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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA BIOMÉDICA

SÉRGIO MORIBE

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DE


SINAIS DE ECG E TEMPERATURA UTILIZANDO DISPOSITIVOS
MÓVEIS

DISSERTAÇÃO

CURITIBA
2016
SÉRGIO MORIBE

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE MONITORAMENTO DE


SINAIS DE ECG E TEMPERATURA UTILIZANDO DISPOSITIVOS
MÓVEIS

Dissertação apresentada como requisito


parcial para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Biomédica, do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Biomédica,
da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Área de concentração: Engenharia
Biomédica.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim Miguel Maia

CURITIBA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

M854d Moribe, Sérgio


2016 Desenvolvimento de um sistema de monitoramento de sinais de
ECG e temperatura utilizando dispositivos móveis / Sérgio
Moribe.-- 2016.
119 f.: il.; 30 cm

Texto em português, com resumo em inglês.


Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica,
Curitiba, 2016.
Bibliografia: f. 100-103.

1. Eletrocardiografia. 2. Temperatura corporal. 3.


Monitorização fisiológica. 4. Processamento de sinais –
Técnicas digitais. 5. Computação móvel. 6. Android (Recurso
eletrônico). 7. Métodos de simulação. 8. Telemedicina. 9.
Engenharia biomédica - Dissertações. I. Maia, Joaquim Miguel,
orient. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Programa de Pós-graduação em Engenharia Biomédica. III. Título.

CDD: Ed. 22 -- 610.28

Biblioteca Central da UTFPR, Câmpus Curitiba


UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Campus Curitiba

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica

Título da Dissertação Nº 054

“Desenvolvimento de um sistema de monitoramento


de ECG e temperatura utilizando dispositivos
móveis”
por

Sergio Moribe
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Engenharia Biomédica.
LINHA DE PESQUISA: Instrumentação Biomédica.

Esta dissertação foi apresentada como requisito parcial à obtenção do


grau de MESTRE EM CIÊNCIAS (M.Sc.) – Área de Concentração: Engenharia
Biomédica, pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica
(PPGEB), – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus
Curitiba, às 8h30min do dia 15 de março de 2016. O trabalho foi aprovado pela
Banca Examinadora, composta pelos professores:

________________________________ ________________________________
Prof. Joaquim Miguel Maia, Dr. Prof. José Carlos da Cunha, Dr.
(Presidente – UTFPR) (UP)

________________________________
Prof. Amauri Amorin Assef, Dr.
(UTFPR)

________________________________
Profª. Leandra Ulbricht.,Drª.
Visto da coordenação: (Coordenadora do PPGEB)

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Programa”


À minha família Ivone, Daniele e Erick.
AGRADECIMENTOS

A todos os professores do curso pelos conhecimentos transmitidos.

Ao professor orientador Dr. Joaquim Miguel Maia, por sua atenção e apoio
neste trabalho.

Ao professor Dr. Pedro Miguel Gewehr pelo empréstimo do simulador de ECG


da Bio-Tek.

Ao CNPq, Capes, Fundação Araucária e à UTFPR pelo suporte financeiro.

À Texas Intruments (TI) por fornecer amostras de alguns componentes


utilizados.
O primeiro e indispensável passo para obter as coisas que você
deseja da vida é decidir o que você quer.

Ben Stein
RESUMO

MORIBE, Sérgio. Desenvolvimento de um Sistema de Monitoramento de Sinais


de ECG e Temperatura Utilizando Dispositivos Móveis. 2016. 120 f. Dissertação
– Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Curitiba, 2016.

Este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento de um sistema de monitoramento


de sinais de ECG e temperatura, com o propósito de dar mobilidade a pessoas
que necessitam de monitoramento contínuo de alguns sinais fisiológicos, tais como
pessoas idosas e/ou pessoas com deficiências cardíacas ou até mesmo para
atletas que desejam melhorar seu desempenho através do monitoramento de seu
condicionamento físico. Foram realizadas pesquisas dos equipamentos similares
que existem atualmente no mercado e que estão sendo desenvolvidos para um
embasamento técnico do protótipo desenvolvido. O sistema foi desenvolvido utilizando
um microcontrolador de baixo custo e consumo para aquisição dos sinais fisiológicos
e um módulo Bluetooth para comunicação com um dispositivo móvel que apresenta
grande capacidade de processamento e recursos para realizar o armazenamento
de dados e a interface com um sistema de monitoramento para avaliação médica
remota, garantindo a mobilidade, segurança e melhoria na qualidade de vida de
idosos e pacientes. Os principais sinais fisiológicos são os sinais vitais, que são as
funções mais básicas do corpo, tais como, temperatura corporal, frequência cardíaca,
frequência respiratória e pressão arterial. No protótipo proposto, foi incorporado o
monitoramento da temperatura corporal e do eletrocardiograma (ECG) completo com
as 12 derivações. A frequência respiratória e pressão arterial não foram contempladas
no protótipo devido à complexidade de implementação de muitos sinais fisiológicos
em um único equipamento. Para definição do hardware e minimizar o risco de futuros
problemas, foram também realizados testes com ferramentas de desenvolvimentos
disponibilizados pelos fabricantes dos principais componentes e que também são
expostos neste trabalho. Pode-se concluir que os objetivos iniciais foram alcançados
pois foi desenvolvido um protótipo para monitoramento remoto de sinais de ECG e
temperatura utilizando um aplicativo Android. O protótipo foi testado utilizando-se
sinais de um simulador de ECG e um sensor de temperatura, atendendo às principais
funcionalidades requeridas para o sistema.

Palavras-chave: ECG. Monitoramento de sinais fisiológicos. Telemedicina.


Dispositivos Móveis.
ABSTRACT

MORIBE, Sérgio. Development of a System for Monitoring ECG and Temperature


Signals Using Mobile Devices. 2016. 120 f. Dissertação – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Biomédica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Curitiba, 2016.

This work aims to develop a system for monitoring ECG and temperature signals
with the purpose of giving mobility to people requiring continuous monitoring of some
physiological signals, such as the elderly and/or individuals with heart failure or even for
athletes who wish to improve their performance by monitoring their fitness. Research of
similar equipment that there are currently on the market and that are being developed
was made for a technical base of the prototype to be developed. The system was
developed using a low cost and low consumption microcontroller for the acquisition of
physiological signals and a Bluetooth module for communication with a mobile device
having large capacity and processing resources to perform data storage and interface
with a monitoring system for remote medical evaluation, ensuring mobility, safety and
improved quality of life of elderly and patients. The main physiological signals are vital
signals, which are the most basic body functions such as body temperature, heart
rate, respiratory rate and blood pressure. In the proposed prototype, monitoring body
temperature and complete 12-lead electrocardiogram (ECG) was incorporated. The
respiratory rate and blood pressure were not included in the prototype due to the
complexity of implementation of many physiological signals in a single equipment.
For the hardware definition and to minimize the risk of future problems, tests have
also been done with development tools available from manufacturers of the main
components and which are also presented in this work. It is possible to conclude
that the initials objectives were achieved bacause a prototype was developed for
remote monitoring of ECG and temperature signals using an Android application. The
prototype was tested using an ECG simulator and a temperature sensor, attending the
main required features for the system.

Keywords: ECG. Monitoring physiological signals. Telemedicine. Mobile Devices.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Estrutura do coração e fluxo sanguíneo pelas câmaras cardíacas . 22


FIGURA 2 – Eventos do ciclo cardíaco para o lado esquerdo do coração . . . . . . . 23
FIGURA 3 – Ondas e intervalos de um sinal ECG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
FIGURA 4 – Posição convencional dos eletrodos para as derivações periféricas
padrões e Triângulo de Einthoven . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
FIGURA 5 – Eletrocardiogramas normais das derivações periféricas I, II e III . . . 28
FIGURA 6 – Conexões dos eletrodos no corpo para obter o Terminal Central de
Wilson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
FIGURA 7 – Conexões dos eletrodos para as derivações aumentadas e
diagrama de vetores das derivações periféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
FIGURA 8 – Eletrocardiogramas normais das derivações aumentadas aVR, aVL
e aVF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
FIGURA 9 – Posição dos eletrodos e diagrama de vetores das derivações
precordiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
FIGURA 10 – Posicionamento dos eletrodos das derivações precordiais . . . . . . . . . 32
FIGURA 11 – Eletrocardiogramas normais das derivações precordiais V1 a V6 . . 32
FIGURA 12 – Faixa de temperatura corporal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
FIGURA 13 – Diagrama em blocos proposto por Liao e Wen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
FIGURA 14 – Sistema proposto por Rashkovska et al. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
FIGURA 15 – Sistema proposto por Gakare et al. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
FIGURA 16 – Diagrama em Blocos de ECG proposto por Tejero-Calado et al. . . . 38
FIGURA 17 – Componentes do sistema proposto por Tello et al. . . . . . . . . . . . . . . . . 39
FIGURA 18 – Diagrama em blocos proposto por Lerdwuttiaugoon e Naiyanetr . . . 39
FIGURA 19 – Diagrama em blocos do sistema proposto por Lucena et al. . . . . . . . 40
FIGURA 20 – Kit de Demonstração ADS1298R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
FIGURA 21 – Testes de simulação do sinal de ECG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
FIGURA 22 – Diagrama em blocos do teste de simulação do sinal de ECG . . . . . . 44
FIGURA 23 – Diagrama em blocos do ADS1298 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
FIGURA 24 – Kit Bluetooth eZ430-RF256x pareado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
FIGURA 25 – Diagrama em blocos do teste Kit Bluetooth eZ430-RF256x . . . . . . . . 47
FIGURA 26 – Diagrama em blocos do teste do módulo HC05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
FIGURA 27 – Módulo Bluetooth HC05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
FIGURA 28 – Diagrama em Blocos do MSP430BT5190 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
FIGURA 29 – Sensor de Temperatura LM35 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
FIGURA 30 – Sensor de Temperatura LM35 encapsulado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
FIGURA 31 – Diagrama em Blocos do protótipo ECG_BLUE desenvolvido . . . . . . 53
FIGURA 32 – Ambiente de Desenvolvimento da IDE CCS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
FIGURA 33 – Programador e depurador MSP-FET430UIF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
FIGURA 34 – MSP-FET430UIF com placa ECG_BLUE e simulador de ECG . . . . 58
FIGURA 35 – Diagrama em blocos do sistema de desenvolvimento e testes da
placa ECG_BLUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
FIGURA 36 – Diagrama de Caso de Uso do Aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
FIGURA 37 – Placa ECG_BLUE montada com módulo Bluetooth HC05 . . . . . . . . . 66
FIGURA 38 – Caixa Protótipo visto por cima e conectores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
FIGURA 39 – Tempo entre conversões do ADS1298R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
FIGURA 40 – Tempo entre transmissão de bytes do ADS1298R . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
FIGURA 41 – Descrição dos conectores e LEDs do ECG_BLUE . . . . . . . . . . . . . . . . 69
FIGURA 42 – Tela de permissão para ativar o Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
FIGURA 43 – Tela de não conectado com o protótipo ECG_BLUE . . . . . . . . . . . . . . . 71
FIGURA 44 – Tela “Selecione um dispositivo para conectar” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
FIGURA 45 – Tela “Conectando” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
FIGURA 46 – Tela “Conectado” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
FIGURA 47 – Tela “Monitorando” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
FIGURA 48 – Tela mostrar gráficos 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
FIGURA 49 – Tela gráfico das derivações periféricas e aumentadas em 2 s . . . . . 75
FIGURA 50 – Tela gráfico das derivações precordiais em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
FIGURA 51 – Tela gráfico de temperatura em 60 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
FIGURA 52 – Tela esconder gráficos de 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
FIGURA 53 – Tela “Ler arquivo de dados” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
FIGURA 54 – Tela “Lista de arquivos” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
FIGURA 55 – Tela “Gráfico das derivações periféricas e aumentadas do arquivo
selecionado” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
FIGURA 56 – Tela “Gráfico das derivações precordiais do arquivo selecionado” . 80
FIGURA 57 – Tela “Gráfico de temperatura do arquivo selecionado” . . . . . . . . . . . . . 80
FIGURA 58 – ECG das Derivações Periféricas 30 bpm em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
FIGURA 59 – ECG das Derivações Periféricas 60 bpm em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
FIGURA 60 – ECG das Derivações Periféricas 120 bpm em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
FIGURA 61 – ECG das Derivações Periféricas 180 bpm em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
FIGURA 62 – ECG das Derivações Periféricas 240 bpm em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
FIGURA 63 – Onda Triangular de 2 Hz em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
FIGURA 64 – Onda Quadrada de 2 Hz em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
FIGURA 65 – Onda Senoidal de 8 Hz em 2 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
FIGURA 66 – Exemplo de ECG das derivações periféricas 180 bpm em 2 s
visualizado no smartphone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
FIGURA 67 – Termômetros da BD e do multímetro para comparação . . . . . . . . . . . . 87
FIGURA 68 – Gráfico da Temperatura corporal em 60 s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
FIGURA 69 – Lista de Arquivos de Dados de ECG e Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . 89
FIGURA 70 – ECG das derivações periféricas em 30 bpm lidas do arquivo . . . . . . 90
FIGURA 71 – ECG das derivações precordiais em 30 bpm lidas do arquivo . . . . . . 90
FIGURA 72 – Temperatura Ambiente lida do arquivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
FIGURA 73 – ECG das derivações periféricas em 60 bpm lidas do arquivo . . . . . . 91
FIGURA 74 – ECG das derivações periféricas em 120 bpm lidas do arquivo . . . . . 92
FIGURA 75 – ECG das derivações periféricas em 180 bpm lidas do arquivo . . . . . 92
FIGURA 76 – ECG das derivações periféricas em 240 bpm lidas do arquivo . . . . . 93
FIGURA 77 – Sinal de ECG da derivação DII em 30 bpm lido do arquivo . . . . . . . . 94
FIGURA 78 – FFT da derivação DII em 30 bpm lido do arquivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
FIGURA 79 – Sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido do arquivo . . . . . . . . . . . 95
FIGURA 80 – FFT do sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido do arquivo . . . 95
FIGURA 81 – Ampliação da FFT do sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido
do arquivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
FIGURA 82 – Temporização de uso do comando RDATAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
FIGURA 83 – Temporização de uso do comando RDATA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
FIGURA 84 – Exemplo de Temporização de um Comando RREG . . . . . . . . . . . . . . . 109
FIGURA 85 – Exemplo de Temporização de um Comando WREG . . . . . . . . . . . . . . . 110
FIGURA 86 – Tempo de estabilização para conversão inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
FIGURA 87 – /DRDY com Recuperação de Dados (/CS=0). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
FIGURA 88 – Conteúdo do STATUS Word. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
FIGURA 89 – Modo de Disparo Único. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
FIGURA 90 – Modo Contínuo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
FIGURA 91 – Esquema elétrico do Microcontrolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
FIGURA 92 – Esquema elétrico do ADS1298 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
FIGURA 93 – Esquema elétrico das Fontes Reguladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
FIGURA 94 – Placa ECG_BLUE, Serigrafia, Lado Superior e Lado Inferior . . . . . . 120
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Parâmetros Fisiológicos de ECG e temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


TABELA 2 – Descrição dos Comandos do Protocolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
TABELA 3 – Tabela de Comandos SPI do ADS1298. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
TABELA 4 – Tempos de Estabilização para Diferentes Data Rates do Registro
CONFIG1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
TABELA 5 – Valores ideais de saída versus Sinal de entrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
TABELA 6 – ADS1298R Derivações Medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
TABELA 7 – Derivações Calculadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
LISTA DE SIGLAS

