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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA

DE CURTUME BRASILEIRA

ANDRÉ LUIZ FIQUENE DE BRITO.

CAMPINA GRANDE -1996


A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA DE

CURTUME BRASILEIRA
 A REPRODUÇÃO CONTIDA NESTA MONOGRAFIA SERÁ PERMITIDA, DESDE QUE CITADA A
FONTE.

Ficha Catalográfica.
Biblioteca Setorial da UFPB- Campus II.

675
B 862i Brito, André Luiz Fiquene de
A Inovação Tecnológica Na Indústria de Curtume Brasileira/
André Luiz Fiquene de Brito. Campina Grande: UFPB, 1997.
67p.
Monografia( Especialização) - Universidade Federal da Paraíba.
Campus II.PRAI/CCT/DEQ

1. Indústria do Couro 2- Inovação Tecnológica I- Título.

PALAVRAS CHAVES: INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
TECNOLOGIA DE CURTIMENTO

CDU 675

Como solicitar a monografia .


André Luiz Fiquene de Brito
Departamento de Engenharia Química
Centro de Ciências e Tecnologia
Aprígio Veloso, 882- Bodocongó
Campina Grande-PB
Brasil
fiquene@uol.com.br

ANDRÉ LUIZ FIQUENE DE BRITO.


A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA DE

CURTUME BRASILEIRA

Monografia apresentada ao curso de


especialização para agentes de
Inovação e Difusão Tecnológica, da
UFPB em cumprimento às exigências
para obtenção do grau de especialista.

Orientador: Egídio Luiz Furlanetto

Campina Grande, PB
1997
DEDICATÓRIA

A meus pais Adenor Queiroz de Brito (


in memorian) e Marília Zélia Fiquene de
Brito, OFEREÇO . À minha esposa Ana
Cristina Silva Muniz e aos meus filhos:
Arella Cristina Muniz Brito e André Luiz
Muniz Brito, DEDICO.
AGRADECIMENTOS.

Ao CENATEC-Albano Franco, pela indicação para realização do curso de


Inovação Tecnológica, particularmente na pessoa do senhor MAURÍCIO
LINS PORTO.

Ao Profo EGÍDIO LUIZ FURLANETTO , pela orientação e a contribuição dada


para a conclusão da monografia.

À Todos os PROFESSORES que deram sua contribuição para a formação de


agentes de inovação e difusão tecnológica.

À UFPB, particularmente na pessoa do Profo RICARDO LOUREIRO AGUIAR,


Coordenador do Curso.

Às instituições: CNPq, SEBRAE e ABIPIT pelo estímulo e o desenvolvimento de


Cursos de agentes de inovação e difusão tecnológica.

Ás secretárias Solange da Silveira Barros e Maria de Fátima Nascimento, das


coordenações do Curso Superior de Tecnologia Química e Bacharelado em
Ciências da Computação respectivamente, pela impressão desta
monografia.

E aos demais que , de alguma forma, contribuíram para a elaboração desta


monografia.
SUMÁRIO

Pag.
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12

2 – OBJETIVOS ...................................................................................................... 13

3 – ESTUDO DA ARTE ........................................................................................... 14


3.1 - Considerações gerais .......................................................................... 14
3.1.1 - Conceitos sobre: Tecnologia, Invenção e Inovação ............................ 15
3.1.2 - Abordagem das categorias e modelos da Inovação Tecnológica........ 19
3.1.3 -Transferência de Tecnologia ............................................................... 24
3.1.4 - Fontes de inovação Tecnológica ......................................................... 26
3.1.4.1 - Inovação Tecnológica do processo de fabricação ............................... 26
3.1.4.2 - Inovação Tecnológica Gerenciais de produção ................................... 27
3.1.4.3 - Inovação Tecnológica do Produto ........................................................ 29

4 – METODOLOGIA ................................................................................................. 31
4.1 - Definição dos Métodos ............................................................................... 32
4.2 - Tipologia do Estudo ................................................................................... 32
4.3 - Fases da Pesquisa ..................................................................................... 32
4.4 - Definição Conceitual e Operacional ........................................................... 33
4.5 - Universo da Pesquisa ................................................................................. 33

5 - AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES NA INDÚSTRIA DE CURTUMES ...................... 34


5.1 - Histórico ..................................................................................................... 34
5.2 - Inovações ocorridas nos processos de fabricação do Couro ..................... 36

6 – INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CURTUME BRASILEIRA ............................... 42


6.1 - Relevância da indústria de Curtume no Brasil.......................................... 42
6.2 - Inovação Tecnológica como base competitiva ......................................... 43
6.3 - Inovação Tecnológica: Uma abordagem do setor Coureiro Brasileiro ..... 46
6.3.1 - Inovação Tecnológica e sua relação com a P&D 46
6.3.2 - Fontes de Inovação Tecnológica do Setor de Curtumes do Brasil .......... 47
6.4 - Dificuldades encontradas na geração de Inovação e Difusão Tecno
lógica........................................................................................................ 53
6.4.1 - Principais gargalos encontrados no setor................................................ 53
7 – CONCLUSÃO ..................................................................................................... 58

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 62


LISTA DE QUADROS

Pag.

QUADRO 1 - Intervalo de tempo decorrido entre o invento e a invenção.......... 19

QUADRO 2 - Origens das invenções de acordo com diversos Autores............ 22

QUADRO 3 - Modelo Linear Seqüencial ............................................................ 23

QUADRO 4 - Inovação radical do Processo de Depilação................................. 37

QUADRO 5 - Inovações incrementais na Depilação .......................................... 37

QUADRO 6 - Inovação do Cromo na Indústria de Curtume .............................. 39

QUADRO 7 - Resumo das principais Inovações na Indústria do Couro ........... 42

QUADRO 8 - Sistema de Gestão Ambiental ...................................................... 50

QUADRO 9 - Tecnologia Limpas na produção do Couro ................................. 52


LISTA DE TABELAS

Pag.

TABELA 1 - Exportações de Couro no período 90/95 .......................................... 43

TABELA 2 - Quantidade de rebanho bovino e seu respectivo abate no período


90/95.................................................................................................. 44
RESUMO

BRITO , André Luiz Fiquene de . A Inovação Tecnológica na Indústria de


Curtume Brasileira. Campina Grande: 1997. 67p (Monografia) . Curso de
Especialização para agentes de Inovação e Difusão Tecnológica.
Universidade Federal da Paraíba.

A monografia objetivou analisar todos os aspectos inerentes a Inovação


Tecnológica na Indústria de Curtume Brasileira, procurando enfocar o aspecto
relacionado, à Tecnologia, às Inovações e a importância dos Curtumes para
o desenvolvimento do setor Coureiro-Calçadista do Brasil. A pesquisa
avaliou o atual estágio das Inovações Tecnológicas dos Curtumes , através
de artigos, textos e livros de autores que fazem a abordagem da Inovação
Tecnológica como melhoria da competitividade e do desenvolvimento do
país. Do levantamento das principais Inovações Tecnológicas do setor
Coureiro observou-se que o uso de cromo como curtente constitui-se uma
inovação de grande sucesso e aceitação, e também que, apesar dos
curtumes terem uma facilidade de incorporarem tecnologia dos países mais
desenvolvidos na fabricação do couro, o setor apresenta inúmeras
dificuldades de inovar acarretando um hiato tecnológico, em comparação
com outros países.O Trabalho, inclusive baseado em literatura disponível,
permitiu recomendar às Indústrias de Curtumes do Brasil, da possibilidade de
introduzir as Inovações Tecnológicas, tanto as de processo , como as de
produto no sistema produtivo.
ABSTRACT

BRITO , André Luiz Fiquene de . A Inovação Tecnológica na Indústria de


Curtume Brasileira. Campina Grande: 1996. 67p (Monografia) . Curso de
Especialização para agentes de Inovação e difusão Tecnológica.
Universidade Federal da Paraíba.

This work analysed all the inherent of the Technological Innovation in the Brasilian
Tennery focusing the aspects retated to Technology, Inno vations and the
importance of the tennery to the development of the Brasilian leather shoes sector.
The research evaluated the current state of the Technological Innovations in
Tannery after the reading of articles, texts and books in which the authors made
an approach of the Tecnological Innovations as an advance of the competition
and development of the country. It was observed that chromium has been
successufully used as a tan material for a long time because Tannery facilities
comprises tecnologies of the most problems in modernizing. As a consequence,
there is a tecnological gap between Brasil and other countries. The woork, based
on the available literature, allowed us to suggest ways of introducing the
Technological Innovations of the Tannery Indus try in Brasil, not only what refers to
the process it self but also to the product in the productive system.
1 - INTRODUÇÃO

A Inovação Tecnológica sempre foi reconhecida na teoria econômica como


fator importante para o desenvolvimento industrial. Atualmente a Inovação
Tecnológica é considerada como variável endógena e exógena ao
desenvolvimento econômico, endógena no que se refere a forma organizacional
que permita uma comunicação contínua entre todos os níveis como, o
planejamento estratégico, aprendizagem e a competência. Exógena quanto ao
relacionamento com o mercado e fornecedores, os concorrentes e a análise
constante da evolução da tecnologia. A importância de se estudar a Inovação
Tecnológica na Indústria de Curtume Brasileira, se deve ao fato que as maiores
publicações acerca das Inovações Tecnológicas se concentram nos Estados
Unidos e na Europa. No entanto estudar as Inovações Tecnológicas no setor
Coureiro é fazer uma abordagem das introduções de novas fontes de Inovações
ou seja, realizar uma abordagem do aspecto econômico da incorporação da
Tecnologia e dos novos métodos postos no mercado pelas indústrias. O presente
trabalho constitui em um elemento novo do ponto de vista do estudo da Inovação
no setor coureiro, onde o principal foco foram as indústrias de Curtumes do Brasil,
a partir de um levantamento seletivo da literatura sobre o assunto, onde
procurou-se mostrar e indicar as principais Inovações advindas das Indústrias
curtidoras. O estudo aborda inicialmente um Estudo da arte referente aos
conceitos mais relevantes sobre a Inovação, invenção e tecnologia.
Posteriormente são descritas as principais Inovações na Indústria de Curtume,
com seu respectivo marco histórico e as principais Inovações ocorridas, para em
seguida mostrar as possíveis formas de implantação da Inovação na Indústria,
analisando suas fontes e sua importância para a competitividade do país. E
finalmente é feita uma análise dos principais gargalos encontrados no setor
coureiro.
2 - OBJETIVOS.

2.1 - OBJETIVOS GERAIS.

- Apresentar os modelos e as formas de Inovações Tecnológicas do setor


Coureiro brasileiro, como também mostrar o papel histórico e econômico
que o setor representa para o país.

2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS.

- Definir os aspectos relacionados com a Inovação Tecnológica, Invenção,


Transferencia de Tecnologia e Tecnologia;

- Verificar as principais Inovações Tecnológicas ocorridas no setor de


Curtumes;

- Analisar as formas da Introdução das inovações tecnológicas do Setor;

- Mostrar a importância da Inovatividade, para os Curtumes alcançarem a


competitividade e produtividade, já no atual modelo de desenvolvimento;

- Detectar os principais gargalos que contribuem para a introdução da


inovação nos Curtumes.
3 - ESTUDO DA ARTE.

3.1 - Considerações Gerais.

