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VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ZOOLOGIA
DE VERTEBRADOS II

Conteudista
Marcelo de Araujo Soares

Revisado por
André Sias

Rio de Janeiro / 2011

Todos os direiTos reservados à

Universidade CasTelo BranCo


UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

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Branco - UCB.

Un3z Universidade Castelo Branco

Zoologia de Vertebrados II / Universidade Castelo Branco. – Rio de Janeiro:


UCB, 2011. - 40 p.: il.

ISBN

1. Ensino a Distância. 2. Título.

CDD – 371.39

Universidade Castelo Branco - UCB


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Apresentação

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É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho proissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reairmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.

Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.

Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Autoestudo

O presente instrucional está dividido em três unidades programáticas, cada uma com objetivos deinidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.

Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.

As Unidades 1 e 2 correspondem aos conteúdos que serão avaliados em A1.

Na A2 poderão ser objeto de avaliação os conteúdos das três unidades.

Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o
conteúdo de todas as Unidades Programáticas.

A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com
os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que
você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.

Bons Estudos!
Dicas para o Autoestudo

1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.

2 - Organize seu ambiente de estudo. Reserve todo o material necessário. Evite


interrupções.

3 - Não deixe para estudar na última hora.

4 - Não acumule dúvidas. Anote-as e entre em contato com seu monitor.

5 - Não pule etapas.

6 - Faça todas as tarefas propostas.

7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.

8 - Não relegue a um segundo plano as atividades complementares e a autoavaliação.

9 - Não hesite em começar de novo.


SUMÁRIO

Quadro-síntese do conteúdo programático ................................................................................................. 09


Contextualização da disciplina ................................................................................................................... 11

UNIDADE I

ESTUDO DOS RÉPTEIS ........................................................................................................................... 13

UNIDADE II

ESTUDO DAS AVES ................................................................................................................................. 21

UNIDADE III

ESTUDO DOS MAMÍFEROS ................................................................................................................... 26

Glossário ..................................................................................................................................................... 34
Gabarito ....................................................................................................................................................... 35
Referências bibliográicas ........................................................................................................................... 37
Quadro-síntese do conteúdo
programático
9

UNIDADES DO PROGRAMA OBJETIVOS

I - ESTUDO DOS RÉPTEIS • Estudar a origem e evolução dos répteis, caracte-


rizando os diversos grupos quanto aos seus aspectos
morfológicos, isiológicos e ecológicos.

II - ESTUDO DAS AVES • Caracterizar as aves quanto aos seus aspectos


morfológicos, isiológicos, ecológicos e evolutivos.

III - ESTUDO DOS MAMÍFEROS • Estudar a origem e a evolução dos mamíferos e


caracterizá-los quanto aos seus aspectos morfológi-
cos, isiológicos e ecológicos.
Contextualização da Disciplina 11

Dando continuidade ao estudo dos Vertebrados, iniciado no módulo “Zoologia de Vertebrados I”, estaremos
não apenas enfocando seus aspectos evolutivos, mas também conheceremos sobre a sua morfologia, isiologia
e seu modo de vida.

Outros aspectos da biologia dos vertebrados podem também contribuir para o entendimento da estrutura. Por
exemplo, a forma pode depender do tamanho, idade ou sexo, e a variação individual pode ter origem ambiental
(nutricional, patológica ou outras). Assim, a Zoologia dos Vertebrados está relacionada a muitas outras ciên-
cias. É conveniente que para suplementar seu treinamento nos princípios da Biologia em todos os níveis e seu
embasamento na estrutura dos vertebrados, o aluno familiarize-se com os conceitos e metodologias de uma,
de preferência mais de uma, das disciplinas relacionadas, tais como a Biomecânica, a Fisiologia, a Ecologia e
a Etologia.

Para aproveitar plenamente qualquer área de estudo, o estudante deve estar convicto de que o retorno irá justi-
icar o esforço. Aqui estão algumas das vantagens que os estudantes podem ter a partir do estudo da morfologia
dos vertebrados: 1. O conhecimento da estrutura animal tem contribuído sobremaneira nas áreas da saúde hu-
mana e da tecnologia. Alguns engenheiros estudam animais à procura de detalhes que melhorem o modelo das
estruturas de navios e aeronaves. 2. O estudo da Morfologia aumenta o entendimento do biólogo a respeito do
material que tem em mãos e dos princípios que governam sua forma. Por meio da interpretação da morfologia,
ele se torna mais proissional, mais acadêmico, deixando de ser um mero colecionador de fatos para tornar-se
um especialista. 3. A análise da estrutura dos vertebrados pode aumentar o interesse ou mesmo o fascínio do
biólogo sobre a forma animal. Este aproveitamento sutil pode ser muito recompensador. 4. A morfologia dos
vertebrados fornece evidências especialmente favoráveis sobre o processo e o resultado da evolução orgânica.
A morfologia contribui para a solução de questões que há muito são importantes para as pessoas: Que forças
regem o curso da vida? Como obter uma visão sobre o curso da vida no tempo e no espaço?

Desta maneira, o estudo da zoologia dos vertebrados ampliará a competência e o prazer do biólogo em seu
trabalho.
UNIDADE I 13

ESTUDO DOS RÉPTEIS

As tartarugas, jacarés, tuataras, anisbenídeos, la- trações de acasalamento dos machos estão feitas
gartos e serpentes, todos bem conhecidos, juntamente para intimidar outros machos e atrair as fêmeas.
com os dinossauros e outras espécies extintas, são rép- O ato de acasalamento pode ser incômodo e muito
teis (do latim repto, rastejar) e pertencem atualmen- perigoso, principalmente entre as grandes tartaru-
te a Classe Reptilia. Foram descritas cerca de 6.000 gas e crocodilos, pois estão menos preparados para
espécies atuais. Como um grupo, eles continuaram a movimentos ágeis na terra. As tartarugas marinhas
migração para a terra iniciada pelos peixes crossopte- costumam a acasalar na água, pois o meio ajuda a
rígeos e pelos anfíbios, e em geral adaptaram-se bem suportar seus corpos pesados. A maioria dos rép-
à vida terrestre. São capazes de viver em ambientes teis coloca ovos. As fêmeas defendem seus ovos
mais secos que os anfíbios e muitos podem ser encon- com violência até os ilhotes nascerem. A maioria
trados em desertos. dos répteis é ovíparo, isto signiica que colocam
ovos. A desova pode ser feita de muitas maneiras
Alguns readaptaram-se à vida aquática, mas todos no mundo dos répteis. Algumas espécies podem
têm que depositar seus ovos na terra, a menos que colocar grandes quantidades de ovos, que se desen-
sejam vivíparos, como as serpentes marinhas. Até volvem sozinhos, muitas vezes em ninhos escondi-
as tartarugas marinhas deixam a água para deposi- dos e bem protegidos embaixo da terra ou na areia.
tar seus ovos nas praias. A distribuição dos répteis Tartarugas marinhas como as tartarugas-verdes, por
é limitada, principalmente, pela sua incapacidade exemplo, chegam na praia para desovar na areia,
de manter a temperatura corporal mais elevada do onde os ovos são deixados para se desenvolverem
que a do ambiente. Eles não são ativos no tempo sozinhos. Em outras espécies, como as dos croco-
frio e não são encontrados em regiões subárticas. dilos ou pítons, as fêmeas defendem o ninho com
agressividade, passando longos períodos ao redor
No sistema nervoso dos répteis ocorre uma mudan- do local e afastando qualquer predador.
ça do centro de atividade encefálica que nos anfíbios
estava situado no mesencéfalo e nos répteis muda A maioria das espécies de répteis é ovovivípara, o
para os hemisférios cerebrais (cérebro). Tal mudança que signiica que os embriões se desenvolvem em
resulta da invasão do palio por muitas células nervo- ovos de casca ina dentro do corpo da mãe. Os ovos
sas (camada cinzenta) para começar a formar o neo- chocam antes de serem colocados para fora do corpo,
palio. O cerebelo dos répteis é mais desenvolvido do por isso pode parecer que as espécies ovovivíparas
que dos anfíbios; porém não se compara ao das aves geram os ilhotes vivos. A Ovoviviparidade pode ser
e mamíferos. encontrada em várias espécies de lagartos e cobras.

