais desprezado.
Os sistemas de cobertura desempenham importante papel nas habitações
desde a antiguidade, quando se buscava, essencialmente, proteção contra as
intempéries, utilizando-se de materiais locais, como terra e palha (DURANTE, et. al.
2019). Atualmente, pode-se encontrar facilmente nos comércios dos centros urbanos
materiais de cobertura como telhas cerâmicas, concreto, metais, vidro, manta
asfáltica e fibrocimento. Porém, aponta-se como necessária a ampliação de estudos
sobre desempenho térmico de coberturas utilizando materiais alternativos de baixo
custo, com disponibilidade em uma variedade grande de habitats, incluindo
ambientes quentes e úmidos, como no agreste alagoano, para que as condições
mínimas de conforto possam ser atingidas sem elevação do custo.
Assim como as coberturas, a subcobertura (forro) possui importância
significativa em relação ao desempenho térmico da edificação, pois o forro constitui
uma barreira de obstrução ao fluxo térmico originado pela radiação emitida pelas
telhas da cobertura da edificação (FRANSOZO, 2003).
A fim de melhor viabilizar o custo de construção, muitas habitações são
usualmente projetadas e executadas sem forro. Nos casos em que há aplicação de
forros nas habitações, estes são de Policloreto de Vinila (PVC) rígido, na cor branca,
14

devido ao baixo custo do material frente aos modelos industrializados disponíveis no


mercado do agreste alagoano.
Dessa forma, utilizou-se sistemas de coberturas e subcoberturas tradicionais
como modelos comparativos a sistemas alternativos. Neste trabalho será utilizado o
bambu como subcobertura e o telhão de argamassa com fibras de sisal em sua
composição, tendo o sisal como principal material que promoverá uma certa
resistência, como cobertura.
A pesquisa deu-se no contexto climático da região Nordeste do Brasil, mais
especificamente no semiárido alagoano, com características de dias quentes e
noites amenas. Nessa região, as edificações estão expostas à intensa radiação solar
durante todo o ano, sendo a coberta a superfície que recebe a maior carga de
radiação direta (considerando as edificações térreas).
O estudo foi realizado no município de Arapiraca, localizado na mesorregião
do Agreste Alagoano, na parte central do Estado de Alagoas, entre a latitude
9°75’25’’ Sul e longitude 36°60’11’’ Oeste. Com base no estudo das características e
das variáveis climatológicas locais, Silva (2019) destaca que a cidade de Arapiraca
possui um clima composto basicamente de duas estações, que podem ser descritas
como: período quente e úmido, caracterizado por temperatura do ar menos elevada,
a umidade relativa do ar alta e a amplitude térmica apresenta pequena variação
entre o período noturno e diurno; e período quente e seco, quando as temperaturas
atingem níveis relativamente altos, como 36°C e 37,2ºC, como encontrados na
presente pesquisa, a umidade do ar é menor e a amplitude térmica entre o período
noturno e diurno é significativamente alta, por exemplo, acima de 10ºC. A pesquisa
teve como recorte temporal a estação quente e seca, característica do período de
verão, com vistas a analisar o desempenho térmico do sistema de cobertura e
subcobertura frente ao calor.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Analisar comparativamente o desempenho térmico de dois tipos de cobertura,


a telha cerâmica e o telhão de argamassa e sisal, e dois tipos de subcobertura
15

(forro), PVC e taboca (bambu), compondo sistemas de materiais alternativos no


contexto climático do semiárido alagoano.

1.1.2 Objetivos específicos

• Compreender o perfil climático da cidade de Arapiraca-AL e os principais


aspectos relacionados ao desempenho térmico de coberturas;
• Compreender as vantagens e desvantagens da aplicação do telhão de
argamassa de sisal enquanto sistema de cobertura;
• Compreender as vantagens e desvantagens da aplicação do forro de taboca
enquanto componente de subcobertura;
• Analisar, comparativamente, o desempenho térmico de diferentes tipos de
sistemas de coberturas, com materiais tradicionais (telha cerâmica) e
alternativos (telhão de argamassa com sisal);
• Verificar a interferência dos forros de Taboca e PVC no desempenho térmico
de diferentes tipos de cobertura (telha cerâmica e telhão de argamassa com
sisal).
16

2 DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS: INTERFERÊNCIA NAS


CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO HUMANO

As condições de conforto térmico influenciam no desempenho das atividades


humanas, na produção e rendimento do trabalho e nas condições de saúde. O
homem é um ser homeotérmico, ou seja, apresenta uma temperatura corporal
constante independente da variação do ambiente, em uma média de
36,1ºC e 37,2ºC, (SALES, 2019). Visto isso, tem-se a necessidade de condições
mínimas de conforto para manter o bem-estar do homem.
Existem diversos conceitos que abordam o tema do conforto térmico.
Lamberts, Dutra e Pereira (2004), defendem que o uso do oxigênio promove a
queima das calorias existentes nos alimentos (processo conhecido como
metabolismo), transformando-as em energia e assim gerando calor interno do corpo.
A ASHRAE, American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning
Engineers (apud. AMORIM, 1998) define conforto térmico como “[...] um estado de
espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa”. Já o
conceito de Frota e Schiffer (2001, p.20) leva em consideração mecanismos
termorreguladores e a atividade humana.
O conceito de conforto térmico se refere a sensação do organismo quando
perde naturalmente o calor produzido pelo metabolismo pela atividade humana, ou
ainda, no recebimento da temperatura causada pelas trocas térmicas com o
ambiente. Sabendo que o ser humano possui uma temperatura interna corporal
praticamente estável, o seu aumento, como também a sua diminuição pode causar
sérios riscos de saúde, podendo levar até a óbito.
O clima nas diversas regiões do mundo interfere bastante na qualidade de
vida das pessoas, por isso, tem-se a necessidade de equipamentos e estratégias
que promovam o controle da temperatura interna nas edificações, para que se
promova uma situação de conforto ao usuário.
Frente aos novos equipamentos com sofisticação tecnológica, em especial
nos países subdesenvolvidos, há um maior consumo energético para a edificação,
como o uso dos condicionadores de ar. Deve-se sempre pensar na melhor forma de
melhoramento de conforto do ambiente utilizando o máximo de eficiência energética
possível, a fim de aumentar a durabilidade da edificação e a qualidade de vida das
17

pessoas, já que os estímulos do corpo humano estão diretamente relacionados com


as condições térmicas da edificação.
Pode-se perceber algumas reações do corpo humano para que se mantenha
a temperatura interna corporal estável, a esses estímulos pode-se considerar como
Mecanismos Termorregulares. Conforme Lamberts, Dutra e Pereira (2004), esses
mecanismos são ativados quando as condições térmicas do meio ultrapassam
certas faixas. Esses mecanismos termorreguladores agem dependendo ao tipo de
clima que o indivíduo é exposto, a fim que de, promovam no interior do corpo
humano o máximo de conforto térmico possível, já que a temperatura corpórea é
constante. Podem agir como reação ao frio ou no calor. Quando se expõe a um
ambiente que possui um calor excessivo, são acionados para ajudar o corpo
humano a perder calor, já no frio são acionados para ajudar o corpo humano a
ganhar calor.
Pode-se considerar dois mecanismos que são ativados na presença de calor,
segundo Moreno (2010), o mecanismo de dilatação periférica, quando os vasos
sanguíneos se dilatam, a temperatura da pele aumenta facilitando a perda de calor
por convecção1, e o suor, que ao evaporar retira calor do corpo. No caso do frio, a
pele tende-se a contrição, diferente da dilatação, os vasos sanguíneos contraem-se
o que dificulta a perda de calor por convecção. Outra forma também é o arrepiar de
pelos que promove a formação de uma camada de ar próxima a pele, o que deverá
funcionar como isolante térmico, dificultando a perda de calor por convecção. Essas
estratégias são estímulos de defesa criadas pelo corpo humano para que se
promova a sensação de conforto térmico no indivíduo, a fim de preservar sua saúde.
O conforto térmico é determinado por variáveis, que estão divididas em
ambientais (temperatura do ar, umidade do ar, velocidade do ar e temperatura média
radiante do ambiente) e humanas (idade, sexo, peso, altura, hábitos alimentares,
metabolismo gerado por uma atividade física e a resistência térmica oferecida pela
vestimenta). (SOUZA, 2017).

2.1 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO CONFORTO TÉRMICO

1
Processo de transmissão de calor em que a energia térmica se propaga através do transporte da
matéria, devido a uma diferença de densidade. Nesse caso a temperatura da pele se aquece e entra
em contato com a temperatura do meio. (LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA, 2004).
18

2.1.1 Humanas

Na etapa da elaboração de qualquer tipo de projeto arquitetônico, deve-se


levar em consideração as condições mínimas de conforto ao usuário, uma vez que,
a relação do homem com o ambiente físico se dá através de mecanismos sensoriais
presentes em seu organismo.
O homem consegue ter melhores condições de vida e saúde quando está em
um ambiente em que o seu organismo não se submete a fadiga e estresse, inclusive
térmico.
Dentre as condicionantes humanas, é possível destacar idade, sexo, peso,
altura, hábitos alimentares, metabolismo gerado por uma atividade física e a
resistência térmica oferecida pela vestimenta.
A arquitetura e a engenharia possuem um importante papel no desempenho
do conforto térmico em suas edificações, uma vez que, um projeto desde sua
concepção necessita de requisitos mínimos para a atender as necessidades básicas
dos usuários, incluindo o conforto. Deve-se levar em consideração o tipo de uso
para cada edificação, uma vez que, deverá sempre prever as melhores estratégias
de conforto dependendo do uso. Existem ambientes que possuem por exemplo, um
uso maior de atividade física o que deverá ter melhores estratégias de promoção de
ventilação dentro da edificação, levando em consideração também ao clima de cada
região.
Além dos fatores pessoais, a atividade física está diretamente relacionada ao
ganho de calor, gerado pelo metabolismo de cada indivíduo, como também a
vestimenta pode contribuir significativamente para a sensação de conforto de cada
indivíduo, uma vez que, existe a troca de calor com o ar por convecção e outras
superfícies da vestimenta por radiação.