AC Alternating Current - Corrente Alternada


ADC Conversor Analógico/Digital
ADT Android Development Tools
AP Access Point
API Application Programming Interface
APK Android Pakage File
BGA Ball Grid Array
bpm Batimentos por minuto
BPS/bps Bits por segundo
BSL Bootstrap Loader
CCS Code Composer Studio
CI Circuito Integrado
CMRR Common Mode Rejection Ratio
DC Direct Current - Corrente Contínua
ECG/EKG Eletrocardiograma
EDA Electronic Design Automation
EEG Eletroencefalograma
EMG Eletromiograma
EMI Electromagnetic Interference - Interferência Eletromagnética
FFT Fast Fourier Transform - Transformada Rápida de Fourier
FIR Finite Impulse Response - Resposta ao Impulso Finita
FTP File Transfer Protocol
GCT Goldberger Central Terminal - Terminal Central de Goldberger
GPRS General Packet Radio Services
GPS Global Positioning System - Sistema de Posicionamento Global
GUI Graphical User Interface - Interface Gráfica do Usuário
I2C Inter Integrated Circuit
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDE Integrated Development Environment - Ambiente de Desenvolvimento
Integrado
JVM Java Vitual Machine - Máquina Virtual Java
JTAG Joint Test Action Group
LA Left Arm - Braço Esquerdo
LED Light Emitting Diode - Diodo Emissor de Luz
LL Left Leg - Perna Esquerda
LSB Least Significant Bit - Bit Menos Significativo
MCU Microcontroller - Microcontrolador
MSB Most Significant Bit - Bit Mais Significativo
OHA Open Handset Alliance
PC Personal Computer - Computador Pessoal
PCI Placa de Circuito Imppresso
PDA Personal Digital Assistant
PGA Programmable Gain Amplifier - Amplificador de Ganho Programável
PPGEB Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica
RA Right Arm - Braço Direito
RF Rádio Frequência
RL Right Leg - Perna Direita
RLD Right Leg Drive - Dreno da Perna Direita
SCLK Serial Clock
SDK Software Development Kit - Kit de Desenvolvimento de Programa
SD Secure Digital
SPI Serial Peripheral Interface
SPP Serial Port Profile
SPS/sps Samples Per Second - Amostras por segundo
TCP/IP Transmission Control Protocol/Internet Protocol
TI Texas Instruments
UML Unified Modeling Language
UART Universal Asynchronous Receiver Transmitter
USB Universal Serial Bus
USCI Universal Serial Communication Interface
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
WCT Wilson Center Terminal - Terminal Central de Wilson
Wi-Fi Wireless-Fidelity
WHO World Health Organization - Organização Mundial de Saúde
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1 MOTIVAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1 O CORAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.1 O Ciclo Cardíaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.2 O Eletrocardiograma (ECG) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 TEMPERATURA CORPÓREA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3 SISTEMAS SIMILARES DISPONÍVEIS NO MERCADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4 SISTEMAS SIMILARES ENCONTRADOS EM ARTIGOS CIENTÍFICOS . . . . 35
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1.1 Requisitos Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1.2 Requisitos Não Funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1.3 Restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.2 TESTES COM O KIT ADS1298RECG-FE ECG FRONT-END . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3 DEFINIÇÃO DO CONVERSOR ANALÓGICO/DIGITAL PARA O ECG . . . . . . . 44
3.4 TESTES COM O KIT EZ430-RF256X E COM O MÓDULO HC05 . . . . . . . . . . . 47
3.5 DEFINIÇÃO DO MÓDULO PARA COMUNICAÇÃO BLUETOOTH . . . . . . . . . . . 48
3.6 DEFINIÇÃO DO MICROCONTROLADOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.7 DEFINIÇÃO DO SENSOR DE TEMPERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.8 DIAGRAMA EM BLOCOS DO HARDWARE DESENVOLVIDO . . . . . . . . . . . . . . 52
3.8.1 Circuitos de Proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.8.2 Front-end . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.8.3 Módulo Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.8.4 Microcontrolador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.8.5 Circuitos de Conversão de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.8.6 Sensor de Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.8.7 Fontes Reguladoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.9 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.9.1 Desenvolvimento do Esquemas elétricos da placa do ECG_BLUE . . . . . . . . 55
3.9.2 Desenvolvimento da Placa de Circuito Impresso do ECG_BLUE . . . . . . . . . . 55
3.10 DESENVOLVIMENTO DO FIRMWARE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.10.1 IDE Code Composer Studio (CCS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.10.2 Ferramenta de gravação e depuração MSP-FET430UIF . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.10.3 Protocolo de Comunicação ECG_BLUE x Android ECGBlue via Bluetooth 57
3.11 DESENVOLVIMENTO ANDROID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.11.1 A Plataforma Android . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.11.2 Sistema Operacional Linux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.11.3 Máquina Vitual Dalvik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.11.4 Ambiente de Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.11.5 Modelo de Caso de Uso do Aplicativo ECGBlue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.11.6 Principais APIS e bibliotecas utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.1 APRESENTAÇÃO DO PROTÓTIPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.1.1 Sinais de comunicação do ADS1298R com o Microcontrolador . . . . . . . . . . . 67
4.1.2 Funcionamento do protótipo ECG_BLUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.2 FUNCIONAMENTO E TELAS DO APLICATIVO ANDROID . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ECG EM GRÁFICOS ATUALIZADOS DE 2
EM 2 SEGUNDOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.4 RESULTADOS DOS TESTES DE TEMPERATURA CORPORAL . . . . . . . . . . . . 87
4.5 RESULTADOS DOS ARQUIVOS DE DADOS DOS SINAIS DE ECG E
TEMPERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.6 RESULTADO DO CONSUMO E AUTONOMIA DA BATERIA . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5 DISCUSSÃO, CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS . . . . . . . . . 97
5.1 DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.2 CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
5.3 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .100
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .101
Apêndice A -- DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO ADS1298 . . . . . . . . . . . . . 105
Apêndice B -- ESQUEMAS ELÉTRICOS E PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO . 116
17

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho trata do desenvolvimento de um sistema de monitoramento de


sinais fisiológicos de eletrocardiograma (ECG) e temperatura utilizando dispositivos
móveis, proposto para a dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Biomédica (PPGEB) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR).

Para o desenvolvimento de um dispositivo na área biomédica é necessário um


embasamento teórico sobre bio-instrumentação que foi realizado através de pesquisas
em bases de dados científicos e livros da área.

Já existem no mercado alguns dispositivos de monitoramento cardíaco como


os Holters que armazenam continuamente a frequência cardíaca por um período
de 24 a 48 horas. Porém, estes monitores não se comunicam com uma central
médica em tempo real, sendo os sinais apenas armazenados num cartão Secure
Digital (SD), por exemplo. Outro equipamento é o Vital Jacket composto por
uma camiseta para conectar os eletrodos e armazenar os dados num cartão SD.
Apresenta comunicação Bluetooth para análise em tempo real e descarrega os dados
diretamente em um Computador Pessoal (PC) (BIODEVICES, 2016). O equipamento
Poip Mobile apresenta, através da tecnologia 3G, as informações em tempo real
através de qualquer browser com acesso a internet (POIP, 2016). Existem outros
equipamentos que são discutidos neste trabalho.

A proposta do equipamento desenvolvido foi de manter uma comunicação


constante via Bluetooth com um dispositivo móvel como o smartphone para o
armazenamento dos dados, e o mesmo permitir o acesso em tempo real dos dados
via 3G ou Wireless-Fidelity (Wi-Fi), dependendo do que estiver disponível. Porém o
acesso remoto não foi contemplado neste trabalho, ficando para um desenvolvimento
futuro. Outras funcionalidades que podem ser desenvolvidas futuramente, são o
registro simultâneo das principais atividades sendo realizadas para correlação com
18

as variações cardíacas e facilitar a análise do profissional médico, programação


de alarmes para variações perigosas como arritmias, análise de movimentações
bruscas do paciente através dos sinais do acelerômetro, além do uso do Sistema
de Posicionamento Global (GPS) dos dispositivos móveis para rastreamento do
posicionamento global do paciente para rápida localização e atendimento por um
profissional médico responsável.

O desenvolvimento foi realizado para dispositivos móveis com sistema


operacional Android, devido à sua grande aceitação no mercado e, por ser um sistema
de código livre, torna-se muito mais acessível e fácil na obtenção das ferramentas e
equipamentos necessários para o desenvolvimento.

A precisão da medida do sinal de ECG depende de uma baixa impedância do


caminho de condução do corpo do paciente até o equipamento de monitoramento
(CARR, 1991). Os níveis de sinais dos potenciais de ação do músculo cardíaco
a serem medidos na superfície da pele são muito baixos e suscetíveis a ruídos
(TEXAS, 2012), optando-se, portanto, pela utilização de componentes especialmente
fabricados para instrumentação médica e especificamente desenvolvidos para ECG,
como o ADS1298 da Texas Instruments, que é um Conversor Analógico/Digital (ADC)
de 8 canais, 24 bits e baixo consumo.

A temperatura corporal é outro sinal fisiológico que fornece importantes


informações sobre o estado fisiológico do paciente (GUYTON; HALL, 2002), sendo
também monitorada utilizando um sensor eletrônico de temperatura e o ADC integrado
no microcontrolador.

Para a comunicação do protótipo com o dispositivo móvel, foi escolhido o


Bluetooth devido a esta tecnologia ser de baixo custo e consumo, indicado para
aplicações de pequena distância e também por já vir embarcada em praticamente
todos os dispositivos móveis.

Os sistemas de telemedicina móvel estão se tornando muito importantes


ao longo do tempo, especialmente em pacientes que necessitam de monitoramento
contínuo e que vivem em regiões isoladas ou que estão em viagem, longe dos centros
médicos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO), no mundo todo, milhões
de pessoas com doenças cardiovasculares morrem. Muitas vezes, algumas dessas
vidas poderiam ser salvas se houvesse intervenção médica dentro da chamada hora
de ouro. Por isso a importância e a necessidade de monitoramento contínuo de
pacientes que têm risco de insuficiência cardíaca súbita (BEDARKAR; SWAMY, 2013).
19

1.1 MOTIVAÇÃO

Um dos grandes benefícios da telemedicina é proporcionar aos pacientes


liberdade de mobilidade, mesmo sobre o contínuo monitoramento de seus sinais
fisiológicos, garantindo uma melhor qualidade de vida.

O Brasil é o sexto pais no mundo em número de smartphones, ficando atrás


apenas da China, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia. A estimativa é que o número
de smartphones passe de 38,8 milhões em 2015, para 72 milhões em 2018 (GLOBO,
2015). Com os smartphones mais acessíveis e populares, estão surgindo milhares de
ideias e aplicativos que os tornam cada vez mais um sonho de consumo de muitas
pessoas.

O público alvo são as pessoas idosas, com deficiências cardíacas e em


atletas que desejam melhorar seu desempenho através do monitoramento de seu
condicionamento físico, formando um mercado emergente, principalmente os idosos,
que segundo o censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), houve um aumento da população com 65 anos ou mais, de 4,8%
em 1991 para 7,4% em 2010 (IBGE, 2013). A projeção é de que no Brasil, a população
com mais de 80 anos salte de 2,6 milhões em 2010 para quase 6 milhões em 2030
(IBGE, 2016).

Os benefícios que o trabalho pode trazer, como melhorar a qualidade de


vida de idosos, pacientes cardíacos e atletas, além da perspectiva de crescimento
do mercado, aliando a possibilidade de utilizar os smartphones com uma interface
intuitiva e fácil de ser utilizada, motivaram o desenvolvimento deste trabalho.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e testar um equipamento de monitoramento de sinais fisiológicos


de ECG e temperatura, contemplando o hardware, firmware e o software do aplicativo
Android
20

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Desenvolver o hardware, com esquemas elétricos, placa de circuito impresso,


montagem e testes.

• Desenvolver o firmware, com controle do conversor analógico/digital dos sinais


de ECG, do sensor de temperatura e do controle da comunicação Bluetooth.

• Desenvolver o software aplicativo Android, com controle da comunicação


Bluetooth, armazenamento dos dados em arquivos, gráficos em tempo real e
gráficos lidos de arquivos.

• Realizar os testes do protótipo utilizando um simulador de ECG e outros


equipamentos.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em 5 capítulos organizados da seguinte maneira.

O capítulo 1 apresenta uma introdução ao tema do trabalho, a motivação, o


objetivo geral e os objetivos específicos, além de sua estrutura.

O capítulo 2 faz um revisão bibliográfica dos conhecimentos prévios


necessários ao desenvolvimento do trabalho, tais como, o coração, as derivações
eletrocardiográficas e as soluções similares existentes no mercado e em artigos
científicos.

O capítulo 3 aborda a metodologia, testes iniciais, definição e desenvolvimento


do hardware e firmware do protótipo de monitoramento e o desenvolvimento do
aplicativo Android.

O capitulo 4 mostra os resultados obtidos.

O capítulo 5 trata sobre a discussão, conclusões e desenvolvimentos futuros.


21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para o desenvolvimento do trabalho, foi necessária a realização de uma


pesquisa para ampliação do conhecimento e definição do escopo. Como o trabalho
desenvolvido envolve o monitoramento de sinais fisiológicos, será feita uma breve
descrição sobre os órgãos e sistemas envolvidos.

2.1 O CORAÇÃO

O coração é constituído na verdade por duas bombas distintas. O coração


direito (bombeia o sangue para os pulmões) e o coração esquerdo (bombeia o
sangue para os órgãos periféricos). Cada uma destas bombas são compostas por
duas câmaras distintas chamadas átrio e ventrículo. Os átrios são bombas fracas
que ajudam a movimentar o sangue para os ventrículos e os ventrículos são bombas
fortes que propelem o sangue para o pulmão, no caso do ventrículo direito ou para
os órgãos periféricos, no caso do ventrículo esquerdo. A ritmicidade cardíaca é
devido a mecanismos especiais que transmitem potenciais de ação por todo o músculo
cardíaco, gerando o batimento rítmico do coração (GUYTON; HALL, 2002; BERNE;
LEVY, 2009). A Figura 1 mostra a estrutura do coração e o fluxo sanguíneo pelas
câmaras cardíacas.

2.1.1 O CICLO CARDÍACO

Os ciclos cardíacos são os eventos do coração que ocorrem do início de cada


batimento cardíaco até o início do próximo. O nodo sinusal localizado na parede
lateral superior do átrio direito, próximo à abertura da veia cava superior, é responsável
pela geração espontânea de um potencial de ação que inicia o ciclo cardíaco. Este
potencial de ação se propaga rapidamente pelos átrios e através do feixe A-V para os
ventrículos. Durante a passagem do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos,
22

Figura 1: Estrutura do coração e fluxo sanguíneo pelas câmaras cardíacas


Fonte: Guyton e Hall (2002)

existe um atraso de mais de 0,1s. Isso faz com que os átrios contraiam-se antes
dos ventrículos, bombeando o sangue para os ventrículos antes do início da forte
contração ventricular. Desse modo, os átrios funcionam como bombas de escorva
para os ventrículos, e esses ventrículos, por sua vez, fornecem a maior parte da força
que vai propelir o sangue pelo sistema vascular (GUYTON; HALL, 2002).

O ciclo cardíaco consiste em um período de relaxamento, durante o qual o


coração se enche com sangue, chamado de diástole, seguido de um período de
contração, chamado de sístole, durante o qual o sangue sai do coração para o sistema
vascular (GUYTON; HALL, 2002; BERNE; LEVY, 2009).

A Figura 2 mostra os diferentes eventos, durante o ciclo cardíaco, para o lado


esquerdo do coração. Nela pode-se ver simultaneamente os gráficos da pressão
23

aórtica, pressão atrial, pressão ventricular, volume ventricular do lado esquerdo do


coração, além do eletrocardiograma e fonocardiograma (GUYTON; HALL, 2002).

Figura 2: Eventos do ciclo cardíaco para o lado esquerdo do coração


Fonte: Guyton e Hall (2002)

2.1.2 O ELETROCARDIOGRAMA (ECG)

Os biopotenciais gerados nos músculos do coração resultam no


eletrocardiograma, ECG ou EKG na Alemanha (CROMWELL et al., 1980).

Quando ocorrem os impulsos cardíacos no coração, a corrente elétrica


também se propaga para os tecidos próximos do coração até a superfície da pele.
Se forem colocados eletrodos sobre a pele em pontos opostos do coração, estes
potenciais elétricos gerados durante os ciclos cardíacos podem ser registrados,
formando o sinal ECG (GUYTON; HALL, 2002).

A Figura 3 mostra as ondas e intervalos de um sinal de ECG normal.

A onda P é gerada pela despolarização dos átrios, antes da contração atrial.


24

Figura 3: Ondas e intervalos de um sinal ECG.


Fonte: Autoria própria

O complexo QRS é gerado pela despolarização dos ventrículos, antes da contração


ventricular, e a onda T é devido à repolarização dos ventrículos. A repolarização dos
átrios não aparece, pois ocorre no mesmo momento do complexo QRS. A onda U é
a repolarização tardia das papilas do músculo ventricular, ocorre esporadicamente,
sendo difícil de ser observada (GUYTON; HALL, 2002).

