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Deus nos criou para a unidade. Assim como Ele na eternidade sempre foi um
com o Filho e o Espírito, assim nos criou. Sendo a mulher parte do homem e através da
sagrada união do matrimônio ambos são feitos um só (“Por isso, o homem deixa pai e
mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Gn 2.24). E este casal
vivia em comunhão com Deus diariamente de modo que eles eram um com o Pai. Deus
habitava ali. Então, de maneira sagaz, satanás influencia Adão e Eva causando um
rompimento neste relacionamento tão íntimo que havia ali. A imagem de Deus que
estava no Homem foi manchada (“Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gn 1.27) e o que antes era
unidade, agora passou a ser distância. Rompeu-se o elo: “Mas as iniquidades de vocês
fazem separação entre vocês e o seu Deus; e os pecados que vocês cometem o levam a
esconder o seu rosto de vocês, para não ouvir os seus pedidos.” (Is 59.2).
Contudo, Deus nos reconciliou consigo mesmo em Cristo, conforme 2 Coríntios
5.17-19, que diz: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da
reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da
reconciliação.”. Ou seja, a unidade que havia sido perdida no Éden pelo pecado, foi
restaurada pela cruz. Assim você e eu somos um com Deus Pai em Cristo (“Mas aquele
que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” 1 Co 6.17).
O texto que lemos afirma que: “todos os que criam estavam juntos”. Ora,
aqueles que criam eram exatamente aqueles que antes, em estado de pecado eram
encontrados como inimigos de Deus e, portanto, estavam distantes da Sua presença.
Todavia, no momento em que creram no evangelho, confessaram seus pecados e se
arrependeram dos seus maus caminhos, pela graça de Deus, foram reconciliados com
Deus e passaram a desfrutar de unidade com o Pai. Isto significa que todos aqueles que
estavam em unidade com Deus estava também em unidade com seus irmãos. Deus nos
criou para a unidade, assim como Sua igreja foi criada para unidade. Esse foi, inclusive,
o pedido de Cristo quando rogou ao Pai dizendo: “Não peço somente por estes, mas
também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem,
a fim de que todos sejam um. E como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.20-21). Cristo é o
elo que une todo aquele que nele crê.
Entendemos então que a comunhão não é opcional à igreja, mas um imperativo a
todos aqueles que são um com Cristo. Quero destacar três benefícios principais que
ganhamos com a unidade da igreja. São eles:
1. UM CORPO UNIDO SE SUSTENTA
“Mas que defesa? A igreja foi atacada e não levantou uma espada...”. De fato, a
igreja não levantou espadas. Na verdade, na última vez que alguém tentou empunhar
uma espada para se defender foi repreendido por Cristo (Jo 18.10-11). Nem Jesus usou
da força física para se defender, pois entendia a razão da sua missão. Esta é a razão da
nossa missão: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os
principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as
forças espirituais do mal, nas regiões celestiais.” (Ef 6.12). Ou seja, se a nossa luta não
é contra outros homens, significa que não usaremos as mesmas armas que eles. Nossa
luta é espiritual. Portanto, usaremos das nossas armas espirituais para defesa do corpo
de Cristo.
Enquanto Pedro estava preso por pregar o evangelho a igreja estava em oração:
“E assim Pedro estava guardado na prisão; mas havia oração incessante a Deus por
parte da igreja a favor dele.” (At 12.5). Que fantástico! Pedro podia até estar na prisão,
MAS... Quanto poder há nesse “mas”! A ideia aqui é a de que por pior que fosse a
situação atual de Pedro, não havia necessidade de temor, pois naquele momento muita
oração e intercessão em favor da sua vida estava acontecendo.
Não há maior defesa espiritual para uma igreja do que quando ela tem membros
que oram uns pelos outros, cobrem uns aos outros de oração. De modo que cada um de
nós podemos passar pelos momentos mais aterradores da vida, as dificuldades mais
espantosas, MAS naquele momento haverá uma igreja de joelhos orando sem cessar em
favor de cada um de nós. Quando você estiver em um momento de luta eu estarei de
joelhos em seu favor. Quando eu estiver em um momento de dor você estará levantando
um clamor de intercessão a Deus. Isso acontece porque um corpo unido se defende e se
defende com a arma mais poderosa que temos, podemos e devemos usar: a oração.
3. UM CORPO UNIDO SE AMA
A grande marca de quem está unido a Cristo é esta: “Amados, amemo-nos uns
aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus
e conhece a Deus.” (1 Jo 4.7). Nada supera o amor! Paulo, escrevendo aos Colossenses
vai chamar o amor de “vínculo da perfeição”: “Acima de tudo isto, porém, esteja o
amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3.14).
O amor é o mais importante dos dons (1 Co 13.13), também o primeiro na lista
dos frutos do Espírito (Gl 5.22). Podemos dizer que sem o amor nenhum outro benefício
seria possível ao corpo de Cristo. Essa expressão “vínculo da perfeição”, segundo o
comentarista, faz do amor: “a graça que liga todas as outras graças”. Porém, mais que
isso, é o amor que une os crentes, fazendo-os prosseguir adiante, em direção ao alvo.
A igreja primitiva, definitivamente, era uma igreja que amava. A palavra
“comum” ou “comunhão” do texto que lemos inicialmente tem no original o sentido que
temos comunhão com Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Ou seja, há uma união
trinitária. O amor que une o Pai ao filho e ao Espírito nos envolve e nos une a ele. Mas
também, em segundo lugar, na comunhão que temos uns com os outros. Ou seja, é o
amor que une você a mim em Cristo Jesus. Este padrão é encontrado em uma fala de
Jesus: “Jesus respondeu: "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a
sua alma e de todo o seu entendimento." Este é o grande e primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: "Ame o seu próximo como você ama a si mesmo."” (Mt
22.37-39). O amor então cria esse vínculo onde amamos e somos amados por Deus, e
amamos e somos amados pelo Corpo de Cristo. Que amarra perfeita!
Disse John Piper: “Se alguém dissesse a Jesus: "O amor une, a doutrina
divide", penso que Jesus olharia fundo na alma dessa pessoa e diria: "A doutrina
verdadeira é a raiz do amor. Portanto, quem se opuser a ela, destruirá a raiz da
unidade"”. Portanto, meus irmãos, não existe igreja que ama sem doutrina, nem igreja
que substitui o amor pela doutrina. Existe apenas uma igreja: a igreja que pratica a
verdadeira doutrina, a saber, o amor.
CONCLUSÃO