2.1.2 Ambientais

As variáveis ambientais estão relacionadas ao conforto térmico no que se


referem a temperatura do ar (T=°C), umidade relativa do ar (UR=%), velocidade do
ar (V=m/s) e temperatura média radiante (TRM=°C) do ambiente.
19

Essas variáveis podem ser medidas e coletadas diretamente nos ambientes,


o que facilita na elaboração de estudos para analisar as adequações de conforto
térmico para diferentes tipos de ambientes. A Figura 1 demonstra como as variáveis
ambientais interferem no ser humano, dentre eles o balanço térmico é um dos
fatores que possuem mais parâmetros operativos do ambiente físico.
Figura 1 – Os parâmetros do ambiente físico criam qualidades ambientais e dão
lugar a uma percepção e avaliação integradas do homem

Fonte: OLIVEIRA; RIBAS (1995).

2.2 DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES

O desempenho térmico analisa o comportamento dos materiais, a fim de obter


parâmetros que possam nortear os critérios de qualidade da edificação que promova
a qualidade de vida das pessoas, além de contribuir em pesquisas para que se
possa produzir produtos que tenham garantia em eficiência energética.
A maior parte dos materiais da construção civil não é de origem metálica
(concreto, tijolo, entre outros), assim estes materiais absorvem grande parte da
radiação solar, aquecem-se e transferem o calor para o interior da edificação
(VITTORINO, et. al. 2003). Se faz importante destacar alguns conceitos das
propriedades térmicas dos materiais para o presente estudo de coberturas e
20

subcoberturas, as suas definições como suas simbologias podem ser encontrados


abaixo, conforme Lamberts; Dutra; Pereira (2004).
• Resistência térmica (R), é a propriedade do material em resistir à passagem do
calor. Quanto maior a espessura de um material, maior será a resistência que
esse material oferece à passagem do calor;
• Transmitância térmica (U), é o inverso da resistência térmica total do fechamento
(que inclui resistências das duas superfícies: superfície interna e externa - 𝑅𝑆𝐼 e
𝑅𝑆𝐸 ) é a sua transmitância térmica. Ela é a variável mais importante para
avaliação do desempenho de fechamentos opacos;
• Condutividade térmica () representa sua capacidade em conduzir maior ou
menor quantidade de calor por unidade de tempo, dependendo da densidade do
material;
• Atraso térmico (), é o tempo que leva uma diferença térmica ocorrida num dos
meios para manifestar-se na superfície oposta do fechamento.
• Fator solar de elementos opacos (FSo), a transmissão de calor acontece quando
há uma diferença de temperatura entre as suas superfícies interior e exterior. O
sentido do fluxo de calor sempre será da superfície mais quente para a mais fria;
• Fator solar de elementos transparentes (FSt), é por onde normalmente
acontecem as trocas térmicas, que compreendem janelas, claraboias e qualquer
outro elemento transparente na arquitetura. Nesses fechamentos transparentes
podem ocorrer três tipos de trocas térmicas: condução, convecção e radiação;
• Na Absortância (), os materiais de construção são seletivos á radiação de onda
curta (radiação solar) e a principal determinante desta característica é a sua cor
superficial. A parcela da radiação solar absorvida por certo material aquecerá o
mesmo e será parcialmente re-emitida para fora e parcialmente emitida para o
ambiente interno.
Fatores já mencionados anteriormente como, transmitância térmica,
capacidade de absortância e atraso térmico possuem papéis primordiais para a
escolha do material de cobertura mais adequado para determinada região. Para o
clima quente e seco, quanto maior o tempo do atraso térmico na cobertura melhor, já
que se vê a necessidade de resfriamento durante a maior parte do dia.
Michels (2007), defende que o desempenho térmico das coberturas depende
das características dos elementos que compõem o telhado, como o material das
21

telhas, a cor da superfície externa, a emissividade, e a ventilação existente na


camada de ar correspondente ao ático. Estudar o comportamento de elementos
opacos e transparentes, será necessário para a compreensão dos conceitos de
transmissão de calor e comportamento térmico dos fechamentos e coberturas.
Conforme Lamberts; Dutra; Pereira (2004), em elementos opacos a
transmissão de calor acontece quando há uma diferença de temperatura entre suas
superfícies interior e exterior. Sempre o sentido do fluxo será da superfície mais
quente para mais fria, como pode-se perceber em uma parede externa que recebe
insolação durante a maior parte do dia, conduzirá todo o calor para a superfície
contrária, como mostra a Figura 2. Outro exemplo claro é a cobertura que recebe a
maior parte da insolação durante o dia e transmite o calor para o interior do
ambiente.
Figura 2 – Comportamento térmico durante o dia

Fonte: LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA (2004). Adaptado pelo autor (2020).

Materiais opacos como isopor, lã de vidro, concreto celular, entre outros são
isolantes térmicos, já que possuem baixa densidade, ou seja, bastante porosos.
Quanto maior a porosidade de um objeto, maior a capacidade de redução de
transferência de calor, já que o ar contido nesses poros minimiza a condutividade
térmica (), além de que podem contribuir no atraso térmico (). É o caso das
coberturas, quanto maior porosa a superfície da telha, maior capacidade de
absorção, que consequentemente gerará um atraso térmico quando exposta ao
calor.
22

2.3 NORMATIZAÇÃO EM DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES

No que se refere a normas relacionadas com especificações técnicas para


adequação ambiental de edificações e otimização do desempenho térmico de
habitações, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) disponibiliza a NBR
15575, Edificações habitacionais – desempenho e a NBR 15220, Desempenho
térmico de edificações.
A ABNT NBR 15575 da versão obrigatória de fevereiro de 2013, entrou em
vigor em 2011, refere-se aos sistemas que compõem edifícios habitacionais, que se
encontra estruturada em seis partes: a primeira (NBR 15575-1) tem-se os requisitos
gerais da norma, na segunda (NBR 15575-2), os requisitos para os sistemas
estruturais, na terceira (NBR 15575-3), os requisitos para os sistemas de pisos, na
quarta (NBR 15575-4), os requisitos para os sistemas de vedações verticais e
externas – SVVIE, na quinta (NBR 15575-5), os requisitos para sistemas de
coberturas e a última parte (NBR 15575-6), os requisitos para os sistemas
hidrossanitários.
A ABNT NBR 15220, que analisa o desempenho térmico de edificações se
divide em cinco partes, a primeira (NBR 15220-1), possui as definições, símbolos e
unidades; a segunda (NBR 15220-2), os métodos de cálculo da transmitância
térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e
componentes de edificações; na terceira (NBR 15220-3), o zoneamento bioclimático
brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social;
na quarta (NBR 15220-4), a medição da resistência térmica e da condutividade
térmica pelo princípio da placa quente protegida e por fim, a quinta parte (NBR
15220-5), apresenta a medição da resistência térmica e da condutividade térmica
pelo método fluximétrico.
O zoneamento bioclimático apresentado na parte 3 da NBR 15220 indica
estratégias de adequação ambiental de acordo com os diferentes perfis climáticos
existentes no território brasileiro, e atualmente encontra-se em revisão. Diante disso,
a plataforma PROJETEEE2, pode ser consulta por projetistas para conhecimento
sobre o comportamento dos sistemas tradicionais de envoltória (parede e
coberturas), dos diferentes comportamentos climáticos do território nacional.
2
Projetando Edificações Energeticamente Eficientes – Disponível em:
http://projeteee.mma.gov.br. Acessado em: 21 de out. 2019.
23

De acordo com o zoneamento bioclimático, apresentado na norma NBR


15220, a cidade de Arapiraca no estado de Alagoas, e, consequentemente, o objeto
de estudo aqui tratado, está inserida na Zona 8, conforme a Figura 3.

Figura 3 - Zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: NBR 15220-3 ABNT (2005). Adaptado pelo autor (2020).

As recomendações que a norma NBR 15575 traz para as vedações externas


(paredes e coberturas) é que sejam leves e refletoras, tal características aplicadas a
cobertura, tem-se as telhas cerâmicas capa canal como um desempenho
satisfatório segundo a norma.
No que se refere a norma NBR 15575-5, analisando os critérios de
transmitância térmica (U) do sistema de coberturas em relação a zona bioclimática 8,
como é possível perceber no Quadro 1.
24

Quadro 1 - Descrição dos critérios avaliados pela NBR 15575/2013 e NBR 15220/2005 para
edificações localizadas na zona bioclimática 8 (correspondente à cidade de Arapiraca-AL)
Componentes da NBR 15575*/2013 NBR 15220-3/2005 Simbologia
envoltória
αª ≤ 0,6 αª > 0,6 Leve refletora
PAREDES
U ≤ 3,7 U ≤ 2,5 U ≤ 3,60; ϕ ≤ 4,3; FSo ≤
EXTERNAS
4,0 U=
ABERTURAS Para a região nordeste: > 40% da área de piso Transmitância
PARA ≥ 8% da área de piso Sombrear as aberturas térmica;
VENTILAÇÃO α = Absortância
α1 ≤ 0,4 α > 0,4 Leve isolada à radiação solar;
COBERTURA U ≤ 2,3 . FV U ≤ 1,5 . FV U ≤ 2,30 . FV; ϕ ≤ 3,3; j = Atraso
FSo ≤ 6,5 térmico;
αª é a absortância à radiação solar da face externa da parede. FSo =Fator solar

* a coluna da NBR 15575 diz respeito ao nível mínimo (M) de desempenho para de elementos

aceitação. opacos

O fator de ventilação (FV) é estabelecido na NBR 15220-2


1 Na zona bioclimática 8 considera-se atendido o critério para coberturas em
telhas cerâmicas, mesmo sem a presença de forro.
Fonte: Santos (2018).

