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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CAMPUS GOVERNADOR VALADARES


Sheila Souza Vieira

APLICAÇÃO DE ATIVIDADE EM SALA DE AULA


MODELOS EMBRIONÁRIOS
Tópico 3 - Organismos pluricelulares. Diferenciação e diversidade dos tecidos
e órgãos.

Relatório de Aplicação de Atividade em Sala de


Aula, apresentado como requisitos parcial para
aprovação do Tema 1, no Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de Biologia - PROFBIO do
polo da Universidade Federal de Juiz de Fora -
Campus Governador Valadares.
Orientadora: Michelle Bueno de Moura Pereira
Antunes
Tutor: Marcelo Filardi

Governador Valadares
2020
1 Introdução

O entendimento dos conteúdos de biologia exige demasiada memorização de


conceitos, simbologias e nomes, comprometendo muitas vezes, o processo de
ensino-aprendizagem do aluno. Para ARMSTRONG (2012) faz-se necessário
portanto, adotar metodologias de ensino que forneçam subsídios teóricos e práticos
que contribuam para uma aprendizagem mais significativa e consolidem as
habilidades e competências propostas na educação.
Segundo a UNESCO (2005) a distância que existe entre a disciplina de
biologia e a vida dos adolescentes faz com que a maioria dos estudantes não veja
sentido em estudar o conteúdo e, muitas vezes, sentem dificuldade e acabam
perdendo o entusiasmo.
Considerando o ensino de embriologia como de fundamental importância
para o aluno, pois aborda conceitos-chave acerca do desenvolvimento humano,
evolução, genética e biotecnologia, esta atividade proposta na forma de sequência
didática visa oportunizar os alunos do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual
Dr. Joaquim Gomes da Silveira Neto, um conhecimento mais amplo e sistêmico das
fases do desenvolvimento embrionário humano.
Para Perotta et al. (2004) os estudos de Embriologia Humana são complexos,
principalmente devido às necessárias interpretações da morfogênese de forma
tridimensional.
Uma estratégia pedagógica que pode contribuir no ensino de Biologia são os
modelos didáticos, que são “representações, confeccionadas a partir de material
concreto, de estruturas ou partes de processos biológicos” (SANTOS, 2004). A
compreensão das diferentes fases do desenvolvimento embrionário humano é
dificultada não só pela complexidade do assunto e por se tratar de células – não
palpáveis e não visíveis a olho nu -, mas também pela falta de modelos
tridimensionais que representem as várias fases da evolução embrionária de seres
vivos, principalmente em mamíferos. Os modelos embrionários apresentam um alto
custo, comprometendo a sua aquisição e tornando-os de difícil acesso na maioria
das escolas públicas. Nesse sentido, a proposta é a construção de modelos das
fases do desenvolvimento embrionário humano de baixo custo, para o ensino da
Embriologia.
Foi utilizada a manipulação da massa de biscuit para a construção dos
modelos das fases do desenvolvimento embrionário humano, usando como
referência o livro didático e outras fontes. Como material didático de apoio para o
conteúdo de Embriologia, foram confeccionados sete modelos da fase de
segmentação (divisão do ovo: zigoto a blastocisto) e oito modelos do
desenvolvimento do feto (1 a 9 meses de gestação).
2 Objetivos:

 Avaliar as contribuições da atividade na interpretação dos esquemas e na


compreensão das fases iniciais do desenvolvimento embrionário humano e
do desenvolvimento fetal.
 Contribuir com o processo de ensino-aprendizagem acerca do assunto
desenvolvimento embrionário.
 Desenvolver as características da ciência investigativa no aluno:
argumentação, reflexão, trabalho em equipe, debate científico e respeito às
opiniões.
3 Metodologia

