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CAMPUS DE ARAPIRACA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ARAPIRACA
2020
Eduardo Siqueira Cadete
Arapiraca
2020
A Deus,
Ele é a razão de tudo o que tenho e sou.
AGRADECIMENTOS
The coverage systems act a very important role in houses since the ancient times,
when men sought, essentially, protection against storms, using local materials, as
clay and straw, (Durante, et. al. 2019). This research intends to make a thermal
performance comparative analysis of two types of coverage and two types of under-
coverage (ceiling) using alternative materials in the semiarid weather reality of
Arapiraca - AL. The capa-canal roof tile, just as PVC ceiling were chosen as
coverage and under-coverage, respectively as conventional systems found in civil
construction market, as an alternative, it was used the big mortar and sisal fibers roof
tile and the bamboo ceiling (Guadua paniculata), popularly known as “taboca” as
coverage and under-coverage using alternative materials. This is an experimental
research in which the temperature variations of air and of the surface were monitored
in four test cells built in masonry and with the two coverage systems which were
previously mentioned, two with ceiling (PVC and bamboo), and one with no ceiling.
The monitoring was made in two moments of summer: in February and in December
of 2019. The air temperature registration was made with dataloggers, with continued
and timed data for three days of monitoring. The difference of temperature between
the coverages achieved 1,3 °C at 12:00 pm on December 07, 2019. The bambu
ceiling and PVC ceiling had similar performances during the dawn and during the
day, which showed the significance of the use of ceiling for a type of social housing,
mostly on February 26, 2019 at 12:00 pm, with a difference of 1 °C. It was
understood, therefore, that Guadua paniculata bamboo is a material with potencial
for use as ceiling for social housing in semiarid, in order to achieve thermal comfort in
the building. However, the big mortar and sisal fibers roof tile has been shown
beneficial only with the use of under-coverages.
Keywords: Thermal performance. Bamboo (Guadua paniculata). Big roof tile. Test
cells. Semiarid.
LISTA DE FIGURAS
Figura 21 - Aplicação dos forros nas células-teste: (A) PVC e (B) taboca 39
Figura 22 - (A) Hobo datalogger, modelo UX100-003 (B) Corte com Hobo na célula-
teste 40
Gráfico 9 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 06,
07 e 08 de dezembro de 2019, registrados pela estação meteorológica instalada no
local 50
Quadro 1 - Descrição dos critérios avaliados pela NBR 15575/2013 e NBR 15220/2005
para edificações localizadas na zona bioclimática 8 (correspondente à cidade de
Arapiraca-AL) 24
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS.................................................................................................... 14
1.1.1 Geral ............................................................................................................... 14
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15
2 DESEMPENHO TÉRMICO DE COBERTURAS: INTERFERÊNCIA NAS
CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO HUMANO .................................... 16
2.1 VARIÁVEIS RELACIONADAS AO CONFORTO TÉRMICO ........................... 17
2.1.1 Humanas ........................................................................................................ 18
2.1.2 Ambientais ...................................................................................................... 18
2.2 DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES .............................................. 19
2.3 NORMATIZAÇÃO EM DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES.......... 22
2.4 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE COBERTURAS PARA O CONFORTO
TÉRMICO ....................................................................................................... 24
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 30
3.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS CÉLULAS TESTES............................. 30
3.2 SISTEMA DE COBERTURAS ........................................................................ 31
3.3 MONTAGEM DO TELHÃO DE ARGAMASSA COM FIBRA SISAL ................ 33
3.4 DESCRIÇÃO DAS SUBCOBERTURAS ......................................................... 37
3.4.1 O bambu Guadua paniculata - Taboca ........................................................... 37
3.5 MONTAGEM DAS SUBCOBERTURAS ......................................................... 39
3.6 MONITORAMENTO DOS DADOS AMBIENTAIS: TEMPERATURA DO AR E
UMIDADE RELATIVA DO AR ......................................................................... 39
3.7 PARÂMETROS DE ANÁLISE ......................................................................... 41
4 RESULTADOS ............................................................................................... 43
4.1 RESULTADOS DA ETAPA 1 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM TELHA
CERÂMICA ..................................................................................................... 43
4.2 RESULTADOS DA ETAPA 2 – DESEMPENHO DOS SISTEMAS COM
TELHÃO DE ARGAMASSA COM SISAL ....................................................... 48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 56
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 58
APÊNDICE A - RESULTADOS DOS DADOS COLETADOS ......................... 61
13
1 INTRODUÇÃO
Para que se atinja maior grau de eficiência energética e alto grau de conforto
térmico, acústico e luminoso para os usuários em um determinado projeto
arquitetônico, a concepção da envoltória do edifício tem papel extremamente
relevante (PIRRÓ, 2014). Todas as características climáticas locais devem ser
levadas em consideração na elaboração de um projeto arquitetônico, permitindo que
o projetista seja capaz de promover melhores condições de conforto com as
particularidades locais, promovendo estratégias de eficiência energética e
sustentabilidade na edificação.
