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Eu estava numa colina com uma paisagem à minha frente, que parecia o Elevado de São Conrado,

contemplando um mar muito muito plácido, quase um lago, um céu claro sem sol, como os céus de Veermer.
Em algum momento, a água começou a se movimentar, lá no meio do oceano. Primeiro em pequenas
marolas, ondulações baixas e depois essas ondulações foram ficando mais fortes até se transfomarem em
ondas de rebentação. Então vi que quem formava essas ondas eram golfinhos que começavam a girar seus
corpos no mar até que o mar fizesse a onda e, a medida que elas rebentavam, eles retornavam e formavam
novas ondas. Eu fiquei ali admirando aquele movimento, com a sensação de que eu estava presenciando a
criação do mundo, a origem de todas as coisas. Lembro de ter falado comigo mesma: olha, é assim que o
mundo é criado. Tudo começa aí. Que privilégio assistir a esse momento. Aos poucos, alguns golfinhos se
desgarravam das ondas e foram se tranformando fisicamente, os que chegavam mais perto da praia, iam se
transformando em "sereios". Em dado momento,um deles foi sendo levado pela rebentação para uma prainha,
uma porção de areia entre pedras e eu corri para ver onde ele estava. Quando eu olhei para baixo ele estava em
grande dificuldade porque tinha se transformado num homem, acho que ele não sabia como fazer para voltar,
porque ele tinha pernas agora. Eu corri para baixo por entre as pedras, cheguei até ele e disse, você não pode
ficar aqui, vc vai ficar muito fraco e morrer, eu vou te ajudar a voltar, então ele olhava pra mim, bem de frente
e eu via que era Jesus Cristo. As feições e o jeito que se via nas pinturas e esculturas nas igrejas. Nesse
momento eu me perguntava, mas é Jesus? Não deveria ser ao contrário, não seria ele que deveria estar me
salvando, que coisa surreal, eu salvando de Jesus, e, enquanto eu o carregava de volta para o mar, ia pensando
que coisa engraçada, Jesus é humano e tem tantas dificuldades, olha como ele é, ossos, ossos pesados e essa
pele pálida amarelada e esses olhos cheios de angústia e medo. Mas a medida que eu ia levando Jesus de volta
ao mar ele ia ficando mais forte, apesar disso eu sentia o peso dele diminuir na água, ele então flutuava em
meus braços e a sua expressão ia se tranformando em muito alívio. Logo ele foi se desprendendo de mim e, a
medida que isso ia acontecendo ele se tranformava em um grande peixe vermelho-dourado e sumia no mar na
direção das ondas. Depois eu me via de novo no elevado olhando para baixo e observando o peixe vermelho-
dourado. Aquele enorme peixe de aquário nadando no oceano, pensando ele conseguiu.

Eu caminhava por uma enorme salina, eu caminhava entre as repartições da salina e cada uma delas
representava uma época da civilização, algumas só mostranvam grandes mares revoltos, com ondas imensas,
mas que qdo rebentavam eram apenas pequenas marolas na borda da base. Outros, mostravam ambientes
como salões de mansões ou alguma espécie de templo grego. Em outras se desenvolviam cenas, como uma
mulher descendo de um trem nos anos 10 ou 20 ou alguém num super apartamento no ducentésimo décimo
andar, onde tudo era comandado por voz, alguém no futuro além do meu tempo. E eu ia andando e observando
cada lugar desses me perguntando o que eu estava fazendo ali, até que eu avistei uma praia. Era uma lagoa
como em Araruama e lá no final tinha uma colina com uma espécie de construção que lembrava uma igreja.
Eu ia andando pela praia quando de alguma forma eu escorreguei para o mar e cai de costas num “campo”
mariscos. Eu não podia me mover pq iria cortar minhas costas muito gravemente, mas estava afundando e não
conseguiria mais respirar. Quando isso aconteceu e meu fim era próximo, uma mão me segurou e me tirou de
dentro do mar. Era um rapaz, alto, forte, meio alourado, de aparência jovem mas que era muito mais velho que
sua aparencia, talves uns 50 anos o mais. Eu estava toda molhada e aquela sensação me embaraçava muito
então ele disse, vamos lá na casa dos meus avós, lá tem uma toalha e vc pode se aquecer. Então quando
chegávamos lá, dois velhinhos muito simpáticos me acolhiam, me davam roupas secas, uma toalha, me davam
café e me colocavam diante de uma lareira e ficamos conversando, uma conversa muito agradável, sobre
aquele lugar, que eles estavam lá pra tomar conta, e que era ótimo que eu estivesse lá pq eles quase não
recebiam visitas e eles me contavam histórias daquele lugar o que ele representava onde nos estávamos
geograficamente e existia um clima de amizade muito grande, de uma admiração mútua muito grande.
Enquanto eu e os velhos conversávamos o rapaz ficava em silêncio, me observando com grande interesse, até
que em dado momento uma rato imenso e horrível subiu na mesa passou por mim e foi andar em cima da
lareira. Eu olhei aquela cena com um nojo extremo, ao mesmo tempo que pensava é só um rato,ele não vai me
fazer mal algum, é só mais um ser vivo, mas ao contrário da minha sensação, eu comecei a gritar muito,
fazendo uma cena, uma cena esperada por quem vê um rato, mas eu gritava sem muita convicção mas gritava
e gritava sem expressão alguma como se estivesse apenas cumprindouma convenção social. Nesse momento,
os velhos e o rapaz começaram a olhar pra mim com decepção e muito desprezo,com uma expressão irônica,
eu estava sendo hipócrita e eles sabiam. Era como se eles dissessem, pra nós vc nao precisaria fazer esse papel
social, que pena. Que idiota vc está sendo.Colocou tudo a perder, voce nao é quem a gente pensava, voce nao
é a eleita.