Os répteis se reproduzem sexualmente da mesma A circulatório dos répteis é semelhante ao dos


forma que outros vertebrados. Antes de procriar, anfíbios. Seu coração tem três câmaras (dois átrios
muitas espécies de répteis entram em rituais de e um ventrículo), e são os mesmos dois circuitos:
acasalamento que podem levar horas ou até dias. circulação pulmonar e circulação sistêmica. Entre-
O comportamento entre eles durante o acasalamen- tanto, o ventrículo único dos répteis é parcialmen-
to é amplo e varia entre as diferentes ordens. Os te dividido pelo septo de Sabatier, o que torna a
lagartos machos podem mudar de cor ou esvoaçar mistura de sangue arterial e venoso apenas parcial.
a pele localizada ao redor da garganta; algumas O sangue que flui pela circulação sistêmica para os
cobras entram em processos complexos de entre- tecidos do corpo é mais saturado em oxigênio que
laçamento e perseguição; as tartarugas e jabutis aquele recebido pelos tecidos dos anfíbios. Apesar
podem golpear seus prováveis companheiros com dessa diferença anatômica e funcional, a circula-
as suas patas e os crocodilos e jacarés costumam a ção dos répteis também é dupla e incompleta, pe-
berrar ou rosnar, indicando que estão prontos para los mesmos motivos expostos anteriormente para
o acasalamento. Em muitas espécies, as demons- a circulação dos anfíbios.
14

Figura 1: Circulação dos anfíbios.


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_rjOsDvMwj0o/SQifZPVEO0I/AAAAAAAABkg/CabN3-TiPxk/s400/circulacao.jpg. Acesso em 11 de abril de 2011.

A exceção é a circulação dos répteis crocodilia- ventrículos. Entretanto, na emergência das artérias
nos, como os crocodilos e os jacarés. O ventrícu- pulmonar e aorta, há uma comunicação, o forame
lo desses animais é completamente dividido, e o de Panizza, pelo qual ainda ocorre mistura de san-
coração perfaz quatro câmaras: dois átrios e dois gue arterial e venoso.

Figura 2: Circulação dos répteis.


Fonte: http://api.photoshop.com/home_3af2c32eb511423aa826f7c9350b4e8a/adobe-px-assets/889d417b1e53407380f4e3d013662700.
Acesso em 11 de abril de 2011.

Enquanto peixes e anfíbios apresentam rins meso- completa da terra. As glândulas mucosas não estão
nefros (torácicos), de répteis em diante os rins serão presentes na pele e a epiderme é seca e corniicada.
metanefros (abdominais), melhorando muito a capa- Uma quantidade considerável de queratina, uma pro-
cidade iltradora do sangue. teína insolúvel na água, é depositada nas células da
epiderme, formando escamas córneas ou placas na

Principais Adaptações dos Répteis


superfície.

Ao contrário da opinião popular, as cobras não são


Os répteis são vertebrados muito ativos e ágeis, nem um pouco viscosas. As únicas glândulas tegu-
com adaptações que permitem uma exploração mais mentares dos répteis são poucas glândulas odoríferas,
15
cujas secreções são utilizadas para atrair um eventual Tartarugas
parceiro sexual. Em algumas lagartixas e crocodilos, Acredita-se que as tartarugas (ordem Testudines, do
placas ósseas pequenas desenvolvem-se na derme, latim testudo, tartaruga) sejam descendentes diretos
abaixo das escamas dérmicas. dos cotilossauros. A maioria reteve o crânio anapsídeo,
mas adquiriu muitas características especializadas. Os
Embora os répteis sejam ectotérmicos, pois não dentes foram perdidos e as mandíbulas são cobertas por
conseguem manter a temperatura corporal acima da placas córneas e aguçadas. Seu corpo está incluído em
ambiental, pequenos répteis mantêm uma temperatu- uma concha protetora composta por placas ósseas que
ra constante alta e regular em um ambiente quente e se depositam sobre as escamas córneas. As placas ósse-
ensolarado, principalmente através de mudanças no as ossiicaram-se na derme da pele, mas fusionaram-se
seu comportamento. Os lagartos espinhosos dos de- com as costelas e algumas partes mais internas do es-
sertos mantêm sua temperatura corporal em aproxi- queleto. A porção da placa que cobre o dorso é conheci-
madamente 340C durante a maior parte do dia. Se a da como carapaça e a porção vertebral como plastrão.
temperatura corporal cai abaixo de limiar da atividade
normal, o lagarto ica em ângulo reto com os raios so- As tartarugas ancestrais eram seres com pescoço
lares, expondo assim a maior parte da superfície do rijo, incapazes de retrair a cabeça, mas as espécies
corpo ao sol. Se a temperatura do corpo aumenta mui- atuais conseguem recolher a cabeça para dentro da
to, o lagarto procura um abrigo ou ica paralelo aos ra- carapaça. Isto é, acompanhado, na maioria das es-
los solares. É claro que os répteis maiores não podem pécies, por um curvamento do pescoço numa dobra
sempre encontrar sombra necessária, mas o seu gran- em forma de “S” no plano vertical, mas um grupo de
de tamanho corporal provê alguma estabilidade térmi- espécies da América do Sul, África e Austrália desen-
ca porque um tempo considerável é necessário para volveu um método diferente. Elas retraem o pescoço
aquecer ou resfriar sua grande massa corporal. Este em um plano horizontal e, por isso, são conhecidas
pode ter sido o principal mecanismo de regulação tér- como tartarugas com pescoço lateral.
mica dos dinossauros. Além da regulação comporta-
mental, os répteis também podem dissipar ou reduzir a Apesar da aparência desajeitada, as tartarugas são
perda de calor corporal necessária através do controle um grupo ancestral muito bem-sucedido, cuja ances-
da quantidade de sangue que lui através da pele. tralidade pode ser traçada do período Triássico. Elas
passaram por uma extensa diversidade adaptativa e

Evolução dos Répteis


são representadas atualmente por 230 espécies.

Crocodilianos
Tendo “resolvido” os problemas essenciais da vida Durante a era Mesozoica, a Terra era dominada pe-
terrestre, numa época em que havia poucos competi- los arcossauros – répteis que tinham características
dores sobre a terra, os répteis multiplicaram-se rapida- tais como um crânio diapsídeo e uma tendência a de-
mente, espalharam-se por todos os habitats disponíveis senvolver postura bípede. Os apêndices peitorais re-
para eles e especializaram-se. A maior parte da sua di- duzidos, apêndices pélvicos aumentados e uma cauda
versidade adaptativa envolveu diferentes métodos de forte que podia auxiliar a equilibrar o tronco estavam
locomoção e alimentação. Diferentes padrões alimen- relacionados a este método de locomoção.
tares impuseram, entre outras coisas, uma modiicação
nos músculos da mandíbula, e isto, por sua vez, afetou A maioria dos arcossauros foi extinta por volta do i-
a estrutura da região temporal do crânio. A morfologia nal do Mesozoico, mas a razão para isto ainda não está
do crânio, portanto, é uma forma conveniente de sele- totalmente esclarecida. No inal do período Cretáceo,
cionar as diversas linhagens evolutivas dos répteis. as temperaturas ambientais tornaram-se um pouco mais
frias e desapareceram os grandes mares do interior que
Apenas uma pequena parte do crânio dos quadrúpe- devem ter estabilizado as lutuações de temperatura.
des primitivos realmente envolve o cérebro. Um gran-
de espaço lateral à caixa do cérebro e posterior aos As mudanças de temperatura sazonais e diárias eram,
olhos é amplamente preenchido por músculos mandi- provavelmente, mais pronunciadas do que no início da
bulares, que se estendem até a mandíbula inferior. Nos Era Mesozoica. A incapacidade dos grandes dinossau-
répteis ancestrais um assoalho sólido do osso dérmico ros de esconder-se em abrigos ou de hibernarem pode
(crânio anapsídeo) cobre estes músculos dorsal e la- tê-los tornado vulneráveis, especialmente se sua capa-
teralmente. Como consequência de um certo aumento cidade de conservar o calor corporal era rudimentar. As
do cérebro e dos músculos mandibulares, vários tipos mudanças na vegetação que acompanharam as altera-
de aberturas desenvolveram-se no assoalho da têmpo- ções climáticas também podem ter sido um fator. A in-
ra na maioria dos grupos mais recentes de répteis. Os capacidade dos herbívoros especializados de se adaptar
músculos da mandíbula partem da caixa craniana e da às mudanças na vegetação pode tê-los levado à morte.
periferia da janela temporal, podendo passar através Seu desaparecimento, por sua vez, deve ter privado os
das aberturas quando contraem-se. grandes carnívoros da maior parte da sua alimentação.
16

