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Marinhos
- Costões rochosos, praias arenosas, marismas (zonas das marés)
- Recifes de Coral
- Fontes hidrotermais
- Estuários (interfaces com fluxos de água continental)
- Pelagial (massas d’água)
- Plataforma continental e planícies abissais
2. Necton
- Seres com natação ativa podendo procurar outras massas d’água
Cefalópodes: Lula, sépia
Vertebrados (só não aparecem anfíbios): Peixes, répteis (tartarugas e serpentes marinhas),
aves, pinguins e mamíferos (de vários tipos, incluindo os cetáceos).
3. Bentos
- Seres associados ao fundo rochoso ou sedimentar
Fitobentos: algas sésseis, por exemplo.
Zoobentos: animais que vivem sobre a superfície (epibentos ou epifauna, como
caranguejos) ou animais que vivem dentro do substrato, formando galerias (infauna).
4. Plêuston
- Seres que se movimentam por ação dos ventos (aguapé, Velella)
5. Neuston
- Seres associado à superficial
Epineuston: Insetos, por exemplo, que se movem acima da película de tensão superficial da
água
Hiponeuston: Larvas de mosquito, por exemplo, que ficam penduradas na superfície.
6. Perifiton
- Seres geralmente microscópicos ou muito pequenos formando um biofilme sobre as
superfícies sólidas imersas
Zonas
Zona eufótica: Camada mais superficial onde a luz penetra.
Zona Profunda: Abaixo da zona eufótica, a luz não chega e, portanto, os vegetais
fotossintetizantes não sobrevivem.
Zona Litoral: Parte marginal do lago onde há desenvolvimento de plantas macrófitas
enraizadas.
Zona limnética: Onde o fundo está abaixo da zona iluminada, ou seja, está na zona
profunda.
Estratificação térmica
- Fenômeno derivado da ação da densidade da água em temperaturas diferentes
Epilímnio: Isotermia (quente) e oxigênio abundante.
Metalímnio: Descontinuidade térmica e oxigênio variável.
Hipolímnio: Isotermia (frio), oxigênio baixo ou nulo e presença de nutrientes.
Hidrelétricas
Enquanto são construídas, as usinas hidrelétricas represam as águas de um rio, inundam
cidades e matas e forçam o deslocamento da população ribeirinha. Em troca, geram a
indispensável energia elétrica. Depois de prontas, elas também causam problemas
ambientais, embora menos conhecidos, mas igualmente impactantes. Geólogos e biólogos
do Paraná e de São Paulo examinaram as transformações do rio Paraná nos últimos 20 anos
e verificaram que as barragens das hidrelétricas, ao cortarem o rio, reduzem em 36% a
velocidade da água, em 70% o volume de sedimentos em suspensão e diminuem a diferença
entre os níveis máximos de água durante a seca e a cheia, modificando o modo como os
peixes e outros seres viviam.
E hidrelétrica é o que não falta nesse rio. São cerca de 150, contando só as que têm
barragens com pelo menos 15 metros de altura, no próprio rio Paraná e em seus afluentes,
entre eles os rios Tietê, Grande e Paranapanema, que se ramificam por uma área de 2,5
milhões de quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai e Argentina – é a segunda maior
rede de rios do Brasil. Se por um lado essas hidrelétricas produzem 60% da energia elétrica
do país e abastecem as regiões que concentram a maior parte da população e da atividade
econômica na América Latina, por outro transformaram o Paraná e seus afluentes em uma
sucessão de lagos que modificam o comportamento dos rios.
“Um ano depois da entrada em funcionamento da última hidrelétrica, o rio, no trecho mais
próximo às barragens, tornou-se uma piscina, de tão transparente”, conta Stevaux,
coordenador de um grupo que reúne especialistas da UEM, da UnG, da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, interior paulista, e de universidades e institutos de
pesquisa argentinos que estudam o rio Paraná. “Os turistas adoram, porque podem
mergulhar e ver raias e outros peixes nadando bem perto.” No início peixes predadores
como o dourado, de um metro de comprimento, também devem gostar. Sem a água turva,
podem ver tudo melhor e comer à vontade. O problema é que esses predadores terão cada
vez menos para comer nos anos seguintes, porque a população de peixes menores cairá
rapidamente.
no rio Paranapanema, o maior reservatório artificial de água do mundo, com área alagada
equivalente a sete vezes a da baía de Guanabara.