2.4 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE COBERTURAS PARA O CONFORTO


TÉRMICO

Nas residências horizontais a maior parte exposta à radiação solar é o


telhado, ele absorve grande parte desta energia e a transfere para o interior das
edificações, aumentando os ganhos térmicos, elevando a temperatura interna.
(MICHELS, 2007). O telhado ou cobertura, seja de telhas cerâmicas, laje de
concreto ou qualquer outro tipo de material, deve adequar-se à capacidade das
paredes, ou estrutura, em absorver seu peso. É ele que tem como função a proteção
dos espaços interiores. A coberta pode permitir um eficiente sistema de resfriamento
para a edificação, uma vez que, não somente ela própria pode ser fria como também
paredes frias e fachadas resfriadas por sombreamento.
Arapiraca-AL possui clima quente e seco, com temperaturas mais elevadas
no período do verão, possuindo algumas estratégias bioclimáticas que contribuem
25

para uma excelente eficiência energética da edificação, como ventilação cruzada e


sombreamento, conforme o Quadro 2.
Na Figura 4 encontra-se uma a carta bioclimática de Givoni adaptada para o
clima de Arapiraca, utilizando dados das variáveis climáticas de 2009 a 2015. A
carta tem como por objetivo destacar estratégias bioclimáticas para situações de
conforto térmico em diversas localidades, sendo uma alternativa com bastante
eficiência para o planejamento arquitetônico e urbano.

Figura 4 – Carta bioclimática para a cidade de Arapiraca – AL


UR [%]

U [g/kg]
]
[°C
U
TB

TBS [°C]
UFSC - ECV - LabEEE - NPC
Fonte: Silva (2017).

Quadro 2 - Estratégias bioclimáticas indicadas para a cidade de Arapiraca - AL


ESTAÇÃO ESTRATÉGIAS
Para calor Para frio
Ventilação Alta inércia Resfriamento Ar Sombreamento Alta inércia
térmica para evaporativo Condic. térmica / Aque-
resfriamento cimento solar
Primavera 71,50% 24,50% 24,40% 0,05% 96,30% 3,61%

Verão 81,10% 79,40% 28,60% 0,32% 100,00% 0,00%

Outono 91,10% 14,80% 13,90% 0,36% 99,60% 0,27%

Inverno 49,10% 0,23% 0,23% 0,00% 79,30% 20,70%

Ano 73.2% 17.1% 16.7% 0.183% 93.8% 6.18%

Fonte: Silva (2017).


26

A utilização de uma cobertura eficiente, econômica e durável pode resolver


grandes problemas ocasionados pelo alto índice de desconforto térmico na
população durante os períodos quentes e secos do município. Ao se pensar na
resolução dos problemas térmicos, se faz necessário o estudo de materiais
alternativos de baixo custo e disponíveis na região para que sistemas de cobertura
eficientes possam ser de amplo alcance pela população.
A coberta é a parte da edificação que mais está em contato com a radiação
solar, no qual é responsável por transmitir calor para o interior da edificação por
meio da radiação, como mostra a Figura 5.

Figura 5 – trocas térmicas entre o corpo e o ambiente

Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2004).

Para as diversas formas para a transmissão de calor, seja pela condução,


convecção ou radiação, se faz necessário o estudo dos tipos de materiais, para que
se obtenha produtos mais adequados para compor toda a parte da edificação
conforme o tipo de clima. Conforme a NBR 15220 (2005), a telha cerâmica
consegue atender os critérios mínimos na zona 8, mesmo sem a utilização do forro,
que se trata de uma zona com estratégias com grandes aberturas para ventilação e
sombreamento de todas as aberturas.
Normalmente no Brasil tem-se o hábito de utilizar telhas cerâmicas e de
fibrocimento, sendo que a primeira possui um desempenho térmico melhor que a
segunda. A telha cerâmica possuiu uma alta capacidade de absorção de água,
diferente da telha de fibrocimento, durante o dia a água acumulada na telha é gasta
no processo de evaporação da água absorvida, tendo um atraso para que as telhas
27

sejam aquecidas, enquanto que a de fibrocimento tende a esquentar com mais


rapidez, devido à falta de água absorvida pela telha.
A melhor solução para a cobertura nessa zona é a criação de grandes beirais
com telha cerâmica para que facilitem o resfriamento das paredes externas da
edificação que impedirá a transmissão do calor para o interior da edificação por
condução, além de permitir um resfriamento da cobertura.
A utilização de uma subcobertura, como o forro, possui bastante relevância ao
analisar o conforto térmico da edificação, uma vez que, no interior do ático, o calor é
transferido das telhas até a superfície do forro por convecção e radiação. O forro
absorve parte deste calor e o transmite para o espaço interno da residência,
conforme indica a Figura 6.

Figura 6 – Esquema de trocas de calor de um telhado

Fonte: O autor (2020).

Algumas pesquisas recentes têm analisado os diversos tipos de coberturas


sustentáveis para a promoção de uma eficiência energética. Durante, et. al. (2019),
produziram uma revisão sistemática de tipologias de telhas e sistemas de coberturas
habitacionais, evidenciando as vantagens ecológicas do processo de construção dos
diversos tipos de telhados estudados. Dentre eles, apontaram telhados com palha e
madeira, telhas com bambu ou madeira, que possuem bom desempenho em
eficiência e sustentabilidade. As telhas de madeira e de bambu obtiveram os
28

melhores resultados acerca do Radar da Ecoinovação, que é definido pelo


desempenho e, ou impacto ambiental da inovação.
Sobre subcoberturas têm-se analisado o uso de Espuma Vinílica Acetinada
(EVA). Costa, et. al. (2017), avaliaram o desempenho e eficiência térmica de forros a
base de partículas EVA mais resíduos na composição de placas sanduíche
utilizadas em coberturas de modelos reduzidos para instalações avícolas. Os forros
foram compostos por placas de EVA; EVA+ resíduos da indústria de papel e
celulose (RPC); EVA + resíduos da indústria madeireira (RM) e EVA + resíduos
cerâmicos (RC). Diante desses materiais citados, o forro mais indicado para
aplicação em instalações avícolas, foi o composto apenas de EVA, que apresentou
maior atraso térmico entre os forros analisados, (2,32h) e a menor temperatura de
globo negro, resultado do efeito combinado entre a temperatura do ar, radiação e
velocidade do ar no interior dos modelos reduzidos, principalmente na faixa de
horário mais crítico do dia.
Santos, et. al. (2016), também realizou análise de forros usando protótipos
cobertos por telhas de fibrocimento, sendo os tratamentos sem forro (controle), forro
à base de EVA e forro a base de embalagens longa vida. Os resultados obtidos
pelos autores mostraram-se favoráveis também ao EVA, proporcionando melhores
condições de conforto no interior das instalações, com diminuição da temperatura
interna em 0,5°C.
Guimarães, et. al. (2006), desenvolveram o projeto PROSISAL3, que
desenvolve pesquisas com compósitos sisal-cimento no Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento (Ceped) e nas ações da Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares da Universidade do Estado da Bahia (ITCP/Uneb). O projeto propõe
pesquisas tecnológicas com produtos inovadores ao utilizar em sua composição a
argamassa com fibras de sisal para fabricação de componentes para edificações,
como telhas e calhas para habitações populares, principalmente do Nordeste.
Conforme Guimarães, et. al. (2006) aponta em seus resultados a viabilidade de
produção de telhas capa-canal (60cm) com a fibra de sisal em sua composição e de
outros produtos sem função estrutural, a exemplos dos cochos para alimentação
animal. A pesquisa encontra-se em andamento para se chegar a um melhor
resultado da resina que proteja as fibras de sisal.
3Projeto Desenvolvimento de componentes de edificações em fibra de sisal-argamassa a serem
produzidos de forma auto-gestionária (PROSISAL).
29

O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento - CEPED (1985), produziu uma


cartilha demonstrando a produção de telhões em argamassa (cimento e areia)
armada com fibra vegetal ou tela de arame galvanizado como uma alternativa de
cobertura de casas populares. Essa alternativa apresenta simplicidade em sua
execução para que possa ser feita pelo próprio usuário a custo mais baixo.
Nessas condições, ao se pensar em telhas de argamassa com fibras de sisal
pode-se ter um bom resultado por se tratar de um sistema de cobertura de fácil
execução a baixo custo para os possíveis usuários do agreste alagoano.
30

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos desta pesquisa consistiram no


monitoramento de variáveis ambientais (temperatura do ar e umidade relativa do ar)
em células-teste construídas em alvenaria (modelos em escala reduzida) com
sistema de cobertura de telha cerâmica e telhões de argamassa com fibras de sisal
em sua composição, incluindo dois tipos de subcoberturas, PVC e Taboca.
O estudo foi realizado no município de Arapiraca e com base no estudo das
características e das variantes climatológicas locais, Silva (2019) destaca que a
cidade de Arapiraca possui um clima composto basicamente de dois períodos, que
podem ser descritos como: período quente e úmido e período quente e seco. A
pesquisa teve como recorte temporal a estação quente e seca, característica do
período de verão, com vistas a analisar o desempenho térmico das coberturas e
subcoberturas frente ao calor.

3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS CÉLULAS TESTES

O canteiro experimental possui a construção de oito células-teste, que está


localizado no Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
(Figura 7). As células-teste locadas a uma distância de 3,75 m entre si, de forma que
não projetem sombras uma sobre as outras.

Figura 7 – Localização da Universidade Federal de Alagoas e células-teste


Legenda:
1 – Acesso
principal da
Instituição
2 –Bloco das
Coordenações
3 – Campus
Arapiraca da
Universidade
Federal de
Alagoas (UFAL);
4 – Canteiro
experimental
(células-teste);
5– Piscina
semiolímpica;
6 - Ginásio
Poliesportivo

Fonte: Google Maps4 (2019). Adaptado pelo autor (2019).

4
Disponível em: http://bit.ly/2w6IzaL. Acesso: 28 fev. 2020.
31

As células-teste existentes no campus foram constituídas em alvenaria de


tijolo cerâmico de 6 furos, e revestidas em ambos os lados com argamassa de areia
e cimento e caiadas (pintadas a cal) na parte externa, sobre uma fundação radier e
piso de concreto. Possui dimensões externas de 1,30m x 1,30m x 1,35m, com
volume interno aproximado de 1m³ e cobertura com inclinação de 20% orientada
para fachada Norte. As portas são feitas de madeira medindo 0,45m por 0,85m,
sendo a única abertura existente para acesso ao interior da célula-teste (Figura 8).
Elas permaneceram fechadas durante todo o período de monitoramento.

Figura 8 – Projeto das células-testes

Fonte: Silva, Vieira e Barbosa (2019). Adaptado pelo autor (2019).