Figura 3: Crocodilos.
Fonte: http://www.mcwdn.org/Animals/Reptile.html. Acesso em 11 de abril de 2011.

Apenas um grupo de arcossauros sobreviveu a expandiu-se, mas atualmente está limitado a pou-
esta extinção total – os crocodilos e jacarés (ordem cas ilhas das costas da Nova Zelândia. Sphenodon
Crocodilia, do latim crocodilus, crocodilo). Os é um sobrevivente “fóssil”, pois não sofreu muitas
crocodilos readquiriram uma postura quadrúpede modiicações desde a espécie em que viveu, 150
(embora suas patas posteriores sejam muito mais milhões de anos atrás.
longas que as anteriores) e um modo de vida se-
melhante ao dos anfíbios. Vinte e três espécies são Lagartos
conhecidas, mas apenas seis ocorrem no Brasil. O Os conhecidos lagartos, as cobras e os anisbení-
jacaré de papo amarelo (Caiman latirostris), que deos, embora supericialmente diferentes, têm uma
pode ser distinguido por seu focinho arredondado, estrutura básica semelhante o suiciente para serem
é a espécie atualmente mais estudada. As espécies colocados na mesma ordem Squamata. Os lagartos
conhecidas como crocodilos apresentam um foci- são os membros mais antigos e primitivos da ordem
nho muito mais pontudo. A cauda deles é achatada e, provavelmente, evoluíram a partir de alguns an-
lateralmente, de forma que é um órgão natatório cestrais semelhantes aos rincocéfalos do início da
muito eiciente. Os olhos, ouvidos e aberturas na- era Mesozoica, sendo classiicados nas subordens
sais situam-se em elevações no topo da cabeça, de Sauria ou Lacertilia (do grego sauros, lagarto).
forma a manter-se acima da água quando o animal
está submerso. Uma característica distinta dos lagartos é a re-
dução da região temporal do assoalho do crânio.
Rincocéfalos Perderam a parte inferior do osso que se estendia,
Os répteis conhecidos como tuataras pertencem no crânio diapsídeo, a partir da região inferior do
ao gênero Sphenodon da Nova Zelândia. A tuatara olho até o osso quadrado. Como resultado disso,
é o membro mais primitivo do grupo dos Squama- o osso quadrado, no qual a mandíbula inferior en-
tas (do latim squamatus, escamoso, escamados) e a caixa-se, não é tão firmemente preso no lugar, po-
única espécie sobrevivente da ordem Rhynchoce- dendo mover-se em alguma extensão. O aparelho
phalia (do grego rhynchos, bico, nariz + cephale, mandibular é mais flexível, a boca pode abrir-se
cabeça). mais, possibilitando a captura e deglutição de pre-
sas maiores. Em outros aspectos, os lagartos man-
Os rincocefalianos são semelhantes aos camale- tém muitas características primitivas. A maioria
ões na aparência geral, mas têm um nariz seme- das espécies apresenta patas, pálpebras móveis e
lhante a um bico e um crânio diapsídeo com duas uma membrana timpânica situada na base do canal
aberturas temporais. Durante uma época, o grupo do ouvido externo.
17

Figura 4: Exemplos de cobras.


Fonte: http://www.mcwdn.org/Animals/Reptile.html. Acesso em 11 de abril de 2011.

Os lagartos têm sido muito bem-sucedidos e passa- lacionada à deglutição de animais maiores do que o
ram por uma enorme diversidade adaptativa. Apro- diâmetro do corpo. Existem exceções a estas genera-
ximadamente 3.000 espécies ocorrem na região lizações; as lagartixas não apresentam pálpebras mó-
tropical e na maior parte das regiões temperadas do veis, “cobras”-de-vidro (um lagarto) não apresenta
mundo. A maioria dos lagartos é quadrúpede ter- patas e algumas das cobras mais primitivas, tais como
restre e alimenta-se de insetos e de outros animais os pitonídeos, têm patas vestigiais.
pequenos durante as horas do dia, mas as lagartixas
tropicais caçam à noite. O corpo vermiforme das cobras, a ausência da mem-
brana timpânica e certas alterações degenerativas nos
Cobras olhos levam a crer que as cobras evoluíram a partir de
As cobras são colocadas na subordem Serpentes ou um grupo primitivo de lagartos cavadores de buracos.
Ophidia (do latim serpenti, serpente). A perda adi- A língua bifurcada, que é frequentemente projetada
cional do osso pós-orbital no assoalho dérmico do para fora da boca, é um órgão relacionado ao tato e
crânio deixa o osso escamoso livre. O mecanismo ao odor. As partículas aderem a ela, a língua retrai-se
mandibular é excepcionalmente lexível e as cobras para dentro da boca e a extremidade é projetada para
podem engolir presas muitas vezes maiores do que uma parte especializada da cavidade nasal (órgão de
seu próprio diâmetro. Num aspecto, as cobras têm Jacobson), onde o odor da partícula pode ser detec-
cinco articulações mandibulares: (1) a normal entre tado. Embora este órgão esteja presente em muitas
a mandíbula quadrada e a inferior, (2) uma entre o ordens de vertebrados terrestres, ele é particularmen-
quadrado e o escamoso, (3) unia entre o escamoso e te bem desenvolvido nas cobras, sendo utilizado por
a caixa craniana, (4) uma mais ou menos na metade elas para seguir trilhas de presas e pata reconheci-
do comprimento da mandíbula inferior, e (5) uma no mento sexual.
queixo, pois as duas mandíbulas inferiores não são
tinidas neste ponto. Cada lado da mandíbula inferior Poucas cobras primitivas ainda cavam buracos, mas
pode ser movido independentemente quando a presa durante sua evolução subsequente, a maioria das co-
entra na boca. bras adaptou-se a vida epígena e sofreu uma grande
diversidade adaptativa. Aproximadamente 2.700 es-
Outra característica típica das cobras é a ausência pécies ocorrem nas regiões temperadas e tropicais do
das pálpebras móveis, da membrana timpânica e da mundo. Desenvolveu-se um padrão de locomoção
cavidade do ouvido médio e das patas e cinturas. A que depende principalmente dos movimentos ondu-
ausência da cintura peitoral está necessariamente re- latórios do tronco longo. Quando uma cobra move-se
18
na grama, por exemplo, lança o tronco para trás da forças impulsionam a cobra para a frente. Cobras
cabeça e movimenta-se em sentido posterior. Quan- que sobem em árvores ou arrastam-se através de
do estes movimentos encontram protuberâncias no solos irregulares desenvolveram outros padrões de
solo, lançam-se contra eles e as resultantes destas locomoção.

