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OS BENEFÍCIOS DA UNIDADE DO CORPO DE CRISTO

“Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.” At 2.44

Deus nos criou para a unidade. Assim como Ele na eternidade sempre foi um
com o Filho e o Espírito, assim nos criou. Sendo a mulher parte do homem e através da
sagrada união do matrimônio ambos são feitos um só (“Por isso, o homem deixa pai e
mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Gn 2.24). E este casal
vivia em comunhão com Deus diariamente de modo que eles eram um com o Pai. Deus
habitava ali. Então, de maneira sagaz, satanás influencia Adão e Eva causando um
rompimento neste relacionamento tão íntimo que havia ali. A imagem de Deus que
estava no Homem foi manchada (“Assim Deus criou o ser humano à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gn 1.27) e o que antes era
unidade, agora passou a ser distância. Rompeu-se o elo: “Mas as iniquidades de vocês
fazem separação entre vocês e o seu Deus; e os pecados que vocês cometem o levam a
esconder o seu rosto de vocês, para não ouvir os seus pedidos.” (Is 59.2).
Contudo, Deus nos reconciliou consigo mesmo em Cristo, conforme 2 Coríntios
5.17-19, que diz: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Ora, tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da
reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da
reconciliação.”. Ou seja, a unidade que havia sido perdida no Éden pelo pecado, foi
restaurada pela cruz. Assim você e eu somos um com Deus Pai em Cristo (“Mas aquele
que se une ao Senhor é um só espírito com ele.” 1 Co 6.17).
O texto que lemos afirma que: “todos os que criam estavam juntos”. Ora,
aqueles que criam eram exatamente aqueles que antes, em estado de pecado eram
encontrados como inimigos de Deus e, portanto, estavam distantes da Sua presença.
Todavia, no momento em que creram no evangelho, confessaram seus pecados e se
arrependeram dos seus maus caminhos, pela graça de Deus, foram reconciliados com
Deus e passaram a desfrutar de unidade com o Pai. Isto significa que todos aqueles que
estavam em unidade com Deus estava também em unidade com seus irmãos. Deus nos
criou para a unidade, assim como Sua igreja foi criada para unidade. Esse foi, inclusive,
o pedido de Cristo quando rogou ao Pai dizendo: “Não peço somente por estes, mas
também por aqueles que vierem a crer em mim, por meio da palavra que eles falarem,
a fim de que todos sejam um. E como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.20-21). Cristo é o
elo que une todo aquele que nele crê.
Entendemos então que a comunhão não é opcional à igreja, mas um imperativo a
todos aqueles que são um com Cristo. Quero destacar três benefícios principais que
ganhamos com a unidade da igreja. São eles:
1. UM CORPO UNIDO SE SUSTENTA

Aquela igreja que podemos chamar de embrionária estava nascendo em um


contexto completamente hostil. Perseguidos pelos fariseus, perseguidos pelos romanos,
sendo minados pelas heresias que tentavam confundir a doutrina apostólica. Essa igreja
era atacada de todas as formas possíveis. Em meio a tantos ataques foi a sua unidade
que a fortaleceu. Conforme está escrito em Eclesiastes:
“Melhor é serem dois do que um, porque maior é o pagamento pelo seu
trabalho.
Porque se caírem, um levanta o companheiro. Mas ai do que estiver só, pois, caindo,
não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquecerão; mas,
se for um sozinho, como se aquecerá? Se alguém quiser dominar um deles, os dois
poderão resistir; o cordão de três dobras não se rompe com facilidade.” Ec 4.9-12
Quando penso na imagem de duas pessoas dormindo juntas e se aquecendo eu
imagino Paulo e Silas na prisão sofrendo as dores da tortura, mas animando um ao outro
em sua fé. Eu penso em Misael, Ananias e Azarias (Sadraque, Mesaque e Abdenego)
entrando na fornalha de fogo ardente sustentando a fé um do outro para que
testificassem ali uma fé genuína no Deus vivo. Eu penso nos mártires da igreja que
verem seus irmãos queimados, esquartejados, crucificados, adoravam a Deus e
anunciavam em alta voz que Jesus Cristo era o SENHOR fortalecendo assim a fé
daqueles que estavam entregando suas vidas num matadouro.
Estevão, um dos primeiros diáconos da igreja, foi apedrejado em nome do
evangelho. Você poderia perguntar: “onde estavam os irmãos de Estevão que
permitiram que fosse apedrejado? Onde estava a resistência? Cadê a força desse
cordão?”. De fato, esse foi um golpe certeiro no coração da igreja primitiva. Sabe de
que forma eles demonstraram resistência e força? “[...] Naquele dia, teve início uma
grande perseguição contra a igreja em Jerusalém. Todos, exceto os apóstolos, foram
dispersos pelas regiões da Judeia e da Samaria. Alguns homens piedosos sepultaram
Estêvão e fizeram grande lamentação por ele. Saulo, porém, queria destruir a igreja.
Indo de casa em casa, arrastava homens e mulheres, lançando-os na prisão. Enquanto
isso, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.” (At 8.1-4).
Sabe o que isso significa? Que o corpo estava mais forte do que nunca! Eles
pensavam que haviam matado um membro do corpo, mas tudo o que fizeram foi moer a
semente que daria muito fruto. O evangelho de João 12.24 diz: “Digo verdadeiramente
que, se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas, se
morrer, dará muito fruto.”.
Esse é o nível de unidade que Deus espera da sua igreja. Uma comunhão levada
até as últimas consequências!
2. UM CORPO UNIDO SE DEFENDE