Eu estava num lugar muito frio, uma geleira, o monte Everest, então numa caverna uns homens me
chamavam e diziam, vem aqui coloque essa roupa pq nos vamos descer. Então eu colocava uma roupa de
astronauta, eles me prendiam numa espécie de carrinho de montanha russa misturado com teleférico e nós
então descíamos numa velocidade vertiginosa, entre vales e corredeiras até um lugar totalmente diferente,
cheio de verde e árvores e cor e brilho e som e estacioanávamos mais ou menos acima de uma grande enorme
tenda de circo. De fora eu via tudo que estava acontecendo lá dentro, que parecia mais um carrousel dentro do
circo, vai e tudo era muito divertido e alucinante, montanha russa, o circo girava em si mesmo, eu via pessoas
conhecidas, eu via ipanema a feira hippie, teatros, corridas de formula 1, casamntos, nascimentos, festas,
bibliotecas, gente em navios, aviões, gente falando em diversas linguas, e eu sentia que eu queria uito estar ali
mas nao tinha direito, aquilo não era pra mim, um dos astronautas dizia me dizia, vai lá, é sua última chance,
voce está perdendo isso, entra lá, e eu dizia, é demais pra mim, eu não posso, eu não tenho esse direito, eu vou
me ferrar, ele dizia que pena, vc conhece tudo isso, vc aproveitaria tanto, vai pra lá, voce tem que estar lá, eu
dizia que eu tinha medo, eu não sabia, eu sabia que se eu entrasse lá eu não poderia mais voltar se eu me
arrependesse, entao ele foi embora por uma especie de escorrega de água, entrava no circo e eu ficava lá, se
ele, vendo as coisas se desenrolando, sentindo uma angústia muito profunda, me sentindo uma loser.

