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PERCURSOS EPISTÊMICOS:

UMA LEITURA SEMIÓTICA DAS


TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO
Andrey Istvan Mendes Carvalho (UFRJ/PIBIC-CNPq/NUPES)
Ana Vitória Lucas da Silva (UFRJ/PIBIC-UFRJ/NUPES)
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Regina Souza Gomes (FL-UFRJ/NUPES)
PROJETO – A VERIDICÇÃO DISCURSIVA EM CRISE: CONTRIBUIÇÕES DA SEMIÓTICA
AS ETAPAS DA PESQUISA:
FAKE NEWS E TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO

 Etapa 1: Outubro/2020 – Setembro/2021


 A relação fiduciária como direcionadora da aceitação do dizer-
verdadeiro.
 Etapa 2: Outubro/2021 – Novembro/2022
 O universo cognitivo e a influência da confiança na
reconfiguração dos saberes.
 Etapa 3: Dezembro/2023 – Atualmente
 Relações entre fazeres cognitivos e pragmáticos através da ética e das
relações de metadestinação.
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CORPUS DA PESQUISA

 Etapa 1:
 Fake news verificadas pela agência de checagem Aos Fatos;
 Capas de jornais sensacionalistas, como o Meia-hora.
 Etapa 2:
 Página do site Jornal da Cidade Online;
 Página do site Jornal Tribuna Nacional.
 Etapa 3:
 Sistematização dos resultados e proposição de modelos
teórico-metodológicos. 12ª Semana de Integração Acadêmica da UFRJ 3
A RELAÇÃO ENUNCIADOR-ENUNCIATÁRIO:
A QUESTÃO FIDUCIÁRIA

As trocas comunicativas dependem fundamentalmente


do estabelecimento de contratos:
O contrato fiduciário garante o estabelecimento de
um conjunto de valores entre os participantes da
troca comunicativa, no nível fundamental;
O contrato veridictório garante o reconhecimento do
dizer-verdadeiro, no nível discursivo, operado pelo
enunciador por parte do enunciatário;
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A RELAÇÃO ENUNCIADOR-ENUNCIATÁRIO:
A QUESTÃO FIDUCIÁRIA

Fonte: É OFICIAL: Documentos da Pfizer e dados oficiais do mundo real provam que as vacinas
COVID já estão causando despovoamento em massa - Jornal Tribuna Nacional; em 01/05/2023, às
09h50. 5
OS RECURSOS DISCURSIVO-TEXTUAIS

 Além de se qualificar como um sujeito dotado de um


conhecimento verdadeiro, o enunciador das teorias da
conspiração tem como estratégia a desqualificação de
valores e saberes por meio de:
 A intertextualidade, entendida como a colocação direta, no
enunciado, de outros textos aos quais se faz referência;
 A interdiscursividade, compreendida como a referência a
um modo de organização do plano do conteúdo
reconhecível e reconhecido por suas características salientes.
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A INTERTEXTUALIDADE NAS TEORIAS DA
CONSPIRAÇÃO

Fonte: A FARSA DA AGENDA 2030: A mesma 'ciência' que agora ataca o NITROGÊNIO é a 'ciência'
maligna e fraudulenta que ataca o CARBONO - Jornal Tribuna Nacional; em 01/05/2023, às 10h03.
7
A INTERDISCURSIVIDADE NAS TEORIAS DA
CONSPIRAÇÃO

Fonte: Taxa de homicídios no Brasil despenca após relaxar as leis de armas – esquerdistas indignados -
Jornal Tribuna Nacional; em 01/05/2023, às 10h14.
8
O ATO EPISTÊMICO

 O ato epistêmico é um juízo de reconhecimento e


adequação por parte do sujeito:
 Reconhecimento das relações entre os novos conteúdos e os
conteúdos já conhecidos.
 Adequação do sistema de saberes e crenças estabelecido aos
novos conteúdos;
 Os conteúdos são modalizados pelo sujeito enquanto
convicção, improbabilidade, probabilidade e dúvida.
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NOSSA PROPOSTA:
OS PERCURSOS EPISTÊMICOS
1
Convicção [S4] Percurso descendente:
Impactante

/crer dever ser/ Passo 1: Distensão


Probabilidade [S3] S4 -> S2
/não-crer não-dever ser/ Passo 2: Extinção
S2 -> S1
Intensidade