Figura 5: Cobras peçonhentas.


Fonte: http://www.mcwdn.org/Animals/Reptile.html. Acesso em 11 de abril de 2011.

As cobras são predadoras de peixes, rãs, lagartos, aves ras do Velho Mundo e as do Novo Mundo (cascavel,
e pequenos mamíferos. Aquelas cujas presas são animais jararaca) têm um par de presas longas na frente da boca
muito ativos, tais como aves e mamíferos capazes de fe- que são articuladas aos ossos da mandíbula superior e
rir seriamente as cobras com seus bicos ou dentes, desen- ao palato, de tal forma que eles icam dobrados contra
volveram métodos de imobilização das presas. A jiboia, e o assoalho da boca quando ela fecha-se e saem automa-
muitas cobras inofensivas que se alimentam de roedores, ticamente quando ela abre-se. Depois de injetarem seu
entrelaçam suas presas rapidamente com laçadas do tronco veneno, que causa a destruição das células sanguíneas
e sufocam a presa, impedindo seu movimento respiratório. vermelhas, elas afastam-se e aguardam a presa icar cal-
ma antes de iniciar a deglutição. As cobras corais e as
Outros grupos desenvolveram glândulas de veneno najas têm presas imóveis na frente da mandíbula supe-
associadas a dentes com sulcos ou cavidades. As víbo- rior, com as quais injetam o veneno neurotóxico.

Figura 6: Diferenças entre cobras peçonhentas e não peçonhentas.


Fonte: http://www.mcwdn.org/Animals/Reptile.html Acesso em 11 de abril de 2011.
19
Os viperídeos têm uma fosseta sensorial proeminen- quando o animal sofre a muda. Os chocalhos podem
te de cada lado da cabeça entre a narina e o olho. Estes se ter desenvolvido como um mecanismo de adver-
órgãos permitem que as cobras encontrem e lancem- tência que impediu que as cobras fossem pisoteadas
se certeiramente sobre objetos vivos que estão ao por outros animais.
redor e auxiliam-nas a alimentarem-se de pequenos
mamíferos noturnos. Anisbenídeos
As cobras-de-duas-cabeças fazem parte atualmente
Muitas cobras vibram suas caudas quando estão em da subordem Amphisbaenia, não estando mais inclu-
perigo. As cascavéis aumentaram sua eiciência neste ídas na ordem dos lagartos, pois parecem descender
hábito pelo desenvolvimento de chocalhos na extre- de escamados muito primitivos. O nome deste grupo
midade da cauda. Os chocalhos são remanescentes de (do grego amphi, ambos + baino, ir) refere-se à sua
pele seca e córnea, que não se dividem completamen- capacidade de mover-se facilmente tanto para a frente
te através do alongamento da extremidade da cauda, quanto para trás, dentro dos seus buracos.

Figura 7: Exemplo de uma cabeça de cobra.


Fonte: http://www.mcwdn.org/Animals/Reptile.html Acesso em 11 de abril de 2011.

Seu corpo é vermiforme e cavam buracos altamente vibrações do solo por meio de uma expansão do es-
especializados, nos trópicos e subtrópicos. Aproxi- tribo na mandíbula inferior. Seus olhos rudimentares
madamente 140 espécies são conhecidas. Não existe são escondidos abaixo da pele, mas o rastro das pre-
abertura do ouvido externo, mas elas podem detectar sas é seguido principalmente pela audição.

Leitura Complementar
Para você saber mais a respeito da origem e evolução dos répteis e diversas outras informações complementares e
importantes, leia sobre o assunto no livro A vida dos vertebrados (Pough, H.; Janis, C. M. & Heiser, J. B., 2003).

Exercícios de Fixação
1 – Os répteis continuaram a migração para a terra iniciada pelos peixes crossopterígeos e pelos anfíbios, e
em geral adaptaram-se bem à vida terrestre. São capazes de viver em ambientes mais secos que os anfíbios e
muitos podem ser encontrados em desertos. Cite algumas das principais adaptações dos répteis.

2 – Embora os répteis sejam ectotérmicos, pois não conseguem manter a temperatura corporal acima da
ambiental, pequenos répteis mantêm uma temperatura constante alta e regular em um ambiente quente e enso-
larado, principalmente através de mudanças no seu comportamento. Exempliique.

3 – Acredita-se que as tartarugas sejam descendentes diretos dos cotilossauros. A maioria reteve o crânio
anapsídeo, mas adquiriu muitas características especializadas. Cite algumas das suas características.

4 – Os lagartos têm sido muito bem-sucedidos e passaram por uma enorme diversidade adaptativa. Quais são
as características principais que estão ligadas ao seu sucesso?
20
5 – As cobras são colocadas na subordem Serpentes ou Ophidia. A perda adicional do osso pós-orbital no
assoalho dérmico do crânio deixa o osso escamoso livre. Quais foram as consequências dessas mudanças mor-
fológicas no crânio das serpentes?

6 – Quais são as características que levam a crer que as cobras evoluíram a partir de um grupo primitivo de
lagartos cavadores de buracos?

7 – As cobras-de-duas-cabeças fazem parte atualmente da subordem Amphisbaenia, não estando mais incluí-
das na ordem dos lagartos, pois parecem descender de escamados muito primitivos. Descreva as suas principais
características.

8 – Indique as classes de vertebrados nas quais podemos encontrar coração com três câmaras e analise com-
parativamente duas características gerais dessas classes.

9 – Quais as características dos répteis que permitiram que eles conquistassem o ambiente terrestre? Por que
os anfíbios não conseguiram?
UNIDADE II 21

ESTUDO DAS AVES

A classe Aves (do latim avis, ave) é o maior gru- de elevação tem de ser igual à força de gravidade na
po de vertebrados terrestres, compreendendo cerca ave e a força propulsora deve superar a força de atrito.
de 8.700 espécies. Elas adaptaram-se ao voo logo no A forma da asa permite um voo plano no ar e minimi-
início de sua evolução e, em sua maioria, são exce- za a turbulência. Algumas correntes de ar, entretan-
lentes voadoras. Até mesmo as poucas espécies que to, fazem voltas, redemoinhos, que se espalham pelo
retornaram completamente à vida terrestre mostram ápice e margem posterior das asas, como um par de
características anatômicas e isiológicas que indicam redemoinhos alinhados. Isto pode ser visto frequen-
sua evolução a partir de ancestrais voadores. temente num avião de voo alto, como dois rastos de
vapor, devido à rápida rotação do ar e, consequente-
A adaptação ao voo impôs uma certa uniformidade mente, baixa de pressão no núcleo do alinhamento de
na estrutura básica e na isiologia de todas as aves. redemoinho, causando condensação.
Além das penas e asas, ou vestígios de asas em certas
espécies terrestres, o voo requer um alto dispêndio Muitos fatores afetam a elevação. Ela aumenta em
de energia. Todas as aves são endotérimicas, tendo proporção direta com a superfície da asa. A área das
desenvolvido meios para conseguirem isto num corpo asas difere entre as diversas espécies de aves e pode
de pouco peso. Quando não estão no ar, as aves vivem variar num só indivíduo pelo seu grau de desdobra-
sobre o solo ou na água, ou em ambos, estando bem mento. A elevação também aumenta muito com o
adaptadas a estes habitats. aumento de velocidade da corrente de ar através da
asa, pois a elevação é proporcional ao quadrado da
A endotermia e o poder de voo das aves possibilita- velocidade.
lhes penetrar e adaptar-se a uma variedade maior de
locais do que qualquer grupo de vertebrados. Elas são As aves de voo rápido, tais como a andorinha, têm
encontradas desde as regiões polares até o equador e asas relativamente menores do que as de voo lento.
vivem nas montanhas, desertos, lorestas e matas. Al- Quando a ave está voando à baixa velocidade, ou du-
gumas vivem a maior parte de sua vida nos oceanos rante a decolagem ou aterrissagem, a asa, na sua mar-
e só retomam à terra para reproduzir-se e construir gem anterior, pode ser inclinada consideravelmente
seus ninhos. para o alto, procedimento este conhecido como au-
mento do ângulo de ataque. Isto aumenta a elevação,