Danças Circulares

Eu andava por uma duna, a caminho do mar, era um caminho grande, a maior parte de areia mas também
com vegetacao praiana e ás vezes algumas árvores de clima frio como pinheiros, carvalhos, araucárias. Eu
sentia que eu andava muito, durante muito tempo, e já estava cansada e me perguntava se eu havia me perdido,
mas a verdade é que eu não sabia o que estava fazendo ali, e que lugar era aquele, como eu tinha chegado ali.
Nesse momento, aparecia um homem andando na duna também, um pouco afastado de mim no começo, mas
indo na mesma direção. Em dado momento ele foi se aproximando de mim e dizia, Oi, Angela, eu dizia, Oi,
quem é voce? Eu te conheco. Ele não dizia nada, e nos caminhamos em silêncio por mais algum tempo mas
aquilo estava me incomodando, e eu comecei a antipazar com toda aquela situação e com aquele cara. Eu
realmente não estava gostando dele. Mas eu decidi puxar conversa com ele pq afinal eu precisava de respostas
e perguntei, vc sabe o que eu estou fazendo aqui? E ele dizia, vem aqui que eu quero te mostrar uma coisa. E
nós andavamos mais alguns metros, ns 200 metros e então eu via, do alto da duna, um enorme tablado a beira
do mar onde pessoas comiam, bebiam em mesas na borda do tablado, como se fosse uma comemoração, e nós
ficácamos ali, do alto da duna observando aquela cena durante algum tempo. Parecia uma festa de ciganos. As
mulheres se vestiam como búlgaras, com saias coloridas sobreposatas, véus algumas com turbantes,ou grandes
coques ornamentados, outras com saiões modernos, e muitas jóias, tornozeleiras e colares. Em certo momento
as mulheres começaram a se juntar no tablado de mãos dadas, de forma peculiar, como se montassem uma
corrente, com algumas dando as mãos por trás das costas das outras e outras pela frente. Então elas começaram
a brincar de roda - na verdade não era bem brincar existia um tom solene naquela roda, que começou com 12
mulheres mais ou menos. elas começaram a rodar e a bater os pes no tablado de forma sincopada e, ao mesmo
tempo que giravam,iam mexendo as cabeças para a direita, ou esquerda, para baixo ou para cima, dando a
direção. Era como se fossem as anciãns de uma aldeia. Eu ficava assistindo a roda com grande interesse e
tentando gravar aqueles passos que elas davam e daí quando eu comecei a reconhecer a coreografia,
começaram a entrar mocas mais novas, uma por uma, e, a medida que elas entravam, os passos iam ficando
mais complexos porque elas entravam sem saber direito a sequência dos passos e eu fui notando que isso não
era ruim pq quando cada uma errava um passo qualquer do original, ele era automaticamente adicionado a
coreografia e, a roda mudava de direcão,e se fazia a sequência completa com mais o novo passo errado. Então
entrava outra moça que durante um tempo, fazia a coreografia completa mas que, de repente, errava uma
sequência e esse erro era imediatamente adicionado a sequência anterior. E a coreografia ia ficando cada vez
mais longa, e entrava outra moca e durante um tempo a coreografia era a mesma, sem que acontecesse nada
de diferente, até que ela errava e esse erro era automaticamente incorporado a coreografia que mudava de
direção (igual a forno de microondas) e assim por diante. Então o homem virava pra mim e dizia: vc veio
aqui para ver isso, vc precisa ir pra lá agora, entrar no ritual, e eu dizia, mas eu não faco parte disso, elas são
estranhas pra mim, elas fazem parte da mesma aldeia, eu vou errar tudo, não conheço nada disso, é bonito mas
não tem nada a ver comigo, eu não quero fazer parte disso, é tudo muito estranho pra mim. Então ele disse,
indo em direção ao tablado, “Angela, acerto gera estabilidade, erro gera movimento”. E eu fiquei observando
ele chegar lá embaixo no tablado, cumprimentando a todos e entao as mulheres olharam pra mim lá em cima
na duna e então, pararam de dançar e se dispersaram. Algumas continuaram a olhar pra mim com insistência e
compreendi que poderia ter descido até o tablado e dançado com aquelas mulhere,s aquela danca poderosa e
ancestral pq todos os meus erros coregráficos iriam enriquecer o todo, todos os meus erros iriam ser
incorporados a dança original, gerando uma dança nova e no fim eu não precisaria fazer parte da aldeia pra
participar. E eu me vi dançando com elas mas eu não me senti bem, ainda assim.

Recorrentes em alguma época

Eu estou numa sala toda de mármore rosa, com roupas da roma antiga. É um lugar uma espécie de antesala,
com um banco, uma pequena fonte à minha frente, sinto o lugar fresco, perfumado, existe uma pequena escada
com três ou quatro degraus atrás de mim, que dá para uma sala bem maior, uma espécie de anfiteatro mas eu
não vou lá. Do meu lado direito existe uma janela imensa quadrada e por esse janelão, bem ao meu lado,
assisto a uma queda vertiginosa de todo o tipo de detritos, uma avalanche de ruínas, ininterruptamente. Lama,
gelo, galhos, árvores inteiras, pedregulhos, restos de construcões, lava, e um terremoto e maremoto
verticalmente descendo para o centro da terra, tudo preto ou marrom, fazendo um grande estrondo, em grande
velocidade e com grande violência. Apesar disso, nada entra na sala, nem um respingo, mesmo com aquela
janelona aberta e com toda a violência com que aquela avalanche desce. Eu fico ali, assistindo áquilo tudo,
esperando que em algum momento pare, mas sei que tudo que eu conheço como mundo está acabando naquele
momento, e que, quando terminar, eu não vou ter para onde ir, a não ser viver pra sempre naquela sala. E eu
vou continuar viva, mas num mundo que não conheço, devastado e sozinha.

