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Filosofia analítica X filosofia continental: um fato sociológico (pelo menos

desde a década de 1960).

- WITTGENSTEIN:

Um estudo de recepção, como este, deve ser precedido por uma apresentação –
ainda que necessariamente breve e sumária – da obra que está sendo recebida. O
problema em fazer isso com o Tractatus é que ele é um livro que, em certo sentido, não
pode ser resumido. Para começar, ele não é, aparentemente, um livro “argumentativo”,
pelo menos não no sentido usual desse adjetivo e pelo menos não na sua gramática
superficial. Trata-se de um livro aforismático, que fala desde o ponto de vista da
eternidade, um pouco como a Ética de Spinoza (autor a quem ele deve o título do livro).

- ver o artigo “Reading Wittgenstein Between the Texts” para uma metodologia
de “leitura à distância”. Um estudo da recepção de um ponto de vista quantitativo.

Wittgenstein foi para a Inglaterra estudar engenharia; lá, ele acabou encontrando
Russell e começou a estudar filosofia. ele trouxe na mala, no entanto, a filosofia alemã –
ou seja, a filosofia “continental” (é claro que na época essa designação não fazia sentido
– lembremos que boa parte da filosofia inglesa da época era hegeliana).

- ver o final do livro I do Tratado de Hume: a mesma lógica autodestrutiva, mas


sem conduzir ao misticismo. Mas o misticismo de W. se dissolve a si mesmo – ele
conduz, talvez, ao ponto em que Hume chegou (o jogo de gamão).

- ver as referências a Spinoza (no título e na forma do livro e na visão “sub


specie aeternitatis”).

This work has been written originally in German and the title was [translated]
Logical Philosophical Treatise. When the work was published in English, G.E. Moore
suggested the Latin title as homage to Spinoza’s Tractatus Theologico-Politicus and
Wittgenstein agreed. This is not really strange, for not only held Wittgenstein apparently
the Dutch philosopher in high esteem, but a closer look at the TLP shows that its
structure has some similarity with the structure of Spinoza’s Ethics. Both works are
characterized by a mathematical structure and decimal arrangements.

Also the text of the TLP shows here and there a touch of Spinozism, especially
in section 6, where Wittgenstein writes:

6.4311 ... If by eternity is understood not endless temporal duration but


timelessness, then he lives eternally who lives in the present. ...

- se a filosofia é uma terapia, isso significa que W. não adota o “discurso do


mestre”?

- a aposta é que essa leitura de W. “a contrapelo” (Benjamin) iluminará aspectos


de seu pensamento que a assim chamada “filosofia analítica” não ilumina (por exemplo,
o fato de que “há mundo” é relido como o fato de que “há linguagem” (Agamben e
Lacan; o real como o impossível).

- por que o mundo do homem feliz é diferente do mundo do homem infeliz? O


mundo – o que é o caso – não é um dado factual? Resposta: mundo = vida (5.621).

- “Não existe metalinguagem”: Wittgenstein e Lacan. A antifilosofia. O


“Prefácio” e a última Proposição do Tractatus logico-philosophicus (contextualização e
estrutura da obra). Ler as 7 Proposições essenciais do livro. Comentar a Proposição 7. O
místico (Agamben: infância e Platão): silêncio ou fala?

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