Princípios do Voo
mas também tende a criar uma turbulência redutora
da elevação acima da asa. Separando certas penas a
im de produzir fendas, pelas quais o ar move-se mui-
É importante compreender os mecanismos e princí- to rapidamente, pode-se reduzir a turbulência e possi-
pio do voo, visto ser o principal aspecto da evolução bilitar à asa criar uma elevação muito alta.
das aves. As asas são apêndices peitorais modiicados
e as superfícies de voo são compostas por penas. Um pequeno grupo de penas sustentadas pelo pri-
meiro dedo, a álula (do latim, diminutivo de ala, asa)
A asa tem um formato de aerofólio, espessa na fren- é capaz de produzir uma fenda na frente da asa. Outras
te e ailada para trás e, em geral, é arqueada, o que faz fendas geralmente formam-se ao longo da margem
com que sua superfície inferior seja levemente cônca- posterior e do ápice da asa. As fendas neste último
va e a superior convexa. Uma corrente de ar passando reduzem a turbulência conhecida como redemoinho
pela asa move-se mais rapidamente pela sua super- do ápice. Algumas aves conseguem obter elevação
fície superior, maior, do que pela superfície inferior, adicional durante a aterrissagem abanando as penas
menor. Segundo a lei de Bernoulli, numa corrente da cauda e dobrando-as para baixo. A cauda, então,
de um gás, a pressão é menor quando a velocidade atua tanto como freio quanto como aerofólio de baixa
é maior. A diferença de velocidade do ar diminui a velocidade e de alta elevação.
pressão sobre a asa em relação à face inferior. Isso
produz uma força de elevação, que atua perpendicu- O tipo mais simples de voo é o planador, durante
larmente ao plano de movimento da asa, e uma força o qual as asas fazem a elevação e o movimento para
de atrito, paralela a este plano. Para a ave voar, a força diante vem com a queda no ar. A altitude é perdida
22
num deslize como este, mas ela pode ser mantida e, vimentos para cima, a asa é lexionada e bate para
até mesmo, aumentada, se a ave elevar-se. cima e para baixo, através de um simples movimento
de recuperação, e não gera forças aerodinâmicas uti-
Aves terrestres, como o peru, o abutre ou a águia pes- lizáveis. Outras forças de propulsão e de elevação pa-
cadora, rodam e caem numa corrente ascendente de ar recem ser geradas por movimentos do ar provocados
quente, ou acima de uma escarpa, onde o ar é desviado pelas asas. Em todos os tipos de voo, a cauda ajuda a
para cima. As aves que fazem um voo alto estático sustentar e equilibrar o corpo e é usada como leme.
deste tipo têm asas largas e relativamente pequenas, o

Regulação Térmica
que as torna capazes de manobrar facilmente as cor-
rentes de ar. Tais asas têm baixa proporção entre suas
dimensões (comprimento da asa largura da asa). O
voo é lento e, por isso mesmo, as asas necessitam ter As aves permaneceram com as escamas córneas dos
uma ampla área supericial para fornecer uma eleva- répteis em algumas áreas de suas pernas, nos seus pés
ção adequada, sustentando a ave. A isto denomina-se e, de maneira modiicada, como uma cobertura de seus
baixa proporção de peso da asa (peso da ave superfície bicos. No entanto, as escamas que cobrem o resto do
da asa). A elevação adicional é gerada por fendas da corpo do réptil transformaram-se em penas. As penas
asa, principalmente perto do ápice. são um componente importante do sistema termorre-
gulador, que mantém o equilíbrio entre a produção de
As aves oceânicas fazem um voo alto dinâmico utili- calor, por processos metabólicos, e a sua perda.
zando o aumento da velocidade do ar com o aumento
da elevação, acima da superfície do mar. O atrito com
o oceano faz com que a velocidade seja mais lenta pró-
ximo à superfície do mar. Começando com uma alta
elevação, estas aves planam rapidamente para baixo
com o vento.

Logo acima do oceano, elas dão voltas com o vento e


utilizam a tendência de prosseguir no voo obtida pela
planação para, então, começar a ganhar altitude. À me-
dida que ganham altitude, adquirem velocidades cada
Figura 8: Penas.
vez mais rápidas, que geram elevação adicional. Neste
Fonte: http://www.pbs.org/lifeofbirds. Acesso em 11 de abril de 2011.
momento, as aves retornam à sua altitude original.
As penas envolvem e retêm ar entre elas, o que re-
As aves com voo dinâmico, por utilizarem a velocida-
duz a perda de calor corpóreo, porque impede a pas-
de do ar para a maior parte de suas elevações, têm asas
sagem das correntes de convecção de ar através da
com maiores proporções de peso, que as aves de voo
superfície corporal, que poderiam retirar o calor. O ar
alto estático. Elas também têm asas estreitas e longas
retido é um mau condutor de calor.
(alta proporção entre as dimensões) com pequenas fen-
das. Isto reduz os redemoinhos do ápice, afastando-os.

O voo com batimento de asas é mais complexo do que


a planação ou voo alto porque as asas não estão para-
das. Um outro tipo de voo é o com batimento de asas.
As asas são distendidas e batem para cima e para baixo
durante uma série de movimentos para baixo. Elas tam-
bém icam inclinadas em relação ao plano horizontal,
com sua margem anterior mais baixa que a posterior.
Figura 9: Penas.
Isto muda a direção da elevação local e as forças de ar-
Fonte: http://www.pbs.org/lifeofbirds. Acesso em 11 de abril de 2011.
rasto agem em cada parte da asa, fornecendo um com-
ponente propulsor à força de elevação, além de reduzir
o componente retardado da força de atrito. Deste modo, A água, um excelente condutor de calor, não conse-
a asa, ou pelo menos a parte distal do punho, que se gue penetrar por entre as penas devido à existência de
inclina da posição horizontal para uma extensão maior uma secreção oleosa produzida pela glândula uropí-
que o resto da asa, tem um efeito propulsor. gea (do grego oura, cauda + puge, anca), localizada
na região posterior do corpo da ave, perto da base da
Muitas das penas individuais de voo na parte dis- cauda. Quando a ave limpa e arruma suas penas, ela
tal da asa também separam-se, bem como, de certo espalha esta secreção sobre as mesmas. A glândula
modo, atuam como propulsores individuais. Nos mo- uropígea das aves aquáticas é bastante desenvolvida.
23
Quando a temperatura cai, as penas icam estofadas, bárbulas de barbas adjacentes, unindo-as. Quando as
o que aumenta a espessura da camada de ar sob as barbas separam-se, a ave consegue limpar e recompor
mesmas. Se a temperatura cair bem devagar, a ave a pena com seu bico até uni-las de novo; portanto, o
tem que produzir mais calor intensiicando seu meta- eixo é uma superfície forte, brilhante e capaz de fácil
bolismo, como fazem os mamíferos. reparação, ideal para se insular e planar.