Eu estou na água com Felipe, no oceano aberto, mas mais ou menos perto de uma lancha, assim uns 50 metros
dela. E eu ele estávamos nos divertindo muito, brincando como golfinhos, nm clima de alegria e
contentamento, tudo é warm e brilhante e cheio de alegria. De repente aparece um enorme tubarão, ele vem
em grande velocidade mas na direção de Felipe e entao eu começo a nadar freneticamente puxando Felipe para
a direção da lancha mas percebo logo que a gente está longe demais e ele vai nos alcançar antes, entao eu
continuo nadando, e o pessoal da lancha joga uma bóia mas ainda está longe entao quando ele chega na gente
eu dou partes do meu corpo pra ele comer, enquanto vou levando Felipe para a lancha, o aflitivo desse sonho
é que eu SINTO mesmo ele arrancando minha perna, parte do meu quadril, depois um braço até que eu
consigo colocar Felipe na lancha, ele chora, as pessoas gritam, mas ele está a salvo.
Sonho que lembrei essa semana

Sonhei que Tetei me dava uma receita de bolo de chocolate com calda de laranja.
Tudo explicadinho. E esse bolo curava um monte de problemas e me dava um monte de respostas.

Obs. Eu tenho essa receita de bolo, eu anotei, mas nunca fiz.

Sonhei vividamente que eu tinha voltado para a casa da Alvares de Azevedo e estavam lá, vivas e bem, vovó,
Tetei e Tia Dite e Bá Rita. Então eu entrava na casa com grande alívio por ter voltado, pq eu tinha a vívida
impressão de que a casa não existia mais e que, graças, essa sensação afinal, tinha sido só um pesadelo. E
então eu sentava com elas à mesa da sala de almoço e contava a elas tudo o que mamãe tinha feito nesses
últimos anos, como ela tinha dilapidado o patrimonio familiar, até a salva de prata eu tinha encontrado no
brechó, que eu tinha ficado totalmente desamparada, e pedia pra ficar lá, com elas, durante um tempo, até eu
conseguir me reerguer e poder sair novamente e, que lá, era o único lugar seguro e enfim, estava feliz pq eu
estava de volta e queria muito ficar e agora tudo ia dar certo. Mas vovó me olhou com uma expressão de muita
compaixão e então ela disse que queria muito que eu ficasse lá, que ela entendia tudo que eu estava passando
e sim, era tudo muito injusto e que nunca, ela e vovô, imaginariam o que mamãe fez, que eles não tinham
preservado todo aquele patrimônio, a vida toda, pra terminar assim, dessa maneira tão triste e que ela gostaria
mais do que ninguém de me acolher nessa hora, mas não era possível, porque a casa da Alvares de Azevedo
não existia mais, que ela tinha sido vendida para comprar a de Pendotiba e que não tinha mais como ela me
acolher lá. Então eu perguntava, mas como podia aquilo, já que eu estava justamente na casa naquele exato
momento, como que a casa não existia? Então ela disse: É porque voce está sonhando. Mas, enquanto vc
estiver sonhando, vc pode ficar aqui com a gente. Então eu ia passear pelos comodos da casa, ia no salão de
visitas,via o quadro do Coliseu de Roma, o relógio de armário, entrava nos quartos, na sala de jantar, cozinha,
no banheiro da copa, no quarto aonde eu dormia, sentava na varanda da frente, por horas, passava a mão pelos
móveis da casa, sentia o cheiro da madeira, do travesseiro de vovó e eu sentia um profundo bem estar e alívio
e seguranca, de voltar a casa, mas eu sabia que em algum momento eu iria acordar, então, eu tentava reter
todos esses sentimentos para continuar sentindo quando acordasse.