A Inovação Tecnológica sempre foi reconhecida na análise e na teoria


econômica, como fator importante para o desenvolvimento de um país e para
melhorar a competitividade das empresas. Nas últimas três décadas, é que o
tema Inovação começou a ser mais estudado sob os aspectos econômicos,
abrangendo: suas limitações, suas fontes, sua importância estratégica, sua
rentabilidade e sua competitividade . O processo de mudança técnica, atingiu
uma velocidade e importância nunca vista antes na história humana. O progresso
técnico e a mudança técnica já eram elementos de importância para a ciência
econômica, onde referindo-se ao progresso técnico Adam Smith atribuía um papel
central no crescimento da produtividade. Por outro lado Karl Marx, um dos
maiores críticos do capitalismo, reconhece a importância que a mudança técnica
assume, devido ao papel revolucionário da burguesia por essa ter transformado a
ciência em instrumento vital ao modo de produção capitalista. A evolução do
conceito de inovação assume real importância com o trabalho pioneiro de
Shumpeter, onde o mesmo identifica a inovação como progresso técnico para
obter a produção de novos bens e a utilização de métodos diferentes para
produzir os mesmos bens. Com o trabalho de Shumpeter, em relação a mudança
técnica, há afirmação de que com a destruição criadora haverá uma revolução na
estrutura econômica a partir de si mesma, destruindo o antigo e criando
continuamente elementos novos.
Historicamente o processo de Inovação , teve inicio com as primeiras
fábricas construídas nos perímetros urbanos, fazendo uso das mesmas máquinas
do sistema artezanal. O primeiro grande impulso no caminho da primeira
revolução industrial tem com a inve nção do tear mecânico em 1580. Entretanto
faltava a força motriz para dar o salto à frente da evolução. Em 1709, A. Darby
descobriu que o coque podia ser utilizado na fundição e em 1718, Newcomem
inventou a maquina a vapor, com isso tinham sido dados os primeiros passos
para a industrialização. Entre 1763 e 1782 James Watt desenvolve a máquina a
vapor para mover a maquinaria fabril. Praticamente tudo inicia na área têxtil,
onde as industrias se proliferam para outros setores quase sempre produzindo em
maior escala os mesmos produtos. Mas o ponto alto das inovações ocorre em
1779 com a criação da máquina de fiar híbrida por Compton, que combinou as
máquinas de fiar de James Hardgreaves de 1767 com o martelo hidráulico de
Arkwright em 1779. Por volta de 1830, atingi-se a primeira crise industrial, pois os
processos de invenção/inovação e consequntemente o progresso industrial
passou por estagnação. Esta crise alertou para a necessidade de impulsionar de
novo a investigação em busca de saídas novas para o crescimento econômico.
Surge agora a segunda revolução industrial, com a siderurgia, transporte e
comunicações. As principais invenções/inovações são as seguintes: 1831, Falarci
descobriu o dínamo, em 1880-84 Daimle e Benz construíram os primeiros
triciclos. Em 1837 Karl Stenheil descobriu o telégrafo para em 1860 Cyrus Fiel
inovar com o cabo transatlântico, contribuindo para o desenvolvimento das
telecomunicações e em 1876, é inventado o motor de combustão interna, para em
1887 Levassor inventar o automóvel.

3.1.1 - Conceitos sobre: Tecnologia, Invenção e Inovação.

Alguns conceitos devem ser analisados para entendermos a Inovação


Tecnológica, dentre eles devemos entender a definição de tecnologia que segundo
Rosenthal ( 1995, p. 75 ) “a tecnologia enfatiza o conhecimento aplicado, à
produção de coisas úteis, à solução de problemas, ou ainda, deve abranger todas as
formas de interação do ser humano com seu ambiente material e social “ . Já
Rattner ( 1980, p. 57 ) define tecnologia como sendo “ algo de forma
sistematizada com, conhecimentos organizados e científicos, para a solução de
tarefas práticas”. Por outro lado, Longo ( 1978, p.40 ) diz que:

“ tecnologia é um bem privado, um ativo econômico que


define a capacidade produtiva, sendo susceptível de
comercialização, tendo portanto preço e dono, comporta-se como
uma mercadoria , assumindo característica de valor de troca e
ficando sujeita a todo tipo de transações, tanto legais como
ilegais, que ele denomina de compra, vendas, aluguel, sonegação,
cópia e até contrabando”.

Entretanto, Rocha ( 1996, p.5 ), conceitua tecnologia, “ como sendo a


relação entre a cultura técnica e científica, formando uma sinergia muito intensa, ou
seja, a soma do todo(científico e técnico), será mais importante que as partes
isoladas”. Outro entendimento de tecnologia é que segundo Galbraith(1969) apud
Tomelin ( 1988, p.73 ) diz que :

“ a tecnologia é a aplicação sistemática da ciência e de todos os


outros conhecimentos organizados em tarefas práticas. Sua
conseqüência mais importante pelo menos no domínio da
economia, é de nos constranger a assim e somente assim que o
conhecimento organizado pode determinar o nascimento de
realizações concretas”.

E finalmente Silva ( 1980, p. 42 ) usa a palavra tecnologia para dois


objetos distintos:

“ tecnologia é o conjunto de técnicas e conhecimentos científicos


que permite o estabelecimento das instruções para a confecção de
um produto ou o desenvolvimento de um procedimento industrial ou
técnico por outro lado tecnologia também é usada para definir as
mesmas instruções ou procedimentos”.

Logo , com esses entendimentos sobre tecnologia, podemos observar que


a tecnologia é a soma de todos os conhecimentos existentes ( técnicos, práticos e
científicos) , que aplicados ordenadamente contribuirão para solucionar problemas,
trata-se de um método para fazer alguma coisa.
Outro ponto que devemos analisar, será a diferença entre Invenção e
Inovação, onde a invenção é bem definida por Rocha( 1996, p.27 ), pois “ refere-
se a algo produzido pelo homem independentemente de sua apropriação
econômica ou utilidade prática”. Alguns comentários devem ser feitos ainda em
relação a invenção pois, a invenção pode ser entendida como uma contribuição
original para o avanço de conhecimentos técnicos ou tecnológicos, uma idéia,
uma descoberta, um esboço ou um modelo que poderá servir para a realização
de um produto, processo ou sistema novo. A Invenção fica limitada ao campo do
conhecimento, portanto, com valor econômico apenas parcial se não for
incorporada na produção de bens e serviços para o mercado. Já a Inovação
Tecnológica se caracteriza pelo emprego da Invenção no mercado, ou seja no
processo produtivo, que conforme Freeman ( 1975, p. 26 ) “ a inovação só se
completa no sentido econômico, quando se produz a primeira transação comercial
em que intervém este novo produto, processo, sistema ou dispositivo”. Rocha (
1996, p. 28 ) conceitua a inovação tecnológica também abrangendo o aspecto
econômico, pois, “ refere-se a apropriação comercial da invenção, como também a
introdução de aperfeiçoamento dos bens e serviços utilizados pela sociedade ”.
De acordo com as definições anteriores, a Inovação Tecnológica, assume
características puramente de mercado tanto no aspecto da primeira
comercialização do produto quanto de processo . Entretanto, Rosenthal (
1995, p. 88 ) conceitua Inovação Tecnológica como “ aplicação de uma nova
tecnologia ao processo produtivo, resultando em novos processos, novos
produtos, e que poderá alterar a lucratividade e/ou a participação da empresa
inovadora ”. Podemos entender com essa última conceituação que a Inovação
Tecnológica, aponta para o fato de que o seu sucesso depende não apenas de
sua viabilidade técnica, mas também de sua aceitação pelo mercado, ou seja, a
introdução de uma inovação tecnológica é uma atividade de risco econômico,
uma vez que envolve incertezas em relação à sua aceitação ou não pelos
consumidores, logo, conforme Rosenthal (1995, p.88), “ a Inovação Tecnológica
está sempre associada a um elevado grau de incerteza principalmente quando
envolve mudanças radicais ou investimentos elevados”. Portanto o elemento de
risco e as dificuldades técnicas podem contribuir para reduzir a introdução da
inovação tecnológica, por outro lado quando ocorre o processo de incorporação
das invenções no mercado, historicamente pode ser observado que o processo
tem sido demorado.
TECNOLOGIA INVENÇÃO INOVAÇÃO INTERVALO
ALTO FORNO 1713 1796 83 ANOS
BATERIA 1780 1859 79 ANOS
TELÉGRAFO 1793 1833 40 ANOS
LÂMPADA 1802 1873 71 ANOS
ASPIRINA 1853 1898 45 ANOS
RÁDIO 1887 1922 35 ANOS
RADAR 1887 1934 47 ANOS
TELEVISÃO 1907 1936 29 ANOS
PENICILINA 1922 1941 19 ANOS
NYLON 1927 1938 11 ANOS
TRANSISTOR 1940 1950 10 ANOS
FONTE: LONGO, apud ROCHA. 1993, p. 22.
QUADRO 1 - Intervalo de tempo decorrido entre o
invento e a Inovação.

Observando o quadro acima, podemos notar que cada vez mais o intervalo
de tempo entre as invenções e as inovações vem diminuindo, pois, cada vez
mais novas tecnologias vão sendo aplicadas, incorporando novos conhecimentos
e também as novas necessidades ditadas pelo mercado.
De um modo geral, observamos que as empresas desempenham papel
fundamental no processo de Inovação Tecnológica, sendo atualmente o principal
agente de mudança no sistema produtivo. Rosenthal (1995 , p. 86), afirma que a
Inovação Tecnológica se constitui um dos principais instrumentos de concorrência
no sistema capitalista. Por sua vez Rosenberg e Frischtak (1983 , p. 60) apud
Rosenthal (1995, p. 86), afirma que :

“ Shumpeter atribui ao esforço compulsivo do empresário, no sentido


de consolidar ou melhorar sua posição no mercado através
da introdução de inovações no processo produtivo tanto para
produzir mais , reduzir custos ou produzir novos e melhores
produtos.”
Por outro lado Oliveira ( 1991, p. 361-362 ), alerta para o fato que os
executivos empreendedores estejam voltados para o processo de inovação,
levando em conta: o senso de oportunidade, comprometimento e flexibilidade
para atacar as oportunidades que passaram despercebidas no primeiro
momento.

3.1.2 - Abordagem das Categorias e Modelos da Inovação


Tecnológica.

Há também a necessidade de identificar as Inovações Tecnológicas,


em duas categorias: as Inovações Tecnológicas radicais e as Inovações
Tecnológicas incrementais, que segundo Rocha ( 1996, p.28 ) “ as inovações
tecnológicas radicais, são aquelas que modificam completamente as práticas
técnicos e científicas e as inovações tecnológicas incrementais, apenas
aperfeiçoam produtos,processos e serviços existentes.” Por outro lado Paulinyi
(1996, p. 9) afirma que : ” a inovação tecnológica radical, sempre rompe com uma
geração do produto e introduz uma nova geração, e cita como exemplo: o
microcomputador”. Entretanto Souza Neto e Bellinetti (1993, p. 5) analisa a
Inovação Tecnológica como sujeita à riscos, onde alerta para o risco ser maior
em Inovações radicais e menor em inovações incrementais. Nota-se também que
as Inovações Tecnológicas incrementais raramente são o fruto de atividades
deliberadas de P&D na empresa, enquanto que as inovações tecnológicas
radicais são provenientes de atividade de P &D nas empresas, laboratórios de
pesquisa e Universidades. Outro ponto a ser ressaltado é que as Inovações
Tecnológicas radicais aparentemente apresentam maior significado do que as
Inovações tecnológicas incrementais, observa-se que as inovações incrementais
têm tido ao longo dos anos uma maior relevância econômica devido ao fato de
que foram feitas adaptações e incorporados novos conhecimentos aos produtos
então originados. Como exemplo de Inovações Tecnológicas radicais podem ser
citadas: Luz elétrica, o automóvel, naves espaciais, máquina á vapor, a televisão,
os computadores e a introdução do nylon. Os exemplos das Inovações
incrementais vão desde a introdução do telefone e dos automóveis, até os
computadores que foi uma novidade no seu lançamento(Inovação radical) para
um produto de utilização generalizada com todas as alterações incrementais
incorporadas 40 anos depois.