Quanto mais transparentes, mais as águas deixarão passar a luz do sol, que modifica as
comunidades de plantas e de animais do fundo do rio. Microrganismos, peixes e plantas
acostumados ao lodo e à escuridão desaparecem. As algas, que dependem de luz, podem
crescer não só na superfície, seu espaço habitual, mas também no fundo. O perigo é que se
multipliquem como o molusco bivalve Limnoperna fortunei, uma espécie invasora, que
apareceu na última década no porto de Buenos Aires trazido em água de lastro de navios
vindos da Ásia. “Sem predador, esse molusco se espalha e causa prejuízos”, diz Stevaux. Já
atrapalhou até o funcionamento das turbinas de Itaipu.
Com esses trabalhos, que incluem a reconstrução da história geológica do rio, a equipe de
Stevaux amplia o conhecimento sobre rios tropicais, menos estudados que os de clima
temperado, cujo fluxo depende do derretimento da neve das montanhas. Stevaux imagina
que essas pesquisas ajudarão a definir os limites aceitáveis de impactos ambientais de
hidrelétricas a serem construídas no país. Já ajudaram a criar o Parque Nacional da Ilha
Comprida e o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, um afluente do Paraná.
Um dos objetivos do grupo é definir a variação mínima de água entre a seca e a cheia de
modo a conciliar a sobrevivência de peixes e plantas com a necessidade de gerar energia.
“Como as barragens estocam água, os rios não têm mais cheia e a água não chega mais às
lagoas em que os peixes desovam. Os capinzais que passam a maior parte do tempo
inundados nas margens dos rios só brotam quando a água baixa”, exemplifica. “Essas
alterações no fluxo de água podem se propagar e mudar radicalmente todo o ambiente.”
Turismo
Segundo Stevaux, os artigos científicos e os trabalhos de mestrado e doutorado gerados por
essa pesquisa estão ajudando a definir e a gerenciar atividades turísticas próximo aos
grandes rios da bacia do Paraná ao indicar quanta exploração uma área suporta. Sua equipe
elaborou uma equação matemática que define a fragilidade ambiental em 12 níveis e
concluiu que os rios secundários nos municípios de Porto Rio, no Paraná, Taquarussu, no
Mato Grosso do Sul, e Rosana, em São Paulo, encontram-se perto do máximo de impacto
ambiental (nível 10), por serem intensamente visitados por pescadores no final do ano.
O projeto
Propagação da “onda impactante” na dinâmica de fluxo e na carga de fundo do rio Paraná.
Modelo para gerenciamento de rios aluviais sob impacto de barragem, hidrovia e mineração
(nº 04/14057-5); Modalidade Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa; Coordenador José
Cândido Stevaux – Universidade Guarulhos; Investimento R$ 130.000,00 (FAPESP) e R$
220.000,00 (CNPq-ProSul)
Agricultura e urbanização são os tipos de atividade que mais preocupam, mas não só. A
mineração, apesar de ocupar pouco território, apresenta um alto potencial de dano à
qualidade dos mananciais, apontam os autores de uma pesquisa brasileira publicada no
Journal of Environmental Management.
O trabalho é o primeiro a criar um panorama nacional sobre como cada tipo de uso do solo
afeta os recursos hídricos nacionais. “A maioria dos estudos faz projeções sobre os
impactos da mudança do uso do solo na quantidade de água disponível, não na sua
qualidade, então não sabemos como estará a qualidade da água no país daqui a 30 anos”,
comenta Ricardo Hideo Taniwaki, da UFABC, um dos autores.
Levantamento extenso
A análise foi dividida em etapas. Na primeira, os autores obtiveram informações sobre
cobertura e uso da terra a partir da plataforma Mapbiomas. Nesse momento, foi possível
observar a preservação da vegetação nativa e a extensão de atividades com possível impacto
na qualidade da água: agricultura, pasto, silvicultura, mineração e urbanização.