Sonhos da quinzena

Sonhei que estava numa espécie de patrulha de resgate de animais. Gatos e cachorrinhos, coelhos, peixes
ornamentais. Era dentro de um palácio e as pessoas deslizavam no piso escorregadio correndo atrás dos
filhotihos e os colocavam numa caixa. Muitas pessoas. Eu olhava pela janela do palácio e via um banco de
areia lá longe da praia, a uns 300 metros mais ou menos com construções, uma espécie de vila, já meio
destruida pela maré, eu dizia para um rapaz, eu vou lá agora, aproveitar que a maré está baixa e vou lá pq
ainda deve haver animaizinhos lá, perdidos, então ele dizia, Angela, não vá, esse mar é traiçoeiro, a maré sobe
derepente, o mar é violento e não vai dar pra vc nadar de volta, eu dizia, eu não me importo, eu e o mar somos
amigos, eu sou forte, eu tenho coragem, eu vou lá e as pessoas diziam, nao vá, tá maluca? é muito perigoso,
mas ainda poderia haver filhotinhos lá, então eu fui, vasculhei todas as casas, mas tinham só um ou dois
animais que fugiam de mim e a medida que eu ia entrando pelas salas elas iam se tranformando em ruínas.
Quando vasculhei todos os comodos e dei minha missão como cumprida, olhei pela janela e vi que o mar ja
tinha subido muito e não dava pra voltar para a praia a pé e muito menos nadar pq o mar estava tão violento e
mexido que as ondas vinhas de todos os lados levantando areia do fundo a ponto das ondas ficarem com a cor
areia, então era o mar batido com a cor da areia e a espuma grossa e branca na crista. Então eu vi que corria
risco sério, as ondas iriam invadir a vila a qualquer momento e mesmo que eu subisse escadas e colunas era
muito pouco provável que as ondas não me alcançassem. Então eu disse pra mim, mesma, agora nõo tem jeito,
o lance é enfrentar e sofrer as consequências.

Sonhei que eu cuidava de uma criança de rua, eu era voluntária de uma ação social algo assim do tipo da Uerê.
E existia esse menininho que particularmente me encantava. Ele tinha algum trauma em relação a familia. Ele
gostava de ficar na minha companhia, nos conversávamos muito, brincávamos, passeávamos, eu o levava ao
Jardim Zoológico, eu o ajudava, dava comida, mas não conseguia tirá-lo das ruas, ele teimava em viver nas
ruas e não era num lugar abrigado, era numa situacao perigosa. Eu ficava tentando fazer a cabeça dele pra ele
morar num abrigo, tentando convencelo sempre que podia, a sair das ruas pq ele era muito pequeno e indefeso
afinal. E teve uma festa nesse abrigo, era um dia de passeio com muitos convidados, e um desses convidados
era Regina e o marido. Enquanto a festa se desenrolava, Regina ajudava as pessoas, e, de vez em quando vinha
e abraçava esse menino com particular atenção, com muito carinho e depois voltava a fazer atividades com as
outras crianças, ajudando-as nas tarefas, a se vestir, arrumando os quartos, lendo, cantando pra elas, e de vez
em quando ela vinha observar a situaçao especial de amizade que existia entre eu e aquele menino, aquela
ligação. De vez em quando Regina chegava mais perto desse menino, abraça muito, agasalhava, acarinhava,
olhava bem pra ele, depois se levantava e ia cuidar de outras pessoas. Nesse momento uma revelação me foi
feita. O menino era filho de Regina. E então estávamos eu e ele numa espécie de lago, e ele olhava pra mim e
dizia, eu gosto muito tanto de vc, eu quero ficar com vc, me leva pra passear, me leva pra sua casa? E eu
queria muito fazer isso mas eu dizia a ele: por que você não vai ficar com sua mãe? Vc precisa entender que
ela te ama muito mais, mas muito mais do que eu. Olha só, ela te ama tanto, que aceitou que vc vivesse nas
ruas, pq entendeu que só assim vc seria feliz, e sem tentar modificar sua essência, ela recebe o que ela pode de
vc, ela cuida o que ela pode, o que vc deixa e vai, generosamente, embora quando não pode fazer mais nada
por vc, ela sabe que vc pode morrer e que isso vai ser devastador pra ela, vai acabar com a vida dela e ainda
assim aceita que vc seja dessa forma. Mas eu não, eu quero modificar vc, quero que vc seja do meu jeito, o
jeito que é o certo. Quero que vc tenha uma casa, escola, cama, tudo. Imagino o quanto ela deve estar sofrendo
por deixar vc ser do jeito que vc quer, abrindo mão de um menininho tão pequenininho, imagino a
preocupação dela constante de saber que o filho está vivendo nas ruas e aceitar isso. Imagino a dor dela de ver
vc gostar mais de mim do que dela que é sua mãe. Isso é muito triste. E eu me afastava do menino para não
magoar ainda mais Regina, admirada da generosidade dela, em deixar o filhinho amado viver de acordo com a
natureza dele. E me sentia pequena, egoísta e mesquinha.