“Mas que defesa? A igreja foi atacada e não levantou uma espada...”. De fato, a
igreja não levantou espadas. Na verdade, na última vez que alguém tentou empunhar
uma espada para se defender foi repreendido por Cristo (Jo 18.10-11). Nem Jesus usou
da força física para se defender, pois entendia a razão da sua missão. Esta é a razão da
nossa missão: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os
principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as
forças espirituais do mal, nas regiões celestiais.” (Ef 6.12). Ou seja, se a nossa luta não
é contra outros homens, significa que não usaremos as mesmas armas que eles. Nossa
luta é espiritual. Portanto, usaremos das nossas armas espirituais para defesa do corpo
de Cristo.
Enquanto Pedro estava preso por pregar o evangelho a igreja estava em oração:
“E assim Pedro estava guardado na prisão; mas havia oração incessante a Deus por
parte da igreja a favor dele.” (At 12.5). Que fantástico! Pedro podia até estar na prisão,
MAS... Quanto poder há nesse “mas”! A ideia aqui é a de que por pior que fosse a
situação atual de Pedro, não havia necessidade de temor, pois naquele momento muita
oração e intercessão em favor da sua vida estava acontecendo.
Não há maior defesa espiritual para uma igreja do que quando ela tem membros
que oram uns pelos outros, cobrem uns aos outros de oração. De modo que cada um de
nós podemos passar pelos momentos mais aterradores da vida, as dificuldades mais
espantosas, MAS naquele momento haverá uma igreja de joelhos orando sem cessar em
favor de cada um de nós. Quando você estiver em um momento de luta eu estarei de
joelhos em seu favor. Quando eu estiver em um momento de dor você estará levantando
um clamor de intercessão a Deus. Isso acontece porque um corpo unido se defende e se
defende com a arma mais poderosa que temos, podemos e devemos usar: a oração.
3. UM CORPO UNIDO SE AMA

A grande marca de quem está unido a Cristo é esta: “Amados, amemo-nos uns
aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus
e conhece a Deus.” (1 Jo 4.7). Nada supera o amor! Paulo, escrevendo aos Colossenses
vai chamar o amor de “vínculo da perfeição”: “Acima de tudo isto, porém, esteja o
amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3.14).
O amor é o mais importante dos dons (1 Co 13.13), também o primeiro na lista
dos frutos do Espírito (Gl 5.22). Podemos dizer que sem o amor nenhum outro benefício
seria possível ao corpo de Cristo. Essa expressão “vínculo da perfeição”, segundo o
comentarista, faz do amor: “a graça que liga todas as outras graças”. Porém, mais que
isso, é o amor que une os crentes, fazendo-os prosseguir adiante, em direção ao alvo.
A igreja primitiva, definitivamente, era uma igreja que amava. A palavra
“comum” ou “comunhão” do texto que lemos inicialmente tem no original o sentido que
temos comunhão com Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Ou seja, há uma união
trinitária. O amor que une o Pai ao filho e ao Espírito nos envolve e nos une a ele. Mas
também, em segundo lugar, na comunhão que temos uns com os outros. Ou seja, é o
amor que une você a mim em Cristo Jesus. Este padrão é encontrado em uma fala de
Jesus: “Jesus respondeu: "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a
sua alma e de todo o seu entendimento." Este é o grande e primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: "Ame o seu próximo como você ama a si mesmo."” (Mt
22.37-39). O amor então cria esse vínculo onde amamos e somos amados por Deus, e
amamos e somos amados pelo Corpo de Cristo. Que amarra perfeita!
Disse John Piper: “Se alguém dissesse a Jesus: "O amor une, a doutrina
divide", penso que Jesus olharia fundo na alma dessa pessoa e diria: "A doutrina
verdadeira é a raiz do amor. Portanto, quem se opuser a ela, destruirá a raiz da
unidade"”. Portanto, meus irmãos, não existe igreja que ama sem doutrina, nem igreja
que substitui o amor pela doutrina. Existe apenas uma igreja: a igreja que pratica a
verdadeira doutrina, a saber, o amor.
CONCLUSÃO

Gostaria então de a partir daquilo que entendemos hoje compartilhar conselhos a


serem aplicados neste novo ano que chegará em instantes.

1. Que em 2023 você se dedique à sua igreja como nunca se dedicou: Se


disponha como membro ativo do corpo. Seja alguém disposto a carregar o fardo
do outro. A suportar as dificuldades do seu irmão. A se engajar em cada trabalho
promovido. Tudo isso para a glória de Deus;
2. Que em 2023 você ore pela sua igreja como nunca orou: através da oração o
Senhor responde ao Seu povo. Orai sem cessar por cada membro desta igreja,
por aqueles que estão firmes, aqueles que estão distantes. Pelos fortes e fracos na
fé. Por aqueles que jamais sonharam em pisar neste lugar, mas que, pela fé e por
graça, estarão aqui neste ano louvando ao Senhor juntos conosco. Pelos
departamentos desta igreja, pelos desafios de construção, pela liderança
(diáconos, presbíteros e pastores). Se comprometa como um intercessor deste
corpo. Igreja que é igreja ora!
3. Que em 2023 você ame sua igreja como nunca amou: Demonstre afeto pelo
seu irmão, se preocupe com aquele que está ausente, visite o enfermo, ligue aos
que estão distantes, busque comunhão com todos, perdoe aqueles que te
ofenderam e peçam perdão àqueles que você fez mal. Uma igreja que ama é uma
igreja que tem as marcas de Cristo.

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