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UFABC Biomas Brasileiros QS 2020 _____ Aula 10 - Ricardo Hideo Taniwaki - 30/11/2020

Aula 10 - Ecossistemas Aquáticos


Ecologia - Aula 12 - Ecossistemas aquáticos
Água Doce
- Rios (sistemas lóticos)
- Lagos e reservatórios (sistemas lênticos e intermediários)
- Pântanos

Marinhos
- Costões rochosos, praias arenosas, marismas (zonas das marés)
- Recifes de Coral
- Fontes hidrotermais
- Estuários (interfaces com fluxos de água continental)
- Pelagial (massas d’água)
- Plataforma continental e planícies abissais

Compartimentos biológicos Marinhos


1. Plâncton
- Seres em suspensão, sem capacidade natatória para vencer correntes
- Caracterizam massa d’água
Autotróficos (fitoplâncton): diatomáceas.
Heterotróficos (zooplâncton): crustáceos, larvas, poliquetos, moluscos, e outros.

2. Necton
- Seres com natação ativa podendo procurar outras massas d’água
Cefalópodes: Lula, sépia
Vertebrados (só não aparecem anfíbios): Peixes, répteis (tartarugas e serpentes marinhas),
aves, pinguins e mamíferos (de vários tipos, incluindo os cetáceos).

3. Bentos
- Seres associados ao fundo rochoso ou sedimentar
Fitobentos: algas sésseis, por exemplo.
Zoobentos: animais que vivem sobre a superfície (epibentos ou epifauna, como
caranguejos) ou animais que vivem dentro do substrato, formando galerias (infauna).

4. Plêuston
- Seres que se movimentam por ação dos ventos (aguapé, Velella)

5. Neuston
- Seres associado à superficial
Epineuston: Insetos, por exemplo, que se movem acima da película de tensão superficial da
água
Hiponeuston: Larvas de mosquito, por exemplo, que ficam penduradas na superfície.

6. Perifiton
- Seres geralmente microscópicos ou muito pequenos formando um biofilme sobre as
superfícies sólidas imersas

Milena Vallone Pott


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Formado por: Bactérias, algas unicelulares, cianofíceas, protozoários (pedunculados,


presos à superfície).

O Ambiente Lêntico (lagos e represas)


A água do lago não é renovada da mesma maneira que a água do rio

Zonas
Zona eufótica: Camada mais superficial onde a luz penetra.
Zona Profunda: Abaixo da zona eufótica, a luz não chega e, portanto, os vegetais
fotossintetizantes não sobrevivem.
Zona Litoral: Parte marginal do lago onde há desenvolvimento de plantas macrófitas
enraizadas.
Zona limnética: Onde o fundo está abaixo da zona iluminada, ou seja, está na zona
profunda.

Estratificação térmica
- Fenômeno derivado da ação da densidade da água em temperaturas diferentes
Epilímnio: Isotermia (quente) e oxigênio abundante.
Metalímnio: Descontinuidade térmica e oxigênio variável.
Hipolímnio: Isotermia (frio), oxigênio baixo ou nulo e presença de nutrientes.

Estratificação Sazonal em Lagos Temperados


Verão: Água superior mais quente, água inferior mais fria (e estagnada) e ausência de
circulação vertical misturando essas massas de água
Outono: Temperatura na superfície decai (ficando mais fria até do que a água do fundo), o
que matinha a estratificação se perde, gerando uma recirculação da massa de água, o que
pode até favorecer a produtividade primária, pois os nutrientes do hipolímnio agora estão
na superfície em contato com a luz solar.
Inverno: A superfície se congela (graças a anomalia térmica da água) e abaixo abriga
massas de águas mais quentes e mais densas.
Primavera: Assim como no outono, ocorre recirculação das massas de água.