Com relação as origens das Inovações Tecnológicas vários autores tem


estudado o assunto. E dois modelos se destacam: O primeiro é o linear, onde
são apresentados science push e o demand-pull. No modelo linar science push
Rocha (1996, p . 29) diz o seguinte:

“ será aquele em que privilegia a oferta de conhecimentos


técnicos-científicos como origem das inovações, bem como o
entendimento do processo no sentido do
aproveitamento das possibilidades oferecidas pela ciência ou
apartir de invenção de alto conteúdo científico até sua
introdução comercial de novos bens e serviços ”.

Nesta mesma linha Paulinyi (1996, p.7) diz “ quem pertencem a esta
categoria são os produtos exóticos com funções supérfluas, que são a onda atual
do mercado de eletrodomésticos ”. Por outro lado o modelo denominado
Demand-Pull é apresentado por Rocha (1996, p. 20) como sendo aquele que é
determinado pela demanda de mercado, para atender as necessidades do mundo
de negócio para a solução e oferta de novos bens e serviços. Como exemplo
pode ser citado o Walkman, onde foi caracterizado à necessidade dos clientes e
suas preferências individuais.
O que caracteriza tal modelo, é que não existe realimentação entre
diferentes etapas e, menos ainda mecanismos a partir de informações de
pesquisa de mercado junto aos potenciais consumidores ou clientes. Outra
deficiência de tal modelo é quando o processo se inicia pela pesquisa científica ,
pois não há dúvida que em alguns casos, os resultados da pesquisa científica
iniciam o processo, porém estas são inovações revolucionárias, radicais que
ocorrem de tempos em tempos.
O quadro abaixo mostra a origem das inovações de acordo com os diversos autores.
AUTORES MERCADO OU OPORTUNIDADES TAMANHO DA
NECESSIDADE TÉCNICO- AMOSTRA
DE CIENTÍFICAS(%)
PRODUÇÃO(%)
BACKHER 77 23 303
CARTER E 73 27 137
WILLIANS
GOLDHAR 69 31 108
SHERWUIN 61 39 710
E ISENSON
LANGRISH 66 34 84
MYERS E 78 22 439
MARQUIS
TANNENBAUM 90 10 10
UTTERBACK 75 25 32
FONTE: UTTERBACK, 1982. P.32.
QUADRO 2- Origens das Inovações de acordo com
diversos autores.
Como pode ser visto, o quadro acima, indica a predominância das
Inovações Tecnológicas que tiveram origem apartir da demanda do mercado ou
da necessidade de produção, portanto a grande maioria das inovações tem
origens nas novas necessidades dos consumidores ou nas necessidades
estratégicas das empresas de alterar seus produtos ou processos produtivos em
função da situação do mercado. Isto é, a rápida atuação da empresa no sentido
de atender às necessidades dos consumidores e dos clientes é um ponto crítico
para o sucesso da inovação. Logo Rocha (1996, p. 30 ) afirma:
“ o processo de desenvolvimento técnico-científico é bastante complexo
necessitando de uma melhor interação dos fatores para favorecer às
inovações tecnológicas, onde estes fatores seriam: ambiente
econômico estável e competitivo , identificação das demandas de
mercado, educação e níveis de exigências dos consumidores, aspectos
sócio-culturais capacidade gerencial e atitudes dos empresários e
capacidade estratégicas de competição das empresas ”.
O Quadro abaixo mostra a representação do modelo linear seqüencial.

SCIENCE PUSH

PESQUISA PESQUISA PRODUÇÃO COMERCIALIZAÇÃO


⇒ ⇒ ⇒
FUNDAMENTAL APLICADA E

MARKET PULL

DESENVOLVIMENTO
DEMANDA DE COMERCIALIZAÇÃO
PRODUÇÃO
⇒ ⇒ ⇒
MERCADO

QUADRO 3 - Modelo Linear Seqüencial.

Logo os resultados dos diversos estudos sobre as origens da inovação


tecnológica (vide quadro 02) parecem confirmar o que Rocha( 1993, p.11-12)
afirma:

“ O modelo de impulsão científica explica melhor o processo


das inovações revolucionárias, como o que têm ocorrido nos
setores de informática, automação, ótica, eletrônica,
telecomunicações, a biotecnologia, Engenharia Genética e novos
materiais. Por outro lado, o modelo da atração do mercado
parece mais adequado para explicar as inovações incrementais que
ocorrem como resultado das atividades cotidianas no mundo dos
negócios”.

O segundo modelo é proposto por Kline e Rosenberg ( 1996, p. 290), onde


há interação da Inovação Tecnológica com foco no mercado, onde a partir das
indicações do mercado tornam-se necessárias, eventualmente novas interações
com base do processo, ou seja, em função destas interações surgem novas
necessidades de alterações no projeto, nos testes, na montagem, na análise do
mercado e na distribuição e comercialização.
A seguir mostraremos o fluxograma representando o modelo interativo (
não-linear), segundo a visão de Kline e Rosenberg.
FLUXOGRAMA 1- Modelo interativo da Inovação tecnológica

PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

CONHECIMENTOS ACUMULADOS

INVENÇÃO
MERCADO MONTAGEM DISTRIBUIÇÃO
CONCEPÇÃO
E
EM E E
DETALHADA
VIABILIDADE
E PRODUÇÃO TESTE
POTENCIAL TÉCNICO
TESTE
ECONÔMICA

De acordo com o modelo anterior , podemos observar que o


processo de Inovação é bastante complexo e exige constantes idas e
vindas entre as diversas etapas e muita interação entre elas, de forma a
poder identificar e atender as indicações do mercado ao longo de todo o
processo. Deve ser levado em consideração que não existe uma fórmula
única para viabilizar as inovações tecnológicas. As evidências indicam, no
entanto, que o processo é caracterizado por fatores tecnológicos e
econômicos, e, portanto os dois fatores devem ser analisados e avaliados
simultaneamente desde o inicio do processo. Assim é que apartir da
percepção de oportunidades e/ou necessidades de mudanças, as
empresas iniciam o levantamento das informações utilizando para isto
tantos conhecimentos já disponíveis internamente e aqueles existentes
junto a terceiros.
3.1.3 - Transferência de Tecnologia

Outro aspecto de importância primordial ao entendimento do processo que


envolve a tecnologia, a Inovação Tecnológica e as invenções; é o aspecto
relacionado com com à Transferência de Tecnologia, que segundo o INPI1 (
1996, p. 11 ) :

“ a transferência de tecnologia é uma negociação econômica


e comercial que deve atender a determinados preceitos legais,
bem como promover o progresso da empresa receptora e o
desenvolvimento econômico do país”.

Rattner ( 1988, p.76 ) diz que “ a Transferência de Tecnologia, ou difusão da


inovação em escala mundial, apresenta-se como uma transação comercial ”, então
podemos observar que a transferência de tecnologia assume a forma de contrato
de transferência de tecnologia que vai desde a exploração de patente, uso de
marcas fornecimento de tecnologia, prestação de serviços de assistência técnica
e científica, franquia e contratos de participação em pesquisa e
desenvolvimento(P&D). Rosenthal ( 1995, p.103 ) afirma que:

“ Essa expressão é geralmente associada à aplicação de tecnologia


preexistente - consubstanciada em bens de capital, componentes,
materiais e normas e manuais de procedimentos - para a solução de
problemas técnicos e/ou produção de bens e serviços, em muitos
países que não a dominavam anteriormente”.

Pode-se observar ainda que a Transferência de Tecnologia é um processo


bastante difícil que exige: coordenação, planejamento, competência e
determinação. O estudo da Transferência de Tecnologia tem provocado grandes
debates entre os que estudam o assunto, pois, enquanto uns dizem que é a única
forma de superar o fosso existente entre países industrializados, outros afirmam

1
- INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL, CRIADA EM 1970. TEM COMO OBJETIVOS
PRINCIPAIS EXECUTAR EM ÂMBITO NACIONAL AS NORMAS QUE REGULAM A PROPRIEDADE INDUSTRIAL E A
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA.
que a Transferência de Tecnologia criará dependência tecnológica dos países
receptores. Silva( 1988, p. 42) entende :

“ Transferência de Tecnologia, como transferência de


conhecimentos científicos que venham a ser dominados pela
sociedade cessionária e não como transferência de projetos de
instruções sujeitos pelo seu próprio caracter, à obsolescência,
que por sua vez implica na necessidade de nova transferência,
determinante do estabelecimento de uma dependência interminente e
indefinida ”.

Também nesta mesma linha de entendimento Longo ( 1984, p.28 ) afirma que:

“ a verdadeira Transferência de Tecnologia só ocorre quando o


receptor absorve o conjunto de conhecimentos que lhe permite
inovar. A Transferência de Tecnologia não se completa se o
comprador não domina os conhecimentos envolvidos a ponto de
ficar em condições de criar nova tecnologia ”.

Logo, com base nos últimos dois entendimentos sobre a Transferência de


Tecnologia citados acima, observa-se que para haver Transferência de
Tecnologia é necessário que o país receptor de tecnologia esteja apto a
acompanhar o mesmo desenvolvimento científico da tecnologia objeto da
transferência. Conforme Baldev Singh apud Silva ( 1980, p. 42 ) :

“ Tecnologia flui para onde está a Tecnologia, e não segue o princípio


do movimento acelerado de um nível mais alto para um nível mais
baixo. Conforme aumente o nível tecnológico dos países em
desenvolvimento, assim também aumentará a freqüência da
Transferência de Tecnologia e, junto com esta a sofisticação ”.

Com isso podemos observar que a Transferência de Tecnologia se dará


quando a parte receptora de tecnologia estiver apta para incorporar toda
tecnologia e mantê -la em níveis anteriormente recebidos.
3.1.4 - Inovação Tecnológica Nas Indústrias.

Segundo Marques Reigado ( 1996 , p. 19 ), com relação a Inovação nas


indústrias, as mesmas podem ter diversas vertentes e fonte de estímulo, ficando
assim resumidamente dividida:

- Inovação Tecnológica do Processo;


- Tecnologias de Fabricação,
- Organização e Gestão da Produção.
- Inovação Tecnológica do Produto;
- Inovação na Gestão e Estratégias.

3.1.4.1 - Inovações Tecnológicas de Processo de Fabricação.

As Inovações Tecnológicas do processo caracterizam-se pela:


transformação tecnológica, métodos de produção e distribuição que não
implicarão na elaboração de um novo produto. Visam melhorias de produtividade,
diminuição dos custos, melhoria na imagem do produto e melhor penetração nos
mercados.
Dentro da visão de Pavvit ( 1984 , p. 348 ) " As Inovações de processos
são aquelas usadas no próprio setor onde são geradas ".

3.1.4.2 - Inovações Tecnológicas Gerenciais de Produção.