Tensões Normais do Eletrocardiograma. As tensões das ondas no


eletrocardiograma normal dependem da maneira pela qual os eletrodos são colocados
na superfície do corpo e de sua distância do coração. Quando um eletrodo é colocado
diretamente sobre os ventrículos e um segundo eletrodo é colocado em outro ponto
do corpo, distante do coração, a tensão do complexo QRS pode ser de até 3 a 4mV.
Quando os eletrodos são colocados nos dois braços ou em um braço e perna, a tensão
do complexo QRS, em geral, é de cerca de 1 mV, do pico da onda R à base da onda S;
a tensão da onda P, está entre 0,1 e 0,3 mV e da onda T, entre 0,2 e 0,3 mV (GUYTON;
HALL, 2002; BERNE; LEVY, 2009).

Pela Tabela 1, extraída de Webster et al. (2010), esta tensão para sinais de
ECG com eletrodos na pele pode variar de 0,5 a 4 mV com faixa de frequência do
sinal de 0,1 a 250Hz (WEBSTER et al., 2010).
25

Tabela 1: Parâmetros Fisiológicos de ECG e temperatura


Parâmetro Faixa de Faixa de Sensor
Medida Frequência (Hz)
Sinais de ECG 0,5-4 mV 0,01-250 Eletrodos na pele
Temperatura 32-40 ◦ C DC-0,1 Termistor,
do corpo termopar
Fonte: Extraído de Webster et al. (2010)

Intervalo P-Q ou P-R. É o tempo entre o início da onda P e o início do


complexo QRS, ou seja, é o intervalo entre o início da excitação elétrica dos átrios
e o início da excitação dos ventrículos. O intervalo P-Q normal é de cerca de
160ms. Algumas vezes, esse intervalo é chamado de intervalo P-R devido à ausência
frequente da onda Q (GUYTON; HALL, 2002; BERNE; LEVY, 2009).

Intervalo Q-T. É o tempo de duração da contração do ventrículo, que é do


início da onda Q (ou onda R, se a onda Q está ausente) ao fim da onda T. Normalmente
o intervalo Q-T é de cerca de 350ms (GUYTON; HALL, 2002; BERNE; LEVY, 2009).

Frequência Cardíaca Determinada pelo Eletrocardiograma. Como a


frequência cardíaca é a recíproca do intervalo de tempo entre dois batimentos
(dois complexos QRS) sucessivos, a mesma pode ser facilmente determinada
no eletrocardiograma. Se o intervalo entre dois batimentos é de 1s (25 espaços
horizontais de 40 ms), a frequência cardíaca é de 60 batimentos por minuto (bpm).
Em um adulto normal, o intervalo entre dois batimentos é de cerca de 0,83 s.
Isso corresponde à frequência cardíaca de 60/0,83 vezes por minuto, ou 72 bpm
(GUYTON; HALL, 2002).

DERIVAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS

Derivações eletrocardiográficas fornecem informações dos sinais de ECG nos


planos frontal e horizontal do indivíduo.

As três Derivações Bipolares Periféricas.

Estas derivações fornecem dados eletrocardiográficos do plano frontal (não


proporcionam dados sobre potenciais dirigidos para a frente ou para trás). A Figura 4
mostra as conexões elétricas entre os membros do paciente e o eletrocardiógrafo para
26

o registro dos eletrocardiogramas das derivações bipolares periféricas. São bipolares


porque o eletrocardiograma é registrado por meio de dois eletrodos localizados nos
diferentes lados do coração, neste caso nos membros. Então, uma “derivação” não
é formada por um único fio e eletrodo ligado ao corpo, mas a combinação de dois
fios e seus eletrodos formando um circuito completo com o eletrocardiógrafo. O
eletrocardiógrafo é representado, na figura, por um registrador elétrico (GUYTON;
HALL, 2002).

Figura 4: Posição convencional dos eletrodos para as derivações periféricas padrões e


Triângulo de Einthoven
Fonte: Guyton e Hall (2002)
27

Derivação I. O terminal positivo do eletrocardiógrafo é conectado ao braço


esquerdo e o terminal negativo é conectado ao braço direito. Então, quando o lado
direito do tórax está eletronegativo em relação ao lado esquerdo, o eletrocardiógrafo
registra positivamente, isto é, acima da linha de tensão zero no eletrocardiograma.
Quando o lado direito do tórax está eletropositivo em relação ao lado esquerdo, o
eletrocardiógrafo registra negativamente, isto é, abaixo desta linha (GUYTON; HALL,
2002).

Derivação II. O terminal positivo do eletrocardiógrafo é conectado à perna


esquerda e o terminal negativo é conectado ao braço direito. Então, quando o braço
direito está eletronegativo em relação à perna esquerda, o eletrocardiógrafo registra
positivamente. Quando ocorre o oposto, o eletrocardiógrafo registra negativamente
(GUYTON; HALL, 2002).

Derivação III. O terminal positivo do eletrocardiógrafo é conectado à perna


esquerda e o terminal negativo é conectado ao braço esquerdo. Então, quando o
braço esquerdo é eletronegativo em relação à perna esquerda, o eletrocardiógrafo
registra positivamente. Quando o oposto é verdadeiro, o eletrocardiógrafo registra
negativamente (GUYTON; HALL, 2002).

Triângulo de Einthoven. Um meio esquemático de mostrar que os dois


braços e a perna esquerda formam os vértices de um triângulo ao redor do coração
é mostrado na Figura 4. Este triângulo em torno da área cardíaca é chamado de
triângulo de Einthoven (GUYTON; HALL, 2002; BERNE; LEVY, 2009).

Como se pode observar, as três derivações formam o triângulo de Einthoven


no plano frontal do corpo. Devido ao sinal escalar, cada derivação do triângulo de
Einthoven pode ser representada como uma fonte de tensão, que pela lei das tensões
de Kirchhoff (WEBSTER et al., 2010), tem-se:

VDI - VDII + VDIII = 0

ou

VDII = VDI + VDIII

Note na Figura 4 que a soma das tensões das derivações I e III é igual a tensão
da derivação II, isto é, 0,5mV + 0,7mV = 1,2mV. Matematicamente, este princípio,
chamado lei de Einthoven, é válido para qualquer instante dado do eletrocardiograma
(GUYTON; HALL, 2002).
28

Pelo eletrocardiograma das derivações I, II e III ilustrado pela Figura 5,


observa-se que essas três derivações tem sinais eletrocardiográficos similares, sendo
que as ondas P, QRS e T são positivas em cada eletrocardiograma. Quando se
deseja diagnosticar as diferentes arritmias cardíacas, não importa muito qual das três
derivações seja analisada, pois isto depende, principalmente, das relações de tempo
entre as ondas do ciclo cardíaco. Entretanto, quando se deseja diagnosticar lesão
ventricular, ou atrial, ou no sistema de Purkinje, todas são muito importantes, sendo
que as anomalias da contração cardíaca alteram acentuadamente o eletrocardiograma
em algumas derivações sem afetar outras (GUYTON; HALL, 2002).

Figura 5: Eletrocardiogramas normais das derivações periféricas I, II e III


Fonte: Guyton e Hall (2002)

Derivações Unipolares Periféricas Aumentadas

Existem três derivações unipolares adicionais no plano frontal. Unipolares


porque consistem do potencial que aparece em um eletrodo em relação a um eletrodo
de referência que é a média dos sinais vistos em dois ou mais eletrodos. Este eletrodo
de referência é o Terminal Central de Wilson (WCT) ilustrado na Figura 6. Aqui os três
eletrodos dos membros são conectados através de resistores de mesmo valor a um
nó comum, que é o WCT. Na prática, o valor dos resistores deve ser no mínimo 5 MΩ
pois a carga de qualquer derivação será mínima. O sinal entre o braço esquerdo (LA)
29

e o WCT é conhecido como VL, o do braço direito (RA) como VR e do pé esquerdo


como VF (WEBSTER et al., 2010).

Figura 6: Conexões dos eletrodos no corpo para obter o Terminal Central de Wilson
Fonte: Webster et al. (2010)

Note que para cada derivação, um dos resistores R desvia o circuito entre o
WCT e o eletrodo do membro. Isto tende a reduzir a amplitude do sinal observado
e pode-se modificar estas derivações para derivações aumentadas pela remoção da
conexão entre o membro sendo medido e o WCT. Isto não afeta a direção do vetor
da derivação e resulta em 50% de acréscimo na amplitude do sinal. As derivações
aumentadas, conhecidas como aVL, aVR e aVF, são ilustradas na Figura 7, onde em
“a”, “b” e “c”, vê-se as conexões dos eletrodos para as três derivações aumentadas
e em “d”, o diagrama de vetores das derivações periféricas padrões e aumentadas
no plano frontal. Note que quando é considerado a direção negativa para VR (vetor
tracejado), todos os seis vetores são igualmente espaçados em 30 ◦ , o que permite ao
cardiologista analisar o ECG com estas seis derivações e estimar a posição do vetor
cardíaco pela observação de qual das seis derivações tem a maior amplitude de sinal
naquele ponto no ciclo cardíaco (WEBSTER et al., 2010).
30

Figura 7: (a), (b), (c) Conexões dos eletrodos para as três derivações aumentadas. (d)
Diagrama de vetores das derivações padrões e aumentadas mostrando as direções no
plano frontal.
Fonte: Webster et al. (2010)

A Figura 8 ilustra os registros normais das derivações unipolares periféricas


aumentadas. Todos são similares aos registros das derivações periféricas padrões,
exceto que o registro da derivação aVR está invertido, pois é o único que está
polarizado invertido (GUYTON; HALL, 2002).
31

Figura 8: Eletrocardiogramas normais das derivações aumentadas aVR, aVL e aVF


Fonte: Guyton e Hall (2002)

Derivações Torácicas (Derivações precordiais)

As seis derivações precordiais (V1 a V6) foram propostas buscando-se uma


projeção do vetor cardíaco sobre o plano transversal (horizontal) do corpo humano
(BERNE; LEVY, 2009). O potencial entre estes eletrodos e WCT é o eletrocardiograma
de cada derivação. A Figura 9 ilustra em “a”, o posicionamento dos eletrodos e em “b”,
as posições dos vetores das derivações precordiais no plano transversal (WEBSTER
et al., 2010).

Figura 9: (a) Posição dos eletrodos das derivações precordiais. (b) Diagrama de vetores
das derivações precordiais no plano transversal.
Fonte: Webster et al. (2010)

O posicionamento dos eletrodos das derivações precordiais são assim


distribuídos (FILHO, 2016):

• V1 - eletrodo colocado no quarto espaço intercostal direito, rebordo esternal;


32

• V2 - eletrodo colocado no quarto espaço intercostal esquerdo, rebordo esternal;

• V3 - eletrodo colocado a meio caminho entre V2 e V4;

• V4 - eletrodo colocado no quinto espaço intercostal, linha médio-clavicular;

• V5 - eletrodo colocado no mesmo plano de V4 (mesma altura), linha axilar


anterior;

• V6 - eletrodo colocado no mesmo plano de V4 e V5, linha axilar média.

A Figura 10 ilustra em “a” o posicionamento dos eletrodos precordiais e em


“b” o corte transversal indicando as relações entre os dipolos da despolarização
ventricular e os eletrodos precordiais (FILHO, 2016).

Figura 10: (a) Posicionamento dos eletrodos das derivações precordiais. (b) Corte
transversal indicando as relações entre os dipolos e os eletrodos precordiais.
Fonte: Filho (2016)

Os diversos registros obtidos por esse método estão ilustrados na Figura 11


(GUYTON; HALL, 2002).

Figura 11: Eletrocardiogramas normais das derivações precordiais V1 a V6


Fonte: Guyton e Hall (2002)
33

2.2 TEMPERATURA CORPÓREA

A temperatura corporal do paciente fornece importantes informações médicas


sobre o estado fisiológico do indivíduo. A queda da pressão sanguínea é refletida pela
baixa da temperatura corporal devido à queda do fluxo de sangue na periferia do copo,
assim como, por outro lado, infecções geralmente refletem o aumento da temperatura
corporal (WEBSTER et al., 2010).

A temperatura central normal varia em uma faixa de temperaturas normais


dependendo da temperatura ambiente e exercícios físicos sendo realizados. Em geral,
a temperatura normal média situa-se entre 36,7 e 37 ◦ C quando medido na boca e é
0,6 ◦ C maior quando medida no reto. Durante exercício físico intenso, a temperatura
pode aumentar, temporariamente, para 38,3 a 40 ◦ C. Entretanto, se o corpo é exposto
ao frio intenso, a temperatura pode cair para valores inferiores a 35,5 ◦ C (GUYTON;
HALL, 2002).

Pela Tabela 1, extraída de Webster et al. (2010), a temperatura do corpo pode


variar entre 32 a 40 ◦ C com faixa de frequência do sinal de DC a 0,1 Hz (WEBSTER
et al., 2010).

A elevação da temperatura corpórea, acima da faixa normal, pode ocorrer


em pacientes com infecções, anormalidades no encéfalo, por substâncias tóxicas que
afetam os termorreguladores, por doenças bacterianas, tumores cerebrais e condições
ambientais, podendo causar grande prejuízo ao cérebro e a outros órgãos do corpo
humano (GUYTON; HALL, 2002).

A Figura 12 mostra a temperatura corporal em diferentes condições.

2.3 SISTEMAS SIMILARES DISPONÍVEIS NO MERCADO

Descreve-se aqui algumas soluções de equipamentos para monitoramento


atualmente no mercado.

Equipamento Poip Holter

Geração de eletrocardiograma para pesquisa científica. Faz o monitoramento


remoto do sinal cardíaco, por longos períodos e com acesso instantâneo dos dados
continuamente coletados e enviados para uma central de monitoramento. O ECG,
pode ser acompanhado em tempo real através de um portal online, acessível
34

Figura 12: Faixa de temperatura corporal em diferentes condições


Fonte: Guyton e Hall (2002)

a partir do navegador de qualquer computador conectado a internet. Utiliza no


próprio equipamento a rede 3G, não utilizando os smartphones para o processo de
comunicação com a central de monitoramento. O sistema é exclusivo para clínicas e
provedores de serviço (POIP, 2016).

Equipamento Vital Jacket

Equipamento para monitoramento do ECG de mais de 72 horas contínuas.


Os eletrodos são instalados numa camiseta confortável e de fácil manuseio. Grava
os sinais de ECG em cartão SD e também permite verificação em tempo real através
de conexão Bluetooth usando um computador ou Personal Digital Assistant (PDA).
Está disponível em duas versões. A primeira de uma derivação para 5 dias de
armazenamento e a segunda de cinco derivações para 72 horas de armazenamento
(BIODEVICES, 2016).

Equipamento SmartHeart

Equipamento para monitoramento do ECG com 12 derivações que permite


detetar ataques cardíacos. Pequeno e se comunica com um smartphone via Bluetooth
35

e usa comunicação celular para enviar os dados de ECG aos médicos ou hospitais de
diagnóstico. Também armazena os dados no smartphone e numa central que pode
ser acessada via internet de qualquer lugar do mundo (SHL, 2014).

Equipamento WebLooper CW-12

Equipamento para registro não contínuo de sinais de ECG de 12 derivações.


Faz o envio instantâneo do eletrocardiograma via Bluetooth para um computador
ou smartphone, permitindo o armazenamento e visualização dos sinais de ECG
(CARDIOWEB, 2016).

2.4 SISTEMAS SIMILARES ENCONTRADOS EM ARTIGOS CIENTÍFICOS

Descreve-se aqui algumas soluções de equipamentos para monitoramento


encontradas em artigos científicos.

Liao e Wen (2010) propuseram um sistema de monitoramento de sinais


fisiológicos utilizando uma placa microcontrolada AT91SAM9260-EK da empresa
ATMEL e que realiza múltiplas medidas dos sinais, tais como ECG, pulso, temperatura,
pressão sanguínea e outros. Os autores fornecem informações apenas do sensor de
temperatura utilizado o DS18B20 da empresa DALLAS, não entrando em detalhes de
como seriam os demais sensores e sua interligação com a placa microcontrolada.
A placa microcontrolada comunica-se com um smartphone através da interface
Bluetooth e este conecta-se com o servidor de rede na central médica através
da rede de telefonia celular. O acesso às informações do servidor de rede é
feito por navegadores na internet, assim os médicos podem facilmente acompanhar
remotamente os sinais fisiológicos de seus pacientes (LIAO; WEN, 2010). A Figura 13
ilustra o diagrama em blocos do sistema proposto.