No que se refere a condições de conforto, deve-se ter uma atenção maior
para habitações voltadas para população de baixa renda. Na maioria das vezes, elas
são construídas com materiais de baixa qualidade, podendo até ser autoconstruídos
pelos próprios usuários, onde o fator de conforto é o último a se pensar. Quando se
refere a qualidade de materiais utilizados para as habitações, a coberta é o local que
mais se precisa de atenção, sendo muitas vezes o mais desprezado.
Os sistemas de cobertura desempenham importante papel nas habitações
desde a antiguidade, quando se buscava, essencialmente, proteção contra as
intempéries, utilizando-se de materiais locais, como terra e palha (DURANTE, et. al.
2019). Atualmente, pode-se encontrar facilmente nos comércios dos centros urbanos
materiais de cobertura como telhas cerâmicas, concreto, metais, vidro, manta
asfáltica e fibrocimento. Porém, aponta-se como necessária a ampliação de estudos
sobre desempenho térmico de coberturas utilizando materiais alternativos de baixo
custo, com disponibilidade em uma variedade grande de habitats, incluindo
ambientes quentes e úmidos, como no agreste alagoano, para que as condições
mínimas de conforto possam ser atingidas sem elevação do custo.
Assim como as coberturas, a subcobertura (forro) possui importância
significativa em relação ao desempenho térmico da edificação, pois o forro constitui
uma barreira de obstrução ao fluxo térmico originado pela radiação emitida pelas
telhas da cobertura da edificação (FRANSOZO, 2003).
A fim de melhor viabilizar o custo de construção, muitas habitações são
usualmente projetadas e executadas sem forro. Nos casos em que há aplicação de
forros nas habitações, estes são de Policloreto de Vinila (PVC) rígido, na cor branca,
14
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Geral
1
Processo de transmissão de calor em que a energia térmica se propaga através do transporte da
matéria, devido a uma diferença de densidade. Nesse caso a temperatura da pele se aquece e entra
em contato com a temperatura do meio. (LAMBERTS, DUTRA e PEREIRA, 2004).
18
2.1.1 Humanas
2.1.2 Ambientais
Materiais opacos como isopor, lã de vidro, concreto celular, entre outros são
isolantes térmicos, já que possuem baixa densidade, ou seja, bastante porosos.
Quanto maior a porosidade de um objeto, maior a capacidade de redução de
transferência de calor, já que o ar contido nesses poros minimiza a condutividade
térmica (), além de que podem contribuir no atraso térmico (). É o caso das
coberturas, quanto maior porosa a superfície da telha, maior capacidade de
absorção, que consequentemente gerará um atraso térmico quando exposta ao
calor.