Quando a ave tem que perder calor, as pernas aproxi- Uma pequena hiporraque surge na extremidade
mam-se bastante da superfície do corpo e maior quan- distal do cálamo nas penas de aves primitivas, mas
tidade de sangue lui através da pele (especialmente está reduzida a um tufo de barbas nas espécies mais
em áreas sem penas, tais como as pernas) e iniciam-se especializadas. Quando presentes, elas fornecem um
palpitações. As aves não têm glândulas sudoríparas. estofamento extra.
A interação entre estes mecanismos permite que elas
mantenham constante a temperatura corporal em ní-
As penas de contorno na margem posterior do bra-
veis relativamente elevados, entre 400 e 430C.
ço, mão e cauda formam superfícies de voo, denomi-
nando-se penas de voo. Nas aves velozes, a raque de
Penas
uma pena da asa está próxima à margem de condução.
As penas, assim como as escamas córneas, são mul-
Esta área, então, ica mais espessa e dá à pena uma
tiplicações epidérmicas cujas células acumularam
propriedade de aerofólio.
grandes quantidades de queratina e não vivem mais.
Pigmentos depositados nestas células durante o de-
Outros tipos principais de penas são as plumas, i-
senvolvimento da pena, bem como as modiicações loplumas e cerdas. As plumas cobrem aves jovens,
da superfície que reletem certos raios luminosos, são sendo encontradas abaixo das penas de contorno nos
responsáveis pelas cores brilhantes das aves. adultos de certas espécies, particularmente nas aquáti-
cas. Elas proporcionam um tipo de isolamento eicaz e
Embora as penas cubram a ave, elas estão restritas, na incomum, pois têm um eixo reduzido e longas barbas
maioria das espécies, a determinadas íreas de penas, ao cobertas de penugem saindo diretamente da extremi-
invés de crescerem uniformemente em toda superfície dade distal do cálamo. Uma ilopluma consiste em uma
do corpo. Mais do que qualquer outra característica, as raque iliforme delicada, com poucas barbas no ápice.
penas distinguem as aves dos outros grupos de animais. Seus folículos são ricamente supridos por terminações
nervosas, o que indica que elas atuam como órgãos
dos sentidos, ajudando a controlar os movimentos de
outras penas. As cerdas são penas irmes, sem vexi-
lo, geralmente encontradas ao redor dos olhos e nariz,
que ajudam a manter afastada desses órgãos a sujeira.
Algumas aves insetívoras, tais como o gavião noturno,
têm longas cerdas ao redor da boca, que atuam como
redes para capturar os insetos.

A maioria das aves realiza a muda uma vez ao ano, em


geral após a época da reprodução. Naquelas que apresen-
tam plumagens especiais de reprodução, a muda ocorre
antes da época da reprodução. As penas são perdidas e
substituídas numa sequência característica para cada es-
pécie. O processo é gradual na maioria das espécies e as
aves podem movimentar-se livremente durante a muda.
Certos patos do sexo masculino, entretanto, mudam as
Figura 10: Morfologia da pena. largas penas de voo das suas asas tão rapidamente que se
Fonte: http://www.pbs.org/lifeofbirds. Acesso em 11 de abril de 2011. tornam incapazes de voar por algum tempo.

Nutrição
As penas de contorno, que cobrem o corpo e esta-
belecem a superfície de voo, consistem em uma haste
central rígida, cuja base, o cálamo (do grego kalamos,
tubo), está presa a um folículo na pele. A parte distal O sistema digestório é do tipo completo. As aves
da haste, a raque (do grego rhakis, espinho), susten- possuem bico e língua córneos; não há dentes. As
ta um eixo composto por numerosas ramiicações, as aves granívoras (que se alimentam de grãos) apre-
barbas (do latim barba, barba). sentam moela e papo, que são pouco desenvolvidos
ou mesmo ausentes nas aves carnívoras e frugívoras
Cada barba contém pequenas ramiicações com (aqueles que se alimentam de carnes e frutas). No
ganchos, as bárbulas, que se entrelaçam às outras papo o alimento é amolecido. Daí o alimento vai para
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o proventrículo (estômago químico), passando a se- cavidades dos ossos pneumáticos. Dentro dos pul-
guir para a moela (estômago mecânico), que é muito mões, os condutos aéreos não terminam em vesícu-
musculosa e substitui a falta de dentes nas aves. Após las pulmonares, continuando por um sistema capilar
a trituração, o alimento dirige-se para o intestino del- contínuo. Quando uma ave está pousada, a respira-
gado, onde ocorre a absorção dos produtos úteis, sen- ção faz-se pelo arfar do peito. Mas durante o voo,
do o restante eliminado através da cloaca. A cloaca automaticamente, devido aos movimentos das asas,
é uma bolsa onde são lançadas as fezes, a urina e os produz-se a expansão e a contração da cavidade to-
gametas, portanto constitui o inal de vários aparelhos rácica, estabelecendo-se a conveniente passagem de
e sistemas. Como glândulas anexas ao sistema diges- ar nos pulmões necessária à respiração. Partem dos
tivo, existe o fígado e o pâncreas. pulmões expansões membranosas denominadas sa-
cos aéreos, os quais aumentam a superfície de con-

Sistema Respiratório
tato para absorção do oxigênio. Além disso, os sacos
aéreos expandem-se pelo interior de muitos ossos,
tornando o animal mais leve. Não há verdadeiro
A respiração é pulmonar. Os pulmões são do tipo diafragma, mas somente uma membrana (diafragma
parenquimatoso, com vários canais de arejamento, ornítico) que separa da cavidade abdominal a que
ligados a cinco pares de sacos aéreos, ligados às contém os pulmões, ou pleura.

Figura 11: Sacos aéreos.


Fonte: http://tudoquevocefazconta.iles.wordpress.com/2010/09/aves_sacos_aereos.png. Acesso em 11 de abril de 2011.

Sistema Circulatório Sistema Excretor


A circulação é fechada, dupla e completa; o sangue ve- Os rins são metanefros, com dois uréteres que
noso não se mistura com o sangue arterial. As hemácias desembocam na cloaca, pois não possuem bexi-
são nucleadas e ovais. O coração tem quatro cavidades, ga urinária e a sua excreção é rica em ácido úrico
que são conhecidos como os dois átrios ou aurículas e os
dois ventrículos. O arco aórtico, em contraste com o dos (ureotélicos).
mamíferos, é o voltado para o lado direito.

Leitura Complementar
Para você saber mais a respeito da origem, evolução e biologia das aves e diversas outras informações impor-
tantes, leia sobre o assunto no livro A vida dos vertebrados (Pough, H.; Janis, C. M. & Heiser, J. B., 2003).

Exercícios de Fixação
1 – A classe Aves é o maior grupo de vertebrados terrestres, compreendendo cerca de 8.700 espécies. Elas
adaptaram-se ao voo logo no início de sua evolução e, em sua maioria, são excelentes voadoras. A adaptação
ao voo impôs uma certa uniformidade na estrutura básica e na isiologia de todas as aves. Comente.
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2 – As aves são encontradas desde as regiões polares até o equador e vivem nas montanhas, desertos, lorestas
e matas. Quais são as características que possibilita-lhes penetrar e adaptar-se a uma variedade maior de locais
do que qualquer grupo de vertebrados?

3 – As aves permaneceram com as escamas córneas dos répteis em algumas áreas de suas pernas, nos seus
pés e, de maneira modiicada, como uma cobertura de seus bicos. No entanto, as escamas que cobrem o resto
do corpo do réptil transformaram-se em penas. As penas são um componente importante do sistema termorre-
gulador. Descreva os mecanismos de regulação térmica nas aves.

4 – As penas, assim como as escamas córneas, são multiplicações epidérmicas cujas células acumularam
grandes quantidades de queratina e não vivem mais. Descreva as estruturas básicas de uma pena.

5 – É importante compreender os mecanismos e princípio do voo, visto ser o principal aspecto da evolução
das aves. As asas são apêndices peitorais modiicados e as superfícies de voo são compostas por penas. Des-
creva os mecanismos de voo das aves.

6 – A forma da asa permite um voo plano no ar e minimiza a turbulência. Algumas correntes de ar, entretanto,
fazem voltas, redemoinhos, que se espalham pelo ápice e margem posterior das asas, como um par de redemoi-
nhos alinhados. Descreva os diversos tipos de voos das aves.