Rashkovska et al. (2011) desenvolveram um sistema monitor de ECG


composto por 3 eletrodos sem fio, formando uma rede com protocolo SimpliciTI da
empresa Texas Instruments. Esta rede tem um gateway que é conectado a um módulo
Bluetooth, possibilitando a conexão com um smartphone, no caso um HTC HD2 com
Windows Mobile 6.5. Estava previsto como meta o desenvolvimento do programa
para o smartphone que mostraria os sinais recebidos graficamente. Estava previsto
também a implementação da transferência das informações via internet para o médico
pessoal (RASHKOVSKA et al., 2011). A Figura 14 ilustra o sistema proposto.
36

Figura 13: Diagrama em blocos proposto por Liao e Wen (2010)


Fonte: Adaptado de Liao e Wen (2010)

Figura 14: Sistema proposto por Rashkovska et al. (2011)


Fonte: Adaptado de Rashkovska et al. (2011)

Gakare et al. (2012) propuseram um monitor remoto de ECG em tempo


real utilizando smartphone com plataforma Android e um ECG ambulatorial portátil.
Utilizaram uma rede Bluetooth para comunicar o equipamento de ECG com o
smartphone e a rede General Packet Radio Services (GPRS), 3G ou Wi-Fi para
comunicação com um servidor de dados. Porém o foco deste estudo não estava
37

no desenvolvimento do equipamento de monitoramento em si, mas no algoritmo de


detecção do complexo QRS. Utilizaram um algoritmo de Pan Tompkins modificado e
compararam com o original. O de Pan Tompkins mostrou ainda ser mais eficiente
que o modificado, mas o algoritmo proposto mostrou ser muito eficaz em aquisição de
sinais ruidosos de ECG (GAKARE et al., 2012). A Figura 15 ilustra a arquitetura do
sistema proposto.

Figura 15: Sistema proposto por Gakare et al. (2012)


Fonte: Adaptado de Gakare et al. (2012)

Tejero-Calado et al. (2005) desenvolveram e implementaram um monitor


de ECG com tamanho reduzido e com multi canais baseados em Bluetooth, que
permite o monitoramento sem fio de pacientes e a inserção das informações na
rede Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) do hospital. A Figura
16 ilustra o diagrama em blocos do protótipo desenvolvido pelos autores. Foi
dividido em bloco de aquisição e condicionamento do sinal biomédico, bloco de
processamento digital e bloco de comunicação Bluetooth. Através de um equipamento
Access Point (AP) com capacidade para converter de Bluetooth para TCP/IP,
implementaram a integração dos dados de ECG com a rede de dados, possibilitando o
armazenamento e distribuição das informações de monitoramento em qualquer lugar
que fosse requisitado, de acordo com as politicas de segurança e confidencialidade
configuradas. Testes foram realizados com diferentes indivíduos e em diferentes
condições: descansando, andando, trabalhando... sendo os resultados satisfatórios
em todos os casos (TEJERO-CALADO et al., 2005).

Tello et al. (2012) apresentaram um sistema de monitoramento remoto de


38

Figura 16: Diagrama em Blocos de ECG proposto por Tejero-Calado et al. (2005)
Fonte: Adaptado de Tejero-Calado et al. (2005)

sinais de ECG e temperatura. O sistema consiste de um hardware (Arduino Uno)


para aquisição dos sinais, um módulo Bluetooth para transmissão e um módulo para
mostrar os dados (PC ou dispositivo móvel). As informações são também enviadas via
GPRS ou Wi-Fi para um servidor de dados clínicos, os quais podem ser acessados
por aplicações na internet. A Figura 17 ilustra o funcionamento do sistema proposto
pelos autores. Foi implementada a aquisição de 3 derivações, seguido dos estágios
de filtragem (0,05-150Hz) e amplificação do sinal. O amplificador de instrumentação
utilizado é o INA128P e sensor de temperatura o LM35. Verificada a performance
do protótipo realizando monitoramento de ECG e temperatura de 13 voluntários
acompanhado por um médico, que atestou os resultados obtidos em termos de
interpretação e capacidade de visualização remota (TELLO et al., 2012).

Lerdwuttiaugoon e Naiyanetr (2014) desenvolveram um sistema de


monitoramento de ECG de baixo custo para 1 derivação que transmite a informação a
um servidor de dados via rede de celular. Para amplificar o sinal de ECG, foi utilizado
o amplificador de instrumentação INA118 da Texas Instruments e foi escolhido o
microcontrolador ATmega328P que já tem incluso o ADC de 10 bits para a conversão
do sinal de ECG para digital. Foi utilizado a placa do Arduino Nano para simplificar
a construção do protótipo. Utilizaram o módulo Bluetooth BC417 para envio dos
dados do microcontrolador para o celular Android. No aplicativo Android os dados são
passados por filtro Finite Impulse Response (FIR) e salvos no cartão SD do celular e
enviados via File Transfer Protocol (FTP) a um servidor de dados. Para acessar as
informações salvas no servidor de dados, foi criado um servidor web e o sinal de ECG
foi mostrado em forma de gráfico. Executaram os testes com um simulador de ECG
39

Figura 17: Componentes do sistema proposto por Tello et al. (2012)


Fonte: Adaptado de Tello et al. (2012)

variando de 40 a 180 bpm (LERDWUTTIAUGOON; NAIYANETR, 2014). A Figura 18


ilustra o diagrama em blocos do sistema proposto por Lerdwuttiaugoon e Naiyanetr
(2014).

Figura 18: Diagrama em blocos proposto por Lerdwuttiaugoon e Naiyanetr (2014)


Fonte: Adaptado de Lerdwuttiaugoon e Naiyanetr (2014)
40

Lucena et al. (2015) descreveram o desenvolvimento e teste do circuito e


aplicativo Android para celulares com Bluetooth para receber o sinal de ECG de um
usuário e mostrar na tela em tempo real. Para o condicionamento do sinal de ECG, um
amplificador de instrumentação INA101 da Texas Instruments foi utilizado. Antes de
ser convertido para digital, o sinal de ECG passa por filtros analógicos implementados
com o amplificador operacional LM324. Foi implementado para 1 derivação, porém
citam que qualquer outra derivação do ECG clássico de 12 derivações pode ser usada.
Utilizaram o microcontrolador PIC18F45k20 da Microchip que inclui um ADC de 10
bits, porém convertem os dados amostrados para 8 bits, simplesmente descartando
os dois bits menos significativos, antes de transmitir. Para transmitir os dados ao
celular foi utilizado um módulo Bluetooth (Linvor JY-MCU) e serializados a 9600 bps.
O aplicativo Android desenvolvido é dedicado a receber as amostras do sinal de ECG
através do Bluetooth e processá-las para mostrar graficamente o ECG na tela do
celular (LUCENA et al., 2015). A Figura 19 ilustra o diagrama em blocos do sistema
proposto por Lucena et al. (2015).

Figura 19: Diagrama em blocos do sistema proposto por Lucena et al. (2015)
Fonte: Adaptado de Lucena et al. (2015)
41

3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento foram executadas algumas etapas descritas a seguir.

3.1 LEVANTAMENTO DE REQUISITOS

Requisitos são as capacidades e condições às quais o sistema ou projeto deve


atender (LARMAN, 2007).

Os requisitos funcionais abordam o que o sistema deve fazer e os requisitos


não funcionais declaram características de qualidade que o sistema deve possuir e
que estão relacionados às suas funcionalidades.

Segue a descrição dos requisitos funcionais, não funcionais e as restrições do


trabalho proposto.

3.1.1 REQUISITOS FUNCIONAIS

• Fazer a aquisição das derivações necessárias para o ECG;

• Fazer a aquisição da temperatura corporal;

• Fazer a comunicação com o smartphone via Bluetooth;

3.1.2 REQUISITOS NÃO FUNCIONAIS

• A interface deve ser simples e intuitiva com uso de toques de tela (touch screen);

• O aplicativo deve funcionar em smartphones com sistemas operacional Android


a partir da versão 2.3 Gingerbread;
42

3.1.3 RESTRIÇÕES

• O dispositivo móvel deve ter interface Bluetooth;

• O dispositivo móvel deve ter acesso à rede Wi-Fi ou à rede 3G;

• O protótipo e o dispositivo móvel devem estar dentro do alcance do Bluetooth;

• O dispositivo móvel deve ter capacidade de armazenamento disponível;

3.2 TESTES COM O KIT ADS1298RECG-FE ECG FRONT-END

O Kit da Texas Instruments ADS1298RECG-FE - ECG Front-End Performance


Demonstration Kit é uma placa eletrônica de avaliação escolhida para os testes
porque fornece uma maneira fácil e barata de iniciar desenvolvimentos de aplicações
com o conversor analógico para digital ADS1298R com 8 canais de 24 bits e baixo
consumo, além de ter sido desenvolvido especialmente para o monitoramento de
eletrocardiograma (ECG), eletroencefalograma (EEG) e eletromiograma (EMG).

Características do Hardware:

• Alimentação bipolar ou unipolar configurável;

• Clock interno ou externo configurável;

• Acoplamento AC ou DC das entradas configuráveis;

• Até 12 sinais de ECG configuráveis (DI, DII, DIII, aVR, aVL, aVF e V1 a V6);

• Dreno da Perna Direita (RLD);

• Amplificador de proteção externo;

• Terminal Central de Wilson (WCT) externo;

• Fácil conectividade com simuladores de ECG;

• Circuito para avaliação da respiração por impedância pneumográfica.


43

Características do Programa:

• Projetado para mostrar 12 sinais de ECG;

• Ferramenta de análise, incluindo osciloscópio, histograma, FFT e ECG;

• Impressão do arquivo para processar dados do ECG;

• Configuração do conjunto de registradores via interface gráfica do usuário (GUI).

A Figura 20 mostra a foto do kit ADS1298R.

Figura 20: Kit de Demonstração ADS1298R


Fonte: Texas (2012)

Para a realização dos testes funcionais do ECG, foi montado um cabo de


acordo com as especificações e cores padronizados e foi utilizado um simulador de
ECG da Bio-Tek modelo ECGplus conforme mostrado na Figura 21 e no diagrama em
blocos da Figura 22.

O Kit ADS1298RECG-FE é acompanhado por um programa software de


avaliação para os testes com a placa.
44

Figura 21: Testes de simulação do sinal de ECG


Fonte: Autoria própria

Figura 22: Diagrama em blocos do teste de simulação do sinal de ECG


Fonte: Autoria própria

3.3 DEFINIÇÃO DO CONVERSOR ANALÓGICO/DIGITAL PARA O ECG

O desafio aos projetistas no desenvolvimento de sistemas de monitoramento


de sinais fisiológicos são as medidas de sinais elétricos muito pequenos na presença
de tensões de modo comum e ruídos. É essencial utilizar amplificadores Front-end
de alta performance para complementar o processamento digital do sinal (TEXAS,
2013b).

O potencial de ação criado na contração do coração propaga correntes


elétricas do coração para o corpo e isto cria diferentes potenciais em diferentes pontos
45

do corpo, os quais podem ser captados pelos eletrodos na superfície da pele. Estes
potenciais elétricos são em AC com banda de 0,05Hz a 100Hz, algumas vezes até
1kHz. A tensão é em torno de 1mV pico-a-pico na presença de grandes ruídos
externos de alta frequência mais interferência de 50/60Hz e tensões de modo comum
(TEXAS, 2013b).

Em função das características necessárias para as medidas dos sinais


fisiológicos de ECG e dos testes realizados com o Kit ADS1298RECG-FE, foi definido
utilizar o ADC multicanal de amostragem simultânea, 24 bits sigma-delta ADS1298 da
Texas Instruments que tem as seguintes características:

• Específico para ECG, EEG e EMG;

• 8 canais de baixo ruído;

• Baixa potência: 0,75mW/canal;

• Taxa de Amostragem (Data rate): 250 a 32 ksps;

• Common Mode Rejection Ratio (CMRR): -115dB;

• Amplificador de Ganho Programável (PGA): 1, 2, 3, 4, 6 (padrão), 8 ou 12;

• Built in: Amplificador RLD, lead-off, WCT, Detecção de passo e sinais de teste;

• Interface: SPI;

• Encapsulamento: TQFP64.

A Figura 23 mostra o diagrama em blocos do ADS1298.

O ADS1298 tem um multiplexador de entrada flexível por canal que pode ser
independentemente conectado aos sinais gerados internamente para testes, medida
de temperatura e detecção de desconexão dos eletrodos (lead-off ). Além disso
qualquer configuração de canais de entrada pode ser selecionada para sinal de saída
do Right Leg Drive (RLD).

Como pode operar a altas taxas de amostragem (32 kSPS), permite a


implementação por software de detecção de passo. O amplificador integrado gera o
Terminal Central de Wilson (WCT) e o Terminal Central de Goldberger (GCT) (TEXAS,
2014a).
46

Figura 23: Diagrama em blocos do ADS1298


Fonte: Texas (2014a)

Detalhes do funcionamento do ADS1298, encontram-se no APÊNDICE A.


47

3.4 TESTES COM O KIT EZ430-RF256X E COM O MÓDULO HC05

Foram realizados testes funcionais de comunicação Bluetooth com dois tipos


de módulos. O primeiro módulo PAN1323, utilizando o Kit eZ430-RF256x da Texas
Instruments e o segundo módulo HC05, utilizando o Kit MSP-EXP430F5529LP
LaunchPad.

Testes do Módulo PAN1323

Foi utilizado o Kit eZ430-RF256x que é uma ferramenta completa de


avalização da TI Bluetooth CC256x - PAN1323 para o microcontrolador MSP430. O
teste foi realizado fazendo o pareamento dos dispositivos USB e remoto. Utilizando
o programa Windows fornecido pela Texas Instruments em um computador, pode-se
comprovar o funcionamento do módulo. A Figura 24 mostra os dispositivos remoto e
USB conectado a um notebook e a Figura 25 ilustra o diagrama em blocos do teste.

Figura 24: Kit Bluetooth eZ430-RF256x pareado


Fonte: Autoria própria

Figura 25: Diagrama em blocos do teste Kit Bluetooth eZ430-RF256x


Fonte: Autoria própria
48

Testes do Módulo HC05

Como existia a possibilidade de se ter dificuldades na montagem do módulo


Bluetooth PAN1323 por ser um módulo com montagem tipo BGA, foi previsto, também,
a utilização do módulo Bluetooth HC05, muito utilizado em projetos eletrônicos devido
ao baixo custo e às facilidades de interface com microcontroladores através da
interface UART. Foram realizados testes utilizando um smartphone Sansung Galaxy
S3 com um aplicativo de terminal gratuito, o BlueTerm (PYMASDE, 2016), o módulo
HC05 e o Kit de avaliação MSP-EXP430F5529LP LaunchPad com um firmware
desenvolvido especialmente para o teste. O sistema funcionou, transferindo dados
a 115200 bps sem problemas. O diagrama em blocos do teste do módulo HC05 é
ilustrado na Figura 26.

Figura 26: Diagrama em blocos do teste do módulo HC05


Fonte: Autoria própria

3.5 DEFINIÇÃO DO MÓDULO PARA COMUNICAÇÃO BLUETOOTH

O Bluetooth é uma tecnologia que possibilita que dispositivos eletrônicos


se interliguem de maneira rápida, descomplicada e sem fio, bastando que estejam
próximos um do outro. É encontrado em bilhões de dispositivos móveis como
celulares, tablets, computadores e dispositivos de entretenimento (BLUETOOTHSIG,
2014).

O Bluetooth pode ser usado para transferir dados ou áudio, usa a frequência
de rádio aberta e aceita globalmente de 2,4 GHz, podendo atingir alcance de 10 a
100m (BLUETOOTHSIG, 2014).

Por segurança, foram realizados testes e prevista a possibilidade do uso e


montagem no protótipo de dois tipos de módulos Bluetooth: o PAN1323 ou o HC05.

Devido à dificuldade de montagem do módulo PAN1323 no protótipo, pois o


encapsulamento do mesmo é tipo BGA, optou-se por utilizar o módulo HC05.
49

O módulo HC05 é produzido por diversos fabricantes e tem as seguintes


principais características (XIN et al., 2011):

• Wireless transceiver - Sensibilidade -80 dBm;

• Potência de saída: -4 a +6 dBm;

• Baud Rate máximo recomendado: 115.200 bps;

• Antena integrada de 2,4GHz;

• Tensão de alimentação: 3,1 a 4,2 V;

• HCI: "Host Controller Interface" via UART;

• Baixo consumo;

• Baixo custo.