O Ambiente Lótico (rios)


Zonas
Tamanho da calha aumenta em profundidade e largura respectivamente às zonas, enquanto
o tamanho do grão diminui.
Crenal
- zona das fontes
- fundo muito rochoso com grandes pedras
- pequena heterogeneidade de habitats
- comunidade reduzida
Ritral
- zona das cabeceiras
- cascalhos no fundo
- recebe material alóctone e pequena biomassa do crenal
- produção e decomposição limitadas
- predomina o consumo (cadeia de pasteio)
Zona de transição
- fundo formado por areia grossa

Milena Vallone Pott


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- recebe detritos do ritral e material alóctone


- predomina a produção
Potamal
- parte mais baixa do rio em seu curso médio e seu curso mais baixo
- fundo com areia fina e, muitas vezes, lama
- produtores limitados às margens, recebe detritos e biomassa de montante
- predomina a decomposição (cadeia de detritos)

Milena Vallone Pott


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Rios Empobrecidos: Revista Fapesp

Hidrelétricas
Enquanto são construídas, as usinas hidrelétricas represam as águas de um rio, inundam
cidades e matas e forçam o deslocamento da população ribeirinha. Em troca, geram a
indispensável energia elétrica. Depois de prontas, elas também causam problemas
ambientais, embora menos conhecidos, mas igualmente impactantes. Geólogos e biólogos
do Paraná e de São Paulo examinaram as transformações do rio Paraná nos últimos 20 anos
e verificaram que as barragens das hidrelétricas, ao cortarem o rio, reduzem em 36% a
velocidade da água, em 70% o volume de sedimentos em suspensão e diminuem a diferença
entre os níveis máximos de água durante a seca e a cheia, modificando o modo como os
peixes e outros seres viviam.

As barragens também causam marés diárias. As comportas fecham parcialmente à noite,


quando o consumo de eletricidade é menor, e reduzem em quase um metro o nível de água
abaixo da barragem. Durante o dia, as turbinas têm de produzir mais eletricidade, as
comportas deixam passar mais água e causam o efeito inverso. Estudos coordenados pelo
geólogo José Cândido Stevaux, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no
Paraná, e da Universidade Guarulhos (UnG), em São Paulo, indicaram que a oscilação diária
da água causada pelas barragens pode ampliar em 200% a erosão das margens do rio
Paraná.

E hidrelétrica é o que não falta nesse rio. São cerca de 150, contando só as que têm
barragens com pelo menos 15 metros de altura, no próprio rio Paraná e em seus afluentes,
entre eles os rios Tietê, Grande e Paranapanema, que se ramificam por uma área de 2,5
milhões de quilômetros quadrados no Brasil, Paraguai e Argentina – é a segunda maior
rede de rios do Brasil. Se por um lado essas hidrelétricas produzem 60% da energia elétrica
do país e abastecem as regiões que concentram a maior parte da população e da atividade
econômica na América Latina, por outro transformaram o Paraná e seus afluentes em uma
sucessão de lagos que modificam o comportamento dos rios.

“Um ano depois da entrada em funcionamento da última hidrelétrica, o rio, no trecho mais
próximo às barragens, tornou-se uma piscina, de tão transparente”, conta Stevaux,
coordenador de um grupo que reúne especialistas da UEM, da UnG, da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, interior paulista, e de universidades e institutos de
pesquisa argentinos que estudam o rio Paraná. “Os turistas adoram, porque podem
mergulhar e ver raias e outros peixes nadando bem perto.” No início peixes predadores
como o dourado, de um metro de comprimento, também devem gostar. Sem a água turva,
podem ver tudo melhor e comer à vontade. O problema é que esses predadores terão cada
vez menos para comer nos anos seguintes, porque a população de peixes menores cairá
rapidamente.

Os geólogos e os biólogos desse grupo concentram as pesquisas em um dos poucos trechos


do Paraná sem barragens, entre a foz do rio Paranapanema, que separa São Paulo do
Paraná, e o início da represa de Itaipu, que começa a se formar no município de Guaíra,
Paraná, e se estende por mais de 120 quilômetros até chegar às barragens, uma delas com
altura equivalente a um prédio de 65 andares. Para medir a carga suspensa de sedimentos
nesse trecho de 200 quilômetros de extensão e 4 quilômetros de largura em média, os
pesquisadores soltam um disco pintado de preto e branco, suspenso por um cordão, no
meio do rio. Quanto antes o disco desaparecer de vista, mais rico em sedimentos é o rio. “Há
alguns anos o disco desaparecia do nosso campo de visão depois de 1,5 metro”, conta
Stevaux. “Agora bate no fundo do rio, a 4 metros da superfície, e ainda o vemos.” Nesse
trecho a transparência das águas é maior nas proximidades das usinas de Porto Primavera,

Milena Vallone Pott


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no rio Paranapanema, o maior reservatório artificial de água do mundo, com área alagada
equivalente a sete vezes a da baía de Guanabara.