Outro aspecto que a Inovação Tecnológica assume, é em função a sua


estreita relação com a administração da produção, onde será introduzida de forma
inovadora na indústria a administração do processo de fabricação,
caracterizando-se como inovações tecnológicas gerenciais.
As Inovações Tecnológicas gerenciais, podem ser exemplificadas como a
introdução de uma forma inovadora de organização e gestão do processo. Outro
exemplo é a implantação de técnicas de controle de qualidade do processo e do
produto.
O sistema gerencial denominado de controle de qualidade, é o controle
exercido, por todas as pessoas para a satisfação de todos.
De acordo co Misumo apud Filho ( 1994, p. 3) o controle de qualidade
reforma a empresa nos seguintes pontos:

1-Procura dentro da própria empresa, potencial para desenvolvimentos;


2- Planeja o futuro com seriedade;
3- Centraliza a atenção nos processs;
4- Prioriza a localização e a solução de problemas;
5- Focaliza a atenção na empresa como um sistema.

O termo qualidade , pode assumir várias definições, onde segundo, DOD,


JURAN, FEIGENBAUM, CROSBY e UNI ISO 8402 apud Brait ( 1992 , p. 38-39 )
dizem o seguinte :

"Qualidade é soma de todos os atributos e/ou características compreendidas


as prestabilidade de um produto específico ".
( DOD - Departament of Defense- USA)

"A qualidade como uma função da conformidade ao uso em termos de


qualidade do projeto, de conformidade de disponibilidade, de serviço ao
cliente".
( JURAN )

"A qualidade é constituída de um conjunto de características compostas do


produto determinante em fase de Marketing de projeto e de produção... A
qualidade se fundamenta em experiências concretas do cliente ao utilizar o
produto".
( FEIGENBAUM )

"A qualidade é a resposta aos requisitos".


( CROSBY )

"A qualidade é o conjunto das propriedades e das características de um


produto ou de um serviço que lhe conferem a capacidade de satisfazer às
exigências expressas ou implícitas "

( UNI ISO 8402 )

Brait ( 1992, p. 38 ) diz ainda que é necessário uma nova cultura


empresarial para o conceito de qualidade total e que o controle deve ser feito no
processo, como estratégias de qualidade onde: " não adianta contar os mortos, são
as fases de produção que devem ser controladas, geridas, melhoradas, não o
produto final." Portanto as Inovações Tecnológicas gerenciais, pode ser feitas na
fonte do processo, por ação dos operadores, onde essas Inovações refere-se à :
circulo de controle de qualidade (CCQ) , Just in Time ( JIT) , e o sistema de
garantia da qualidade ( SQ).
Geib ( 1990 , p.36 ) define cada componente da seguinte forma: " Just in
time, são sistemas que propõem alcançar os objetivos de atendimento e de custo,
dentro dos princípios da qualidade total, ou seja, o produto certo na hora certa, na
quantidade certa, ao custo adequado". Ou seja , pode ser entendida como o
processo de entrega de materiais e peças no momento em que uma determinada
fábrica necessita destes componentes eliminando assim dispendiosos estoques.
Observa-se que a qualidade é de importância básica, dado que uma peça
defeituosa fornecida no instante de produção não poderá em princípio ser
detectada, comprometendo a qualidade final do produto

Já os sistemas de garantia de qualidade são descritos da seguinte forma:


" sistemas de garantia de qualidade constitui-se na garantia que o fornecedor
apresenta ao seu consumidor de fabricar produtos... que representa a qualidade
almejada pelos mesmos".

Os círculos de controle de qualidade são assim definidos :


“ os círculos de controle de qualidade são grupos de componentes da
empresa atuando na forma de sistema, que se tornem voluntariamente
e que propõem a alcançar os seguintes resultados como resultado do
seu trabalho: melhorar a qualidade do dos produtos fabricados,
melhorar os índices de produtividade, melhorar as condições de
trabalho e combater os desperdício “.

Além destas técnicas gerenciais, tem-se ainda resposta rápida; Kanban;


Zero defeitos e Inovações no Lay-out produtivo, todos contribuindo para Inovação
do processo.

3.1.4.3 -Inovações Tecnológicas de Produto

As Inovações Tecnológicas de produto são aquelas que não são usadas no


próprio setor onde são geradas, diferentemente o que ocorre com as Inovações
Tecnológicas de processo. Tais inovações contribuirão para a melhoria da
competitividade e produtividade , já que novos produtos serão produzidos.
Segundo Brandão ( 1995, p. 112), o mesmo cita como exemplo de
inovação, o couro artificial, onde “ no seu processo produtivo a raspa do couro é
coberta com uma camada de poliuretano” , logo criará condições para a
automatização do produto fabricado devido ao uso de equipamentos mais
modernos e também a economia de matéria prima. Outro exemplo é a tecnologia “
High Tech”, aplicadas ao couro como forro para a produção de estofamento de
automóveis e aviões.
A Inovação do produto consiste basicamente na diferenciação do processo
relativamente à concorrência, quer pela via do designer, ou pela via do binômio
qualidade/preço.
A Inovação do produto é orientada para a produção de um novo produto
e/ou de um novo serviço.
Um ponto que merece destaque , quando da introdução de um novo
produto no mercado, é a sua aceitabilidade pelo consumidor, pois, a inovação
depende também da qualidade do mercado consumidor a que o produto se
destina.
4 - METODOLOGIA

A parte da monografia em que foi realizado o plano operacional, recebeu o


nome de metodologia. Para alcançarmos os resultados de uma pesquisa ou
investigação cientifica, o método é quem fundamentará a lógica dos resultados.
Segundo Eco ( 1993, p. 10 ) “ uma monografia é a abordagem de um só
tema, como tal se opondo a uma história de , a um manual, a uma
enciclopédia”.
Para a realização desta monografia as etapas que a compõem são as
seguintes:
- Definição dos métodos;
- Tipologia do estudo;
- Fases da pesquisa;
- Definição conceitual e operacional;
- Universo da pesquisa;
- Análises dos principais estudos,
- Conclusão e recomendação;
- Apresentação - Monografia.

De acordo Com Martins ( 1990, p. 11):

“ A leitura é uma das maneiras mais utilizadas para se


conhecer a realidade. Ao ler, a pessoa tem a possibilidade de
conhecer mais sobre o mundo. A leitura é fundamental para a
busca do conhecimento. Trata-se, pois, do pré-requisito para
quem deseja dedicar-se às lides da pesquisa”.
4.1 - DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS

Na presente monografia, a metodologia usada foi da pesquisa


bibliográfica , pois através deste método, foram recolhidas e selecionadas
assuntos sobre a Inovação tecnológica, no que se refere a sua importância
econômica, como também foram analisadas as principais Inovações ocorridas no
setor industrial de Curtumes do Brasil e sua perspectiva no que se refere à
introdução de Inovações Tecnológicas.

De acordo com Martins ( 1990, p. 23 ) , a pesquisa bibliográfica “ é a que


se efetua para se resolver problema ou adquirir conhecimentos a partir de
consultas a livros, artigos, jornais ... ( material impresso ) “.

4.2 - TIPOLOGIA DO ESTUDO.

Segundo Martins ( 1990, p. 22 ) , a pesquisa não-experimental “ é aquela


em que o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos e
variáveis sem manipula-los”.
Logo, o presente estudo será efetuado sem manipulação dos dados
obtidos, ficando o estudo nas análises interpretativas das informações
coletadas.

4.3 - FASES DA PESQUISA.

Para melhor compreensão e ordenamento do estudo da pesquisa


bibliográfica foram efetuadas as seguintes etapas:
- Identificação das fontes;
- Localização das fontes e obtenção do material; e
- Leitura do material abrangendo:
- Diversidade dos tipos de leitura,
- Leitura explorativa,
- Leitura seletiva,
- Leitura analítica,
- Leitura interpretativa.

4.4 - DEFINIÇÃO CONCEITUAL E OPERACIONAL.

A definição dos conceitos é importante para o bom entendimento da


metodologia e dos resultados da pesquisa.
Segundo Gil ( 1991, p. 88 ) “ essa definição operacional fará referência
aos indicadores do conceito ou variável, ou seja aos elementos que
possibilitarão identificar de maneira prática”.
Portanto no decorrer do presente estudo serão definidas os principais
conceitos referentes à tecnologia, à invenção ,à Inovação Tecnológica, aos
modelos de Inovação e aos termos relacionados com a Tecnologia química de
Curtumes.

4.5 - UNIVERSO DA PESQUISA.

O universo da pesquisa abrange um estudo das principais Inovações


Tecnológicas ocorridas no mercado e em especial na indústria de curtume
analisando a Inovação no que se diz respeito aos seus aspectos tecnológicos, as
novas Tecnologias Químicas do processamento de Peles em Couros e os novos
maquinário introduzidos no setor. Outro fator considerado é a importância da
introdução de novas fontes na indústria de Curtume, fazendo estudo das
principais vertentes da Inovação Tecnológica.
5 - AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES NA INDÚSTRIA DE CURTUMES

5.1 - Histórico

A atividade de curtimento, é antiquíssima, onde o seu desenvolvimento até


o século passado era considerado insignificante. Até meados do século XIX o
trabalho era feito à mão e os segredos da “arte de curtir”, passavam através das
gerações de pais para filhos. Segundo Mello (1987, p. 58) “a primeira indústria
coureira foi instalada na Europa somente em 1749, mas o seu desenvolvimento
propriamente dito iniciou meio século depois próximo à Paris”. Anusz (1995, p. 41)
diz que o processo de curtimento é uma transformação das peles em couros com
materiais tanantes: “esta transformação implica em reações químicas que alteram o
colágeno e transformam-no de substância putrescível em couro não putrescível de
propriedades úteis e desejáveis ao homem”. As etapas de processamento das peles
fazem parte de um conjunto de processos, que incorporam às mesmas, tecnologia
química, sendo então, o curtimento de peles um processo puramente químico.
Mello (1987, p. 56) diz que: “o próprio Rei Hamurabi, que reinou na babilônia, no
século XXI a.C., foi o primeiro, quer-nos parecer a tomar uma medida de caráter
sócio-econômico, regulamentando por lei, no ano de 2067 a.C., o salário dos
curtidores”. A indústria de curtume se caracteriza pelo desenvolvimento de
atividades que objetivam fazer uma preservação da peles in Natura destinando-as
à confecção de couros: vestuários, calçados e estofamentos. Segundo Almeida
(1978, p. 16) “o desenvolvimento deste setor industrial, até meados da década de
1960, se fez em base semi-artesanais, com o predomínio de pequenas unidades
operando com práticas empíricas e com deficiências técnicas e/ou administrativa”.

As etapas que compõem o processo de tecnologia aplicada à fabricação do


couro, podem ser representados resumidamente pelo fluxograma a seguir.
FLUXOGRAMA 2 - Representação dos processos de fabricação do couro.

REMOLHO

CALEIRO DESCARNE DIVISÃO

DESCALCINAÇÃO
PURGA

PÍQUEL

CURTIMENTO ENXUGAR

NEUTRALIZAÇÃO
REBAIXAR
RECURTIMENTO

TINGIMENTO PESAR
SECAGEM ENGRAXE

CONDICIONAMENTO ACABAMENTO

WET-BLUE
EXPEDIÇÃO
5.2 - Inovações Tecnológicas ocorridas nos processos de fabricação
do couro

Segundo Diefenteller (1976, p. 19):

“O sistema empregado na curtição de couros no início de nossa


indústria coureira começava com couros secos e verdes, os quais
eram remolhados e depois depilados, numa solução de Cal pura ... os
couros que se encontravam nesta solução eram movimentados,
diariamente manualmente durante 18 e 26 dias até que permitissem
serem depilados no cavalete, que era um tronco de árvore cortado ao
longo, sendo que para depilagem usava-se uma ferramenta
adequada, e para acelerar depilagem era usada juntamente com a cal,
arsênico vermelho”.