A Figura 27 ilustra o módulo HC05.

Figura 27: Módulo Bluetooth HC05


Fonte: Autoria própria
50

3.6 DEFINIÇÃO DO MICROCONTROLADOR

O microcontrolador MSP430BT5190 foi desenvolvido pela Texas Instruments


especialmente para ser usado com o circuito integrado para Bluetooth CC2560 em
conjunto com a Stack Mindtree’s Ethermind Bluetooth e Serial Port Profile (SSP).

Como uma das possibilidades de módulo Bluetooth é o módulo PAN1323 que


tem como componente principal o CC2560, foi definido utilizar o microcontrolador
MSP430BT5190, sendo que também apresenta interface UART para o módulo HC05,
SPI para o ADS1298, I2C para acelerômetros e ADC de 12 bits para o sensor de
temperatura analógico. As características do MSP430BT5190 são:

• Projetado para ser usado com o Circuito Integrado (CI) Bluetooth CC2560 da TI;

• Comercialmente licenciado para usar a Stack Bluetooth MindTree;

• Ultra baixo consumo;

• 16 bits RISC até 25 MHz;

• 256 kB de memória Flash;

• 16 kB de memória SRAM;

• 8 Universal Serial Communication Interfaces (USCI) - para UART, SPI, I2C;

• ADC de 12 bits com 14 canais externos;

• Encapsulamento disponível PZ - PQFP 100.

A Figura 28 mostra o diagrama em blocos do MSP430BT5190.

3.7 DEFINIÇÃO DO SENSOR DE TEMPERATURA

A temperatura do corpo é um dos mais antigos indicadores conhecidos do


bem estar de uma pessoa. Dois tipos de temperatura podem ser obtidos do corpo
humano: medidas sistêmicas (interna) e da superfície da pele (CROMWELL et al.,
1980).

Apesar da medida da temperatura na superfície da pele poder alterar vários


graus de um ponto para outro, além de sofrer mais influência da temperatura ambiente
51

Figura 28: Diagrama em Blocos do MSP430BT5190


Fonte: Texas (2015a)

e entre outros fatores (CROMWELL et al., 1980), nesse trabalho, por ser menos
invasivo, foi realizada a medida na superfície da pele.

Existem diversos tipos de sensores de temperatura comumente usados em


aplicações médicas: termistores, termopares, junções PN (CARR, 1991) e circuitos
integrados. Entre os circuitos integrados para medida de temperatura existem os
analógicos e os digitais com interface I2C ou SPI. Foi definido utilizar o analógico
LM35 da Texas Instruments por ser um dos mais populares do mercado, calibrado em
graus Celsius, exatidão de 0,5 ◦ C, precisão de 0,25 ◦ C na temperatura ambiente, faixa
de -55 a + 150 ◦ C, linear em quase toda a faixa, resolução de 10mV/ ◦ C de fator de
escala (TEXAS, 2016b), além de que o microcontrolador tem ADC de 12 bits para fácil
leitura do sensor.

A Figura 29 mostra o esquema do sensor de temperatura LM35.

Foi utilizado o sensor de temperatura LM35 com encapsulamento TO-92


soldado com fios e envolto num espaguete termo-retrátil para ser fixado diretamente
na pele. A Figura 30 ilustra como ficou o sensor de temperatura.
52

Figura 29: Sensor de Temperatura LM35


Fonte: Texas (2016b)

Figura 30: Sensor de Temperatura LM35 encapsulado


Fonte: Autoria própria

3.8 DIAGRAMA EM BLOCOS DO HARDWARE DESENVOLVIDO

A Figura 31 ilustra o diagrama em blocos do sistemas de monitoramento dos


sinais de ECG e temperatura, onde ECG_BLUE é o nome da placa do protótipo
desenvolvida.

3.8.1 CIRCUITOS DE PROTEÇÃO

Os sinais provenientes dos eletrodos para o ECG, antes de chegar ao front-


end, passam por um circuito de proteção contra descargas eletrostáticas, composto
por resistores e diodos de proteção.
53

Figura 31: Diagrama em Blocos do protótipo ECG_BLUE desenvolvido


Fonte: Autoria própria

3.8.2 FRONT-END

Composto pelo ADS1298 que é um componente Texas Instruments da família


de conversores analógico/digital (ADC) de baixo consumo, com referência de tensão
e oscilador interno, 8 canais de amostragem simultânea, 24 bits delta-sigma com
amplificadores de ganho programável (PGA) integrado com 7 níveis (1, 2, 3, 4, 6, 8 e
12). No desenvolvimento do protótipo foi utilizado o ganho padrão 6. Desenvolvido
para ser utilizado em medidas de biopotenciais, o componente incorpora todas
as, características comumente requeridas em aplicações médicas de ECG, EEG e
EMG. O ADS1298 tem entradas com multiplex flexível onde cada canal pode ser
independentemente conectado ao gerador interno de sinais de teste, temperatura e
detecção de desconexão do eletrodo (lead-off ).

3.8.3 MÓDULO BLUETOOTH

Para comunicação com o dispositivo móvel e para evitar possíveis problemas


de Rádio Frequência (RF) no layout da placa e na antena, optou-se em utilizar um
módulo Bluetooth. Por precaução a placa foi desenvolvida para receber duas opções
de módulo Bluetooth, o módulo PAN1323 da Panasonic (PANASONIC, 2016) que
54

tem como componente principal o circuito integrado CC2560 da Texas Instruments


ou o módulo Bluetooth HC05, sendo este último o utilizado no desenvolvimento do
protótipo.

3.8.4 MICROCONTROLADOR

Utilizado o MSP430BT5190 da Texas Instruments (TEXAS, 2015a),


desenvolvido para ser usado com o circuito integrado Bluetooth CC2560 em conjunto
com o Stack Mindtree Ethermind Bluetooth e Serial Port Profile (SSP), além de conter
interface SPI para o ADS1298, interface UART para o HC05 e ADC de 12 bits para o
sensor de temperatura.

3.8.5 CIRCUITOS DE CONVERSÃO DE TENSÃO

No caso de se utilizar o módulo Bluetooth PAN1323, como ele é alimentado


em 1,8V e como o microcontrolador é alimentado em 3,0 V foi previsto o uso de
transceptores com conversores de tensão compostos pelo CI SN74AVC2T45 .

3.8.6 SENSOR DE TEMPERATURA

Foi definido utilizar o sensor de temperatura analógico LM35 (TEXAS, 2016b)


por ser um dos mais simples e populares de mercado, calibrado em graus Celsius, na
faixa de -55 a +150 o C com exatidão de 0,5 o C e linear em quase toda a faixa. Como o
microcontrolador MSP430BT5190 utilizado apresenta um conversor analógico/digital
de 12 bits é possível utilizar outros sensores de temperatura analógicos com exatidão
maior para realizar o monitoramento da temperatura corporal.

3.8.7 FONTES REGULADORAS

Para regular a tensão proveniente da bateria de 4,8 V e gerar as diversas


tensões necessárias para alimentar os circuitos (1,8 V , ±2,5 V e 3,0 V), foram
utilizados um gerador de tensão negativa TPS60403 (TEXAS, 2015b) e os reguladores
de tensão TPS72718 (TEXAS, 2014b), TPS73201 e TPS73230 (TEXAS, 2015c) todos
da Texas Instruments.
55

3.9 DESENVOLVIMENTO DO HARDWARE

Realizado os testes iniciais e definidos os módulos e componentes do projeto,


segue a descrição do desenvolvimento do Hardware.

3.9.1 DESENVOLVIMENTO DO ESQUEMAS ELÉTRICOS DA PLACA DO


ECG_BLUE

O esquema elétrico da placa do ECG_BLUE foi desenvolvido utilizando o open


source software Eeschema do pacote KiCad EDA suite. O esquema elétrico foi dividido
em três partes, o esquema elétrico do Microcontrolador MSP430BT5190, o esquema
elétrico do ADC ADS1298R e o esquema elétrico das fontes reguladores.

Os esquemas elétricos se encontram no APÊNDICE B.

3.9.2 DESENVOLVIMENTO DA PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO DO ECG_BLUE

A placa de circuito impresso (PCI) do protótipo ECG_BLUE foi desenvolvido


utilizando o open source software PcbNew do pacote KiCad EDA suite (CHARRAS
et al., 2016). A placa foi projetada para ser acomodada fisicamente numa caixa
padrão Patola PB110 para montagem do protótipo, ficando com 110 x 69 x 1,6 mm
(comprimento x largura x espessura) em dupla face.

Detalhes da serigrafia de componentes, o lado superior e o lado inferior da


PCI do protótipo ECG_BLUE pode ser vista no APÊNDICE B.
56

3.10 DESENVOLVIMENTO DO FIRMWARE

Para o desenvolvimento do firmware foi utilizado a IDE Code Composer Studio


V6 for MSP MCU e a ferramenta USB de gravação e depuração MSP-FET430UIF
ambos da Texas Instruments.

3.10.1 IDE CODE COMPOSER STUDIO (CCS)

O CCS compreende um conjunto de ferramentas usadas para desenvolver e


depurar programas de aplicações embarcadas. Ele inclui um otimizado compilador
C/C++, editor de código fonte, ambiente de construção de projetos, depurador,
compilador e muitos outros recursos. O CCS é baseado na IDE Eclipse com recursos
para desenvolvedores de sistemas embarcados (TEXAS, 2016a).

O desenvolvimento foi feito em linguagem C e a Figura 32 ilustra o ambiente


de desenvolvimento da IDE CCS.

Figura 32: Ambiente de Desenvolvimento da IDE CCS


Fonte: Autoria própria
57

3.10.2 FERRAMENTA DE GRAVAÇÃO E DEPURAÇÃO MSP-FET430UIF

O MSP-FET é uma ferramenta de desenvolvimento, também conhecida como


debug probe. O MSP-FET proporciona o caminho para depuração e comunicação
entre o computador e o microcontrolador MSP. Carrega os programas (firmwares)
desenvolvidos para o MSP alvo usando o Bootstrap Loader (BSL) via protocolos de
comunicação UART e I2C. A interface USB liga o MSP-FET ao computador, enquanto
que o conector de 14 pinos fornece acesso a porta de depuração MSP, que consiste
de uma interface padrão JTAG ou Spy-Bi-Wire (2 fios JTAG) (TEXAS, 2013a). A Figura
33 ilustra o MSP-FET430UIF utilizado e a Figura 34 ilustra o MSP-FET430UIF sendo
utilizado no desenvolvimento e testes da placa ECG_BLUE com o simulador de ECG
da BioTek.

Figura 33: Programador e depurador MSP-FET430UIF


Fonte: Autoria própria

A Figura 35 ilustra o diagrama em blocos do sistema de desenvolvimento e


testes da placa ECG_BLUE.

3.10.3 PROTOCOLO DE COMUNICAÇÃO ECG_BLUE X ANDROID ECGBLUE VIA


BLUETOOTH

Foi definido um protocolo próprio e simples para gerenciar a comunicação


entre o protótipo ECG_BLUE e o dispositivo móvel rodando o aplicativo desenvolvido
ECGBlue.

A taxa de comunicação programada foi a máxima recomendada para o módulo


HC05, ou seja, de 115200 bps, 8 bits, 1 stop bit e sem paridade.
58

Figura 34: MSP-FET430UIF com placa ECG_BLUE e simulador de ECG


Fonte: Autoria própria

Figura 35: Diagrama em blocos do sistema de desenvolvimento e testes da placa


ECG_BLUE
Fonte: Autoria própria
59

Estrutura do bloco de comunicação

A estrutura do bloco de comunicação é: Sincronismo, Comando, Chksum.

Onde Sincronismo = AAh 55h e Chksum = soma de todos os bytes recebidos,


inclusive o sincronismo e o Chksum deve ser 0.

A Tabela 2 mostra a descrição dos comandos do protocolo desenvolvido.

Tabela 2: Descrição dos Comandos do Protocolo


Descrição Android ECG_BLUE Comando Protocolo (Hex)
Iniciar Monitoramento ECG TX RX 00 AA 55 00 01
Resposta ao comando 00 RX TX 00 AA 55 00 01
Envia dados de RX TX 02 AA 55 02 FF TH TL
Monitoramento ECG SH SM SL dados
Fonte: Autoria própria

Onde:

TH e TL = Temperatura High e Low.

SH, SM e SL = Status High, Medium and Low.

dados = sequência de 3 x 8 bytes correspondente aos 8 canais do ADC.

3.11 DESENVOLVIMENTO ANDROID

3.11.1 A PLATAFORMA ANDROID

O Android consiste numa plataforma de desenvolvimento para aplicativos


móveis, baseada numa versão modificada do sistema operacional Linux, com diversas
aplicações já instaladas e um ambiente de desenvolvimento poderoso. Pode ser
considerado como um sistema operacional para dispositivos móveis de caráter open
source que foi originalmente desenvolvido por uma empresa fundada em 2003
chamada Android Inc. Em 2005 o Google como parte de sua estratégia para
entrar no mercado de dispositivos móveis, comprou a Android Inc, assumindo o
desenvolvimento da plataforma (LEE, 2011). Atualmente não é apenas o Google
que mantem o Android e sim um grupo formado por empresas líderes do mercado
de telefonia como a Motorola, LG, Samsung, Sony Ericsson e muitas outras. Esse
grupo, chamado de Open Handset Alliance (OHA) foi criado com a intenção de
60

padronizar uma plataforma de código aberto e livre para celulares, visando atender
as expectativas e tendências do mercado (LECHETA, 2010).

O Android foi concebido para ser uma plataforma verdadeiramente livre. Por
exemplo, uma aplicação pode invocar qualquer uma das principais funcionalidades do
telefone, como fazer chamadas, enviar mensagens de texto, usar o Global Positioning
System (GPS) ou usar a câmera, permitindo aos desenvolvedores criar experiências
mais ricas para os usuários (OHA, 2007). O Android, sendo de código aberto,
permite que desenvolvedores do mundo inteiro possam contribuir, adicionando novas
funcionalidades ou corrigindo falhas (LECHETA, 2010).

3.11.2 SISTEMA OPERACIONAL LINUX

“O sistema operacional Android foi baseado no kernel 2.6 do Linux, sendo


responsável por gerenciar a memória, os processos, threads e a segurança dos
arquivos e pastas, além de redes e drivers” (LECHETA, 2010).

O sistema operacional permite que vários aplicativos possam ser executados


simultaneamente, gerenciando e otimizando a utilização da memória. A vantagem
de se basear no Linux, além de ser de código livre, é a segurança e robustez que o
sistema já apresenta ao longo dos anos de desenvolvimento.

3.11.3 MÁQUINA VITUAL DALVIK

O desenvolvimento de aplicações Android é feito na linguagem Java. O Java é


uma linguagem de programação desenvolvida para ser portável, isto é, que programas
escritos em Java poderiam ser executados através de uma máquina virtual JVM em
computadores diferentes, não importando o sistema operacional (DEITEL; DEITEL,
2005). Porém devido aos recursos de hardware reduzidos dos dispositivos móveis,
houve a necessidade de adaptar a JVM.

O Android utiliza uma máquina virtual específica e otimizada para dispositivos


móveis, chamada Dalvik. Depois que o código fonte Java é compilado, ele é
convertido para o formato .dex (Dalvik Executable). Todos os arquivos fonte do sistema
são compilados (.dex) e compactados junto com outros arquivos de recursos como
imagens, formando um único arquivo com extensão .apk (Android Pakage File) que
representa a aplicação final, pronta para ser distribuída e instalada (LECHETA, 2010).
61

3.11.4 AMBIENTE DE DESENVOLVIMENTO

Os principais ambientes de desenvolvimentos são o Eclipse, Netbeans,


Android Studio da IntelliJ IDEA sendo, este último, considerado a Integrated
Development Environment (IDE) oficial de desenvolvimento pelo Google a partir de
2015. O Google disponibiliza gratuitamente o Android SDK (Software Development
Kit) que contém toda biblioteca de Application Programming Interface (API) e as
ferramentas necessárias para compilar, testar e emular aplicativos para Android.
Atualmente, no site para desenvolvedores em Android, existe para download
um pacote de programas chamado Android Studio Bundle que contém todos os
programas necessários para o desenvolvimento, ou seja, além do Android SDK a
IDE Android Studio com o plugin Android Development Tools (ADT), além de outros
programas auxiliares (GOOGLE, 2016), sendo este, o ambiente de desenvolvimento
adotado neste trabalho.