Essa sequência didática será aplicada para 120 alunos do 1º Ano do Ensino
Médio que estão na faixa de 15 a 17 anos, da Escola Estadual Dr. Joaquim Gomes
da Silveira Neto, situada no município de Coronel Fabriciano - MG. Terá uma
duração de 4 horas/aula e aborda a pesquisa do assunto, produção da massa de
biscuit e construção dos modelos embrionários.
As etapas desta sequência didática foram estruturadas de forma a
proporcionar uma atividade investigativa baseada em pesquisa do assunto,
rascunho dos modelos e modelagem, levando os alunos a se tornarem
protagonistas do processo de aprendizagem, desenvolverem capacidade crítica e
de argumentação e discutir opiniões construindo seu próprio conhecimento.
Etapas da sequência didática:
1ª aula:
Durante a aula, os alunos receberão imagens do Atlas de Embriologia
Humana de Netter para observação das primeiras fases da segmentação do ovo.
Os alunos deverão, em 25 minutos, observar as imagens e reproduzir
desenhos no caderno, identificando as fases da segmentação do ovo. Após esse
primeiro momento individual, será proposto que os alunos realizem uma discussão
por pares, onde farão observações sobre o desenho reproduzido e anotações das
informações relevantes, para melhor entendimento das fases. A discussão por pares
acontecerá em 10 minutos.
Extra classe:
Esta etapa da sequência didática será realizada extra classe, podendo ser
interdisciplinar com Arte ou até mesmo como tarefa de casa.
O professor apresentará a ferramenta didática de modelagem e pedirá que os
alunos se dividam em 8 grupos com 5 alunos. Em grupos, os estudantes irão
produzir a massa de biscuit que será utilizada para produzir seus moldes. Cada
receita produz aproximadamente 16 peças embrionárias (1 kit completo), sugeridas
nessa sequência didática, com 5 cm cada. A quantidade de ingredientes da receita
será dividida de modo que cada grupo consiga produzir a massa e as peças
sugeridas na próxima etapa.
Para a preparação da massa de biscuit são utilizados os seguintes
ingredientes (REVISTA ARTESANATO):
- 400 ml de cola porcelana fria
- 400 g de amido de milho
- 2 colheres de sopa de vinagre ou limão
- 2 colheres de sopa de vaselina líquida
- 2 colheres de creme Hidratante
A massa de biscuit será preparada com antecedência em microondas para
evitar acidentes com fogo, já que os ingredientes precisam ser aquecidos. Misture
todos os ingredientes, leve ao microondas em vasilhame de vidro por 3 minutos (em
média) na potência máxima. Dependendo da potência do seu microondas o tempo
de cozimento pode variar entre 1 min e 30 segundos até 10 minutos. Faça um teste
na primeira vez que cozinhar a massa, tirando a massa e mexendo a cada trinta
segundos, para que ela não passe do ponto. Após o cozimento, espalhe o creme
hidratante nas mãos e em uma superfície lisa e fria e sove como massa de  pão.
Cuidado com o calor da massa para não queimar as mãos. A massa tem que ser
sovada enquanto está quente, para ficar macia e elástica, tomando-se cuidado para
não queimar as mãos. Depois de sovada, a massa já estará morna. Guarde-a em
um saco plástico limpo, livre de poeiras e gorduras e reservar por 24 horas, tempo
necessário para não ocorrer a secagem rápida, que pode originar trincas no objeto
confeccionado.
2ª aula:
Com as informações extraídas do livro didático e das imagens do atlas, os
alunos serão divididos em grupos com 5 alunos e cada grupo irá construir etapas as
fases de segmentação do ovo e do feto humano, utilizando a massa de biscuit.
 Grupo 1: zigoto, 2 blastômeros, 4 blastômeros
 Grupo 2: 8 blastômeros e 16 blastômeros
 Grupo 3: Blástula - 3 dias e blástula - 4 dias
 Grupo 4: blastocisto e embrião com 1 mês
 Grupo 5: embrião com 2 e feto com 3 meses
 Grupo 6: feto com 4 e 5 meses
 Grupo 7: feto com 6 e 7 meses
 Grupo 8: feto com 8 e 9 meses
Será proposto que os alunos trabalhem por 40 minutos nessa atividade, já
que demanda concentração e habilidade para construção dos modelos.
3ª aula:
Nesta aula os grupos apresentarão os modelos construídos (ANEXOS) e será
feita uma discussão coletiva dos resultados e, caso o professor perceba a
necessidade, correção de problemas pontuais que possam ter surgido.
4ª aula:
Como sugestão de apresentação dos modelos embrionários para toda
escola, propõe-se que essa sequência didática seja realizada contemplando o
momento de estudo do assunto embriologia e a organização de uma feira cultural,
onde os alunos poderão consolidar o aprendizado e sentirem-se valorizados pelo
trabalho realizado. Os moldes poderão compor o laboratório de biologia da escola e
caso este não exista de forma física, poderão compor o acervo de materiais
pedagógicos da disciplina.
4 Resultados Esperados