7 – As aves representam um importante grupo de vertebrados. Seu sucesso está em parte ligado ao fato de
serem voadoras. Para tanto, apresentam várias características que tornam o voo possível. Cite quatro dessas
características e justiique o porquê de cada uma.
26 UNIDADE III

ESTUDO DOS MAMÍFEROS

Entre todos os grupos de vertebrados, os mamíferos Os mamíferos mais primitivos dos períodos Triássico
(classe Mammalia, do latim mamma, mama) são de superior e Jurássico inferior eram criaturas pequenas,
particular interesse para nós, pois somos mamíferos, com tamanho semelhante ao de um rato. Muitos pes-
assim como nossos animais domésticos que nos auxi- quisadores acreditam que se alimentavam de insetos
liam em nossos trabalhos e nos fornecem lã, couro e noturnos. Eles apresentavam uma dentição adaptada
grande parte da nossa alimentação. para alimentar-se de insetos e a estrutura do crânio in-
dica que a região coclear do ouvido e dos órgãos olfa-
Embora os mamíferos não sejam uma a classe gran- tórios era muito elaborada. Estes sentidos apresentam
de – existem apenas cerca de 4.100 espécies – consti- importância particular para as criaturas noturnas.
tuem um grupo muito diversiicado. Esta classe inclui
o ornitorrinco, animal que coloca ovos e tem o bico Para serem ativos à noite, em temperaturas ambien-
semelhante ao do pato, e os e monotremados, animais tais de 250 a 300C, os mamíferos primitivos devem ter
espinhosos da região Australiana que se alimentam de sido capazes de produzir calor interno e de evitar a
formigas; o gambá, o canguru e outros marsupiais pro- sua perda através da presença de camadas isolantes de
vidos de bolsa, além da grande variedade de mamíferos gordura subcutânea e pele. Provavelmente, eles não
placentários verdadeiros, que variam de tamanho, des- mantêm a temperatura do corpo muito mais alta do
de o pequeno musaranho que pesa poucas gramas até as que a dos seus ambientes.
baleias gigantes, cujo peso ultrapassa 100 toneladas.
O porco-espinho europeu é insetívoro noturno
Os mamíferos são vertebrados muito ativos e ágeis, contemporâneo deste tipo e, provavelmente, ocupa
com alto nível metabólico. Eles têm poucos ilhos, mas este nicho através da sua história evolucionária. Ele
investem tempo e energia consideráveis na proteção dos mantém a temperatura corporal apenas poucos graus
mesmos. Um aumento de atividade e um maior cuida- abaixo da temperatura ambiental noturna e consegue
do com os jovens representam aspectos fundamentais fazer isso com um consumo de oxigênio que não che-
na evolução dos mamíferos, aspectos aos quais a maior ga a ser maior do que o de um réptil de tamanho se-
parte das outras características está relacionada. melhante, com atividade à mesma temperatura.