3.11.5 MODELO DE CASO DE USO DO APLICATIVO ECGBLUE

O modelo de caso de uso ilustra as funções pretendidas do sistema (casos


de uso), suas vizinhanças (atores) e relacionamentos entre os casos de usos e atores
(diagrama de casos de uso) (PIMENTEL, 2007).

Para o diagrama de caso de uso foi utilizada a versão livre do programa para
modelagem UML chamado Astah Community.

Definição dos Atores

Atores são entidades externas ao software. Eles representam algo ou alguém


que deve interagir com o aplicativo. No aplicativo implementado, foram definidos os
seguintes atores:

• Usuário - O paciente e/ou o profissional médico que pode interagir com o


aplicativo para iniciar o monitoramento e análise dos sinais fisiológicos.

• ECG_BLUE - O equipamento desenvolvido que faz a captura do sinais


fisiológicos e os envia para o aplicativo.

• Arquivos de Dados - Arquivos gerados a partir dos dados de monitoramento


recebidos pelo equipamento ECG_BLUE.
62

Definição dos Casos de Uso

Casos de uso representam as funcionalidades fornecidas pelo sistema, isto


é, que capacidades serão providas para o ator pelo sistema (PIMENTEL, 2007).

Para o aplicativo, foram definidos os seguintes casos de uso:

• Ligar Bluetooth - Caso o Bluetooth do dispositivo móvel não esteja ligado ao


rodar o aplicativo, uma solicitação de ativação do Bluetooth do mesmo será
mostrada.

• Conectar Bluetooth - Uma vez preparado o equipamento ECG_BLUE para


fazer o monitoramento dos sinais, deve-se conectar o dispositivo móvel com o
ECG_BLUE para a transferência dos dados. As etapas de pareamento entre os
equipamentos também estão implementadas neste caso de uso.

• Iniciar Monitoramento - Uma vez conectado o Bluetooth do dispositivo móvel


com o equipamento ECG_BLUE, pode-se iniciar o monitoramento efetivamente
a partir deste caso de uso.

• Armazenar Dados - Os dados dos sinais fisiológicos são armazenados em


arquivos.

• Mostrar Gráfico em 2 segundos - Quando monitorando, é possível ver o


eletrocardiograma completo sendo atualizado de 2 em 2 segundos e a
temperatura corporal atualizada de 1 em 1 minuto.

• Mostrar Gráfico Arquivos - Quando desconectado, é possível ver os primeiros


2 segundos do eletrocardiograma completo de cada arquivo de 1 minuto e a
temperatura corporal de cada arquivo.

Diagrama de Caso de Uso

Diagrama de caso de uso é uma visão gráfica dos atores, casos de usos
e seus relacionamentos identificados para um sistema. A Figura 36 apresenta o
diagrama de casos de uso do aplicativo desenvolvido.
63

DiagramECGBlue.png

Figura 36: Diagrama de Caso de Uso do Aplicativo


Fonte: Autoria própria

3.11.6 PRINCIPAIS APIS E BIBLIOTECAS UTILIZADAS

Para o desenvolvimento do aplicativo Android, foram utilizadas APIs e


bibliotecas de terceiros, das quais, as principais, estão listadas aqui.

Bluetooth

A plataforma Android suporta a pilha de rede Bluetooth, que possibilita aos


dispositivos móveis trocar dados com outros dispositivos Bluetooth. Utilizando a API
Bluetooth, um aplicativo Android pode executar o seguinte (GOOGLE, 2014):

• Procurar por outros dispositivos Bluetooth;

• Listar dispositivos Bluetooth locais emparelhados;

• Estabelecer canais com protocolo RFCOMM;


64

• Conectar-se a outros dispositivos por meio do serviço de descoberta;

• Transferir dados para e de outros dispositivos;

• Gerenciar múltiplas conexões.

O princípio básico para realizar uma comunicação Bluetooth é utilizar a API


Bluetooth do Android para executar as 4 principais tarefas: configurar o Bluetooth,
encontrar dispositivos que estão emparelhados ou disponíveis na área local, conectar
os dispositivos e transferir dados entre os dispositivos.

Toda a API Bluetooth está disponível no pacote android.bluetooth. Segue a


descrição das principais classes utilizadas no projeto (GOOGLE, 2014):

• BluetoothAdapter

Representa o rádio Bluetooth local. É o ponto de entrada para todas as


interações Bluetooth. Pode-se descobrir outros dispositivos, consultar uma
lista de dispositivos emparelhados, instanciar um BluetoothDevice usando um
endereço MAC conhecido e criar um BluetoothServerSocket para escutar as
comunicações de outros dispositivos.

• BluetoothDevice

Representa o dispositivo Bluetooth remoto. Usado para requerer uma conexão


com um dispositivo remoto através de um BluetoothSocket ou consultar
informações sobre o dispositivo como o seu nome, endereço, classe e estado
da ligação.

• BluetoothSocket

Representa a interface para um Bluetooth Socket (similar a um TCP Socket).


Este é o ponto de conexão que permite a uma aplicação trocar dados com um
outro dispositivo Bluetooth via InputStream e OutputStream.

• BluetoothServerSocket

Representa um server socket aberto que atende a pedidos de entrada (similar a


um TCP ServerSocket). Para conectar dois dispositivos Android, um dispositivo
deve abrir um server socket com esta classe. Quando um dispositivo Bluetooth
remoto faz um pedido de conexão à este dispositivo, o BluetoothServerSocket
retornará um BluetoothSocket quando a conexão é aceita.
65

Gráficos utilizando biblioteca GraphView para Android

Existem várias bibliotecas disponíveis para trabalhar com gráficos em


Android. Em uma rápida pesquisa realizada na web, pode-se listar AChartEngine
(ACHARTENGINE.ORG, 2015), Infragistics (INFRAGISTICS, 2015), RChart
(RCHART, 2015), GraphView (GEHRING, 2015) e outras.

Optou-se utilizar a biblioteca GraphView (GEHRING, 2015) pois além de ser


uma biblioteca open source, apresenta gráficos de visual agradável, fácil de entender
e possui vários exemplos de utilização que auxiliam na integração da biblioteca com o
sistema.

As principais características da biblioteca GraphView são (GEHRING, 2015):

• Permite diferentes tipos de gráficos (linha, barra e pontos);

• Múltiplos gráficos simultaneamente;

• Gráficos em tempo real;

• Legendas;

• Valores customizáveis nos eixos x e y;

• Viewport - Definição da janela de dados que será mostrada;

• Scrolling/Zooming.
66

4 RESULTADOS

Neste capítulo estão relacionados a apresentação do protótipo, a descrição


de funcionamento do protótipo e do aplicativo Android e os resultados obtidos.

4.1 APRESENTAÇÃO DO PROTÓTIPO

A Figura 37 mostra a placa de circuito impresso montada e com o módulo


Bluetooth HC05 utilizado nos testes do protótipo.

Figura 37: Placa ECG_BLUE montada com módulo Bluetooth HC05


Fonte: Autoria própria

A Figura 38 mostra o protótipo montado na caixa visto por cima e no lado dos
conectores.
67

Figura 38: Caixa Protótipo. (a) Visto por cima. (b) Lado dos conectores
Fonte: Autoria própria

4.1.1 SINAIS DE COMUNICAÇÃO DO ADS1298R COM O MICROCONTROLADOR

O pino Data Ready (/DRDY) do ADS1298R quando vai para o nível baixo
indica que novos dados de conversão estão prontos para serem lidos. Como foi
programado para conversão contínua a 250 Samples Per Second (SPS), o ADS1298R
envia 27 bytes, dos quais, 3 bytes são de status, mais 8 canais vezes 3 bytes a
cada 4ms. As figuras 39 e 40 a seguir foram obtidas com um osciloscópio Tektronix
TDS2002C. A Figura 39 mostra os dados sendo transmitidos entre dois sinais de
/DRDY. A Figura 40 ilustra o tempo entre a transmissão de um byte para outro, que é
de 100us.
68

Figura 39: Tempo entre conversões do ADS1298R - 4ms - c1 = DRDY e c2 = dados


Fonte: Autoria própria

Figura 40: Tempo entre tx de bytes do ADS1298R - 100us - c1 = DRDY e c2 = dados


Fonte: Autoria própria
69

4.1.2 FUNCIONAMENTO DO PROTÓTIPO ECG_BLUE

A Figura 41 ilustra o painel do protótipo ECG_BLUE com a descrição dos


conectores e LEDs.

Figura 41: Descrição dos conectores e LEDs do ECG_BLUE


Fonte: Autoria própria

Ao alimentar o protótipo ECG_BLUE com o conjunto de 4 baterias


recarregáveis de 1,2V, totalizando 4,8V, o LED amarelo de Reset pisca por
aproximadamente 300ms indicando que inicializou os componentes e o LED vermelho
começa a piscar numa frequência de 2,5Hz indicando que o protótipo está ligado,
porém o Bluetooth está desconectado. A solicitação de conexão é feita pelo aplicativo
Android ECGBlue, que ao conectar o Bluetooth do dispositivo móvel com o do protótipo
ECG_BLUE o LED vermelho se apaga, indicando que o Bluetooth está conectado.
Certificado que está tudo certo com os eletrodos do sinal de ECG e com o sensor de
temperatura, inicia-se o monitoramento dos sinais fisiológicos pelo aplicativo Android.
O LED verde pisca indicando que os dados estão sendo transmitidos do protótipo
ECG_BLUE para o dispositivo móvel e, pelo aplicativo, pode-se acompanhar os
gráficos das derivações do ECG sendo atualizado de 2 em 2 segundos.
70

4.2 FUNCIONAMENTO E TELAS DO APLICATIVO ANDROID

O aplicativo foi instalado no dispositivo móvel Tablet Samsumg Galaxy Note


10.1 e as entradas dos eletrodos do protótipo ECG_BLUE foram ligados ao simulador
de ECG da Bio-Tek.

Uma das primeiras telas ao rodar o aplicativo é o pedido de permissão para


ativar o Bluetooth caso o mesmo não esteja ligado, pois o aplicativo necessita que
a comunicação Bluetooth esteja sempre ligada para comunicação com o protótipo
ECG_BLUE. A Figura 42 ilustra a tela de solicitação de permissão.

Figura 42: Tela de permissão para ativar o Bluetooth


Fonte: Autoria própria

Uma vez ativado o Bluetooth do dispositivo móvel, a Figura 43 ilustra a tela


quando o dispositivo móvel ainda não está conectado ao equipamento ECG_BLUE.
Isto pode ser visto na área de Status da barra de menu do aplicativo como “Não
conectado”. A mensagem “Instalar os eletrodos no paciente e fazer a conexão
Bluetooth clicando B)) e pareando com ECG_BLUE” também é mostrada na tela do
programa.
71

Figura 43: Tela de não conectado com o protótipo ECG_BLUE


Fonte: Autoria própria

Com o protótipo ECG_BLUE devidamente ligado, clicando no ícone B)), a tela


da Figura 44 é mostrada para seleção do dispositivo Bluetooth a ser conectado com
o dispositivo móvel. Caso o nome do módulo Bluetooth, HC05, não apareça na lista,
pode-se teclar em “Procurar por dispositivos” que o mesmo deve aparecer na lista para
o devido pareamento e conexão.

Ao clicar no dispositivo ECG_BLUE (HC05) listado, o dispositivo móvel tentará


conexão com o protótipo ECG_BLUE, conforme mostrado na Figura 45.

Ao se conectar com o ECG_BLUE (HC05), a tela mostrada na Figura 46


indica que o dispositivo móvel está conectado via Bluetooth ao protótipo ECG_BLUE
esperando que se inicie efetivamente o monitoramento dos sinais fisiológicos.

Clicando-se em “Iniciar”, o dispositivo móvel envia um comando para o


protótipo ECG_BLUE iniciar a captura dos sinais fisiológicos. O LED verde do
ECG_BLUE pisca indicando que o monitoramento se iniciou e a tela mostrada pela
Figura 47 no dispositivo móvel indica que os dados estão sendo recebidos. Um arquivo
de dados é gravado no dispositivo móvel a cada minuto.
72

Figura 44: Tela “Selecione um dispositivo para conectar”


Fonte: Autoria própria

Figura 45: Tela “Conectando”


Fonte: Autoria própria
73

Figura 46: Tela “Conectado”


Fonte: Autoria própria

Figura 47: Tela “monitorando”


Fonte: Autoria própria
74

Para visualizar os sinais em forma de gráfico atualizando de 2 em 2 segundos,


deve-se clicar no ícone dos 3 pontos no canto superior direito, conforme a Figura 48.

Figura 48: Tela mostrar gráfico de 2 em 2 segundos


Fonte: Autoria própria

A Figura 49 ilustra o gráfico atualizado de 2 em 2 segundos, das derivações


periféricas (DI, DII e DIII) e aumentadas (aVR, aVL e aVF) do sinal de ECG.

Na escala vertical cada divisão representa 0,7mV e na escala horizontal cada


divisão representa 40ms.

Na barra de menu pode-se selecionar o tipo de gráfico que se deseja


visualizar, podendo-se escolher entre periféricas, precordiais e temperatura. A Figura
50 mostra o gráfico das derivações precordiais (V1, V2, V3, V4, V5 e V6), que
apresenta a mesma escala das derivações periféricas.

A Figura 51 ilustra o gráfico da temperatura atualizado de 1 em 1 minuto. No


momento da captura, a temperatura medida é a do ambiente.

Na escala vertical cada divisão representa 2 ◦ C e na escala horizontal cada


divisão representa 2 segundo.
75

Figura 49: Tela gráfico das derivações periféricas e aumentadas em 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 50: Tela gráfico das derivações precordiais em 2 s


Fonte: Autoria própria
76

Figura 51: Tela gráfico de temperatura em 60 s


Fonte: Autoria própria

Para sair do modo de gráficos em 2 segundos, basta clicar no ícone dos


3 pontos, no canto superior direito, e clicar em “Esconder gráficos 2 s”, conforme
ilustrado na Figura 52. O aplicativo continua monitorando os sinais, porém sem
mostrar os gráficos, conforme ilustrado na Figura 47.

O aplicativo uma vez desconectado do equipamento ECG_BLUE, clicando no


ícone de 3 pontos, permite a visualização dos primeiros 2 segundos de cada arquivo
de 1 minuto de dados, como ilustrado na Figura 53.

Ao clicar em “Ler arquivo”, uma lista com os arquivo de dados armazenados é


mostrada, conforme ilustrado na Figura 54.

Em todos os gráficos lido dos arquivos as escalas continuam as mesmas


dos gráficos atualizados de 2 em 2 segundos. A Figura 55 ilustra o gráfico das
derivações periféricas (DI, DII e DIII) e aumentadas (aVR, aVL e aVF) para o arquivo
0001_20160320_214718.ecg selecionado da lista de arquivos.
77

Figura 52: Tela esconder gráficos de 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 53: Tela “Ler arquivo”


Fonte: Autoria própria
78

Figura 54: Tela “Lista de arquivos”


Fonte: Autoria própria

O formato do nome do arquivo gerado foi convencionado da seguinte maneira:


NNNN_AAAAMMDD_HHMNSS.ecg

Onde:

NNNN = número do usuário

AAAA = Ano

MM = Mês

DD = Dia

HH = Hora

MN = Minuto

SS = Segundo

Então para o arquivo selecionado tem-se: Usuário 0001 coletado dia


20/03/2016 às 21 horas 47 minutos e 18 segundos.

Do mesmo modo, na barra de menu pode-se selecionar o tipo de gráfico que


se deseja visualizar, podendo-se escolher entre periféricas, precordiais e temperatura.
79

Figura 55: Tela “Gráfico das derivações periféricas e aumentadas do arquivo


selecionado”
Fonte: Autoria própria

A Figura 56 mostra o gráfico das derivações precordiais (V1, V2, V3, V4, V5 e V6) para
o arquivo 0001_20160320_214718.ecg.