22
Quadro 1 - Descrição dos critérios avaliados pela NBR 15575/2013 e NBR 15220/2005 para
edificações localizadas na zona bioclimática 8 (correspondente à cidade de Arapiraca-AL)
Componentes da NBR 15575*/2013 NBR 15220-3/2005 Simbologia
envoltória
αª ≤ 0,6 αª > 0,6 Leve refletora
PAREDES
U ≤ 3,7 U ≤ 2,5 U ≤ 3,60; ϕ ≤ 4,3; FSo ≤
EXTERNAS
4,0 U=
ABERTURAS Para a região nordeste: > 40% da área de piso Transmitância
PARA ≥ 8% da área de piso Sombrear as aberturas térmica;
VENTILAÇÃO α = Absortância
α1 ≤ 0,4 α > 0,4 Leve isolada à radiação solar;
COBERTURA U ≤ 2,3 . FV U ≤ 1,5 . FV U ≤ 2,30 . FV; ϕ ≤ 3,3; j = Atraso
FSo ≤ 6,5 térmico;
αª é a absortância à radiação solar da face externa da parede. FSo =Fator solar
* a coluna da NBR 15575 diz respeito ao nível mínimo (M) de desempenho para de elementos
aceitação. opacos
U [g/kg]
]
[°C
U
TB
TBS [°C]
UFSC - ECV - LabEEE - NPC
Fonte: Silva (2017).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4
Disponível em: http://bit.ly/2w6IzaL. Acesso: 28 fev. 2020.
31
Para o sistema de coberturas foi utilizado dois tipos, a telha cerâmica capa
canal (sistema convencional) e telhões de argamassa com fibras de sisal em sua
composição produzidas in loco (sistema alternativo), como mostra a Figura 9.
(A) Célula-teste sem forro (B) célula-teste com PVC e (C) célula-teste com taboca e
coberta com telha cerâmica. coberta com telha cerâmica. coberta com telha cerâmica.
(A) Célula-teste sem forro e (B) célula-teste com PVC e (C) célula-teste com taboca e
coberta com telhão de coberta com telhão de coberta com telhão de
argamassa e sisal. argamassa e sisal. argamassa e sisal.
O telhão é uma telha de cimento e areia com fibra vegetal (sisal), cuja
simplicidade de execução permite que seja feita pelo próprio usuário a um custo
mais baixo, facilitando a autoconstrução. O telhão possui 1,50m de comprimento e
41cm de largura com 1,5cm de espessura (Figura 12A), possuindo a função de
canal na cobertura, enquanto o capote é a capa. O capote (Figura 12B) possui como
no telhão canal um comprimento de 1,50m com apenas 15cm de largura e 1,5cm de
espessura.
Figura 12 – (A) Croqui do telhão canal (B) Croqui do capote
(B)
(A)
Para fabricação da forma dos telhões, foi necessário ter uma base rígida para o
tempo de cura da argamassa utilizada. Foram produzidas 04 formas, sendo duas
com função de canal e duas capotes, (Figura 13).
Figura 13 – Formas dos telhões
Foi necessário 24h para a secagem total da argamassa, após esse período foi
retirado o telhão do cavalete e posicionado verticalmente na sombra, molhando três
vezes ao dia durante uma semana para se completar o processo de cura (Figura
18), que é de suma importância para que o telhão tenha um bom desempenho.
Figura 18 – Processo de cura do telhão
(A) (B)
Fonte: (A) Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (1992). (B) O autor (2020).
39
4 RESULTADOS
UMIDADE RELATIVA DO AR
36,0
80
31,0 60
(%)
40
26,0
20
21,0 0
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORA Mín. Média Máx. Média Temperatura do ar UR
Gráfico 2 – Temperatura do ar (ºC) registradas no interior das três células-teste com telha
cerâmica e temperatura do ar (ºC) registrados pela estação automática do INMET, nos dias
26 a 28 de fevereiro de 2019
36,0
34,0
32,0
30,0
28,0
26,0
24,0
22,0
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
horas PVC SEM FORRO TABOCA INMET
0,4
diferença de temp. do ar
0,2
0,0
(ºC)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
hora PVC TABOCA
e entre forro e coberta, contribuindo para que a aplicação do forro de bambu não se
constituísse em barreira para perda de calor no interior do espaço durante o período
noturno.