Logo, o processo era puramente artesanal, necessitando de elevada mão-


de-obra para produzir uma quantidade de couros maior. Em relação ao processo,
podia-se obter um couro de flor bastante boa, devido ao fato que às peles ficavam
submersas no banho de cal, ocorrendo uma uniforme abertura da estrutura fibrosa
do mesmo, mas em compensação corria-se o risco de ocorrer a imunização das
peles, devido ao prolongado tempo de depilação. Com a introdução dos fulões na
indústria de curtumes, o processo de depilação passou a ser realizado mais rápido,
principalmente quando foi incorporado ao processo de depilação o uso de sulfeto
de sódio e hidróxido de cálcio, processo de destruição total dos pelos, denominado,
processo tradicional de depilação, até hoje usado em grande parte dos curtumes
nacionais e do exterior.

O quadro a seguir, mostra as principais inovações do processo de


depilagem das peles.
ANO PROCESSO
1941 PROCESSO WILSON DE PRESERVAÇÃO DO PELO
1950 DEPILAÇÃO ENZIMÁTICA
FONTE: REVISTA DO COURO, MAR-ABR. 1989. P. 43-44.

QUADRO 4 - Inovação radical do processo de depilação

Como pôde ser visto o processo de depilação de peles apresentou


alternativas para o processo de depilagem, que seria basicamente a retirada dos
pelos dos animais, representando , uma inovação radical. Com o passar dos anos
tais inovações dos processos de depilação receberam inovações incrementais
desenvolvidas por diversos institutos de pesquisa e indústrias químicas. A seguir,
mostraremos as principais inovações incrementais ao processo de depilação, a
partir das inovações radicais do processo.

AUTORIA PROCESSO
CSIRO IMPREGNAÇÃO COM HIDROSSULFETO DE
SÓDIO
ROHM AND HAAS BLAIR DE PELO
ROHM HS (HAIR SAVING)
ALEXANDER UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS
PAUCKENER IMPREGNAÇÃO DE ENZIMAS PELO CARNAL
HEIDEMANN USO DE LACTOBACILOS
BLC ENZIMAS EM DOIS BANHOS
FONTE: REVISTA DO COURO, MAR-ABR. 1989. P. 43-44.

QUADRO 5 - Inovações incrementais na depilação.

Após analisarmos o processo de inovação da etapa de depilação de peles,


merece destaque também a inovação na área de curtimento, onde o
desenvolvimento dos processos de curtimento da indústria de curtume se deu com
base em várias introduções de materiais curtentes. Segundo Vademecum (1984, p.
88) , o curtimento pode ser obtido quatro métodos:

1) Curtimento Poliaromático

a) Curtimento em tanques;
b) Curtimento acelerado;
c) Curtimento rápido.

2) Curtimento Mineral

a) Curtimento ao cromo, denominado Wet-Blue 2;


b) Curtimento ao alumínio;
c) Curtimento ao zircônio.

3) Curtimento Alifático

a) Curtimento com Aldeído;


b) Curtimento com óleos de peixes.

4) Curtimento Combinado

Dentre as Inovações tecnológicas do setor de curtume mais importante


parece-nos ser a introdução do cromo como agente curtente. Segundo a Bayer
(1978, p. 156):
“Em 1858 F. L Knapp, advertiu da importância de se curtir com sais
de cromo trivalente ... mas só em 1884, se deu a aplicação técnica
com o processo desenvolvido por A. Schultz, em dois banhos ... em
1893 M. Dennis obteve a patente 495028 dos E.U.A. para o curtimento
em um só banho, método até hoje usado”.
Como pode ser visto, o intervalo de tempo entre à invenção do uso de
cromo á inovação no método de curtimento, foram 26 anos (curtimento em dois

2
Couro com coloração azul-úmida, apresentando mín. 3,0-3,5% Cr2O3 (Base
Seca).
banhos) e 35 anos para o curtimento em um só banho. O quadro abaixo mostra o
tempo entre a invenção e a Inovação do cromo como curtente na indústria do
couro.

AUTOR INVENTO ANO TEMPO


KNAPP INTRODUÇÃO DO CROMO 1858 139
AUTOR INOVAÇÃO ANO PATENTE (U.S.A)
SCHULTZ CURTIMENTO EM DOIS BANHOS 1884 291784
DENNIS CURTIMENTO EM UM BANHO 1893 495028
FONTE: BAYER (1987, P. 156).

QUADRO 6 - Inovação do cromo na indústria de curtume.

Os sais básicos de cromo usados para o curtimento de peles demoraram


26 anos, desde sua invenção até sua utilização na indústria de curtume e há 113
anos é usado para curtir peles. Simoncini e Sammarco (1994, p. 73) dizem que “o
curtimento ao cromo impõem-se nos curtumes de todo o mundo pelas seguintes
razões: praticidade de execução, custo competitivo, qualidade excelente dos artigos
produzidos e extrema versatilidade, com couros para vestuário, calçados, estofados
e artefatos”. Logo, o cromo é usado em toda parte do mundo como agente
curtente, devido sua aplicação para produzir couros com as mais variadas
características de: maciez, lisura da flor, flexibilidade, toque e resistência. E acima
de tudo aumentar a competitividade das empresas. Ainda em relação ao cromo, em
artigo publicado na Revista do Couro (1992, p. 24), “o Dr. Darrie identifica os
pontos positivos do Curtimento ao Cromo como sendo: produtos de qualidade
superior, uma tecnologia desenvolvida estabilizada, uma faixa dominante do
mercado (90%), suprimento seguro de matéria-prima e economia satisfatória”.
Também pode-se afirmar que o cromo, apresenta outras características, de acordo
com o que pode ser visto em Flôres (1993, p. 59): “além de obter-se um couro
versátil para a produção dos mais diversos artigos tradicionais e de moda, o
processo produtivo encontra-se otimizado em tempos e custos”.
Como pôde ser constatado, a introdução do cromo como curtente na
indústria de curtume possibilitou de forma bastante abrangente, a inovação de
novos produtos de couro, visto que o cromo apresenta várias características de
utilização, que aplicados na produção de novos artigos de couro possibilitou
maiores variações dos artigos à serem produzidos.

Além da introdução do cromo na indústria curtidora, como agente curtente,


outras inovações importantes para o setor contribuíram ao longo dos anos para
acelerar o desenvolvimento da indústria curtidora. Como inovações de grande
relevância destacam-se as introduções: dos fulões para curtimento; resinas
acrílicas; dos óleos sintéticos para engraxe e do secoterm (sistema de secagem).

Inicialmente merece destaque a importância da introdução dos fulões 3 na


indústria curtidora, pois, até então os couros eram curtidos em tanques. Longstaff
(1975, p. 12) diz que:
“Em 1950 MITTON escreveu seu estudo teórico sobre a mecânica do
processo de fulões, mas por diversas razões não foi possível
desenvolver o trabalho ... em 1969 três trabalhos foram publicados
quase simultaneamente, resultado da investigação na Austrália,
França e Alemanha”.

Outra inovação importante foi o uso das resinas acrílicas 4 usadas para o
recurtimento de couros, que segundo Prentiss (1975, p. 3) “... estes produtos
começaram sua comercialização desde 1960. Em 1966 na Holanda fabricaram em
verniz e em 1969 nos E.U.A. cobrindo a composição básica com um polímero
combinado com óleo sulfonado para preparação do couro”. Outra Inovação do setor
de curtume foi a introdução dos óleos sintéticos, pois, até então os óleos eram
basicamente de origem animal, entretanto os primeiros óleos sintéticos fabricados
foram na Alemanha com o registro de invenção 608 e 632, divulgado em 1935.
Segundo Haas (1976, p. 13) “já em 1936, se trabalhava industrialmente com os
resíduos da parafina de fabricação sintética pelo método FISCHER-TROSSCH”. Os

3
Recipientes de madeira ou aço inoxidável, de forma cilíndrica onde são
realizadas as operações de curtimento das peles e couros.
4
Materiais com características de encorpar as partes vazias dos couros,
dando-lhes toque redondo e enchimento.
últimos desenvolvimentos na área de engraxe de couros, temos os couros
impermeáveis (resistentes à lavagem) que trouxeram ao mercado preço acessíveis
ao produtor e ao consumidor. Hodder (1994, p. 49) diz que:
“O couro impermeável, as vestimentas de couro lavável, o
estofamento com baixa formação de neblina para automóveis são
todos relativamente novas inovações e termos de seu uso difundido
na indústria coureira de hoje. Essas inovações são possíveis devido
ao impacto das novas tecnologias, e os copolímeros acrílicos são
uma parte importante delas”.
O quadro a seguir mostra o resumo das principais invenções/inovações
realizadas no setor industrial de curtumes.

PRODUTO INVENÇÃO INOVAÇÃO AUTORIA


PURGA 1898 1907 OTTO ROHM
PANCREÁTICA
ÓLEO SINTÉTICO 1935 1936 FISCHER-TROSSCH
FULÕES 1950 1969 MITTON
SECOTERM 1953 - -
RESINA 1960 1966-1969 NORTHNPTON-DESLTC
ACRÍLICA
FONTE: REVISTA DO COURO .AGO-SET- 1993, P. 59-60
ABQTIC. MAI-JUN, 1975, P.12-24.
ABQTIC. VOL. I, 1975- P.3-11

QUADRO 7 - Resumo das principais invenções e inovações na indústria do


couro.
6 - INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA DE CURTUME
BRASILEIRA.

6.1 - Relevância da Indústria de Curtume no Brasil.

O setor de Curtumes do Brasil é bastante diversificado com


aproximadamente 5455 empresas, produzindo Couros nos mais variados estágios,
ou seja, Couros Wet-Blue, Semi-acabados e acabados, destacando os artigos
para calçados de segurança, estofados e vestuários. Com o rebanho bovino de
aproximadamente cento e sessenta e cinco milhões de cabeças (165 milhões) o
Brasil apresenta o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de vinte e sete
milhões de (27 milhões) de abate ao ano(1995), ou seja, apresentando uma taxa
de desfrute de 2,34% ao ano. Em 1995 as exportações de Wet-Blue e couro
acabados geraram um total de 415.228.967 milhões de dólares6 . Com relação ao
Couro Wet-Blue, o CICB (1996, p.16) diz que: as exportações serão crescentes
nos próximos 12 meses predominando o Wet-blue; os couros curtidos terão seu
lugar no Brasil e no exterior e quem fizer melhor o marketing do Couro , calçados
e manufaturados, industrializará o Couro em estágios mais avançados.
COUROS WET- COUROS
BLUE ACABADOS.
ANOS NO DE COUROS US$ NO DE COUROS US$
(1 COURO= 14 KG) ( 1 COURO = 6KG)
1990 3 041 818 84 706 722 1188 271 100 955 620
1991 3 168 051 88 466 201 1 255 420 138 541 290
1992 4 648 559 120 341 209 1 705 538 -
1993 3 434 679 111 823 961 1 761 461 144 416 994
1994 3 837 648 161 144 004 1 616 223 144 550 729
1995 7 499 037 274 543 152 1 502 250 140 685 815
FONTE: SECEX/ DTIC- AICSUL
TABELA 1 - EXPORTAÇÕES DE COURO NO PERÍODO 90/95.