3.2 SISTEMA DE COBERTURAS

Para o sistema de coberturas foi utilizado dois tipos, a telha cerâmica capa
canal (sistema convencional) e telhões de argamassa com fibras de sisal em sua
composição produzidas in loco (sistema alternativo), como mostra a Figura 9.

Figura 9 – Telha cerâmica e telhão de argamassa e sisal

Fonte: O autor (2019).


32

Foram utilizadas células-teste com sistemas de coberturas diferenciados, para


coleta de dados em duas etapas:
• Etapa 1 – (Período de 26 a 28 de fevereiro de 2019): Monitoramento da
temperatura do ar e umidade relativa do ar em três células-teste cobertas com
telhas cerâmicas colonial tipo capa canal, variando apenas a subcobertura
(Figura 10), instaladas sobre uma estrutura de madeira composta apenas por
caibros (3,0 x 5,0 cm) devido à reduzida dimensão do modelo, com beiral de 9
cm em todos os lados. Assim, as composições dos sistemas de cobertura desta
etapa foi a seguinte:
➢ 1 célula-teste com telha cerâmica + forro de PVC (cobertura e subcobertura
convencionais);
➢ 1 célula-teste com telha cerâmica sem forro (cobertura convencional sem
subcobertura);
➢ 1 célula-teste com telha cerâmica + forro de taboca (Guadua paniculata),
elemento natural biodegradável de fácil acesso. (cobertura convencional
com subcobertura alternativa).

Figura 10 – As três células-teste na etapa 1

(A) Célula-teste sem forro (B) célula-teste com PVC e (C) célula-teste com taboca e
coberta com telha cerâmica. coberta com telha cerâmica. coberta com telha cerâmica.

Fonte: O autor (2020).

• Etapa 2 – (Período de 06 a 08 de dezembro de 2019): As telhas cerâmicas


foram substituídas por telhões de argamassa com fibras de sisal produzidos in
loco (Figura 11). Assim, foram utilizadas quatro células teste e as composições
dos sistemas de cobertura desta segunda etapa foi a seguinte:

➢ 1 célula-teste com telhão de argamassa + forro de PVC rígido frisado na cor


branca (cobertura alternativa + subcobertura convencional);
33

➢ 1 célula-teste com telhão de argamassa + forro de taboca - bambu Guadua


paniculata, (cobertura e subcobertura alternativos);
➢ 1 célula-teste com telhão sem forro (cobertura alternativa sem subcobertura);
➢ 1 célula-teste com telha cerâmica sem forro, Figura 10A. (cobertura
convencional sem subcobertura servindo de testemunho na segunda etapa.

Figura 11 – As três células-teste na etapa 2

(A) Célula-teste sem forro e (B) célula-teste com PVC e (C) célula-teste com taboca e
coberta com telhão de coberta com telhão de coberta com telhão de
argamassa e sisal. argamassa e sisal. argamassa e sisal.

Fonte: O autor (2020).

3.3 MONTAGEM DO TELHÃO DE ARGAMASSA COM FIBRA SISAL

O telhão é uma telha de cimento e areia com fibra vegetal (sisal), cuja
simplicidade de execução permite que seja feita pelo próprio usuário a um custo
mais baixo, facilitando a autoconstrução. O telhão possui 1,50m de comprimento e
41cm de largura com 1,5cm de espessura (Figura 12A), possuindo a função de
canal na cobertura, enquanto o capote é a capa. O capote (Figura 12B) possui como
no telhão canal um comprimento de 1,50m com apenas 15cm de largura e 1,5cm de
espessura.
Figura 12 – (A) Croqui do telhão canal (B) Croqui do capote
(B)
(A)

Fonte: CEPED/BNH (1985). Adaptado pelo autor (2020).


34

Para fabricação da forma dos telhões, foi necessário ter uma base rígida para o
tempo de cura da argamassa utilizada. Foram produzidas 04 formas, sendo duas
com função de canal e duas capotes, (Figura 13).
Figura 13 – Formas dos telhões

Fonte: O autor (2019).

Conforme a cartilha produzida pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento


com convênio do Banco Nacional da Habitação, (CEPED/BNH,1985), para a
produção da forma de um telhão, foram necessárias uma base, trava e uma
moldura. A Figura 14 demonstra a execução da forma de um capote.
Figura 14 – Execução da forma do capote

Fonte: CEPED/BNH (1985). Adaptado pelo autor (2020).


35

Para a execução do telhão que funcionará como canal, a forma se comportará


conforme a Figura 15.
Figura 15 – Execução da forma do telhão canal

Fonte: CEPED/BNH (1985). Adaptado pelo autor (2020).

Depois do processo de fabricação das formas, é necessário calcular o traço


da argamassa utilizada para cada telhão e capote. Sabendo que para que o telhão
tenha um bom desempenho estrutural, para seu comprimento de 1,50m e 15cm de
espessura, no telhão canal, foi preciso 4kg de cimento, 10 litros de areia fina, o que
corresponde ao traço 1:3 em volume. Para a telha do capote foram necessários 2kg
de cimento, 5 litros de areia fina e foram utilizados 3,75 litros de água para cada
telha. Sendo assim, a argamassa foi preparada para fabricação de 04 telhas porque
a quantidade das formas era limitada. Foram utilizados então 12kg de cimento, 30
36

litros de areia e 7,5 litros de água. A Figura 16 mostra o processo da execução da


argamassa com a inserção das fibras de sisal.

Figura 16 – Preparação da argamassa com fibras de sisal

Fonte: O autor (2019).

Para a execução da telha na forma, foi preciso uma chapa de compensado no


piso para que se tivesse uma superfície plana, sem imperfeições para não danificar
o processo da construção do telhão. Logo após o processo de preenchimento da
forma com a massa foi preciso o auxílio de dois cavaletes nivelados para o processo
de secagem e modelagem final do telhão, conforme a Figura 17.

Figura 17 – Montagem do telhão na forma

Fonte: O autor (2019).


37

Foi necessário 24h para a secagem total da argamassa, após esse período foi
retirado o telhão do cavalete e posicionado verticalmente na sombra, molhando três
vezes ao dia durante uma semana para se completar o processo de cura (Figura
18), que é de suma importância para que o telhão tenha um bom desempenho.
Figura 18 – Processo de cura do telhão

Fonte: O autor (2019).

3.4 DESCRIÇÃO DAS SUBCOBERTURAS

Serão descritos a seguir os dois tipos de forro selecionados para análise do


desempenho térmico, um sendo um tipo convencional de Policloreto de vinila (PVC)
e outro de Bambu Guadua paniculata, conhecido popularmente pela região por
Taboca.

3.4.1 O bambu Guadua paniculata - Taboca

O Guadua paniculata é uma espécie de bambu facilmente encontrado em


uma variedade grande de habitats, incluindo ambientes quentes e úmidos. Conforme
o Jardim Botânico do Rio (1992), essa espécie possui uma disposição geográfica
desde o México até a Bolívia e o Brasil (amplamente distribuída no Brasil), como
mostra a Figura 19.
Essa espécie de bambu, foi escolhida para ser analisada comparada ao seu
desempenho térmico como forro, por ser um material disponível na região do
agreste alagoano, com baixo custo de obtenção e manutenção. Além disso, trata-se
38

de um material de origem vegetal que provoca menos impacto ao meio ambiente,


seja na sua produção ou descarte. Os colmos do bambu (nome dado aos nós
presentes no caule de onde saem ramos e folhas), são constituídos por nós e vazios
no interior, como se pode observar na Figura 20. Possuem, ainda, composição
estrutural que lhes confere elevada resistência físico-mecânica, leveza e
flexibilidade. (JARDIM BOTÂNICO DO RIO, 1992).
Figura 19 – Distribuição geográfica da taboca pelo território nacional

Fonte: Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1992).

Figura 20 – O bambu Guadua paniculata (taboca)

(A) (B)

Fonte: (A) Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1992). (B) O autor (2020).
39

3.5 MONTAGEM DAS SUBCOBERTURAS

Os forros foram aplicados abaixo da estrutura de madeira, seguindo a mesma


inclinação da coberta (20%) (Figura 21). O forro de PVC possui peças com
dimensões de 1,00 m x 0,22 m com encaixe macho-fêmea. Para fechamento da
célula-teste foram usadas cinco fichas encaixadas entre si e apoiados na parte
interna da alvenaria. Os encaixes macho-fêmea impedem a troca de ar entre o
volume abaixo do forro com a coberta.
A subcobertura de taboca foi aplicada com a colocação das hastes roliças de
bambu cortadas na dimensão interna das células-teste (1,0m), dispostas lado a lado,
e com extremidades apoiadas na parte interna da alvenaria. As varas de taboca
foram aplicadas sem nenhum elemento de fixação entre si. O formato não retilíneo
das hastes da taboca proporciona frestas no forro, por isso supõe a possível troca
de ar entre o volume abaixo do forro e entre forro e coberta, que pode ser um fator
positivo em noites quentes, permitindo o que o ar interno da célula-teste fique mais
resfriada.
Figura 21 – Aplicação dos forros nas células-teste: (A) PVC e (B) taboca
(A) (B)

Fonte: O autor (2019).

3.6 MONITORAMENTO DOS DADOS AMBIENTAIS: TEMPERATURA DO AR E


UMIDADE RELATIVA DO AR

O monitoramento da temperatura do ar no interior das células-teste foi feito


com dataloggers da marca Hobo®, modelo UX100-003, com acurácia de ±0,21°C de
0° a 50°C e resolução de 0,024°C à 25°C (Figura 22). Os equipamentos foram
programados para registrar dados contínuos em intervalos de 60 minutos e
40

instalados no centro geométrico do espaço interno das células-teste, localizados a


50 cm do piso e fixados por suportes de madeira.

Figura 22 –(A) Hobo datalogger, modelo UX100-003 (B) Disposição do equipamento no


interior da célula-teste
(A) (B)

Fonte: O autor (2019).