No período diurno, quando há incidência de radiação solar sobre a coberta de
telha cerâmica, a aplicação dos forros proporcionou menor aquecimento do ar
interno, com redução de até 0,7ºC, com forro de PVC, e 0,6ºC, com forro de bambu,
nos horários próximos ao meio-dia. Entretanto, o desempenho de ambos os forros
no período diurno foi considerado igual, uma vez que a diferença de temperatura do
ar entre ambos está bastante próxima da precisão do equipamento usado na
pesquisa (± 0,21ºC).
Gráfico 9 - Valores de temperatura do ar (ºC) e umidade relativa do ar, nos dias 06, 07 e 08
de dezembro de 2019, registrados pela estação meteorológica instalada no local
38
06/12/19 07/12/19 08/12/19 100
34 80
32
70
30
60
28
50
26
24 40
22 30
20 20
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
TEMPERATURA DO AR UR
36
TEMPERATURA DO AR (°C)
34
32
30
28
26
24
22
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORA
ESTAÇÃO EXTERNA TELHÃO SEM FORRO
TELHÃO COM TABOCA TELHÃO COM PVC
TELHA CERÂMICA SEM FORRO
Fonte: O autor (2020).
51
32
(°C)
27
22
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
HORAS TELHÃO TELHA CERÂMICA ESTAÇÃO EXTERNA
1,000
0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21 0 3 6 9 12 15 18 21
-1,000
TELHÃO TELHA CERÂMICA
Fonte: O autor (2020).
52
06/12/2019
4,0
DIFERENÇA DE TEMPERATURA (°C)
3,0
2,0
1,0
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0
-2,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA
TELHÃO COM PVC TELHA CERÂMICA SEM FORRO
3,0
2,0
(°C)
1,0
0,0
1 2 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0
-2,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA
TELHÃO COM PVC TELHA CERÂMICA SEM FORRO
Fonte: O autor (2020).
3,0
2,0
(°C)
1,0
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-1,0
HORA TELHÃO SEM FORRO TELHÃO COM TABOCA
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
HORA
TELHÃO COM TABOCA TELHÃO COM PVC
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
de ser elemento natural, vegetal, biodegradável, de baixo custo, e não requer mão
de obra especializada. A sua utilização em habitações de interesse social que são
executadas sem forro é de grande relevância, já que ele demonstrou semelhanças
no desempenho térmico do PVC, com maior eficiência no período da noite, onde
promove o resfriamento interno mais rápido no interior da habitação.
Há uma necessidade de ampliação e aprofundamento da pesquisa, uma vez
que a taboca possui um grandes vantagens na aplicação de subcoberturas em
termos de desempenho térmico, que pode ser explorado ainda em estudos futuros.
Pesquisas com a adoção da subcobertura de taboca, possivelmente com diferentes
processos de montagem (camada dupla ou tripla) pode favorecer um melhor
desempenho do sistema alternativo de cobertura (telhão com forro de taboca).
58
REFERÊNCIAS
imce/contecc2016/agronomia/desempenho%20t%C3%A9rmico%20de%20instala%C
3%A7%C3%B5es%20para%20ovinos%20providas%20de%20forros%20t%C3%A9r
micos%20confeccionados%20com%20materiais%20alternativos.pdf. Acesso em: 10
set. 2019.
TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
DIA HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)
TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
DIA HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)
TELHA TELHA
TELHA
CERÂMICA CERÂMICA
INMET CERÂMICA
COM FORRO COM FORRO
SEM FORRO
HORA DE PVC DE TABOCA
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
TEMP. UMID. TEMP. UMID.
EXT. EXT. INT. INT.
INT. (ºC) INT. (%) INT. (ºC) INT. (%)
(ºC) (%) (ºC) (%)