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A BANDEIRA KITEMBO/NDEMBWA/TEMPO

O Rei de Angola

“Mesmo que a árvore caia, se a raiz estiver viva, brotará”.

É representado por vários símbolos, sendo o mais destacado a bandeira branca presente
em todas as casas de Candomblé de Angola. Esta bandeira está ligada ao tempo que os
povos bantu eram nômades. Quando decidiam mudar, cultuavam ao Mukisi/Nkisi
Kitembo e esperavam o vento soprar na bandeira branca para dar a direção da nova
jornada. Também está ligada aos ritos de caça (a maioria dos Mukisi/Nkisi bantu caça,
mesmo que por natureza não sejam caçadores).

Quando iam à caça, cada grupo se dispersava na floresta ou na savana. Para se


encontrarem e não ficarem perdidos, o caçador chefe
(Mutak’lamb’lunguzo/Mutak’lambô/Ngongombira), levantava a bandeira em um bambu
bem alto, assim todos se reuniam e voltavam juntos para a tribo com fartura e muita
alegria.

Este Nkisi está ligado ao ar, que regula a direção dos ventos, as estações do ano, as
épocas do plantio e das colheitas, a reprodução animal, atuando junto das energias do
sol e da lua, influenciando diretamente os dias na terra. Também está ligado ao tempo
cronológico.

Kitembo é o Nkisi Rei do Candomblé deAngola. Kitembo está associado a escala do


crescimento, por isso sua ferramenta é uma escada com uma lança voltada para cima,
em referência ao próprio Tempo e à evolução material e espiritual. Tem muita ligação
com Kavungo/Nsumbu (seu vento leva as moléstias).

Este Nkisi possui vários tipos de encantamentos que quando tratado corretamente são
infalíveis na realização do atendimento dos pedidos.

A cobra Sagrada

“No mundo das diversidades não há diferenças. Tudo é Belo”

É a cobra sagrada presente em todas as civilizações antigas. O princípio da sabedoria: a


cobra que morde o próprio rabo, fazendo um ciclo, simbolizando o infinito.
A corruptela da palavra Hongolô , que significa arco íris, ou réptil, é Angorô, nome pelo
qual esta divindade é conhecida nos candomblés de Angola/Congo. Surge da água em
evaporação. O seu caminho é muito próximo da Senhora das Águas doces, Mam’etu
Ndandalunda, chegando a se confundir, já que estão ambos no reino das águas e da
fecundação.

O arco íris é o esplendor pelos raios do sol quando está no alto. Também é a cobra na
terra e conhece as profundezas do planeta conseguindo fazer as transformações. Embora
sua natureza seja masculina, apresenta uma androgenia nata e tem-se como fêmea
quando a conhecemos como Hongolo menha (Angorô-mean). Faz a ligação entre o
ntoto/Ixi e o duilo (terra e céu), por isso seu culto é fundamental e tão difundido.

É o Nkisi das transformações, o que guia o seu povo nômade através da sua bandeira
branca, assim todos, por longe que esteja pode se unir ao líder, por que o mastro da sua
bandeira é tão alto que pode ser visto de qualquer lugar. O que não deixa os caçadores
perdidos (pois os Nkisis são, em sua natureza primeira todos caçadores e guerreiros,
pois assim a aldeia e seus descendentes estariam garantidos). Nzara Ndembu (gloria ao
tempo) ou Zaratempô. Ligado à ancestralidade, devido a sua ligação com Kaviungo.
Este é o menos sincretizado, embora muitos o concebam como Irôko/Loko, da mitologia
Jeje/Nagô.

É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca,
também chamada de Bandeira de Tempo.

Kitembo é um nkisi raro com poucos filhos. Associado com o Iroko Yorubá é também
visto como a Gameleira Branca, árvore sagrada. O sociólogo Reginaldo Prandi
(Mitologia dos Orixás, 1998) afirma que o fato de ser um inquice das florestas fizeram
com que seu culto diminuisse e contribuisse para a diminuição do número de seus filhos
de santo.

Kitembo é irmão de Kafundegi, Katendê e Hongolo, respectivamente associados com


Obaluaiyê, Ossaim e Oxumarê. Segundo o candomblé Bantu, Kitembo tem uma forte
ligação com Kafundegi, sendo que os filhos de Kitembo e deste Nkisi se parecem. Os
quatro são os (inquices monstros), filhos imperfeitos de Nzumbarandá (associada com
Nanã dos Yorubá) que foram depois recolhidos por NKaiala (Iemanjá) e encantados por
Lembarenganga (Oxalá).

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