A campanha de monitoramento foi realizada em dois períodos diferentes,


porém, mas ambos na estação quente e seca, conforme as etapas descritas na
seção 3.2. A seguir estão descritas as informações de caracterização do
monitoramento higrotérmico destas etapas:

• Etapa 1: O monitoramento ocorreu em fevereiro de 2019, sendo selecionados


apenas três dias consecutivos, considerados os mais quentes no período quente
e seco, dos dias 26, 27 e 28 (dias de céu aberto e baixa nebulosidade). Foram
monitorados os seguintes sistemas de cobertura: a) telha cerâmica com
subcobertura de PVC; b) Telha cerâmica com subcobertura de taboca e c) telha
cerâmica sem forro. Nesta etapa estão contemplados 2 sistemas tradicionais de
cobertura e um sistema alternativo de subcobertura de taboca. Para comparação
dos dados das células teste com os externos foram utilizados os dados
fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, referente à estação
automática localizada em Arapiraca.
41

• Etapa 2: O monitoramento foi realizado nos meses de novembro e dezembro de


2019. Foram investigados 4 sistemas de cobertura: a) Telhão de argamassa e
sisal com subcobertura de PVC; b) Telhão de argamassa e sisal com
subcobertura de taboca, c) Telhão de argamassa e sisal sem forro e d) Telha
cerâmica canal sem forro. Portanto, foi investigado o desempenho da cobertura
(telhão) alternativa de fácil execução e a cobertura tradicional (telha cerâmica).

Nesta etapa da pesquisa foi instalada uma estação meteorológica no canteiro


das células-teste para monitoramento de dados horários de temperatura do ar e
umidade relativa do ar do ambiente externo. Este equipamento foi instalado a 3 m de
altura do solo, na estação (Figura 23) distante aproximadamente 20m das células
teste.
Figura 23 –Estação meteorológica instalada no canteiro experimental

Fonte: O autor (2019).

3.7 PARÂMETROS DE ANÁLISE

Serão utilizados os seguintes parâmetros de análise de desempenho térmico


das coberturas:
• Propriedades térmicas dos sistemas de cobertura: resistência e
transmitância térmica;
• O comportamento das variáveis ambientais no espaço externo imediato das
células-teste: temperatura do ar (°C) e umidade relativa do ar (%),
42

disponibilizados pelo INMET5, como também, coletados pela estação


meteorológica automática implantada no campus UFAL Arapiraca.
• Análise do comportamento das variáveis climáticas coletadas no interior das
células-teste: temperatura do ar, umidade relativa do ar. Serão verificados os
valores máximos, mínimos e médios destas variáveis, atraso térmico,
amplitude térmica6 e amortecimento térmico7.

A partir dos dados coletados foram elaborados gráficos e tabelas para


representar o comportamento das variáveis climáticas e analisar o desempenho
térmico das coberturas e subcoberturas.

5 Instituto Nacional de Meteorologia, dados climáticos coletados da estação em Arapiraca – AL, no


período de fevereiro de 2019. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/>. Acesso em: 02 out. 2019.
6 A amplitude térmica pode ser definida como a diferença entre os valores máximos e mínimos do

comportamento diário da estrutura (BATISTA; LAMBERTS E CÂNDIDO, 2010).


7 O amortecimento térmico é descrito por Morais (2004) como a capacidade do fechamento em

diminuir a amplitude das variações térmicas.


43

4 RESULTADOS

4.1 RESULTADOS DA ETAPA 1 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM TELHA


CERÂMICA

Na primeira etapa da pesquisa foi analisado o comportamento das variáveis


temperatura do ar e umidade relativa do ar no interior das células-teste durante o
período de verão, caracterizado por Silva (2019) como quente e seco (período de 26
a 28 de fevereiro de 2019). Foram selecionados esses três dias visto que a
temperatura máxima externa absoluta chegou a 37,2ºC, no dia 26/02/2019, às
15:00h, e a umidade relativa do ar atingiu a mínima de 13% neste mesmo dia, às
14:00h, conforme a Tabela 1. Nesses dias de monitoramento podem ser
caracterizados como secos de extremo calor, uma vez que os horários de maior
aquecimento alcançaram valores de temperatura do ar superiores à média da
temperatura máxima (32,7ºC) para o mês de fevereiro e a umidade relativa mínima
registrada foi bastante inferior à média da umidade relativa do ar (39%) para o
mesmo mês, de acordo com Silva (2019). No Gráfico 1 é possível perceber o
comportamento dos valores de temperatura do ar nesses três dias.
Tabela 1 – Valores mínimos e máximos diários registrados pela estação automática do
INMET no município de Arapiraca-AL, nos dias 26 a 28 de fevereiro de 2019

26/02/2019 27/02/2019 28/02/2019


Temp. (ºC) UR (%) Temp. (ºC) UR (%) Temp. (ºC) UR (%)
Mínima 22,5 13 22,9 16 22,8 17
Máxima 37,2 78 36,2 78 35,3 78
Amplitude 14,7 - 13,3 - 12,5 -
Fonte: INMET (2019). Adaptado pelo autor (2019).

Gráfico 1 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 26 a


28 de fevereiro de 2019, registrados pela estação do INMET
26/02/19 27/02/19 28/02/19 100
TEMPERATURA DO AR (ºC)

UMIDADE RELATIVA DO AR

36,0
80

31,0 60
(%)

40
26,0
20

21,0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORA Mín. Média Máx. Média Temperatura do ar UR

Fonte: INMET(2019) e SILVA (2019). Adaptado pelo autor (2019).


44

Analisando o desempenho térmico a partir da temperatura do ar, o Gráfico 2


mostra o comportamento horário dos valores de temperatura do ar nas três células-
testes monitoradas e sua comparação com o comportamento da temperatura do ar
registrada pela estação automática do INMET nos três dias de análise.

Gráfico 2 – Temperatura do ar (ºC) registradas no interior das três células-teste com telha
cerâmica e temperatura do ar (ºC) registrados pela estação automática do INMET, nos dias
26 a 28 de fevereiro de 2019

26/02/19 27/02/19 28/02/19


38,0
Temperarura do ar (ºC)

36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
horas PVC SEM FORRO TABOCA INMET

Fonte: O autor (2019).

Observa-se reduzido atraso térmico nas três células-teste nos horários de


aquecimento do ar externo, ou seja, o registro das temperaturas máximas internas
ocorre quase imediatamente ao registro dos valores máximos externos, como é
possível analisar as 12h, 15h e 16h. A partir das 16h, a temperatura do ar no interior
das células-teste apresentou-se um pouco mais elevada que o ar exterior,
apresentando resfriamento lento independente da aplicação de forros. Vale destacar
que as células-teste não possuem aberturas que permitam a circulação de fluxo de
ar em seu interior, evitando a dissipação do calor por convecção favorecida pela
ventilação natural, uma vez que o objetivo da pesquisa experimental foi analisar o
ganho de calor pela cobertura.
Observou-se que as células-teste com instalação de forros apresentou
desempenho térmico mais satisfatório em relação à célula-teste sem forro. As
maiores diferenças entre os valores de temperatura do ar no interior das células-
teste e os valores registrados pela estação do INMET ocorreram às 8h no primeiro
dia (26/02/19) na célula-teste sem forro com 2,3°C e às 10h nas células-teste com
45

aplicação de forros (PVC e Taboca) com diferença de 3,0°C e 2,8°C


respectivamente, evidenciando que a aplicação dos forros, independente do
material, proporcionou atraso térmico de 2 horas comparado aos sistemas
analisados, durante o período de monitoramento.
A célula-teste com forro de PVC apresentou redução de 3,0ºC em relação à
temperatura do ar externo, no dia 26/02/2019, às 10:00h; enquanto a célula-teste
com forro de bambu apresentou redução de 2,8ºC no mesmo dia e horário. Na
célula-teste sem o forro pode-se perceber uma diferença de 2,3°C em relação à
temperatura do ar externa no dia 26/02/2019, às 8:00h.
No horário de maior aquecimento do ar externo (15:00h), dentre as três
células-teste destacam-se diferenças significativas registradas no dia 26/02/2019,
tendo uma redução de 1,4ºC na célula-teste sem forro, enquanto que nas células-
teste com forro (PVC e taboca) tiveram uma redução de 1,6ºC em relação a
temperatura do ar externa.
Os Gráficos 3, 4 e 5, juntamente com as Tabelas 2, 3 e 4 mostram as
diferenças de temperatura do ar registradas no interior das três células-teste em
relação a temperatura do ar externo registrado pela estação automática do INMET
nos três dias analisados.

Gráfico 3 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas três


células-teste no dia 26/02/2019

Fonte: O autor (2019).


46

Tabela 2 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a externa


no dia 26/02/2019
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
SEM FORRO -2,3 -0,1 -1,6 3,0 1,3
PVC -2,9 -1,6 -2,0 3,2 1,8
TABOCA -2,4 -1,4 -2,0 2,9 1,4
Fonte: O autor (2019).

Gráfico 4 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas três


células-teste no dia 27/02/2019

Fonte: O autor (2019).

Tabela 3 – Valores da diferença de temperatura do ar interna (°C) em relação a externa no


dia 27/02/2019
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
SEM FORRO -0,6 -1,3 -1,9 2,0 2,1
PVC -0,7 -1,7 -2,1 2,6 2,2
TABOCA -0,7 -1,5 -2,0 2,3 1,7
Fonte: O autor (2019).

Gráfico 5 - Comportamento da diferença de temperatura do ar (ºC) registradas nas três


células-teste no dia 28/02/2019

Fonte: O autor (2019).


47

Tabela 4 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a externa no


dia 28/02/2019
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
SEM FORRO -0,9 -1,3 -0,9 1,8 2,2
PVC -0,8 -1,6 -1,2 2,1 2,2
TABOCA -0,9 -1,5 -1,1 2,0 1,8
Fonte: O autor (2019).

Pode-se observar que o comportamento da temperatura do ar no interior das


três células-teste se apresentou equivalente nos três dias analisados, permitindo
avaliar o desempenho térmico a partir da média horária dos valores de temperatura
do ar. Tomou-se a célula-teste sem forro como referência para análise.
O Gráfico 6 e a Tabela 5 mostram a diferença térmica da média horária dos
valores de temperatura do ar registradas no interior das células-teste com aplicação
de forro de PVC e bambu em relação à célula-teste sem forro.