A Figura 57 ilustra o gráfico da temperatura para o arquivo


0001_20160320_214718.ecg. A temperatura indicada é a da temperatura ambiente
na data.
80

Figura 56: Tela “Gráfico das derivações precordiais do arquivo selecionado”


Fonte: Autoria própria

Figura 57: Tela “Gráfico de temperatura do arquivo selecionado”


Fonte: Autoria própria
81

4.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ECG EM GRÁFICOS ATUALIZADOS DE 2 EM


2 SEGUNDOS

Nos testes realizados de ECG, as entradas do ECG_BLUE foram ligados ao


simulador de ECG da Bio-Tek. Os gráficos do sinal de ECG no aplicativo Android são
atualizados a cada 2 segundos, sendo feitas várias capturas de telas das derivações
periféricas (DI, DII e DIII) e aumentadas (aVR, aVL e aVF) , considerando as diversas
frequências cardíacas que contemplam o simulador de ECG e que são apresentados
aqui. A escala vertical é representada por 0,7mV por divisão e na escala horizontal
cada divisão representa 40ms.

A Figura 58 ilustra o ECG das derivações periféricas para 30 bpm.

A Figura 59 ilustra o ECG das derivações periféricas para 60 bpm.

A Figura 60 ilustra o ECG das derivações periféricas para 120 bpm.

A Figura 61 ilustra o ECG das derivações periféricas para 180 bpm.

A Figura 62 ilustra o ECG das derivações periféricas para 240 bpm.

O simulador de ECG também gera outras formas de ondas que foram


capturadas na tela de derivações periféricas. A Figura 63 ilustra a onda triangular
de 2 Hz, a Figura 64 ilustra a onda quadrada de 2 Hz e a Figura 65 ilustra a onda
senoidal de 8 Hz.
82

Figura 58: ECG das Derivações Periféricas 30 bpm em 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 59: ECG das Derivações Periféricas 60 bpm em 2 s


Fonte: Autoria própria
83

Figura 60: ECG das Derivações Periféricas 120 bpm em 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 61: ECG das Derivações Periféricas 180 bpm em 2 s


Fonte: Autoria própria
84

Figura 62: ECG das Derivações Periféricas 240 bpm em 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 63: Onda Triangular de 2 Hz em 2 s


Fonte: Autoria própria
85

Figura 64: Onda Quadrada de 2 Hz em 2 s


Fonte: Autoria própria

Figura 65: Onda Senoidal de 8 Hz em 2 s


Fonte: Autoria própria
86

O aplicativo instalado no smartphone Samsumg Galaxy S3 é o mesmo


instalado no tablet Samsumg Galaxy Note, tendo as mesmas funcionalidades. A
Figura 66 ilustra um exemplo de tela do gráfico das derivações periféricas em 180
bpm, atualizado de 2 em 2 segundos, sendo visualizado no smartphone.

Figura 66: Exemplo de ECG das derivações periféricas 180 bpm em 2 s visualizado no
smartphone
Fonte: Autoria própria
87

4.4 RESULTADOS DOS TESTES DE TEMPERATURA CORPORAL

Nos testes realizados de temperatura foi utilizado para aferição comparativa


um multímetro digital modelo 23XT da Wavetek que mede temperatura com um sensor
termopar. Inicialmente foi feito um teste comparativo com um termômetro digital
de temperatura corporal da Becton Dickinson Inc. (BD). Unindo os dois sensores
e medindo na axila ao mesmo tempo, o termômetro da BD mediu 35,86 ◦ C e o
termômetro do multímetro 35,8 ◦ C quando estabilizou. A Figura 67 ilustra os dois
termômetros com as pontas unidas para a medida comparativa.

Figura 67: Termômetros da BD e do multímetro para comparação


Fonte: Autoria própria

Foi realizado o teste de temperatura comparativo com o sensor de temperatura


do protótipo ECG_BLUE e com o medidor de temperatura do multímetro. Medindo-se a
temperatura na axila com os dois sensores unidos, quando o multímetro se estabilizou
estava medindo 35,9 ◦ C e o gráfico de temperatura em 60 segundos, estava indicando
36,0 ◦ C como mostra a Figura 68.
88

Figura 68: Gráfico da Temperatura corporal em 60 s


Fonte: Autoria própria

4.5 RESULTADOS DOS ARQUIVOS DE DADOS DOS SINAIS DE ECG E


TEMPERATURA

Para verificação dos arquivo de dados gerados pelo aplicativo no


monitoramento dos sinais de ECG e temperatura foi feito um monitoramento com uma
variação da frequência cardíaca no simulador de ECG, de três em três minutos da
seguinte maneira:

21:37 a 21:39 => 30 bpm

21:40 a 21:42 => 60 bpm

21:43 a 21:45 => 120 bpm

21:46 a 21:48 => 180 bpm

15:49 a 21:51 => 240 bpm

A Figura 69 ilustra a lista de arquivos de dados de ECG e Temperatura.

A Figura 70 ilustra as derivações periféricas do arquivo das 15:28 em 30 bpm.

A Figura 71 ilustra as derivações precordiais do arquivo das 15:28 em 30 bpm.


89

A Figura 72 ilustra a temperatura ambiente do arquivo das 15:28.

A Figura 73 ilustra as derivações periféricas do arquivo das 15:31 em 60 bpm.

A Figura 74 ilustra as derivações periféricas do arquivo das 15:35 em 120


bpm.

A Figura 75 ilustra as derivações periféricas do arquivo das 15:38 em 180


bpm.

A Figura 76 ilustra as derivações periféricas do arquivo das 15:41 em 240


bpm.

Figura 69: Lista de Arquivos de Dados de ECG e Temperatura


Fonte: Autoria própria
90

Figura 70: ECG das derivações periféricas em 30 bpm lidas do arquivo


Fonte: Autoria própria

Figura 71: ECG das derivações precordiais em 30 bpm lidas do arquivo


Fonte: Autoria própria
91

Figura 72: Temperatura ambiente lida do arquivo


Fonte: Autoria própria

Figura 73: ECG das derivações periféricas em 60 bpm lidas do arquivo


Fonte: Autoria própria
92

Figura 74: ECG das derivações periféricas em 120 bpm lidas do arquivo
Fonte: Autoria própria

Figura 75: ECG das derivações periféricas em 180 bpm lidas do arquivo
Fonte: Autoria própria
93

Figura 76: ECG das derivações periféricas em 240 bpm lidas do arquivo
Fonte: Autoria própria

Os dados armazenados em arquivos do sinal de ECG em 30 bpm e sinal


senoidal em 8 Hz foram analisados utilizando o programa MatLab
R
(MATHWORKS,
2016) obtendo os seguintes resultados:

Para o sinal de ECG em 30 bpm, conforme ilustrado na Figura 77, foi obtido a
Transformada Rápida de Fourier (FFT) ilustrada na Figura 78.

Para o sinal senoidal em 8 Hz, conforme ilustrado na Figura 79, foi obtido a
FFT ilustrada na Figura 80.
94

Figura 77: Sinal de ECG da derivação DII em 30 bpm lido do arquivo


Fonte: Autoria própria

Figura 78: FFT da derivação DII em 30 bpm lido do arquivo


Fonte: Autoria própria
95

Figura 79: Sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido do arquivo


Fonte: Autoria própria

Figura 80: FFT do sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido do arquivo


Fonte: Autoria própria
96

Para melhor visualização da frequência fundamental da senoide de 8 Hz foi


feito uma ampliação da FFT nesta faixa, conforme ilustrado na Figura 81.

Figura 81: Ampliação da FFT do sinal senoidal na derivação DII em 8 Hz lido do arquivo
Fonte: Autoria própria

4.6 RESULTADO DO CONSUMO E AUTONOMIA DA BATERIA

O protótipo foi projetado para ser alimentado por 4 baterias recarregáveis


de 1,2V ligadas em série, totalizando 4,8V. Para medida de corrente consumida
foi utilizado o multímetro da Wavetek modelo 23XT na escala de corrente de 200
mA. O consumo medido do protótipo ECG_BLUE com o Bluetooth conectado e
transferindo dados de monitoramento dos sinais fisiológicos foi de aproximadamente
62mA. Então, considerando um conjunto de baterias recarregáveis de 2100 mAh tem-
se uma autonomia de 2100/62 = 33,9 horas.

Com as baterias totalmente carregadas, foi realizado um teste de


funcionamento contínuo com o protótipo fazendo o monitoramento dos sinais de ECG
e temperatura, apresentando uma autonomia de aproximadamente 25 horas.
97

5 DISCUSSÃO, CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Neste capítulo são discutidos os resultados obtidos comparando-os com os


resultados de outros trabalhos relacionados. Apresentam-se também as conclusões e
os desenvolvimentos futuros para dar sequência a esta pesquisa.

5.1 DISCUSSÃO

Através das pesquisas de produtos e trabalhos similares, identificou-se que


já existem vários equipamentos para monitoramento remoto de eletrocardiograma,
porém implementou-se outros diferenciais como o monitoramento do ECG completo
com as 12 derivações e da temperatura corporal.

Entre os equipamentos comerciais, o Poip apresenta uma versão de ECG


holter de 12 derivações, porém o sistema é exclusivo para clínicas e provedores de
serviço (POIP, 2016). O Vital Jacket apresenta-se com versões com 1 ou 5 derivações
e sem monitoramento de temperatura (BIODEVICES, 2016). O SmartHeart apresenta
as 12 derivações, mas também não contempla o monitoramento da temperatura (SHL,
2014). O WebLooper CW-12 contempla 12 derivações, porém é para registro não
contínuo de sinais (CARDIOWEB, 2016).

Entre os sistemas para monitoramento de sinais fisiológicos de ECG


encontrados em artigos científicos, o trabalho de Liao e Wen (2010) propõe múltiplas
medidas dos sinais, porém fornece informações apenas do sensor de temperatura
utilizado e não se sabe quantas derivações de ECG foram implementados. O artigo
de Rashkovska et al. (2011) é composto apenas por 3 eletrodos sem fio e o aplicativo
do smartphone mostra apenas uma derivação. O artigo de Gakare et al. (2012) utiliza
um ECG ambulatorial portátil comercial de 3 derivações que usa o Bluetooth para
comunicar com o smartphone e rede 3G ou Wi-Fi para comunicar com um servidor de
dados, porém o foco do estudo está no algoritmo de detecção do complexo QRS. O
trabalho de Tejero-Calado et al. (2005) apresenta um protótipo para 4 eletrodos para
98

as derivações periféricas (TEJERO-CALADO et al., 2005) e o artigo de Tello et al.


(2012) implementa o monitoramento de ECG e temperatura, mas o ECG com apenas
3 eletrodos.

Os resultados obtidos com os gráficos de atualização de 2 em 2 segundos,


mostram que todas as derivações apresentaram o sinal de ECG esperado dentro
da faixa de frequência cardíaca programada no simulador de ECG. A escala vertical
(tensão) é representada por 0,7mV por divisão e na escala horizontal (tempo), cada
divisão representa 40ms, o que permite verificar os níveis de tensão das derivações e
a frequência cardíaca.

Apesar do protótipo ter sido desenvolvido especificamente para o


monitoramento de sinais de ECG, o mesmo pode ser facilmente adaptado para realizar
o monitoramento de qualquer outro sinal fisiológico dentro das faixas de tensão e
frequência do sinal de ECG, como pode ser observado nas Figuras 63, 64 e 65
dos gráficos, onde se injetou através do simulador as ondas triangular, quadrada e
senoidal, respectivamente.

Os resultados obtidos com o monitoramento da temperatura, mostram que as


medidas estão dentro do esperado pela exatidão do sensor eletrônico LM35 utilizado.
O gráfico mostra a temperatura de 1 em 1 segundo, porém a atualização do gráfico
ficou de 1 em 1 minuto e como a variação da temperatura corporal é relativamente
lenta, isto não compromete a sua eficácia.

Os resultados obtidos com os arquivos de dados monitorados são


considerados satisfatórios pois, todas as informações, sem perdas, estão
armazenados nos arquivos gerados de 1 em 1 minuto, necessitando um estudo futuro
com relação ao processamento dos dados capturados.

A análise da FFT pelo programa MatLab


R
indicou (Figuras 77 e 78) que,
mesmo utilizando um simulador de ECG, existe uma componente em 60 Hz. Esta
componente pode ser minimizada com a implementação de filtros e a utilização de
cabos de ECG com blindagens apropriadas.

As maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento do trabalho, foram


com relação ao desenvolvimento dos gráficos no aplicativo Android, onde apresentar
as 12 derivações do ECG mais a temperatura corporal em tempo real tiveram suas
limitações.

O ECG atualiza os gráficos a cada dois segundos e a temperatura corporal


99

a cada minuto, porém toda a informação fica armazenada em arquivos que podem
passar por um processamento para a identificação de arritmias e outras anomalias
cardíacas, como a hipertrofia ventricular, o bloqueio do ramo de feixe, a miopatia
cardíaca, as alterações nos padrões do complexo QRS e os diversos tipos de infartos
(GUYTON; HALL, 2002).

No teste de autonomia das baterias o protótipo funcionou por 25 horas,


enquanto que a autonomia calculada seria de aproximadamente 34 horas. Esta
diferença é atribuída à qualidade das baterias utilizadas, pois sabe-se que a autonomia
das baterias depende, além da capacidade de armazenamento de energia, da
qualidade das mesmas. Caso necessite aumentar a autonomia da bateria, basta
utilizar baterias com maior capacidade de armazenamento ou colocar baterias em
paralelo, sem maiores dificuldades de projeto.

A autonomia do dispositivo móvel depende do modelo e do modo de uso do


mesmo, o tablet utilizado nos testes, Samsung Galaxy Note, teve uma autonomia
aproximada de 10 horas quando utilizado apenas no monitoramento dos sinais, mas
nada impede que o mesmo seja colocado para carregar a bateria, sem parar o
monitoramento, desde que o dispositivo móvel fique dentro do alcance do Bluetooth
do protótipo.

A escolha da plataforma Android foi motivada pelo seu grande crescimento


e aceitação, por ser um sistema de código livre, com disponibilidade de ferramentas
de desenvolvimento gratuitas, grande quantidade de documentação e exemplos de
códigos.

Para maior alcance de mercado é recomendado o desenvolvimento do


aplicativo também para as plataformas iOS e Windows Phone, pois segundo pesquisa
de dezembro de 2015, disponibilizado pela Kantar WorldPanel (2015), apesar do
Android estar com 91,8% do mercado nacional, o Windows e iOS estão aumentando
sua fatia no mercado, estando o Windows com 5,1% e iOS com 2,8% do mercado
brasileiro (KANTAR, 2015).

5.2 CONCLUSÕES

O desenvolvimento deste trabalho vem de encontro com a tendência de


crescimento da necessidade de monitoramento contínuo de sinais fisiológicos e do
uso dos dispositivos móveis. A comodidade da portabilidade, a quantidade enorme de
100

aplicativos, a facilidade de uso e de estar o tempo todo “conectado”, fazem com que os
dispositivos móveis sempre estejam à mão do usuário e utilizá-lo com uma interface
simples e intuitiva proporcionará maior satisfação e conforto ao usuário.

O objetivo principal do trabalho consistiu no desenvolvimento de um


equipamento de monitoramento de sinais fisiológicos, especificamente do
eletrocardiograma e temperatura corporal, contemplando o hardware, firmware
e o software do aplicativo Android. Os resultados obtidos podem ser considerados
satisfatórios sendo que o protótipo do equipamento foi construído e está funcionando
em conjunto com o aplicativo Android.

A maior contribuição deste trabalho foi definir o hardware e firmware do


protótipo de monitoramento de sinais fisiológicos, além do desenvolvimento do
aplicativo Android, porém tem muito ainda a ser desenvolvido e melhorado, conforme
descrito nos desenvolvimentos futuros, mas o trabalho mostrou que é possível
desenvolver o projeto para obter um produto comercial que pode realmente auxiliar as
pessoas que necessitam de monitoramento contínuo dos sinais de ECG e temperatura
corporal.

5.3 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

• Realizar a análise e processamento dos sinais de monitoramento

• Implementar no aplicativo o processamento dos sinais de monitoramento

• Implementar no aplicativo o envio de notificações de problemas

• Implementar no aplicativo cadastro de usuários e de informações de atividade


diária

• Implementar no aplicativo o rastreamento via GPS do dispositivo móvel

• Implementar no aplicativo a parte do acesso remoto aos dados

• Desenvolver o aplicativo para o acesso remoto aos dados

• Desenvolver os aplicativos para outras plataformas como iOS e Windows Phone


101

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08 de fevereiro de 2016.
105

APÊNDICE A -- DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DO ADS1298

Descrição dos detalhes das funções internas do ADS1298.

Interface SPI

Utiliza interface SPI compatível consistindo de quatro sinais: /CS, SCLK, DIN,
e DOUT. A interface lê os dados de conversão, lê e escreve registradores e controla
a operação do ADS1298. A saída /DRDY é utilizada como um sinal de estado para
indicar quando os dados estão prontos.