Sonhei que estava numa dificuldade financeira incrível, vivendo em grande pobreza e sem perspectiva de
melhorar, então Paulo Henrique apareceu no meu apartamento pra me dizer que ia me ajudar, me dando um
plano de sade da Golden Cross mas no nome de outra pessoa. Também me ‘deu um mostruário cheio de jóias
para que eu guardasse comigo e dinheiro vivo, enrolado em papéis que pareciam ser um contrato. Eu ficava
muito agradecida a ele embora desconfiasse de alguma coisa. Ao mesmo tempo Nizan Guanaes, por um outro
lado, fazia a mesma coisa. Chegava com compras de casa e objetos de valor e dizendo que ia me arrumar uma
casa própria. Ambos estavam me ajudando por meios ilícitos e eu tambem não dizia nem a um nem a outro
que eles estavam me ajudando ao mesmo tempo, por medo que um ou outro deixasse de me ajudar porque as
das ajudas eram vitais mas insuficientes em si mesmas. Eram apenas migalhas que eu não sabia o quanto
tempo iam durar. Tratei de capitalizar em cima do que eu podia, peguei as jóias e fui vendelas numa banca,
coloquei as minhas no centro e nas bordas coloquei as de duas outras mulheres, que chegaram dizendo ah, as
nossas estão aí também, muito bem, pensei que vc só fosse se preocupar em vender as suas. Achei que eram
vizinhas, foi quando eu entendi que estava vivendo numa espécie de comunidade onde cada um tinha um
lugar, mas o lugar não era de ninguém, uma espécie de abrigo. Tipo o Retiro dos Artistas. Então vinham
muitas pessoas entusiasmadas, olhavam as jóias e diziam, nossa voce vai fazer muito dinheiro com essas jóias,
nossa que beleza de jóias, mas ninguém chegava a comprar alguma coisa. E Paulo Henrique também chegava
pra fiscalizar a venda das jóias, e então eu sabia que eram dele as jóias e que na verdade eu só estava tentando
vendelas na esperança de ganhar alguma comissão. Eu tinha uma sensaçào de esperança que agora as coisas
iriam mudar de verdade pq Paulo tinha entrado em contato comigo novamente e estava feliz por ele se
importar em me ajudar mas, ao mesmo tempo, eu sentia uma grande humilhação e constrangimento e tristeza,
pq entendia que eu só merecia ser ajudada daquela forma menor, por meio de trambiques, servindo pra
justificar coisas escusas, tipo uma laranja, que só poderia ser ajudada de forma oculta, por meio de
expedientes, uma ajuda que na verdade degrada. Mas enfim, o que eu estava esperando? Ter algum valor?

Insights do terceiro vidro.

O principal e que me emocionou bastante é que estou com 15 anos. Estou entre os 13 e os 17 anos. Lembrando
dos sonhos dessa época, (criação do mundo) ouvindo as músicas, o mesmo ritmo alimentar, buscando os
mesmos paladares, exemplo: mingau de maizena, chá com leite, coquetel de camarão, doces, pavé de
chocolate de tetei, etc. Falando termos da época, gírias. Roupas da época O insight da insônia, eu nunca mais
tive insônia, a não ser nessa época, de estar bodeada, acordar de ressaca. E estou vivendo essa época MESMO.
A pista foi o convite que me surgiu para passar o carnaval em Cabo Frio, na hora nem linkei, mas depois me
dei conta de que foi nesse período da minha vida que passava todas as férias e Cabo Frio e que depois desse
tempo, nunca mais estive lá.

Crisis não. Efeito contrário? Babosa, vitamina C, no máximo me fez aguentar a dor. Não fez o efeito esperado.
Diferente de Rescue.

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