Gráfico 6 - Diferença média horária de temperatura do ar (ºC) registradas nas células-teste


com forro de PVC e com forro de taboca tomando-se como referência a célula-teste
testemunho (telha cerâmica sem forro)

0,4
diferença de temp. do ar

0,2

0,0
(ºC)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-0,2

-0,4

-0,6

-0,8
hora PVC TABOCA

Fonte: O autor (2019).

Tabela 5 – Valores da diferença (°C) de temperatura do ar interna com forro de PVC e


com forro de taboca tendo referência a célula-teste testemunho (telha cerâmica sem forro)
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
PVC -0,2 -0,7 -0,3 0,3 0,1
TABOCA -0,1 -0,6 -0,3 0,1 -0,2
Fonte: O autor (2019).

A análise do gráfico permite observar uma pequena diferença positiva na


temperatura do ar no período noturno, possivelmente favorecido pelo bolsão de ar
aquecido entre o forro de PVC e a coberta. O mesmo não ocorreu com a aplicação
do forro de bambu devido o alinhamento irregular das tiras de bambu que
proporciona frestas no forro, permitindo a troca de ar entre o volume abaixo do forro
48

e entre forro e coberta, contribuindo para que a aplicação do forro de bambu não se
constituísse em barreira para perda de calor no interior do espaço durante o período
noturno.
No período diurno, quando há incidência de radiação solar sobre a coberta de
telha cerâmica, a aplicação dos forros proporcionou menor aquecimento do ar
interno, com redução de até 0,7ºC, com forro de PVC, e 0,6ºC, com forro de bambu,
nos horários próximos ao meio-dia. Entretanto, o desempenho de ambos os forros
no período diurno foi considerado igual, uma vez que a diferença de temperatura do
ar entre ambos está bastante próxima da precisão do equipamento usado na
pesquisa (± 0,21ºC).

4.2 RESULTADOS DA ETAPA 2 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM TELHÃO


DE ARGAMASSA COM SISAL

Na segunda etapa da pesquisa foi analisado o desempenho térmico dos


telhões fabricados in loco comparando as mesmas subcoberturas utilizadas na
primeira parte da pesquisa. O período analisado ocorreu entre os dias 29 de
novembro de 2019 a 15 de dezembro de 2019. Dentre esse período o dia 15 foi um
dia de chuva. O Gráfico 7 mostra o comportamento da temperatura do ar externo
(ºC) com a umidade relativa do ar externo (%), nesse período.
Gráfico 7 – Comportamento da temperatura do ar (°C) interna nas células-teste e externa
(estação meteorológica), durante o período de monitoramento

Fonte: O autor (2020).


49

Gráfico 8 – Comportamento da umidade relativa do ar (%) interna nas células testes e


externa (estação), durante o período de monitoramento

Fonte: O autor (2020).

Foram selecionados os dias 06, 07 e 08 de dezembro como dias significativos


para a análise por registrarem maiores valores de temperatura do ar e menores
valores de umidade relativa do ar).
A temperatura máxima externa chegou a 37,2ºC, no dia 07/12/2019, às
15:00h, e a umidade relativa do ar atingiu a mínima de 31% neste mesmo dia, às
14:00h, conforme apresenta a Tabela 6. No Gráfico 9 é apresentado o
comportamento da temperatura do ar externa durante os três dias em relação a
umidade relativa do ar.

Tabela 6 – Valores mínimos e máximos diários registrados pela estação meteorológica


implantado no canteiro experimental no campus Arapiraca-AL, nos dias 06 a 08 de
dezembro de 2019
06/12/2019 07/12/2019 08/12/2019
Temp. (ºC) UR (%) Temp. (ºC) UR (%) Temp. (ºC) UR (%)
Mínima 22 38 22,1 31 22,3 42
Máxima 35,9 90 37,2 90 35,5 90
Amplitude 13,9 - 15,1 - 13,2 -
Fonte: O autor (2020).
50

Gráfico 9 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 06, 07 e 08
de dezembro de 2019, registrados pela estação meteorológica instalada no local
38
06/12/19 07/12/19 08/12/19 100

UMIDADE RELATIVA DO AR (%)


36 90
TEMPERATURA DO AR (°C)

34 80
32
70
30
60
28
50
26
24 40

22 30
20 20
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
TEMPERATURA DO AR UR

Fonte: O autor (2020).

Os três dias de monitoramento podem ser caracterizados como dias quentes


e secos, uma vez que os horários de maior aquecimento alcançaram temperatura
maior que 37ºC e umidade relativa 31%.
Analisando a temperatura do ar, o Gráfico 10 mostra o comportamento horário
dessa variável nas três células-teste monitoradas, juntamente com a temperatura do
ar registrada pela estação.
Gráfico 10 – Temperatura do ar interno (ºC) registradas no interior das três células-teste e
temperatura do ar externo (ºC) registrados pela estação meteorológica instalada no local

06/12/19 07/12/19 08/12/19


38

36
TEMPERATURA DO AR (°C)

34

32

30

28

26

24

22
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORA
ESTAÇÃO EXTERNA TELHÃO SEM FORRO
TELHÃO COM TABOCA TELHÃO COM PVC
TELHA CERÂMICA SEM FORRO
Fonte: O autor (2020).
51

Em virtude da alta transmitância térmica do telhão (6,73W/m²K) oriunda a alta


condutividade térmica do concreto (1,75w/(m.K)) e baixa espessura do telhão
(1,5cm), o Gráfico 10 demonstra uma maior temperatura do ar interno nas células-
teste, inclusive no telhão sem forro, chegando até 37,6°C às 15:00h no dia 07/12/19.
A telha cerâmica com condutividade térmica de 1,05 w/(m.K) e transmitância térmica
de 4,5W/m²K, chegou a registrar 36,8°C no mesmo horário apresentando uma
diferença de 0,8°C. O Gráfico 11 apresenta o comportamento das coberturas sem os
forros.
Gráfico 11 – Temperatura do ar (ºC) registradas no interior de uma célula-teste com telhão e
uma com telha cerâmica e temperatura do ar externo (ºC) registrados pela estação
meteorológica instalada no local
06/12/19 07/12/19 08/12/19
37
TEMPERATURA DO AR

32
(°C)

27

22
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORAS TELHÃO TELHA CERÂMICA ESTAÇÃO EXTERNA

Fonte: O autor (2020).


Apesar do telhão possuir fibras vegetais de sisal e possuir uma enorme
vantagem economicamente no que se refere ao madeiramento utilizado no apoio da
cobertura, em termos de desempenho térmico ela possui um baixo desempenho
quando comparada a telha cerâmica capa canal. A diferença mais nítida é
observada nos períodos mais quentes, como os de 12:00h e 15:00h, chegando a
uma diferença entre as coberturas de 1,3°C às 12:00h no dia 07/12/19 e 0,7°C às
15:00h do mesmo dia (Gráfico 12).
Gráfico 12 – Diferença da temperatura do ar interna (ºC) registradas nas duas células-teste
com telhão e telha cerâmica, ambas sem forro comparadas com a temperatura externa do ar
06/12/19 07/12/19 08/12/19
3,000
DIFERENÇA DE TEMP. (°C)

1,000

0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
-1,000
TELHÃO TELHA CERÂMICA
Fonte: O autor (2020).
52

Assim como na cobertura com telha cerâmica, o desempenho térmico do


telhão com os forros apresentou-se de forma similar, ou seja, um resfriamento lento
independente da aplicação de forros, sendo que a partir das 18:00h o telhão com o
forro de PVC conservou uma temperatura mais elevada no interior da célula-teste,
diferente da taboca, chegando a uma diferença de 0,7°C no dia 07/12/19 às 18:00h
e redução de 1,0ºC em relação à temperatura do ar externo, no mesmo dia, às
12:00h; enquanto a célula-teste com forro de taboca apresentou redução de 0,6ºC.
Na célula-teste do telhão sem o forro pode-se perceber uma diferença de 1,0°C em
relação à temperatura do ar externa no dia 06/12/2019, às 10:00h.
Os Gráficos 13,14 e 15, juntamente com as Tabelas 7, 8 e 9 a seguir mostram
o comportamento das diferenças de temperatura entre as células-teste nos três dias
analisados comparados aos dados de temperatura externas coletadas no canteiro
experimental.

Gráfico 13 – Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células-teste


comparadas a temperatura externa no dia 06/12/2019

06/12/2019
4,0
DIFERENÇA DE TEMPERATURA (°C)

3,0

2,0

1,0

0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0

-2,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA
TELHÃO COM PVC TELHA CERÂMICA SEM FORRO

Fonte: O autor (2020).

Tabela 7 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 06/12/2019
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
TELHÃO SEM FORRO 0,53 0,74 1,31 2,46 2,07
CERÂMICA SEM FORRO 0,43 -0,23 0,09 2,39 2,78
TELHÃO COM PVC 0,40 -0,38 0,01 2,64 2,78
TELHÃO COM TABOCA 0,79 0,05 0,11 2,06 2,02
Fonte: O autor (2019).
53

Gráfico 14 – Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células-teste


comparadas a temperatura externa no dia 07/12/2019
4,0
07/12/2019
DIFERENÇA DE TEMPERATURA

3,0

2,0
(°C)

1,0

0,0
1 2 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0

-2,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA
TELHÃO COM PVC TELHA CERÂMICA SEM FORRO
Fonte: O autor (2020).

Tabela 8 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 07/12/2019
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
TELHÃO SEM FORRO 0,27 0,38 0,91 2,25 2,39
CERÂMICA SEM FORRO -0,05 -0,70 -0,07 1,92 2,60
TELHÃO COM PVC 0,12 -0,95 -0,25 2,47 2,79
TELHÃO COM TABOCA 0,49 -0,35 -0,06 1,91 1,90
Fonte: O autor (2020).

Gráfico 15 – Diferença de temperatura do ar (ºC) registradas no interior das células-teste


comparadas a temperatura externa no dia 08/12/2019.
4,0
08/12/2019
DIFERENÇA DE TEMPERATURA

3,0

2,0
(°C)

1,0

0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA

Fonte: O autor (2020).