Descrição dos Comandos SPI

Os comandos SPI do ADS1298 estão apresentados na Tabela 3.

WAKEUP: Sai do Modo Standby

Este comando retira o conversor do modo Standby de baixo consumo. Não


há restrição na taxa de SCLK para este comando e ele pode ser enviado a qualquer
momento. Qualquer outro comando deve ser enviado após pelo menos 4 tclk ciclos.

STANDBY : Entra do Modo Standby

Este comando coloca o conversor no modo Standby de baixo consumo. Todas


as partes do circuito são desligados exceto a sessão de referência. Não há restrição
na taxa de SCLK para este comando e ele pode ser enviado a qualquer momento.
Enviar um comando WAKEUP retorna o dispositivo para a operção normal.

RESET : Reinicializa o dispositivo

Este comando reinicializa o filtro digital e todos os registradores de


configuração para seu valor default. Não há restrição na taxa de SCLK para este
comando e ele pode ser enviado a qualquer momento. 18 tclk ciclos para ser
executado e deve-se evitar de enviar qualquer comando durante este tempo.
106

Tabela 3: Tabela de Comandos SPI do ADS1298.


Comando Descrição Primeiro Byte Segundo Byte
Comandos de Sistema
WAKEUP Sair do modo Standby 0000 0010 (02h)
STANDBY Entrar no modo Standby 0000 0100 (04h)
RESET Reinicializa o dispositivo 0000 0110 (06h)
START Inicia/reinicia conversões 0000 1000 (08h)
STOP Para as conversões 0000 1010 (0Ah)
Comandos de Leitura de Dados
RDATAC Habilita leitura de Dados 0001 0000 (10h)
continuamente (Default). 1

SDATAC Para leitura de Dados 0001 0001 (11h)


continuamente.
RDATA Leitura de Dados; Suporta 0001 0010 (0Ah)
múltiplas leituras.
Comandos de Leitura de Registradores
RREG Lê n nnnn registradores 001r rrrr (2xh) 000n nnnn
endereço inicial r rrr 2
WREG Escreve n nnnn registradores 010r rrrr (4xh) 000n nnnn
endereço inicial r rrr 2
1 Quando no modo RDATAC, o comando RREG é ignorado
2 n nnnn = número de registros a serem lidos/escritos. r rrrr = endereço inicial dos
registros a serem lidos/escritos
Fonte: Texas (2014a).

START : Inicia/reinicia conversões

Este comando inicia conversões de dados. Manter o pino de START em nível


baixo para controlar as conversões por comando. Se as conversões já estão em
progresso, este comando não tem efeito. O comando STOP é usado para parar as
conversões. Se o comando START é imediatamente seguido pelo comando STOP,
deve-se ter um intervalo de 4 tclk entre os comandos. Quando o comando START é
enviado, mantenha o pino START em nível baixo até o comando STOP ser enviado.
Não há restrição na taxa de SCLK para este comando e ele pode ser enviado a
qualquer momento.
107

STOP: Para as conversões

Este comando para as conversões. Manter o pino de START em nível baixo


para controlar as conversões por comando. Quando o comando STOP é enviado, a
conversão em progresso é completada e as demais são paradas. Se as conversões já
estão paradas, este comando não tem efeito. Não há restrição na taxa de SCLK para
este comando e ele pode ser enviado a qualquer momento.

RDATAC: Lê dados continuamente

Este comando habilita a saída dos dados convertidos em cada /DRDY sem
a necessidade de enviar subsequentes comandos de leitura. O modo de leitura de
dados continuo é o modo default do dispositivo após o power-up e reset.

O modo RDATAC é cancelado pelo comando SDATAC. Se o dispositivo


está no modo RDATAC, deve-se enviar um comando SDATAC antes de qualquer
outro comando. Não há restrição na taxa de SCLK para este comando. Contudo,
subsequentes SCLK de recuperação ou o comando SDATAC deve esperar pelo menos
4 tclk . A Figura 82 mostra a temporização de uso do comando RDATAC. RDATAC é
apropriado para aplicações como data loggers ou gravadores quando os registradores
não necessitam ser re-configurados.

Figura 82: Temporização de uso do comando RDATAC


Fonte: Texas (2014a)

SDATAC: Para Leitura de dados contínuos

Este comando cancela o modo de leitura de dados contínua (RDATAC). Não


há restrição na taxa de SCLK para este comando, mas subsequentes comandos deve
esperar por 4 tclk ciclos.
108

RDATA: Leitura de dados

Se estiver no modo parado, envie este comando depois do /DRDY ir em


nível baixo para ler o resultado da conversão. Não há restrição na taxa de SCLK
para este comando e não necessita esperar nenhum tempo para enviar um comando
subsequente. Para recuperar o dados do dispositivo após o comando RDATA ser
enviado, certifique que o pino START está em nível alto ou que o comando START
foi enviado. A Figura 83 mostra a temporização de uso do comando RDATA. RDATA
é apropriado para aplicações quando os registradores necessitam ser lidos ou re-
configurados entre os ciclos de conversão.

Figura 83: Temporização de uso do comando RDATA


Fonte: Texas (2014a)

RREG: Leitura dos Registradores

Este comando lê os dados dos registradores. O comando de leitura


de registradores é de dois bytes de código seguido pela saída dos dados dos
registradores. O primeiro byte contém o código do comando e o endereço do
registrador inicial. O segundo byte do código especifica o número de registradores
para ler -1.

Primeiro byte do código: 001r rrrr, onde r rrrr é o endereço inicial dos
registradores.

Segundo byte do código: 000n nnnn, onde n nnnn é o número de registradores


para ler -1.

Quando o dispositivo está em modo de leitura contínua, é necessário enviar


um comando SDATAC antes de enviar o comando RRGE. A Figura 84 mostra um
exemplo de temporização de uso do comando RREG, onde no 17.◦ rampa de descida
do SCLK tem-se o MSB do primeiro registrador.
109

Figura 84: Exemplo de Temporização de um Comando RREG: Lê dois registradores a


partir do registrador 00h (OPCODE1 = 0010 0000, OPCODE2 = 0000 0001)
Fonte: Texas (2014a)

WREG: Escrita nos Registradores

Este comando escreve os dados nos registradores. O comando de escrita


nos registradores é de dois bytes de código seguido pela entrada dos dados para
os registradores. O primeiro byte contém o código do comando e o endereço do
registrador inicial. O segundo byte do código especifica o número de registradores
para escrever -1.

Primeiro byte do código: 001r rrrr, onde r rrrr é o endereço inicial dos
registradores.

Segundo byte do código: 000n nnnn, onde n nnnn é o número de registradores


para escrever -1.

A Figura 85 mostra um exemplo de temporização de uso do comando WREG,


onde no 17.◦ rampa de descida do SCLK coloca-se o MSB do primeiro registrador.

Aquisição de Dados

Descrição dos processos de aquisição de dados em relação aos pinos START


e /DRDY.

Pino de START

O pino de START deve estar em nível alto por pelo menos 2 tclk ou o comando
START deve ser enviado para iniciar as conversões. Quando as conversões estão
paradas, o dispositivo não enviará o sinal de /DRDY (dados prontos). Quando usando
o comando de START o pino deve permanecer em nível baixo.
110

Figura 85: Exemplo de Temporização de um Comando WREG: Escreve dois


registradores a partir do registrador 00h (OPCODE1 = 0010 0000, OPCODE2 = 0000 0001)
Fonte: Texas (2014a)

Existem dois modos de conversão: modo contínuo e modo de uma conversão.


O modo é selecionado pelo bit 3 (SINGLE_SHOT ) do registrador CONFIG4. Em
configurações de múltiplos dispositivos o pino de START é utilizado para sincronizar
os dispositivos.

Tempo de Estabilização (Settling Time)

O tempo de estabilização (tsettle ) é o tempo que o conversor leva para ter as


saídas totalmente estáveis após o pino de START ser colocado em nível alto.

Transição de nível baixo para alto do pino START ou envio do comando


START

Quando o pino START vai para nível alto ou o comando START é enviado, os
conversores ADC são ativados e o pino /DRDY é colocado em nível alto. A próxima
rampa de descida do /DRDY indica que o dado está pronto. A Figura 86 mostra o
diagrama de tempo e a Tabela 4 mostra o tempo de estabilização para diferentes data
rates em função de tclk .

Pino Data Ready (/DRDY)

Quando o pino /DRDY vai para nível baixo, novos dados de conversão estão
prontos para serem lidos. O sinal de /CS não tem efeito sobre o sinal data ready.
Independentemente do estado do sinal /CS, uma rampa de subida no SCLK coloca
o pino /DRDY em nível alto. O comportamento do pino /DRDY é determinado se o
dispositivo está em modo RDATAC ou modo RDATA.
111

Figura 86: Tempo de estabilização para conversão inicial.


Fonte: Texas (2014a)

Tabela 4: Tempos de Estabilização para Diferentes Data Rates do Registro CONFIG1.


DR[2:0] Modo Alta Resolução Modo Baixa Resolução Unidade
000 296 584 tclk
001 584 1160 tclk
010 1160 2312 tclk
011 2312 4616 tclk
100 4616 9224 tclk
101 9224 18440 tclk
110 18440 36872 tclk
Fonte: Texas (2014a).

Recuperação de Dados

A recuperação de dados pode ser realizada por um de dois métodos. O


comando RDATAC que lê os dados continuamente sem o envio de novos comandos
e o comando RDATA que lê os dados apenas uma vez. Na decida do pino /DRDY os
dados de conversão estão prontos para serem enviados pelo pino DOUT. O bit MSB
do dado é colocado na saída DOUT na primeira rampa de subida do SCLK e o pino
/DRDY retorna em nível alto na primeira rampa de descida do SCLK. A entrada DIN
deve permanecer em zero em toda operação de leitura.

Os dados iniciam do MSB do STATUS Word e seguido pelos dados dos canais
de ADC em ordem sequencial (canal 1, canal 2, ...). Canais que são desligados
continuam com os dados na sua devida posição, porém os dados não são válidos
e devem ser ignorados. A Figura 87 mostra a operação de leitura com /CS = 0.
112

Figura 87: /DRDY com Recuperação de Dados (/CS=0).


Fonte: Texas (2014a)

STATUS Word

O pacote de dados do ADS1298 é precedido por uma palavra de STATUS que


fornece informações do estado dos ADCs. O STATUS Word é uma palavra de 24 bits
e contém os valores de detecção do estado dos contatos dos eletrodos LOFF_STATP,
LOFF_STATN e parte do estado do registrador GPIO. A Figura 88 mostra o conteúdo
do STATUS Word.

Figura 88: Conteúdo do STATUS Word.


Fonte: Texas (2014a)

Comprimento do Pacote de Dados

O número de bits dos dados de saída dependem do número de canais e do


número de bits por canal. O formato do dado de cada canal é do tipo complemento de
2 e enviado primeiro o MSB.

Para o ADS129x com 32 e 64 kSPS de data rate, o número de bits é: 24 bit


de status + 16 bits por canal x 8 canais = 152 bits

Para todos os outros data rate, o número de bits é: 24 bit de status + 24 bits
por canal x 8 canais = 216 bits
113

Formato dos Dados


VREF
No caso de 24 bits de dados por canal o LSB tem peso de 223 −1
. O
valor positivo máximo produz um sinal de saída de valor 7FFFFFh e o menor valor
negativo de 800000h. A Tabela 5 mostra os valores de saída versus a entrada de
sinal, considerando ganho 1 e condições ideais, ou seja, excluindo efeitos de ruído,
linearidade, offset e erro de ganho.

Tabela 5: Valores ideais de saída versus Sinal de entrada.


Sinal de Entrada Código de Saída
≥ VREF 7FFFFFh
+ 2V23
REF
−1
000001h
0 000000h
− 2V23
REF
−1
FFFFFFh
223
≤ −VREF ( 223 −1
) 800000h
Fonte: Texas (2014a).

Modo de Disparo Único

O modo de disparo único é habilitado colocando em 1 o bit SINGLE_SHOT


do registrador CONFIG4. No modo de disparo único, o ADS129x realiza uma simples
conversão quando o pino de START é colocado em nível alto ou quando o comando
START é enviado. Quando a conversão é completada, /DRDY vai para nível baixo e
demais conversões são paradas e /DRDY permanece assim. Para começar uma nova
conversão, coloque o pino de START em nível baixo e após pelo menos 2 tclk em nível
alto, ou transmita o comando START. A Figura 89 mostra o temporização deste modo
de funcionamento.

Figura 89: Modo de Disparo Único.


Fonte: Texas (2014a)

Modo Contínuo

Conversões iniciam quando o pino de START é colocado em nível alto por


pelo menos 2 tclk ou quando o comando START é enviado. Como pode ser visto na
114

Figura 90, o /DRDY vai para nível alto quando as conversões são iniciadas e vai para
nível baixo quando os dados estão prontos. Conversões continuam indefinidamente
até o pino de START ir para nível baixo ou o comando STOP ser enviado.

Figura 90: Modo Contínuo.


Fonte: Texas (2014a)

Funcionalidade Analógica

Filtro de Interferência Eletromagnética (EMI)

Um filtro RC nas entradas agem como um filtro de EMI em todos os canais. A


largura de banda do filtro é de aproximadamente 3MHz.

Entrada do Multiplexador

As entradas multiplexadas do ADS1298 são muito flexíveis e fornecem várias


opções de configuração de chaveamento de sinal, dos quais pode-se citar Device
Noise Measurements, Test Signals, Auxiliary Differential Input, Temperature Sensor,
Supply Measuments, Lead-Off Excitations Signals, Auxiliary Single-Ended Input e
Analog Input.

Para gerar os 12 sinais de ECG usando 10 eletrodos conectados aos oitos


canais do ADC, as derivações I, II e V1 a V6 são computadas no domínio analógico,
enquanto as derivações aumentadas e a derivação III são computados digitalmente. A
Tabela 6 relaciona as entradas do ADS1298R com as derivações medidas pelo ADC
e a Tabela 7 relaciona as derivações calculadas com a fórmula utilizada no cálculo.

Onde:

•LA = Left Arm - Braço esquerdo

•LL = Left Leg - Perna esquerda


115

•RA = Right Arm - Braço direito

Tabela 6: ADS1298R Derivações Medidas


Canal de entrada ADS1298R Derivação
1 V6 = V6 - WCT
2 DI = LA - RA
3 DII = LL - RA
4 V2 = V2 - WCT
5 V3 = V3 - WCT
6 V4 = V4 - WCT
7 V5 = V5 - WCT
8 V1 = V1 - WCT
WCT= (LA + RA + LL)/3
Fonte: Texas (2012)

Tabela 7: Derivações Calculadas


Derivação Fórmula utilizado no cálculo
DIII LL - RA - LA = DII - DI
aVR RA - (LA + LL) / 2 = -(DI + DII) / 2
aVL LA - (RA + LL) / 2 = DI - DII / 2
aVF LL - (RA + LA) / 2 = DII - DI / 2
Fonte: Texas (2012)
116

APÊNDICE B -- ESQUEMAS ELÉTRICOS E PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO

Esquemas elétricos e Placa de Circuito Impresso do protótipo ECG_BLUE.

A Figura 91 ilustra o esquema elétrico do Microcontrolador MSP430BT5190,


que contempla conversores de tensão, módulo Bluetooth PAN1323 (não montado),
conector para módulo Bluetooth HC05 e acelerômetro (não montado).

A Figura 92 ilustra o esquema elétrico do Front-end Conversor


Analógico/Digital ADS1298 que contempla o conector dos eletrodos do sinal de
ECG e os circuitos de proteção.

A Figura 93 ilustra o esquema elétrico das Fontes Reguladoras para geração


das tensões necessárias (1,8 V , ±2,5 V e 3,0 V).

A Figura 94 ilustra a serigrafia de componentes, o lado superior e o lado


inferior da PCI do protótipo ECG_BLUE.
117

Figura 91: Esquema elétrico do Microcontrolador


Fonte: Autoria própria
118

Figura 92: Esquema elétrico do ADS1298


Fonte: Autoria própria
119

Figura 93: Esquema elétrico das Fontes Reguladores


Fonte: Autoria própria
120

Figura 94: Placa ECG_BLUE. (a) Serigrafia. (b) Lado Superior. (c) Lado Inferior.
Fonte: Autoria própria

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