Em uma segunda fase, além da atividade em si, o grupo mostrou que a degradação varia
conforme a escala usada para avaliá-la, e que isso deve ser levado em conta no
planejamento de ações de preservação.
Na escala espacial, pode-se medir o efeito daquele tipo de atividade na margem do rio,
exatamente no ponto de coleta da água, na faixa de vegetação ripária (também conhecida
como mata ciliar) ou em toda a bacia hidrográfica. “Deste grupo, a análise da bacia
hidrográfica parece refletir melhor a qualidade da água como um todo”, pontua Taniwaki.
Por fim, o grupo discute cenários possíveis projetados com modelos matemáticos capazes
de prever a qualidade futura da água. “Destacamos modelos já disponíveis no Brasil que
podem ser utilizados para simular o impacto de medidas positivas e negativas, bem como
os dados que seriam necessários para isso”, comenta Mello.
Nas áreas urbanas há dois problemas principais. “Primeiro, a impermeabilização quase que
total do solo, graças ao asfalto, então tudo que fica ali, inclusive metais pesados, é escoado
para o rio quando chove, e não temos muitos programas de tratamento de água pluvial”,
aponta Taniwaki.
Depois, apesar de ocuparem apenas 0,6% do solo do país, as cidades são grandes
responsáveis pela degradação das águas por conta do esgoto não tratado, que despeja nos
rios coliformes fecais, matéria orgânica e outros poluentes. Para se ter ideia, cerca de 48%
da população não conta com coleta de esgoto em casa. E apenas 10% das 100 maiores
cidades brasileiras tratam mais do que 80% do esgoto coletado.
O padrão “pouco espaço, muito estrago” se repete no caso da mineração, atividade que
sabidamente libera nos cursos de água metais pesados tóxicos aos humanos e à fauna e
flora locais. As recentes tragédias nas barragens de Brumadinho (MG) e Mariana (MG)
evidenciaram esses impactos.
Depois do rompimento em Mariana, mais de 650 quilômetros do rio Doce, um dos mais
importantes do país, foram poluídos, afetando mais de 1 milhão de pessoas. Já as análises
de água do rio Paraopeba, um dos afetados pelo colapso em Brumadinho, mostram valores
de chumbo e mercúrio 21 vezes acima do aceitável depois do acidente.
“E ainda temos mais de 40 barragens que estão em risco de acidentes do tipo”, alerta
Taniwaki.
Um mapa elaborado pela equipe de pesquisadores revela que apenas 26% de mata nativa
está preservada na Floresta Atlântica. Não à toa, apenas 6,5% dos principais rios da região
têm água avaliada como de boa qualidade.
Outros dois biomas que preocupam são a Amazônia e o Cerrado. A Amazônia, apesar de
ainda conservar boa parte de sua vegetação nativa, vive um momento delicado. “Em 2019,
enfrentou sua maior perda florestal em dez anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais”, destaca Mello.
Para que essa análise seja feita de maneira mais assertiva, contudo, é preciso melhorar a
qualidade dos dados disponíveis, que, para os pesquisadores, é escassa. “É difícil fazer
projeções com as informações sobre qualidade da água e uso do solo que temos agora, e elas
são fundamentais para criar políticas públicas”, comenta Taniwaki.
“Até agora, as estimativas que temos indicam uma severa degradação da qualidade da água
caso o desmatamento e o saneamento básico não melhorem nos próximos anos”, prevê
Mello. As consequências negativas no longo prazo incluem mais gastos para tratar a água
poluída antes que ela seja utilizada ou para trazê-la de regiões mais distantes, um custo
transmitido à população via conta de água, e mudanças drásticas nos outros serviços
ambientais oferecidos por rios e riachos.
“Por outro lado, simulações feitas da restauração das Áreas de Preservação Permanente
[florestas ripárias] com o cumprimento do Código Florestal evidenciam uma melhora da
qualidade da água com a redução de sedimentos, nitrogênio e fósforo”, diz Mello.