Tabela 9 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna em relação a


temperatura do ar externa no dia 08/12/2019

CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H


TELHÃO SEM FORRO -0,12 1,06 0,75 2,76 1,80
CERÂMICA SEM FORRO -0,22 0,27 0,14 2,05 2,45
PVC -0,49 0,03 0,00 3,22 2,65
TABOCA 0,27 0,34 0,24 2,30 1,94
Fonte: O autor (2020).
54

Diante dos gráficos anteriores, percebe-se que o telhão com a subcobertura


de taboca contribui para um resfriamento maior a partir das 18h no interior da célula-
teste. As células testes com o telhão com PVC e telha cerâmica a partir desse
horário mantêm a temperatura interna mais aquecida que as demais.
O Gráfico 16 mostra a diferença de temperatura do ar média horária
registradas no interior das células-teste com aplicação de forro de PVC e bambu em
relação à célula-teste do telhão sem forro.

Gráfico 16 - Diferença média horária de temperatura do ar (ºC) registradas nas


células-teste com forro de PVC e com forro de taboca tomando-se como referência a célula-
teste testemunho (sem forro)
1,5
DIF. DE TEMPERATURA (°C)

1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
HORA
TELHÃO COM TABOCA TELHÃO COM PVC

Fonte: O autor (2020).

Tabela 10 – Valores da diferença de temperatura do ar (°C) interna com forro de PVC e


com forro de taboca tomando-se como referência a célula-teste sem forro
CÉLULA-TESTE 9H 12H 15H 18H 21H
PVC 0,09 -1,33 -1,17 0,21 0,39
TABOCA 0,49 -0,73 -0,98 -0,34 -0,49
Fonte: O autor (2020).

No período diurno, quando há incidência de radiação solar sobre a coberta do


telhão, a aplicação dos forros proporcionou menor aquecimento do ar interno, com
redução de até 1,0°C com forro de PVC, e 0,6ºC com forro de taboca, nos horários
próximos à 12:00h. Entretanto, o desempenho de ambos os forros, mesmo com o
telhão no período diurno foi considerado praticamente igual, uma vez que o valor da
diferença de temperatura do ar entre ambos está próximo a precisão do
equipamento usado na pesquisa (± 0,21ºC).
55

Durante a 1ª etapa da pesquisa o sistema de cobertura com telha cerâmica


capa canal se mostrou eficiente quando utilizado juntamente com os forros de
taboca e PVC. Uma vez que a diferença de temperatura do ar interna entre as
células-teste de PVC e taboca chegaram a 0,7°C e 0,6°C, às 11h, segundo dados de
temperatura do ar média dos três dias monitorados.
Da mesma maneira, na 2ª etapa, o sistema de cobertura sem a inserção do
forro obteve um baixo desempenho, devido seu valor de transmitância térmica e alta
condutividade do concreto. A utilização do telhão com ambos os forros se mostrou
semelhante, chegando a diferenças de temperatura do ar interna entre as células-
teste de PVC e taboca com 1,4°C e 1,1°C, respectivamente, às 12h, segundo dados
de temperatura do ar média dos três dias monitorados
O uso do telhão sem o forro não é indicado para o clima semiárido do
município de Arapiraca, já que a presente pesquisa aponta um possível ganho
térmico elevado para esse material, porém o seu uso com as subcoberturas se
mostrou viável para sua aplicação. A economia com a execução facilitada do telhão
pode viabilizar a incorporação de um sistema convencional de subcobertura (PVC),
ou até mesmo a utilização da taboca, que se mostrou com um bom desempenho.
A utilização da taboca como subcobertura é uma estratégia eficiente para o
município, já que em algumas partes do dia consegue manter a temperatura do ar
interna pouco mais resfriada que a do PVC.
56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste trabalho, foi analisado comparativamente o desempenho


térmico de dois tipos de cobertura, a telha cerâmica e o telhão de argamassa e sisal,
e dois tipos de subcobertura (forro), PVC e taboca, compondo sistemas alternativos
de cobertura no contexto climático do semiárido alagoano.
Diante da primeira etapa da pesquisa, durante os três dias consecutivos, o
forro de taboca e o PVC apresentaram comportamentos semelhantes durante os
períodos da madrugada e do dia, mostrando a importância do uso do forro para
habitação de interesse social, principalmente no dia 26/02/19 às 12:00horas com
diferença de aproximadamente 1°C. Já em relação a temperatura do ar externo, o
forro de taboca apresentou desempenho melhor que o de PVC no período noturno,
uma vez que o alinhamento irregular das tiras da taboca supostamente contribuiu
para a troca de ar entre o volume abaixo do forro e entre forro e coberta resultando
em um resfriamento interno da edificação mais rápido durante o período noturno. O
PVC por ter um sistema de vedação mais eficiente, forma um bolsão de ar quente
entre o forro e a coberta, no período noturno, que mais tarde permitirá uma troca de
ar com o volume abaixo do forro, tornando o ambiente mais aquecido durante a
parte da noite. Este resultado, também, foi verificado na segunda etapa da pesquisa.
Durante o dia o telhão de argamassa, por possuir uma alta transmitância
térmica, contribuiu para um maior acúmulo de calor no interior da célula teste,
chegando a valores de amortecimento térmico de 3,59ºC no dia 08 de dezembro de
2019 na célula-teste com o forro de PVC, enquanto que na taboca obteve-se 2,6ºC
no mesmo dia.
A diferença de temperatura entre as coberturas do telhão e telha cerâmica
chegou a 1,3°C às 12:00h no dia 07/12/19. A telha cerâmica possui um alto índice
de absorção o que retarda o aquecimento superficial imediato, ainda melhor que o
telhão de argamassa, porém, o seu uso com a subcobertura seja o PVC ou taboca,
obteve bons resultados. O telhão ainda apresenta vantagens econômicas e no seu
processo da autoconstrução, sem precisar passar por um processo de queima para
sua finalização.
Nos dois sistemas de coberturas (cerâmica e telhão) o forro de taboca
apresentou comportamento térmico semelhante ao forro de PVC, com a vantagem
57

de ser elemento natural, vegetal, biodegradável, de baixo custo, e não requer mão
de obra especializada. A sua utilização em habitações de interesse social que são
executadas sem forro é de grande relevância, já que ele demonstrou semelhanças
no desempenho térmico do PVC, com maior eficiência no período da noite, onde
promove o resfriamento interno mais rápido no interior da habitação.
Há uma necessidade de ampliação e aprofundamento da pesquisa, uma vez
que a taboca possui um grandes vantagens na aplicação de subcoberturas em
termos de desempenho térmico, que pode ser explorado ainda em estudos futuros.
Pesquisas com a adoção da subcobertura de taboca, possivelmente com diferentes
processos de montagem (camada dupla ou tripla) pode favorecer um melhor
desempenho do sistema alternativo de cobertura (telhão com forro de taboca).
58

REFERÊNCIAS

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61

APÊNDICE A - RESULTADOS DOS DADOS COLETADOS

Segue abaixo os dados de temperatura do ar interna e externa e umidade


relativa do ar interna e externa durante os dias monitorados na primeira e segunda
etapa da pesquisa.

Quadro 3 – Dados coletados no dia 26 de fevereiro de 2019

TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
DIA HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)

0 24,3 74 25,8 85 25,9 83 25,8 86


1 23,9 75 25,4 86 25,6 84 25,6 86
2 23,4 77 25,1 87 25,2 85 25,1 88
3 22,8 77 24,6 88 24,7 86 24,5 90
4 22,7 78 24,4 87 24,5 85 24,4 88
5 22,5 78 24,2 86 24,4 84 24,2 87
6 23,0 78 24,1 86 24,4 82 24,3 86
7 27,2 59 25,9 79 25,5 79 25,8 80
8 30,0 39 27,7 69 27,1 70 27,6 70
9 31,9 34 30,4 54 29,0 61 29,5 60
10 33,6 28 31,7 51 30,6 54 30,8 55
11 33,8 26 33,7 41 32,2 46 32,4 47
26/02/19
12 34,3 22 33,9 42 33,0 44 33,0 45
13 36,6 15 35,4 38 34,7 38 34,6 39
14 36,9 13 35,3 34 34,9 34 34,9 35
15 37,2 16 35,8 34 35,6 33 35,6 34
16 33,0 35 34,6 48 34,8 46 34,7 48
17 29,7 48 32,7 55 32,9 53 32,6 56
18 27,2 57 30,0 67 30,3 64 29,8 68
19 26,6 64 28,1 75 28,8 71 28,4 76
20 26,2 67 27,5 80 28,0 76 27,6 81
21 25,8 70 27,1 81 27,4 77 27,0 82
22 25,4 71 26,6 82 26,8 80 26,6 84
23 24,9 73 26,3 83 26,5 80 26,2 84
Fonte: Adaptado, INMET (2019); O autor (2020).
62

Quadro 4 – Dados coletados no dia 27 de fevereiro de 2019

TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
DIA HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)

0 24,5 75 26,0 85 26,2 81 26,0 86


1 24,2 76 25,7 85 25,8 83 25,6 87
2 23,8 77 25,4 85 25,6 83 25,4 86
3 23,4 78 25,1 85 25,5 81 25,4 85
4 23,2 78 24,9 86 25,2 82 25,1 85
5 22,9 78 24,6 86 24,7 84 24,7 87
6 23,0 78 24,4 88 24,6 85 24,5 88
7 26,6 68 26,0 83 25,7 84 25,8 85
8 28,3 53 27,7 74 27,6 73 27,6 74
9 31,0 41 29,0 65 28,9 65 28,9 66
10 32,3 32 30,2 55 29,9 56 30,1 57
27/02/1 11 33,0 26 31,7 50 31,3 51 31,5 51
9 12 34,1 22 32,9 45 32,4 45 32,6 46
13 35,7 16 33,5 40 33,2 40 33,3 41
14 36,2 17 34,3 37 34,1 37 34,2 38
15 35,6 22 35,1 39 34,8 38 34,8 40
16 33,4 28 34,1 45 34,0 43 33,9 45
17 30,3 39 32,3 49 32,9 46 32,6 49
18 27,9 50 30,5 57 31,1 53 30,7 57
19 26,5 58 29,0 66 29,2 63 28,8 68
20 25,6 67 27,7 76 27,8 73 27,3 78
21 25,2 71 26,8 81 26,9 79 26,5 83
22 24,7 74 26,2 83 26,4 80 26,1 85
23 24,2 76 25,6 85 25,7 83 25,4 88
Fonte: Adaptado, INMET (2019); O autor (2020).
63