Percurso ascendente:
Dúvida [S2]
/não-crer dever ser/ Passo 1: Aparição
S1 -> S3
Improbabilidade [S1]
/crer não-dever ser/ Passo 2: Saturação
Tênue

S3 -> S4

0 Concentrado Extensidade Difuso 1

FONTE: Elaboração própria, com base em Zilberberg (2011), Patte (1985, 1986) e Discini (2015).
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NOSSA PROPOSTA:
OS CIRCUITOS EPISTÊMICOS

 Circuito 1:
Convicção1 -> Dúvida1 -> Improbabilidade1 ->
-> Improbabilidade2 -> Probabilidade2 -> Convicção2
 Circuito 2:
Improbabilidade2 -> Probabilidade2 -> Convicção2 ->
Convicção1 -> Dúvida1 -> Improbabilidade1
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Concluímos essa etapa da pesquisa propondo uma


interpretação tensiva para os atos epistêmicos;
 Faz parte desta etapa, também, a discussão tensiva das
modalizações éticas que recaem sobre o sujeito,
direcionando seu fazer pragmático;
 Na etapa atual, buscamos propor um modelo integrado
das dimensões cognitivas e pragmáticas dos discursos.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALCOTT, H; GENTZKOW, M. Social media and fake news in the 2016 election. Journal of Economic
Perspectives, v. 31, n. 2, p. 211-236, 2017.
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BARROS, D. L. P. de. Contrato de veridicção: operações e percursos. Estudos Semióticos, v. 18, n. 2., p. 23-45,
agosto de 2022.
BARROS, D. L. P. de. Algumas reflexões sobre o papel dos estudos linguísticos e discursivos no ensino-aprendizagem
na escola. Estudos Semióticos, v. 15, n. 2, p. 1-14, dezembro de 2019.
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BERTRAND, D. Caminhos da semiótica literária. Bauru/SP: EDUSC, 2003.
BYFORD, J. Conspiracy theories: a critical introduction. NewYork: Palgrave Macmillan, 2011.
DISCINI, N. O estilo nos textos: história em quadrinhos, mídia e literatura. São Paulo: Contexto, 2009.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DISCINI, N. Corpo e estilo. São Paulo: Contexto, 2015.


COURTÉS, J. Introducción a la semiótica narrativa y discursiva: metodología y aplicación. Tradução de
Sara Varsallo. Buenos Aires: Librería Hachette, 1980.
ECO, U. Interpretação e superinterpretação. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2000.
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FONTANILLE, J. Semiótica do discurso.Trad. De Jean Cristtus Portela. São Paulo: Contexto, 2019.
FONTANILLE, J. Semiótica y literatura: ensayos de método. Trad. Desiderio Blanco. Lima: Fondo Editorial de la
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

GOMES, R. S. Um olhar semiótico sobre a atualidade: a aspectualização a partir de Greimas. Estudos Semióticos,
v. 14, n. 1, p. 108–116, março de 2018.
GOMES, R. S. Estratégias semânticas no discurso do MEC e ideologia. Estudos Semióticos, [S. l.], v. 18, n. 3, p.
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GREIMAS, A. J. Sobre o sentido II: ensaios semióticos. Tradução de Dilson Ferreira da Cruz. São Paulo: EdUSP,
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LANDOWSKI, E. A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica. São Paulo: EDUC/PONTES, 1992.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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PARRET, H. Enunciação e pragmática. Tradução de Eni Pulcinelli Orlandi et al. Campinas: Editora da
UNICAMP, 1988.
PATTE, D. “Modalités éthiques: une nouvelle catégorie modale”. In: PARRET, H.; RUPRECHT, H.-G. (orgs.).
Exigences et perspectives de la sémiotique: recueil d’hommenages pour Algirdas Julien Greimas.
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SOARES, V. L.; MANCINI, R. Uma leitura tensiva das modalidades veridictórias. Estudos Semióticos, [S. l.], v.
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TANDOC JR., E. C.; LIM, Z. W.; LING, R. Defining “fake news”: a typology of scholarly definitions. Digital
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ZILBERBERG, C. Elementos de semiótica tensiva. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.
ZILBERBERG, C. Razão e poética do sentido. São Paulo: EdUSP, 2006.

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MUITO OBRIGADO!

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