5
- FONTE : GUIA DO COURO 1996. (ABQTIC).
6
- SECEX/DTIC - AICSUL.
O setor coureiro emprega em torno de 50 mil pessoas e representa
0,6 % do PIB nacional.
Com relação ao rebanho brasileiro destacam-se: o bovino; caprino, ovino e
suíno, sendo que o rebanho bovino apresenta -se com um maior volume e com
uma taxa de desfrute de 16,35% em 1995. A tabela a seguir mostra o rebanho e o
abate de bovinos no período 90/95.
ANOS REBANHO ABATE
(EM MIL CABEÇAS) (EM MIL COUROS)
1990 141 367 19 400
1991 144 195 23 800
1992 147 078 21 800
1993 157 000 24 000
1994 161 300 26 000
1995 165 100 27 000
FONTE: CNPC e IBGE
TABELA 2 - QUANTIDADE DO REBANHO BOVINO E SEU
RESPECTIVO ABATE NO PERÍODO 90/95.

Segundo CICB (1996, p.15), o mercado de Couro cru apresenta como


Características principais: em 10 anos a oferta de Couros passará para 40
milhões, o preço da matéria é crescente apesar de apresentar um preço baixo, se
não houver prática tributária realista na área do abate bovino, crescerá o abate
clandestino e haverá interiorização dos frigoríficos junto às novas fronteiras da
pecuária.

6.2 -Inovação Tecnológica como Base Competitiva.

Podemos dizer que o setor de Curtumes no Brasil, é bastante competitivo,


apresentando-se com aproximadamente 550 Curtumes, sendo que 130
localizam-se no Vale dos Sinos(RS). A competitividade se dá basicamente pela
diferenciação do preço da mão-de-obra empregada, com isso observa -se que a
tecnologia assume lugar de destaque para a melhoria da competitividade e
consequentemente aumentar os lucros.
Como foi visto anteriormente a Inovação, pode ser descrita como uma
invenção que deu certo no mercado, e que no aspecto administrativo, a
competitividade empresarial pode ser entendida como sendo aquela que depende
do processo de Inovação, ou seja, quando aumentar a competitividade, maior
será ainda a inovação, portanto quando o aspecto da competitividade entrar em
questão, jamais deverá de ser mencionado a tecnologia, mas precisamente a
Inovação Tecnológica. Com isso observa-se que a tecnologia será importante
para aumentar o desenvolvimento do setor coureiro, onde a mesma fará o elo de
ligação entre o setor Coureiro e o setor Calçadista, principalmente com as
tecnologia da automação e da informática.
Com a Globalização da economia, ou seja, com o crescimento da
economia mundial, houve maior competitividade no mercado onde, segundo
Schnorr ( 1996 , p. 36):

“ esta Globalização esta presente no setor coureiro-calçadista em


função de ser este um tradicional exportador, e também estar se
desenvolvendo o processo de abertura da economia brasileira,
resultando daí interações de natureza econômica do nosso setor
com outros países”.

Analisar a Inovação Tecnológica do setor de Curtumes é antes de mais


nada, observar os aspectos relacionados com os lucros, preços, produtividade e
competitividade. Em depoimento dado à Tecnicouro (1996 , p. 26) Luchese diz
que:
“ a partir de 1994 , com a queda da demanda de Couro
para o mercado interno, em função da Crise no setor
calçadista, foi verificada a vantagem de exportar o Couro
como matéria-prima in
natura em especial couros salgados e Wet-Blue”.

Como foi visto, o total de couros exportados em Wet-Blue em 1995, foi


muito grande em relação ao ano anterior, o que afetou a competitividade na
indústria de Curtume, então a partir do momento em que o couro for vendido em
forma de matéria-prima, ocorrerá uma defasagem tecnológica de nossos
Curtumes, e nunca alcançaremos a competitividade de nossos produtos de couro,
em um mercado em expressiva abertura econômica, como está ocorrendo
atualmente. Em artigo publicado na Revista do Couro, Santos (1996 , p. 45)
afirma que: “ a tendência atual é tornamos um país primário exportador de
matéria-prima couro wet-blue, gerando uma desvalorização do capital
humano, bem como a redução do número de emprego e da renda no setor
coureiro”. Com isso se os Curtumes do Brasil, quiserem melhorar sua tecnologia,
não deverão seguir o modelo de primário-exportador, pois, correrá o risco de
continuar em defasagem tecnológica, sem máquinas que induzam a elaboração
de novos produtos acabados e se limitarão apenas à tecnologias ultrapassadas.
Entretanto se os Curtumes Brasileiros quiserem retomar sua alavancagem para
melhorar sua competitividade no mercado, devem não só investirem em
tecnologia, mas também analisar o que Porter( 1990 ,p. 86), um dos mais
importantes autores relativo á competitividade afirma que para se alcançar a
competitividade : “ inclui não apenas a tecnologia , mas também os métodos
abrangendo novos produtos, novas maneiras de comercia lizar e identificar
novos grupos de clientes”.
Outro aspecto que pode melhorar a competitividade do setor de Curtumes,
são os institutos de pesquisas, órgão privados e Universidades, que permitem ao
setor contar com infra-estrutura adequada em todas as regiões produtoras, com
serviços tecnológicos e formação de pessoal qualificado, que somados a vontade
de Inovar dos empresários, se traduzirão como importante fator de
competitividade. Os principais centros encontra-se localizadas no Rio Grande do
Sul, onde situa-se o Centro Tecnológico do Couro - CTC/SENAI, onde vem
realizando ao longo de sua existência pesquisa nas mais diversas áreas do setor
Coureiro e formando técnicos Químicos. No estado da Paraíba além de
apresentar o Centro Nacional deTecnologia - CENATEC - SENAI, conta também
com a Universidade Federal da Paraíba - UFPB, com o Curso Superior em
Tecnologia Química: Couros e Tanantes, que dentro de suas respectivas missões
e atribuições contribuem de forma direta para a melhoria da competitividade do
setor Coureiro do país.
6.3 - Inovação Tecnológica: Uma abordagem do setor Coureiro
Brasileiro.

6.3.1 - Inovação Tecnológica e sua relação com a P&D.

As Inovações nos Curtumes no Brasil, se caracterizam por apresentarem


mais advindas do setor Químico e do setor de Máquinas e Equipamentos, onde
são apresentados por estes dois segmentos, uma variedade muito grande de
Inovações, que se traduzem em modificações nos setores produtivos contribuindo
para a Inovação do setor. Segundo Fensterseifer (1995, p.28) “ a maior parte
das inovações , principalmente de processo, surgem do setor químico e de
equipamento ”. Com isso a indústria de Curtumes dependerá muito de tais
setores, criando assim uma ligação de dependência muito grande, ocasionando
uma falta de investimento em P&D nos Curtumes Brasileiros. A pesquisa e
desenvolvimento (P&D), compreende o trabalho criativo desenvolvido de forma
organizada para avançar os conhecimentos técnicos-científicos, ou seja, para
aplicação destes conhecimentos. Com a P&D, consegue-se então, o
desenvolvimento experimental e consequentemente a realização de pesquisa
aplicada no setor produtivo, trata-se de atividades elaboradas em laboratório de
pesquisa, com atividades típicas de uma empresa industrial. No caso específico
de Curtumes a P&D7 será importante, pois, a pesquisa assumirá o fator
preponderante para iniciar o processo de Inovação Tecnológica, o que colocará
os Curtumes sempre em dia com as demandas do mercado visando uma maior
diferenciação do produto ofertado e a redução dos custos de produção. A P&D
realizada no Curtume pode abranger desde as operações iniciais8 , até as etapas
intermediárias e de acabamento. A P&D , juntamente com as Inovações
Tecnológicas de processo e de produto, contribuirão para o desenvolvimento do
setor, pois, dentro da abordagem que se estuda as Inovações no setor Coureiro ,
haverá contribuição para possibilitar o desenvolvimento tecnológico.

7 - A P&D, FAZ PARTE DOCONJUNTO PARA INICIAR O PROCESSO DE INOVAÇÃO, TENDO-SE ENTÃO QUE
LEVAR EM CONSIDERAÇÃO AINDA, OS CONHECIMENTOS TÉCNICOS, NECESSIDADES DO MERCADO E COLETA DE
INFORMAÇÃO.
8
- OPERAÇÕES DENOMINADAS DE RIBEIRA, ENGLOBANDO: REMOLHO, CALEIRO,DESCALCINAÇÃO, PURGA ,
PÍQUEL E CURTIMENTO.
6.3.2 - Inovação Tecnológica do setor de Curtumes do Brasil.

Segundo Fenstenseifer (1995, p. 27) “ o processo produtivo de


curtumes, ao contrário dos calçados...permitem um maior nível de
automação”. Portanto a automação é uma inovação do processo que sem dúvida
nenhuma contribui para o desenvolvimento do setor.Como em outros países,
alguns Curtumes no Brasil já apresentam em seu setor produtivo automação já
em uso, o que contribuirá para se ter uma mão de obra mais qualificada. As
tecnologias com base na automação na indústria de Curtumes são aquelas que
melhoram os processos, tanto os de Curtimento, quanto os processos de
acabamento. A grande justificativa para implantação da automação é a diminuição
da mão de obra; aumento da competitividade; precisão da duração: dos banhos,
da temperatura nos fulões, dos tempos de reação e dosagem dos insumos e
consistem em manter sempre idênticas as receitas. A necessidade de
automatização nos Curtumes se devem ao fato que os Curtumes são uma
indústria que menos se modernizaram em toda sua história, se comparada
principalmente à indústria têxtil e de celulose. Automatizar a produção é permitir
por diferentes meios técnicos, que o andamento do trabalho se desenvolva em
parte ou totalmente automaticamente segundo um programa instalado
previamente. O objetivo da automatização é proporcionar vantagens econômicas,
técnicas e sociais às empresas de Curtumes. A produção em série, o método
mais eficaz para produzir produtos em quantidades muito grandes com
relativamente pouco investimento, é um exemplo característico da aplicação
destes princípios em nível de planejamento e organização do trabalho. Os setores
ou equipamentos que já estão em uso no Brasil são: os sistemas de tratamento
de água, a informatização dos fulões e controles dos insumos à serem usados.
Entretanto a Revista do Couro(1991, p.28) acrescenta ainda que:

"Outra vantagem competitiva fica por conta da diminuição


da probabilidade de processamento de partidas e como
conseqüência uma maior economia de energia , de produtos
químicos do não bloqueamento do fulão para o reprossessamento e
principalmente o aumento da produção, conseguindo uma garantia de uma
consistência mais homogênea do Couro".

Outro aspecto que caracteriza a Inovação Tecnológica de processo de


fabricação, é o ligado ao meio-ambiente e por conseguinte às Tecnologias
Limpas aplicadas ao setores produtivos dos Curtumes. Como foi definido
anteriormente, as inovações de processos são aquelas usadas no próprio setor
onde são geradas, com isso os aspecto de mudança no processo de fabricação
do Couro, estão intimamente ligadas ao meio ambiente. Investir em tecnologia é
sem dúvida nenhuma, uma das maneiras de melhorar a competitividade e
enfrentar a concorrência na indústria de Curtume, portanto as Inovações
Tecnológicas na área de meio ambiente e de Tecnologia Limpa podem ser uma
oportunidade para a sobrevivência no competitivo mercado Coureiro.
A Indústria do Couro, apresenta como característica marcante o seu alto
poder de poluição, pois, trabalha com material de origem orgânica como matéria-
prima( Couro) e principalmente por usar produtos químicos com alto poder de
poluição: Cloreto de Sódio, Sulfeto de sódio, Hidróxido de Cálcio, ácido Sulfúrico,
Cromo, Solvente e Anilinas.
Com a entrada em vigor da série ISO 14 0009 , o gerenciamento ambiental
será fator importante para o desempenho do Curtumes Brasileiros. O quadro a
seguir mostra as normas previstas para o sistema de gestão ambiental (SGA).