Quanto mais transparentes, mais as águas deixarão passar a luz do sol, que modifica as
comunidades de plantas e de animais do fundo do rio. Microrganismos, peixes e plantas
acostumados ao lodo e à escuridão desaparecem. As algas, que dependem de luz, podem
crescer não só na superfície, seu espaço habitual, mas também no fundo. O perigo é que se
multipliquem como o molusco bivalve Limnoperna fortunei, uma espécie invasora, que
apareceu na última década no porto de Buenos Aires trazido em água de lastro de navios
vindos da Ásia. “Sem predador, esse molusco se espalha e causa prejuízos”, diz Stevaux. Já
atrapalhou até o funcionamento das turbinas de Itaipu.

Com esses trabalhos, que incluem a reconstrução da história geológica do rio, a equipe de
Stevaux amplia o conhecimento sobre rios tropicais, menos estudados que os de clima
temperado, cujo fluxo depende do derretimento da neve das montanhas. Stevaux imagina
que essas pesquisas ajudarão a definir os limites aceitáveis de impactos ambientais de
hidrelétricas a serem construídas no país. Já ajudaram a criar o Parque Nacional da Ilha
Comprida e o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, um afluente do Paraná.

Um dos objetivos do grupo é definir a variação mínima de água entre a seca e a cheia de
modo a conciliar a sobrevivência de peixes e plantas com a necessidade de gerar energia.
“Como as barragens estocam água, os rios não têm mais cheia e a água não chega mais às
lagoas em que os peixes desovam. Os capinzais que passam a maior parte do tempo
inundados nas margens dos rios só brotam quando a água baixa”, exemplifica. “Essas
alterações no fluxo de água podem se propagar e mudar radicalmente todo o ambiente.”

Turismo
Segundo Stevaux, os artigos científicos e os trabalhos de mestrado e doutorado gerados por
essa pesquisa estão ajudando a definir e a gerenciar atividades turísticas próximo aos
grandes rios da bacia do Paraná ao indicar quanta exploração uma área suporta. Sua equipe
elaborou uma equação matemática que define a fragilidade ambiental em 12 níveis e
concluiu que os rios secundários nos municípios de Porto Rio, no Paraná, Taquarussu, no
Mato Grosso do Sul, e Rosana, em São Paulo, encontram-se perto do máximo de impacto
ambiental (nível 10), por serem intensamente visitados por pescadores no final do ano.

As barragens e os lagos artificiais não causam só problemas. Também promovem o turismo


fluvial, que atrai quem mora na região de Presidente Prudente e de Maringá, e criam
desafios, como a definição de espaços turísticos. As praias, transportadas pelo rio, são
móveis: em um ano podem estar a 200 metros do final de uma cidade, no ano seguinte a 3
quilômetros. Outro desafio é a mineração de areia – ainda não está certo quanto se pode
tirar sem prejudicar o rio. “Pretendemos ajudar na elaboração de leis de proteção também
da foz dos rios e não só das nascentes, que já são protegidas”, diz Stevaux.

O projeto
Propagação da “onda impactante” na dinâmica de fluxo e na carga de fundo do rio Paraná.
Modelo para gerenciamento de rios aluviais sob impacto de barragem, hidrovia e mineração
(nº 04/14057-5); Modalidade Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa; Coordenador José
Cândido Stevaux – Universidade Guarulhos; Investimento R$ 130.000,00 (FAPESP) e R$
220.000,00 (CNPq-ProSul)

Milena Vallone Pott


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Urbanização e agricultura são os usos do solo que mais afetam os rios no


Brasil : Revista Fapesp
Introdução
Chloé Pinheiro | Agência FAPESP – O Brasil abriga o maior volume de água doce do mundo,
mas essa reserva está se tornando mais escassa devido a fatores como mudanças
climáticas, aumento do consumo e tratamento inadequado. Mais do que isso: as águas dos
rios brasileiros estão perdendo qualidade por conta da falta de planejamento no uso do solo.

Agricultura e urbanização são os tipos de atividade que mais preocupam, mas não só. A
mineração, apesar de ocupar pouco território, apresenta um alto potencial de dano à
qualidade dos mananciais, apontam os autores de uma pesquisa brasileira publicada no
Journal of Environmental Management.