Quadro 5 – Dados coletados no dia 28 de fevereiro de 2019

TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)

0 23,9 77 25,1 88 25,3 85 25,0 90


1 23,6 77 24,9 87 25,1 85 24,8 89
2 23,3 78 24,7 88 24,9 85 24,7 89
3 23,4 77 24,5 87 24,6 84 24,5 88
4 23,0 77 24,3 87 24,5 84 24,3 88
5 22,8 78 24,1 87 24,2 85 24,1 88
6 23,6 78 24,0 88 24,1 85 24,0 89
7 26,1 65 25,5 82 25,3 82 25,4 83
8 28,0 43 27,1 67 27,2 65 27,1 68
9 31,3 32 29,1 55 28,5 55 28,9 55
10 32,4 26 30,4 50 30,0 50 30,2 51
11 32,9 23 31,6 47 31,3 46 31,4 47
28/02/2019
12 34,4 18 32,7 40 32,0 40 32,3 41
13 33,1 21 33,1 38 32,7 38 32,8 39
14 35,3 17 34,4 35 34,1 34 34,2 36
15 34,9 17 34,3 35 34,1 35 34,2 36
16 32,7 23 33,7 37 33,7 37 33,6 38
17 30,5 35 32,3 46 32,6 44 32,5 46
18 27,8 47 30,7 55 31,0 53 30,7 56
19 26,4 58 29,1 65 29,0 63 28,8 67
20 25,5 65 27,7 73 27,7 71 27,3 75
21 25,0 69 26,8 79 26,7 77 26,5 81
22 24,6 72 26,0 83 26,1 81 25,8 85
23 24,1 75 25,5 85 25,6 83 25,3 87
Fonte: Adaptado, INMET (2019); O autor (2020).
64

Quadro 6 – Dados coletados no dia 06 de dezembro de 2019

TELHÃO TELHÃO TELHA


TELHÃO
COM COM CERÂMICA
ESTAÇÃO SEM
FORRO DE FORRO DE SEM
HO- FORRO
DIA PVC TABOCA FORRO
RA
TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID
. EXT. . EXT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT.
(ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%)

0 22,6 88 23,5 80,8 23,9 78,9 23,6 81,4 23,8 82,2


1 22,5 88 23,2 82,1 23,6 80,3 23,3 82,2 23,5 83,4
2 22,3 88 23,0 82,3 23,4 80,3 23,2 82,1 23,3 83,7
3 22,1 90 22,8 83,8 23,3 81,1 23,0 83,3 23,1 84,9
4 22,1 90 22,7 84,7 23,2 81,9 23,0 84,1 23,1 85,8
5 22,2 90 22,8 84,2 23,3 79,6 23,3 82,4 23,1 85,5
6 22,4 88 22,8 83,1 23,5 78,2 23,8 79,3 23,5 83,3
7 24,7 79 24,9 74,0 25,4 71,8 25,6 70,7 25,2 74,5
8 26 74 26,5 66,8 26,4 67,9 26,8 65,9 26,4 69,5
9 28,4 63 28,6 56,5 28,3 58,0 28,4 56,6 27,9 60,8
10 29,5 57 30,5 47,2 29,8 50,0 30,0 48,3 29,7 52,1
11 31,8 50 32,5 41,5 31,4 45,3 31,9 43,4 31,6 46,3
06/12/2019
12 33 44 33,7 36,6 32,3 40,9 32,6 39,0 32,6 40,6
13 34,7 38 35,3 31,4 33,5 36,8 33,7 34,5 33,7 36,1
14 34,2 38 35,5 31,1 34,2 34,0 34,3 33,1 34,3 33,9
15 35,6 40 36,1 32,9 35,3 34,9 35,4 34,4 35,4 35,9
16 32,2 55 34,4 42,2 34,0 43,4 33,7 44,0 33,9 44,9
17 29,9 61 32,4 47,6 32,5 47,3 31,9 48,9 32,3 49,6
18 27,3 73 29,9 58,4 30,7 55,8 29,8 59,0 30,4 58,7
19 26,1 79 28,3 65,8 29,0 63,3 28,1 66,8 29,0 65,4
20 24,9 85 27,0 73,6 27,7 70,4 26,9 74,2 27,7 72,6
21 24,3 88 26,1 77,2 26,4 75,8 25,8 79,0 26,5 77,7
22 24,1 89 25,5 79,5 26,0 77,4 25,4 80,5 25,8 80,5
23 23,7 89 25,0 81,1 25,4 79,4 24,9 82,3 25,2 82,8
Fonte: O autor (2020).
65

Quadro 7 – Dados coletados no dia 07 de dezembro de 2019

TELHÃO TELHÃO TELHA


TELHÃO
COM COM CERÂMICA
ESTAÇÃO SEM
FORRO DE FORRO DE SEM
HO- FORRO
DIA PVC TABOCA FORRO
RA
TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID TEMP UMID
. EXT. . EXT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT. . INT.
(ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%)

0 23,3 91 24,5 82,9 24,9 80,8 24,5 83,7 24,8 84,1


1 23,1 91 24,2 83,3 24,6 81,0 24,3 83,5 24,4 84,7
2 23,2 87 23,9 80,0 24,7 76,6 24,3 79,2 24,3 81,2
3 22,9 87 23,6 80,2 24,4 75,6 24,1 78,4 24,0 81,0
4 22,8 87 23,4 80,3 24,1 76,1 23,9 78,4 23,7 80,9
5 22,4 88 23,0 81,7 23,8 77,5 23,5 80,1 23,5 81,6
6 23,4 86 23,2 82,8 24,1 79,5 24,2 79,1 24,3 81,1
7 25,9 73 25,7 70,3 26,0 70,0 26,6 67,0 26,3 69,9
8 28,2 64 28,2 58,8 28,3 59,1 28,7 56,2 28,2 60,3
9 31 53 30,9 46,7 30,3 49,6 30,9 46,0 30,2 50,2
10 32,8 45 32,9 38,7 32,0 41,4 32,6 39,0 32,1 42,3
11 34,2 40 34,6 33,8 33,2 36,9 33,8 35,2 33,5 37,1
07/12/2019
12 35,2 38 35,8 31,5 34,2 35,5 34,6 33,4 34,4 35,1
13 37,1 34 37,2 28,6 35,9 31,5 36,3 29,9 36,2 31,6
14 36,6 32 37,5 25,7 36,3 28,5 36,5 27,1 36,5 28,5
15 37,1 31 37,6 25,1 36,7 27,7 36,9 26,2 36,8 27,6
16 34,6 48 36,4 37,5 36,2 38,4 36,0 38,6 36,2 39,6
17 32,4 53 34,7 41,6 34,9 41,4 34,3 42,5 34,3 44,1
18 30 66 32,5 51,6 33,1 50,1 32,4 52,4 32,9 52,5
19 27,8 73 30,4 58,4 30,8 57,2 29,9 60,2 30,7 59,1
20 26,3 79 28,7 65,1 29,1 63,7 28,2 67,4 28,9 66,5
21 25,6 80 27,6 67,8 28,1 66,1 27,2 69,7 27,8 69,4
22 24,8 85 26,6 73,9 27,2 71,3 26,5 74,9 26,9 74,4
23 23,6 90 25,2 80,5 25,7 78,3 25,1 81,9 25,6 81,1
Fonte: O autor (2020).
66

Quadro 8 – Dados coletados no dia 08 de dezembro de 2019

TELHÃO TELHÃO TELHA


TELHÃO
COM COM CERÂMICA
ESTAÇÃO SEM
FORRO DE FORRO DE SEM
HO- FORRO
DIA PVC TABOCA FORRO
RA
TEMP. UMID. TEMP. UMID. TEMP. UMID. TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT. INT. INT. INT. INT. INT. INT.
(ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%) (ºC) (%)

0 23,4 89 24,7 80,7 25,1 78,6 24,6 81,7 25,0 81,8


1 23,1 89 24,1 81,4 24,6 79,1 24,2 81,9 24,4 82,8
2 22,4 90 23,6 83,1 24,1 80,8 23,6 83,7 23,9 84,2
3 22,9 88 23,5 81,8 24,1 79,3 23,8 81,4 23,9 82,9
4 23,1 85 23,3 80,0 24,0 76,8 23,8 78,4 23,8 80,5
5 23,7 82 23,5 78,2 24,0 75,6 24,0 76,6 23,9 79,2
6 24,5 80 24,0 78,2 24,5 75,9 24,9 75,2 25,0 77,0
7 26,2 74 26,4 69,1 26,7 68,2 27,1 66,1 26,7 69,8
8 28,4 64 28,3 58,8 28,4 58,9 28,7 57,4 28,2 61,2
9 29,6 58 30,3 49,7 29,8 51,7 30,0 50,4 29,6 54,4
10 30,9 55 31,5 46,6 31,0 49,0 31,3 47,0 31,0 50,1
11 32,2 48 33,3 39,1 32,2 41,9 32,5 40,5 32,5 42,6
08/12/2019
12 33,4 43 34,2 34,9 33,0 38,3 33,2 36,8 33,1 38,7
13 34 42 35,1 33,3 34,2 35,5 34,4 34,8 34,4 36,2
14 35 42 35,8 34,2 35,0 36,1 35,2 35,3 35,1 36,9
15 33,7 47 34,9 37,2 34,5 38,6 34,5 38,1 34,3 39,7
16 30,9 56 33,1 43,5 33,2 44,1 32,6 45,1 32,6 46,7
17 28,6 65 31,4 49,6 31,8 48,7 30,9 51,2 30,7 53,8
18 26,2 75 28,9 60,1 29,8 57,2 28,8 60,5 29,3 60,6
19 24,8 84 27,2 70,2 28,1 66,4 27,2 70,2 27,7 70,0
20 24,1 87 25,9 75,9 26,8 72,1 26,0 75,6 26,6 75,1
21 23,7 87 25,2 78,0 25,7 75,9 25,1 78,9 25,6 78,5
22 23,5 88 24,8 79,7 25,2 77,5 24,8 80,2 25,2 80,1
23 23,8 87 24,6 79,9 25,0 78,0 24,7 80,0 24,9 80,9
Fonte: O autor (2020).

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