Você está na página 1de 5

- Parto para o Egipto – gritou a Andorinha, mas ninguém se importou e, quando

a lua se ergueu, voou de volta para o príncipe Feliz.

- Vim dizer-vos adeus – gritou ela.

Andorinha, Andorinha, pequena Andorinha – disse o Príncipe -, não quererás


ficar comigo mais uma noite?

- Estamos no inverno – respondeu a Andorinha -, e a gelada neve não tardará a


cair aqui. No Egipto o sol é quente sobre as verdes palmeiras e os crocodilos jazem na
lama, lançando em torno de si olhares oficiosos. Minhas companheiras estão
construindo um ninho no Templo de Baalbec e as pombas brancas e vermelhas as
observam, e arrulham entre si. Caro Príncipe, tenho de deixar-vos, mas nunca me
esquecerei de vós e na próxima primavera trar-vos-ei de volta duas belas jóias para
substituir aquelas que destes. O rubi será mais vermelho do que uma rosa vermelha e a
safira tão azul como o grande mar.

- Na praça – disse o Príncipe Feliz -, está uma pequena vendedora de fósforos.


Deixou seus fósforos caírem na sarjeta. Estragaram-se. Seu pai baterá nela, se não levar
algum dinheiro para casa e ela está a chorar. Não tem sapatos nem meias e sua
cabecinha está descoberta. Arranca meu outro olho e entrega-lho e assim seu pai não
baterá.

- Ficarei convosco mais uma noite – disse a Andorinha -, mas não posso arrancar
o vosso olho. Ficarás completamente cego então.

- Andorinha, Andorinha, pequena Andorinha – disse o Príncipe -, faz como te


ordeno. De modo que ela arrancou o outro olho do Príncipe e voou rápida com ele.
Desceu sobre a pequena vendedora de fósforos e deixou cair-lhe na palma da mão jóia.

- Que lindo pedaço de vidro! – exclamou a menina. E correu para casa, rindo.
Então a Andorinha voltou para o lado do Príncipe.

- Estás cego agora – disse ela -, e por isso ficarei sempre convosco.

- Não, pequena Andorinha – disse o pobre Príncipe -, deves partir para o Egipto.

- Ficarei convosco para sempre – disse a Andorinha e adormeceu aos pés do


Príncipe.

WILDE, Oscar (s/d), “O príncipe Feliz”, In contos completos, Rio de Janeiro:


Editora Brughera.
Interpretação do texto

1. O texto que acabou de ler é um excerto de:

a) Um texto literário, pois é um texto que fala de animais

b) Um texto literário, pois é um texto subjectivo e de ficção

c) Um texto não literário, pois é claro e objectivo

d) Um texto não literário, pois retrata o real e é denotativo

2. O texto que acabou de ler é um texto do género:

a) Lírico, devido ao tom poético.

b) Narrativo, porque narra uma história ficcionada.

c) Dramático, devido aos diálogos

d) Nenhum dos anteriores

3. O texto que acabou de ler é um:

a) Conto popular, porque tem um autor definido

b) Conto de autor, porque tem origem no povo

c) Conto popular, porque tem origem no povo

d) Conto de autor, porque conhecemos o seu autor.

4. Na narrativa, na conversa estabelecida entre a Andorinha e o Príncipe:

a) O código é desconhecido.

b) O código é escrito

c) O código é oral

d) O código não é importante

5. No diálogo entre a Andorinha e o Príncipe:

a) O príncipe é o receptor, porque ouve a Andorinha.


b) Ambos são receptores, porque estão numa conversa.

c) A Andorinha é receptora porque ouve o Príncipe

d) Não há receptores, pois todos falam

6. Na frase “Vim dizer-vos adeus” a Andorinha é:

a) O emissor, porque ouve o que o Príncipe diz.

b) O emissor, porque é ela quem fala.

c) O receptor, porque ouve o que o Príncipe diz.

d) O receptor, porque é ela quem fala

7. O Príncipe Feliz é:

a) Um aristocrata muito feliz.

b) Uma estátua que vê felicidade em redor.

c) Alguém que vê tristeza e miséria na cidade.

d) Um viajante recém-chegado do Egipto

8. A Andorinha decide ficar com o Príncipe porque

a) Ele já não consegue ver

b) Ele tem de ser protegido

c) Ele é, verdadeiramente, extraordinário

d) Está apaixonada pelo Príncipe

9. O autor de O Príncipe Feliz é:

a) Antoine de Saint-Exupéry

b) Hans Christian Andersen

c) Oscar Wilde

d) Não há um autor conhecido


FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

Seleccione a alínea correcta

10. “Parto para o Egipto!”. ”Parto” é:

a) Um verbo no Pretérito Perfeito do Indicativo

b) Um verbo no Presente do Indicativo

c) Um verbo do Presente do Conjuntivo

d) Um nome comum (“dar à luz”)

11. “… gritou a Andorinha, mas ninguém se importou…”. ”Gritou” é:

a) Um verbo no Pretérito Mais-que-Perfeito do Indicativo.

b) Um verbo no Pretérito Perfeito do Conjuntivo

c) Um verbo no Presente do Condicional.

d) Um verbo no Pretérito Perfeito do Indicativo

12. “Arranca meu outro olho e entrega-lho e assim seu pai não lhe baterá”. ”Arranca” é:

a) Um verbo no Presente do Conjuntivo

b) Um verbo no futuro do Conjuntivo

c) Um verbo no modo Imperativo

d) Um verbo no modo Condicional

13. “….e os crocodilos jazem na lama, lançando em torno de si olhares ociosos”.


“Ociosos” e:

a) Um verbo no Particípio Passado.

b) Um adjectivo no grau normal

c) Um adjectivo no grau superlativo

d) Um nome comum
14. “… e os crocodilos jazem na lama, lançando em torno de si olhares ociosos”.
“Crocodilos” é:

a) Um adjectivo no grau normal.

b) Um nome comum abstracto.

c) Um nome comum concreto.

d) Um determinante

15. “No Egipto o sol é quente sobre as verdes palmeiras e os crocodilos jazem na lama,
lançando em torno de si olhares ociosos”. O nível de língua utilizado é:

a) O nível de língua popular

b) O nível de língua familiar

c) O nível de língua técnico.

d) O nível de língua cuidado.

PRODUÇÃO TEXTUAL

Podendo, ou não, inspirar-se no texto que leu, redija um texto curto, organizado, bem
estruturado, original e criativo, sobre o tema A AMIZADE.

Você também pode gostar