A revisão foi liderada por Kaline de Mello, bióloga do Instituto de Biociências da


Universidade de São Paulo (IB-USP) apoiada pela FAPESP, e contou com a participação de
pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade de
Massachusetts e Universidade Estadual do Oregon, ambas nos Estados Unidos.

O trabalho é o primeiro a criar um panorama nacional sobre como cada tipo de uso do solo
afeta os recursos hídricos nacionais. “A maioria dos estudos faz projeções sobre os
impactos da mudança do uso do solo na quantidade de água disponível, não na sua
qualidade, então não sabemos como estará a qualidade da água no país daqui a 30 anos”,
comenta Ricardo Hideo Taniwaki, da UFABC, um dos autores.

A investigação, portanto, é um ponto de partida para vislumbrar o futuro da água no país


em diversos cenários, otimistas e pessimistas.

Levantamento extenso
A análise foi dividida em etapas. Na primeira, os autores obtiveram informações sobre
cobertura e uso da terra a partir da plataforma Mapbiomas. Nesse momento, foi possível
observar a preservação da vegetação nativa e a extensão de atividades com possível impacto
na qualidade da água: agricultura, pasto, silvicultura, mineração e urbanização.

“Depois, separamos os estudos que avaliaram em campo o efeito da atividade em questão


nos rios próximos a ela, nos diferentes biomas brasileiros”, conta Mello. Entre os
parâmetros usados para medir a qualidade da água estão a presença de coliformes fecais,
sedimento, nitrogênio, fósforo, metais pesados e outros poluentes.

Em uma segunda fase, além da atividade em si, o grupo mostrou que a degradação varia
conforme a escala usada para avaliá-la, e que isso deve ser levado em conta no
planejamento de ações de preservação.

Na escala espacial, pode-se medir o efeito daquele tipo de atividade na margem do rio,
exatamente no ponto de coleta da água, na faixa de vegetação ripária (também conhecida
como mata ciliar) ou em toda a bacia hidrográfica. “Deste grupo, a análise da bacia
hidrográfica parece refletir melhor a qualidade da água como um todo”, pontua Taniwaki.

Milena Vallone Pott


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Já a escala temporal mostra a variação de acordo com dados de temperatura, estações do


ano e períodos de chuva. “Isso é bem importante no cenário de mudanças climáticas que
vivemos, onde a previsão é de chuvas mais intensas e secas mais prolongadas e, se a
atividade agrícola não tiver boas práticas, o potencial de poluição dos rios e riachos é
maior”, continua Taniwaki.

Por fim, o grupo discute cenários possíveis projetados com modelos matemáticos capazes
de prever a qualidade futura da água. “Destacamos modelos já disponíveis no Brasil que
podem ser utilizados para simular o impacto de medidas positivas e negativas, bem como
os dados que seriam necessários para isso”, comenta Mello.

Impacto por tipo de solo


Atualmente, 28,8% do território brasileiro é ocupado por pasto e agricultura, concentrados
principalmente no Cerrado (42% do total) e na Floresta Atlântica (62%). “Nas áreas de
pastagem, o solo é compactado pelos animais, o que afeta a absorção de água pelo solo,
aumentando o escoamento superficial e faz com que uma maior quantidade de água e
poluentes chegue ao corpo d’água quando chove”, destaca Mello.

A agricultura também afeta a dinâmica de escoamento, além de ser responsável por um


grande aporte de poluentes como nitrogênio, fósforo e outras substâncias químicas nos rios
e riachos. “Vale lembrar que o Brasil é um dos maiores consumidores de fertilizantes e
agrotóxicos do mundo, o que gera um grande impacto nas águas superficiais e
subterrâneas”, continua a pesquisadora.

Nas áreas urbanas há dois problemas principais. “Primeiro, a impermeabilização quase que
total do solo, graças ao asfalto, então tudo que fica ali, inclusive metais pesados, é escoado
para o rio quando chove, e não temos muitos programas de tratamento de água pluvial”,
aponta Taniwaki.