Através desta sequência didática de construção de modelos embrionários


espera-se que os alunos possam compreender de forma lúdica e ativa as etapas do
desenvolvimento embrionário.
Ao final da sequência didática espera-se que os alunos desenvolvam
características da ciência investigativa, sejam capazes avaliar interpretar os
esquemas e compreender as fases iniciais do desenvolvimento embrionário humano
e do desenvolvimento fetal, consigam argumentar e refletir diante de uma
problematização acerca do assunto abordado e desenvolvam o trabalho em equipe,
debatendo o assunto com embasamento científico e respeitando as opiniões
diversas.
Para consolidação do aprendizado sugere-se que os alunos construam um
resumo esquemático (desenho, textos, mapa mental, nuvem de palavras) sobre as
etapas do desenvolvimento embrionário e posteriormente será aplicada uma
atividade avaliativa (podendo ser em forma de questionário) que contemple o
assunto abordado.
Referências Bibliográficas

ARMSTRONG, Diane Lucia de Paula; BARBOSA, Liane Maria Vargas.


Metodologia do ensino de ciências biológicas e da natureza. 1. Ed.
Curitiba: InterSaberes, 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira. (2009a) Matriz de Referência para o ENEM
2009. Brasília: INEP/MEC.

COCHARD, L. R. Atlas de Embriologia Humana de Netter. Editora Artmed,


Porto Alegre, 2003.

PEROTTA, B.; FIEDLER, P. T.; SANTOS, S. H. P. D.; HIROSE, T. E.;


RODRIGUES, A. L. D. M.; OLIVEIRA, S. A. D.; SATO, M. H.; ÁVILA, H. S.;
MORAES, T. C. D.; FERREIRA, F.D.F. Demonstração prática do
desenvolvimento pulmonar humano. Arq. Apadec, Maringá, v. 8, supl. 2, p.
14, out. 2004.

REVISTA ARTESANATO. Como fazer massa de biscuit. Disponível em:


https://www.revistaartesanato.com.br/como-fazer-massa-de-biscuit/. Acesso
em: 05 nov. 2020.

SANTOS, S.H.P.D. O estudo do desenvolvimento ósseo humano intra-


uterino através de um museu de ossos. Arq. Apadec, Maringá, v.8, n. 2, p.
29, 2004.

UNESCO. Ciência na escola: um direito de todos. Brasília/DF, Brasil, 2005.

ZABALA, Antoni. A prática educativa – como ensinar. Porto Alegre: Artmed,


1998.
ANEXOS

As fotos seguintes foram feitas por Sheila Souza Vieira – material didático
pessoal.

Zigoto Blastômeros – 2 células - 1 dia

4 células – 36 horas Mórula

Blástula - 3 dias 4 dias


Blastocisto

Embrião com 1 mês de gestação Embrião com 2 meses de gestação

Feto com 3 meses de gestação Feto com 4 meses de gestação


Feto com 5 meses de gestação Feto com 6 meses de gestação

Feto com 7 meses de gestação Feto com 8 meses de gestação

Feto com 9 meses de gestação

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