WG1 14 001 Especificação com diretrizes para uso


WG2 14 004 Guia para princípios e Sistemas de suporte técnico
Não definido 14 000 Guia de orientação do Conjunto de Normas da série.
FONTE: D'Avignon , 1995 - p . 50.
Quadro 8 - Sistema de Gestão Ambiental.

Sob a ótica da Inovação Tecnológica os aspectos ecológicos aplicados à


indústria de Curtumes, observamos que a introdução do gerenciamento ambiental

9
- A ISO SÉRIE 14.000 É UM GRUPO DE NORMAS QUE FORNECEM FERRAMENTAS E
ESTABELECEM UM PADRÃO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL. ( D'AVIGNON , 1995
, P. 44 ).
no setor devem englobar10: redução do emprego de produtos químicos de elevada
toxidade; utilização de processos que apresentem alto esgotamento dos banhos;
reciclos dos banhos dos processos e recuperação dos resíduos sólidos, líquidos
e gasosos. De acordo com Compassi e Fisch ( 1995 , p. 5) em relação a ISO 14
000:

" A certificação ambiental traz uma diferença importante com


relação a outros tipos de certificação de qualidade ,
pois, utiliza critérios de excelência entre produtos
compráveis no mercado, enquanto que os métodos atuais
estabelecem requisitos mínimos de qualidade para
adequar o produto ao consumo ".

Logo a certificação ambiental abrangerá os aspectos relacionados ao meio


ambiente para que não haja contaminação ambiental por parte da indústria de
Curtumes, e também a certificação sob marca específica que atestará ao
consumidor que o produto não causa danos ao meio ambiente, recebendo o
nome de Eco-Rotulagem , ou seja, indicará aos consumidores que determinado
tipo de Couro foi produzido de forma ambiental aceitável, e pode talvez ser
reciclado ou descartado de forma segura. Do diante exposto observamos que o
gerenciamento ambiental aplicado ao ciclo produtivo se reverterá na forma de
Inovação do processo de fabricação do Couro.

Com relação ainda ao meio ambiente, a regulamentação ambiental


possibilitará a adequação por parte das indústrias de curtumes à legislação ,
onde resultará em redução dos custos totais de um produto e aumento nas
inovações. Pode-se ser competitivo adequando às regulamentações ambientais.
Como exemplo alguns curtumes diminuíram a emissão de sulfetos e resíduos
sólidos ao meio ambiente, usando a gordura natural das peles descarnadas para
o fabrico de graxa bovina , dando como consequencia aumento dos lucros e
melhoria da competitividade devido aumento da produtividade. A Inovação

10
- ASPECTO DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA CURTIDORA DO BRASIL,
APUD, TECNICOURO, N.3, VOL 17, JULHO DE 1995.
permite que os curtumes usem mais produtivamente a matéria-prima
compensando os gastos feitos para preservar o meio ambiente.
Além do gerenciamento ambiental, tem-se ainda as novas tecnologias no
processamento das peles em Couros11 , que causem menos danos ao meio
ambiente. Tais Tecnologias são denominadas de Tecnologias Limpas que
aplicadas ao processo produtivo se consubstanciará em Inovação Tecnológica do
Processo.
O termo Tecnologia Limpa foi criado pelo PNUMA 12 , que significa aplicar
de forma contínua ao meio-ambiente processos e produtos de uma indústria(
Curtumes) com o objetivo de reduzir riscos ao meio-ambiente e ao ser humano. A
aplicação de tecnologia limpa ao sistema produtivo dos Curtumes não significará
em sucateamento às instalações existentes, e sim adaptações nos processos de
fabricação do Couro. De acordo com Valle ( 1995 , p . 66) :

" A conversão para Tecnologia Limpa, também


denominadas nos E.U. A. de Cleaner Production (
produção mais limpa) , implicará quase sempre em modificações
nos processos produtivo em novos produtos, razão pela qual
sua adoção requer uma avaliação econômica cuidadosa".

A implantação de Tecnologias-Limpas nos Curtumes, propiciará aos


mesmos melhorar a produtividade, pois, dentro dos aspectos que envolvem as
Tecnologias Limpas, melhorando a eficiência do processo e a redução das perdas
tornarão as empresas com melhor competitividade. Portanto com as Tecnologias
Limpas aplicadas aos Curtumes pretende-se tratar os efluentes líquidos no início
das tabulações, ou seja, no interior dos recipientes usados para o Curtimento,
antes que gerem os resíduos poluentes, surgindo então a Inovação dos
processos de fabricação do Couro. O Quadro a seguir mostra as principais
Tecnologias Limpas aplicadas ao setor de Curtumes do Brasil.

11
- COM A OPERAÇÃO DE CURTIMENTO, A PELE É TRANSFORMADA EM MATERIAL
IMPUTRESCÍVEL DENOMINADO COURO. ( HOINACKI , 1978 , P. 21 )
12
- PNUMA - PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO-AMBIENTE.
PROCESSOS TECNOLOGIA
CONSERVAÇÃO PROCESSO SEM USO DE SAL
REMOLHO USO DE ENZIMAS LIPOLÍTICAS
CALEIRO ENZIMAS/ RECICLO/ HS
DESENCALAGEM DESENCALAGEM SEM SAIS AMONIACAIS
DESENGRAXE TENSOATIVOS BIODEGRADÁVEIS
PÍQUEL PIQUEL SEM SAL
CURTIMENTO/RECURTIMENTO RECICLO/ALTO ESGOTAMENTO/ ISENTO
CROMO
TINGIMENTO CORANTES NÃO CANCERÍGENAS
ENGRAXE DIMINUIÇÃO DE EMULGADORES E
CLORATOS
ACABAMENTO ACAB. À BASE DE ÁGUA/ NÃO METAIS.
FONTE : Tecnicouro. Junho - 1995 - Encarte, p.5
Quadro 9 - Tecnologias Limpas na Produção de Couros.

A Inovação Tecnológica assume outro aspecto que é em função a sua


estreita relação com a administração da produção, onde será introduzida de forma
inovadora na indústria a administração do processo de fabricação, caracterizando-
se como inovações tecnológicas gerenciais, portanto o gerenciamento dos setores
produtivos dos Curtumes será de fundamental importância para Inovação dos
mesmos, devido ao fato que eles fazem parte da cadeia produtiva que inicia-se no
campo, passando pelos abatedouros, logo produzir Couros de boa qualidade, além
de satisfazer às necessidades da indústria de calçados, os Curtumes produzirão
artigos que serão usados pelos consumidores, com isso observa -se que no final
da cadeia produtiva estarão os consumidores finais, que serão satisfeitas suas
necessidades de qualidade como consumidores. Então o termo qualidade,
apresenta -se como a satisfação total do consumidor, logo, a inovação Tecnológica
Gerencial de produção contribuirá para aumentar a competitividade das fábricas de
Curtumes do Brasil. E finalmente, tem-se a inovação de produto que segundo
Brandão ( 1995 , p. 112 ) :
" No seu processo produtivo a raspa do Couro é coberta
com a camada de poliuretano, homogeneizando a sua superfície,
e abrindo grandes perspectivas para a automação do processo,
além de proporcionar grande economia na matéria prima ".

Portanto a Inovação do produto pode ser vista como a introdução de um


novo produto, podendo ser diferenciada pelo designer, pelo preço e pela matéria-
prima. As Inovações Tecnológicas do produto na indústria de Curtumes, assumem
um papel diferenciador e de competitividade dos mesmos, pois, haverá a
necessidade dos Curtumes investirem mais em P&D, e procurar novas formas de
produzir Couros. As Inovações Tecnológicas do produto, aplicadas aos Curtumes
poder surgir desde o processo de Curtimento, produzindo Couros tingidos e
curtidos,
como também Couros com características ecológicas, devido ao uso de produtos
não poluentes.
No atual momento em que encontra-se a indústria de Curtume Brasileira em
relação a sua capacitação tecnológica observa-se que a mesma tem condições de
Inovar em relação aos seus produtos de Couro, pois, existe um grande potencial
técnico instalado e experiência acumulada permitindo à Indústria introduzir
Inovações do produto. Segundo Roquete ( 1989 , p. 5 ) em entrevista à revista do
Couro, o mesmo diz que o Curtume Carioca foi grande inovador de artigos de
Couro, onde:
" O célebre Couro Selvagem foi criado no Curtume
Carioca e usado em quantidades enormes no
Brasil e no exterior. Nós também produzimos um
couro chamado na época de 'Rock-Port' para serem
utilizados em calçados para a juventude, eram produtos
de couros muito en-
graxados.
Com isso observamos que o produto final( Couro ), produzido nos curtumes
brasileiros além de incorporar tecnologias advindas do setor químico, apresenta
também possibilidades de introduzi Inovações do produto, possibilitando os
Curtumes de serem grandes lançadores de moda e portanto, fazendo Inovações
que se traduziram em produtos de alta qualidade no mercado.

6.4 - Dificuldades encontradas na geração de Inovação na indústria de


Curtume no Brasil.

As dificuldades que a indústria de curtume encontra para inovar são


muitas, merecendo uma análise mais realista do setor. Como pôde ser observado,
o processo de Inovação Tecnológica tem basicamente dois objetivos: o primeiro
será a minimização dos riscos econômicos, ou seja, as avaliações de mercado
desde o princípio do processo poderiam indicar à empresa a necessidade de não
levar a frente o projeto e evitar gastos desnecessários nas fases que exigem
maiores investimentos, como desenvolvimento e a produção . O segundo será a
elevação das chances de aceitação da inovação pelo mercado. Portanto, com
base nestes objetivos as motivações que levariam às indústrias inovarem seriam:
aumento dos lucros, redução de custos e expansão de mercado.
Em se tratando da indústria curtidora, a mesma não fica excluída destes
objetivos e destas motivações, entretanto a mesma tem encontrado pela frente
uma série de dificuldades para incorporar novas tecnologia e gerar inovação ao
seu produto final.

6.4.1 - Principais gargalos encontrados no setor.

A Inovação Tecnológica na indústria de Curtume , está intimamente


relacionada com fatores internos e externos . Os principais aspectos que
representam entraves a introdução da Inovação são:
- Baixo investimento em P&D, aplicado ao processo produtivo;
- Dependência das indústrias químicas ;
- Pouco investimento em recursos humanos;
- Qualidade da Matéria - Prima e mercado externo.
- Inexistência de planejamento estratégico.
a) Baixo investimento em P&D, aplicado ao setor.

Como foi visto anteriormente a P&D , compreende o trabalho criativo e de


forma organizada para avançar nos conhecimentos técnicos e científicos, e
consequentemente para a produção de couros diferenciados. Constata-se que os
curtumes não investem em P&D, tanto de processo , quanto de produto e que o
baixo nível de investimento em P&D acarreta uma menor diferenciação do
produto ofertado. Na maioria da vezes o modo de produzir é ditado pela
tecnologia química existente, mais especificamente pelas indústrias químicas
fornecedoras de insumos; pelo equipamento disponível no mercado e pelo tipo de
matéria - prima fornecida pelos matadouros e frigoríficos. Fica evidenciado que os
curtumes na maioria das vezes não tem uma estratégia definida no que diz
respeito à pesquisa e desenvolvimento, trazendo ao setor reduzido número de
inovações.

b) Dependência das indústrias químicas.