Depois, apesar de ocuparem apenas 0,6% do solo do país, as cidades são grandes
responsáveis pela degradação das águas por conta do esgoto não tratado, que despeja nos
rios coliformes fecais, matéria orgânica e outros poluentes. Para se ter ideia, cerca de 48%
da população não conta com coleta de esgoto em casa. E apenas 10% das 100 maiores
cidades brasileiras tratam mais do que 80% do esgoto coletado.

O padrão “pouco espaço, muito estrago” se repete no caso da mineração, atividade que
sabidamente libera nos cursos de água metais pesados tóxicos aos humanos e à fauna e
flora locais. As recentes tragédias nas barragens de Brumadinho (MG) e Mariana (MG)
evidenciaram esses impactos.

Depois do rompimento em Mariana, mais de 650 quilômetros do rio Doce, um dos mais
importantes do país, foram poluídos, afetando mais de 1 milhão de pessoas. Já as análises
de água do rio Paraopeba, um dos afetados pelo colapso em Brumadinho, mostram valores
de chumbo e mercúrio 21 vezes acima do aceitável depois do acidente.

“E ainda temos mais de 40 barragens que estão em risco de acidentes do tipo”, alerta
Taniwaki.

Biomas mais ameaçados


Mello destaca que, no geral, a perda da mata nativa é o que mais ameaça os recursos
hídricos nos biomas brasileiros e menciona a situação dos rios e outros cursos d’água na
região da Mata Atlântica, que concentra 65% da população brasileira.

Milena Vallone Pott


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Um mapa elaborado pela equipe de pesquisadores revela que apenas 26% de mata nativa
está preservada na Floresta Atlântica. Não à toa, apenas 6,5% dos principais rios da região
têm água avaliada como de boa qualidade.

Outros dois biomas que preocupam são a Amazônia e o Cerrado. A Amazônia, apesar de
ainda conservar boa parte de sua vegetação nativa, vive um momento delicado. “Em 2019,
enfrentou sua maior perda florestal em dez anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais”, destaca Mello.

O desmatamento na região cresceu 108% em janeiro de 2020, em comparação com o


mesmo mês de 2019. No Cerrado, só restam 19% da vegetação original. “Faltam estudos
sobre a qualidade da água nessas duas regiões, que são justamente as que mais estão
sofrendo com a expansão das fronteiras agrícolas”, afirma Mello.

O futuro da água no Brasil


Com modelos matemáticos já disponíveis na literatura, gestores e pesquisadores podem
projetar o futuro da qualidade de água em suas regiões e detectar que tipo de intervenção é
mais eficaz naquela situação específica. Uma das ferramentas destacadas pelos autores, a
avaliação multicriterial, utiliza a participação social, estatal e privada para priorizar áreas a
serem restauradas em um cenário de escassez de recursos financeiros.

Para que essa análise seja feita de maneira mais assertiva, contudo, é preciso melhorar a
qualidade dos dados disponíveis, que, para os pesquisadores, é escassa. “É difícil fazer
projeções com as informações sobre qualidade da água e uso do solo que temos agora, e elas
são fundamentais para criar políticas públicas”, comenta Taniwaki.

“Até agora, as estimativas que temos indicam uma severa degradação da qualidade da água
caso o desmatamento e o saneamento básico não melhorem nos próximos anos”, prevê
Mello. As consequências negativas no longo prazo incluem mais gastos para tratar a água
poluída antes que ela seja utilizada ou para trazê-la de regiões mais distantes, um custo
transmitido à população via conta de água, e mudanças drásticas nos outros serviços
ambientais oferecidos por rios e riachos.

“Por outro lado, simulações feitas da restauração das Áreas de Preservação Permanente
[florestas ripárias] com o cumprimento do Código Florestal evidenciam uma melhora da
qualidade da água com a redução de sedimentos, nitrogênio e fósforo”, diz Mello.

Daí a necessidade de atuar em prol do cumprimento das legislações ambientais e de uma


expansão agrícola e urbana planejada. “Os estudos que avaliamos mostram ainda os efeitos
negativos do afrouxamento das leis e a diminuição do investimento em pesquisas”, encerra
Taniwaki.

Milena Vallone Pott


UFABC Biomas Brasileiros QS 2020 _____ Aula 10 - Ricardo Hideo Taniwaki - 30/11/2020

Material extra: Relatório Observado Rios - SOS Mata Atlântica

Milena Vallone Pott

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