As inovações na indústria de Curtumes, têm sua origem principalmente


advindas do setor químico a qual esta diretamente ligada aos Curtumes.
Constata-se que as inovações são feitas quase que exclusivamente pela indústria
química. A maioria dos Curtumes não se preocupam em lançar novos produtos
de forma independente para competir no mercado, ficando apenas na aplicação
de técnicas contidas em manuais técnicos. Com isso cria-se uma dependência
muito grande, já que os curtumes não apresentam uma estratégia ofensiva de
inovar em produtos de couros. As indústrias químicas formam um grande
oligopólio , colocando no mercado insumos químicos para o setor e, como
decorrência permitindo pouco poder de barganha para os Curtumes negociarem
e optarem por novas formas de aplicação da tecnologia existente.
C) Pouco investimento em recursos humanos.

A mão de obra constitui em um importante subsídio para que o setor


coureiro aumente sua competitividade onde , a mesma é de fundamental
importância para melhorar a qualidade do couro. Investir em treinamento
implicará em melhor qualificação da mão de obra existente. No atual momento em
que se encontram os Curtumes, onde novas tecnologias estão sendo
implantadas, novas instalações na área de meio ambiente estão sendo
incorporadas e, principalmente ,na possibilidade real da automação do setor
produtivo, exigirá um maior investimento por parte das empresas em investir em
educação e treinamento, pois, haverá melhor desempenho dos trabalhadores e
consequentemente maior possibilidade de introduzir melhoria nos processos.
Observa-se que há uma falta de treinamento , desde o pessoal do chão de
fábrica até os técnicos do setor de curtimento, recurtimento, acabamento e
técnicos dos laboratórios. A qualificação do trabalhador varia de uma empresa a
outra . Parece ser uma exigência importante do nível de conhecimento,
experiência e habilidade do trabalhador. Esta necessidade de qualificação existe
tanto nas empresas mecanizadas quanto nas empresas artezanais. Não existe no
setor o que se poderia chamar de inovação proposital, existe tão somente a
inovação casual representada pelo conjunto de soluções informais e periféricas
a um corpo tecnológico já em funcionamento. A mão de obra qualificada deve ser
vista pelos empresários como estímulo as inovações de grande importância como
significativa vantagem competitiva e não como uma simples variável a um
problema de funcionamento de cada processamento de peles.
O trabalho é duro e os salários baixos, não interessando ao trabalhador se
manter por muito tempo no emprego, principalmente pela elevada insalubridade
dos setores produtivos. O que se tem observado na prática é que o nível de
emprego muda ao cair o nível de produção. Com perspectivas de boas vendas do
couro, seja, em estado wet-blue ou acabado as indústrias solicitam técnicos
químicos para estágio ou para posterior contratação. Não existe uma política de
qualificação e treinamento permanente por partes das indústrias.
Devido à estes fatores a capacidade de inovar será reduzida, haverá
menor diferenciação dos artigos de couro e haverá redução da capacidade de
resolver problemas técnicos referentes às novas tecnologias.

d) Qualidade da matéria - prima e mercado externo.

A matéria-prima é de fundamental importância para a introdução de


inovações. As inovações de artigos de couros recebem influência da qualidade
da matéria-prima, onde tem-se observado que a baixa qualidade da mesma, o
alto custo, o fornecimento irregular, a inexistência de uma política tributária de
abate bovino e pouca articulação entre pecuaristas, frigoríficos e curtumes
contribuem para reduzir a taxa de inovações. Por outro lado Furlanetto ( 1996, p.
36), referindo-se a qualidade da matéria-prima bovina do país afirma que “...
existe um consenso geral no setor, a respeito do desperdício e a baixa
qualidade da matéria -prima”. Os defeitos mais comuns encontrados são,
parasitas, marcação à fogo, arame farpado, maus tratos, deficiência no transporte
do gado e na esfola e má conservação do couro. A relação que a baixa qualidade
da matéria-prima tem com a inovação é a seguinte: em decorrência da baixa
qualidade da pele bovina, na maioria das vezes será produzido um couro mais
caro em função das perdas e gastos, ou seja, uma matéria-prima de menor
qualidade , fará com que os curtumes gastem mais em insumos e mão-de-obra ,
para sanar os defeitos dos couros e consequentemente afetará na redução de
inovações . Outro aspecto relacionado à matéria-prima refere-se ao mercado
externo, pois, existe uma tendência atualmente de exportar os couros em
estágios inicias de produção dando como conseqüência, baixo investimento em
pesquisa em processos e consequentemente reduzido número de inovações nos
setores de recurtimento e acabamento.
Com a exportação dos couros nos estados iniciais( até o curtimento)
haverá menor incorporação de tecnologia ao produto final. O couro produzido até
o estado final terá maior condição de competir no mercado externo e
consequentemente as inovações de processo e de produto serão incorporadas
ao setor produtivo, gerando um maior valor agregado aos couros.

e) Inexistência de planejamento estratégico.

O planejamento estratégico , é de fundamental importância para a


implantação das inovações, onde a introdução do planejamento estratégico à
nível organizacional será importante como vantagem competitiva das indústrias e
a nível do desenvolvimento das mesmas será importante como adoção do
planejamento em tecnologia. O que se tem observado , é uma inexistência de
planejamento estratégico por parte dos curtumes, e, como decorrência , a postura
estratégica será afetada pela falta de missão, metas, planos de ação e objetivos.
Com relação a tecnologia não há um planejamento das ações em relação as
fontes internas e externas das inovações, onde o planejamento estratégico
focalizaria os pontos fortes da empresa face à competidores, as fontes de
tecnologia e o tempo de implementação de novos produtos.
7 - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO.

Do trabalho realizado pode-se apontar algumas conc lusões sobre o


processo de Inovação Tecnológica no setor Coureiro, onde as principais idéias
são sintetizadas nos seguintes pontos:

1 - A Tecnologia é fundamental para o desenvolvimento do setor coureiro do país,


pois, juntando trabalho e os meios de produção existentes no setor industrial de
Curtumes, os mesmos serão a base para a transformação do ambiente, material e
social do ser humano, que serão transformados de conhecimento científico em
saber utilizado na prática da produção de couros.

2 - A Inovação Tecnológica no setor Coureiro, assume realmente sua função no


exato momento em que houver a sua primeira negociação no mercado, sendo
então, incorporadas tecnologia existente pelos Curtumes e posteriormente posto
em prática. A Inovação Tecnológica se caracterizará como fator determinante da
competitividade das indústrias de Curtumes, pois, esta competitividade significará
o grau pela qual as indústrias Coureiras do Brasil irão produzir bens e serviços
que resistirão ao mercado globalizado e principalmente gerar renda à nação.

3 - A Tecnologia de Curtumes pode ser analisada como uma combinação de


várias tecnologias existentes, como por exemplo: projetar, comercializar o produto
e dar assistência técnica, ou ainda as suas características técnicas de fabricação
do seu produto, como: tecnologia do processo de depilação, tecnologia de
Curtimento, tecnologia de Secagem, tecnologia ligada ao meio-ambiente,
tecnologia limpa e tecnologia Química Aplicada. Visto de outro angulo a
tecnologia de Curtumes pode ser vista como uma aplicação especifica para a
indústria de calçados, de vestuários e estofamento, como também, a nível da
organização e gerenciamento da empresa, a atividade da Industria de Curtumes
envolve aplicações de conhecimentos tecnológicos relacionados com cada um
das várias linhas das atividades industriais.
4 - Do período da invenção do uso de Cromo como agente curtente ,até a sua
Inovação, o intervalo de tempo foi de 26 anos( curtimento em dois banhos ) e 35
anos para o curtimento em um só banho , processo usado até hoje, onde esta
Inovação vem sendo usada pelos Curtumes de todo mundo há 139 anos, fazendo
com que a Inovação do uso de cromo no setor Coureiro, seja um marco de
importante tecnologia e competitividade.

5 - Os principais aspectos que representam entraves a introdução da inovação no


setor coureiro brasileiro diz respeito ao baixo investimento em P&D aplicado ao
processo produtivo, dependência das indústrias químicas , pouco investimento
em recursos humanos, baixa qualidade da matéria-prima e inexistência de
planejamento estratégico.

6 -As perspectivas para o setor são promissoras, pois, em 10 anos segundo


projeções do CNPC a oferta de Couros Crus, passará para 40 milhões, fazendo
com que nossos Curtumes tenham maiores possibilidades de melhorar a
competitividade e consequentemente desenvolver novas Tecnologia, o que
implicará em novas fontes de Inovações.

7 - Para haver maior competitividade no mercado globalizado, os Curtumes terão


que investir mais em P&D, para exportar Couros em estado mais avançado, pois,
caso contrário correremos o risco de nos tornamos um país primário-exportador,
gerando então, uma desvalorização de todos os envolvidos como: capital
humano, redução de empregos e renda do setor.

8 - A competitividade na indústria de Curtume será maior se além de


investimento em tecnologia houver introdução de novos métodos de comercializar
e identificar novos grupos de clientes.

9 - Atualmente as Inovações Tecnológicas são advindas principalmente do setor


químico e de equipamento.

10 - A indústria de Curtumes tem grande possibilidade de introduzir a automação


em seu processo produtivo, beneficiando-se da seguinte forma: menos mão de
obra, aumento da competitividade e maior controle nos processos, gerando
economia e padronização do produto final.

No que se refere às recomendações, vale salientar que a maior parte das


mesmas irá exigir uma interação entre as instituições governamentais da ciência e
tecnologia com as instituições privadas representadas pelas indústrias de
Curtumes, juntamente com os Centros de pesquisas, escolas técnicas e
universidades, para alcançar maior números de empresas curtidoras envolvidas
com o processo de Inovação, e aumentar suas chances de sucesso no mercado.

As recomendações são as seguintes:

1 - Divulgar as possibilidades reais e concretas de Inovação pelas empresas de


Curtumes do país através de conscientização e motivação, tais como palestras e
seminários, participação em congressos e encontros técnicos, folhetos e
marketing.

2 - As indústrias de Curtumes, deverão investir em P&D, fator preponderante


para iniciar o processo de Inovação Tecnológica, colocando-as em dia com as
demandas do mercado, visando uma maior diferenciação do produto ofertado e
principalmente eliminando a exclusiva dependência das Inovações Tecnológicas
do setor químico e de equipamento.

3 - Divulgar os produtos realizados pelas diversas instituições que investem em


P&D, como por exemplo: suas áreas de atuação, o perfil dos pesquisadores, a
tecnologia disponível e infra-estrutura laboratorial existente.

4 - O processo de inovação na indústria de Curtume deve ser tanto das interações


das diferentes origens de inovação ou seja, as de mercado e as com origens no
conhecimento técnico científico. Tal interação deverá analisar: a pesquisa
científica e tecnológica com conhecimentos científicos, interligado com: análise do
mercado, estudo da viabilidade econômica, testes químicos e físicos, produção e
distribuição/comercialização.

5 - E finalmente, os Curtumes do Brasil no atual estágio de desenvolvimento em


que se encontram devem procurar, implantar de acordo com suas possibilidades,
Inovações do processo , Inovações do Produto e Inovações gerenciais,
possibilitando um maior desenvolvimento tecnológico.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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