Principais Adaptações dos Mamíferos


Quando alguns mamíferos primitivos tomaram-se
diurnos, eles tiveram que adaptar suas atividades a
temperaturas diurnas altas. Para manter a temperatura
Regulação da Temperatura corporal tão baixa quanto a dos seus ancestrais notur-
Embora os répteis possam manter a temperatura cor- nos, i.e., 250 a 300C, eles necessitariam de um resfria-
poral alta e constante em ambientes quentes e ensola- mento considerável por evaporação e perda de água.
rados, a maioria deles não tem condições de manter a
temperatura do corpo quando o sol se põe. Eles “optaram” por uma temperatura corporal mais
alta, de aproximadamente 350 a 400C. Mas a manuten-
Os répteis têm que ser criaturas diurnas, com maior ção de uma temperatura durante os períodos mais frios
atividade durante o dia. Os mamíferos podem produ- do dia requer maior gasto de energia do que um réptil.
zir calor internamente, controlando sua perda e ganho, Sua energética transformou-se e seu metabolismo é
mantendo uma temperatura corporal relativamente alta três a quatro vezes mais intenso do que o dos répteis
e constante, tanto durante o dia quanto durante a noite. de tamanho similar, sob condições semelhantes.
Eles são endotérmicos. Muitas espécies de mamíferos
são noturnas; muitas vivem em regiões frias do mundo, Mecanismos de Regulação
onde nenhum réptil conseguiria sobreviver. Os mecanismos de regulação de temperatura nos
mamíferos contemporâneos são bem conhecidos. O
Evolução da Endotermia calor é produzido internamente, através do alto nível
Parece que os mamíferos endotérmicos evoluíram em metabólico. A sua perda é reduzida, devido a uma ca-
duas etapas. Primeiro, os mamíferos tornaram-se termorre- mada subcutânea de gordura e a pelos que fornecem
guladores noturnos e, depois, termorreguladores diurnos. uma camada de isolamento de ar próximo à pele.
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O calor pode ser perdido por um aumento na quanti- provoca um declive na curva de consumo temperatu-
dade de sangue que lui através da pele e por um res- ra-oxigênio do meio ambiente. Os membros não po-
friamento devido à evaporação do suor produzido pe- dem ser isolados, assim como o resto do corpo, e sua
las glândulas sudoríparas ou pela respiração ofegante. temperatura pode icar abaixo da temperatura interna
do corpo.
A respiração ofegante, que é a evaporação da água atra-
vés das vias respiratórias, é um importante mecanismo As artérias que carregam o sangue para os membros
de resfriamento em mamíferos com pele espessa, que estão, às vezes, entrelaçadas com as veias que trazem o
apresentam poucas glândulas sudoríparas, e em alguns sangue de volta, estabelecendo um mecanismo de troca
roedores, que não as têm. Através destes mecanismos, de contracorrente, por meio do qual o calor do corpo
os mamíferos podem manter a temperatura corporal passa das artérias para as veias sem ser perdido. No en-
mais alta do que a temperatura ambiental em aproxi- tanto, deve haver uma entrada suiciente de calor nos
madamente 100C, sem qualquer consumo adicional de membros, para evitar o congelamento. Nervos e outros
oxigênio. Isto é conhecido como zona términa neutra, órgãos presentes na parte distal dos membros são adap-
que é limitada pelas temperaturas críticas inferior e su- tados para funcionar em temperaturas mais baixas.
perior. Além da temperatura crítica, a temperatura cor-
poral pode, no entanto, ser mantida apenas através de Alguns mamíferos de regiões árticas e temperadas,
um gasto metabólico signiicativamente maior. notavelmente muitos insetívoros, morcegos e roedo-
res, adaptam-se ao inverno, entrando num período de
O aumento do consumo de oxigênio abaixo da tem- letargia conhecido como hibernação.
peratura crítica inferior relete-se numa produção de
calor além da necessária para a manutenção da tem- Durante este período, eles perdem o controle conside-
peratura corporal. O calafrio, uma atividade involun- rável sobre os mecanismos termorreguladores corporais
tário dos músculos supericiais, é um mecanismo de (o termostato no hipotálamo reduz sua atividade para
aumento de produção de calor, mas também ocorre conservar energia) e a temperatura do corpo aproxima-
um aumento geral na atividade metabólica em muitas se da ambiental. Durante a hibernação, o metabolismo
partes do corpo. é muito baixo, apenas o suiciente para manter a vida e
evitar que o corpo congele-se. Para pequenos animais
O aumento do consumo de oxigênio acima da tem- endotérinicos, a hibernação traz certas vantagens. Os
peratura crítica superior relete-se num trabalho meta- pequenos mamíferos apresentam uma atividade meta-
bólico adicional, necessário para dissipar o calor. As bólica mais intensa do que os grandes.
frequências cardíaca e circulatória através da pele são
aumentadas. Sudação abundante ocorre em alguns Eles perdem uma grande quantidade de calor através
mamíferos e a respiração ofegante em outros. da área supericial e devem consumir muito mais ali-
mento para manter a temperatura do corpo. Em muitas
Receptores térmicos existentes na pele indicam regiões, insetos e certos tipos de plantas não estão dis-
modiicações da temperatura ambiental, às quais os poníveis em quantidades adequadas para a alimentação
mamíferos ajustam-se parcialmente, por mudanças durante o inverno. Um animal pode obter a diminuição
no comportamento. O principal centro de controle no da sua temperatura corporal, através de uma alimen-
hipotálamo responde a pequenas mudanças na tem- tação reduzida ou até mesmo por meio da diminuição
peratura do sangue e inicia as trocas necessárias ao das reservas alimentares dentro do corpo.
ajuste da perda de calor e à produção para o contexto
ambiental. Alguns outros mamíferos evitam o problema das
baixas temperaturas procurando climas mais quentes.
Adaptações para Resistência ao Frio Muitos pequenos roedores permanecem ativos duran-
Mamíferos que vivem em áreas onde as condições te todo o inverno sob uma cobertura de neve, onde o
ambientais são rigorosas desenvolveram adaptações microclima raramente cai abaixo de 00C. Ocasional-
que complementam a regulação térmica. No início do mente, eles aventuram-se para fora, na superfície de
outono, ocorrem muitas mudas. neve. Poucos dentre os grandes mamíferos suportam
migrações sazonais extensas.
Eles perdem os pelos gradualmente, uma vez que um
revestimento muito mais denso desenvolve-se para O caribu do Alasca e Canadá passa o verão na tun-
o inverno. Uma segunda muda ocorre na primavera. dra ártica, mas no inverno vai para o sul, para as lo-
Além deste revestimento, a pelagem de muitos mamí- restas boreais.
feros inclui pelos de proteção mais longos e grossos.
Adaptações para Resistir ao Calor
Um revestimento mais espesso para o inverno tanto Os mamíferos que vivem em dunas muito quentes
reduz os efeitos da baixa temperatura crítica quanto também apresentam adaptações especiais que man-
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têm a temperatura corporal mais baixa, sem uma per- um potencial maior para um balanço mais longo dos
da excessiva da água corporal, que é frequentemente apêndices, um aumento no tamanho do passo e maior
escassa. Pequenos ratos do deserto são noturnos e ca- velocidade. Primitivamente, os mamíferos andavam
vam tocas, vivendo, assim, num micro-habitat fresco sobre as plantas dos pés, numa postura denominada
e úmido. Alimentam-se de nutrientes ricos em gordu- plantígrada.
ra cuja oxidação produz uma quantidade considerável
de água metabólica. A maioria dos mamíferos tem três vértebras sa-
crais; isto fortalece a articulação entre a cintura
Os elefantes têm uma grande superfície corporal pélvica e a coluna vertebral. As espécies arboríco-
que fornece alguma estabilidade térmica e têm pou- las utilizam a cauda para balançar-se e, nos mamí-
cos pelos e orelhas grandes, que atuam como eicien- feros aquáticos, como a baleia, ela tem importante
tes radiadores, ajudando a dissipar calor. papel na propulsão do corpo, mas na maioria dos
mamíferos ela perdeu a sua função locomotora
Os camelos desenvolveram diversas maneiras primitiva e costuma ser de tamanho reduzido, ou
de conservar água. Sob condições muito secas, está ausente. Muitos padrões especializados de lo-
um muco seco e detritos celulares nas vias nasais comoção se desenvolveram durante a radiação e
exerce um efeito higroscópico e absorve umidade
adaptação dos mamíferos, de acordo com os dife-
do ar, que é evaporada. Como consequência, a per-
rentes modos de vida.
da de água respiratória é menor do que em outros
animais.
Padrões mais complexos de locomoção e, prova-
Os camelos também conseguem tolerar uma tem- velmente, o comportamento mais explorador e ágil
peratura corporal de 410C durante o dia, razão pela requerem uma musculatura mais complexa e siste-
qual não precisam perder muita água na tentativa mas sensitivo e nervoso. Acredita-se que o olfato
de manterem a temperatura corporal mais baixa. O e a audição eram muito aguçados nos mamíferos
corpo resfria-se durante a noite, quando a tempe- primitivos.
ratura ambiental cai. Muitos mamíferos de gran-
de porte que vivem em habitats quentes e abertos Uma grande expansão da parte do crânio que aloja
conseguem aumentar a temperatura corporal, pois a côdea do ouvido ocorreu quando a articulação da
são capazes de manter a temperatura cerebral crí- mandíbula foi desviada para os ossos dentário e es-
tica mais baixa, através de um mecanismo de con- camoso e os ossos da articulação da mandíbula dos
tracorrente. primeiros reptilianos especializaram-se como órgãos
auditivos, o martelo e a bigorna. A visão pode ter sido
As artérias que nutrem o cérebro dividem-se pri- de menor importância nas espécies ancestrais notur-
meiro em diminutas passagens que se entrelaçam nas, mas os olhos são muito desenvolvidos nas espé-
com veias, resfriando o sangue venoso que retoma cies diurnas.
das passagens nasais. Um calor considerável passa do
sangue arterial quente para o sangue venoso mais frio O cérebro é extraordinariamente bem desenvolvido.
antes que o primeiro chegue ao cérebro. Ele é muito grande e o córtex cinza contém centros
associados ao receptor sensorial dos órgãos dos senti-
Locomoção e Coordenação dos e a importantes centros motores. O cerebelo tam-
As mudanças em todos os sistemas de órgãos estão bém é mais desenvolvido, pois a coordenação motora
intimamente relacionadas ao aumento de atividade, é mais complexa.
que se torna possível com a endotermia. Maior ativi-
dade e agilidade são reletidas no sistema esquelético, Sistemas Metabólicos
até mesmo nos mamíferos mais primitivos do período
Para manter seu alto nível metabólico, os mamífe-
Triássico.
ros têm que obter grandes suprimentos de alimento
e oxigênio, eliminar um grande volume de produtos
A inclinação posterior das apóises das vértebras
residuais e transportar, eicientemente, substâncias
torácicas e a inclinação anterior das apóises das vér-
tebras lombares são típicas dos mamíferos quadrúpe- através do corpo.
des e estão relacionadas ao abandono das ondulações
laterais do tronco durante a locomoção. O cotovelo e A dentição dos mamíferos é melhor adaptada do que
o joelho moveram-se para mais perto do tronco, de a dos répteis, para o processamento de muitos tipos
forma que as patas estenderam-se para baixo, para diferentes de alimentos. Os répteis utilizam os dentes
uma região mais ou menos inferior do corpo. Esta para apanhar, segurar e, algumas vezes, dilacerar o
disposição fornece melhor sustentação mecânica, alimento.
29

Figura 12: Dentição.


Fonte: http://www.readyed.com.au/Sites/zoo/mammal.htm. Acesso em 11 de abril de 2011.

Os espaços entre os dentes são de pouca importância


e novos dentes permanentes surgem para substituir os
que foram perdidos. Os mamíferos utilizam os dentes de
diferentes maneiras e eles são mais especializados, ou
heterodontes, que nos répteis. Incisivos cinzelados situa-
dos na frente de cada mandíbula são usados para cortar.

Ao lado, em cada quadrante um único dente canino,


que primitivamente é um dente longo e aiado utilizado
para atacar e ferir presas ou como defesa. Uma ileira
de pré-molares e molares segue os caninos. Estes dentes
dila ceram, cortam e trituram o alimento. Nos mamíferos
existentes primitivos, cada dente molar tem três cúspides
cônicas dispostas de forma triangular, que se denomina
trígono no molar superior e trigonídeo no molar inferior.
O trígono e o trigonídeo são como imagens de um espe-
lho, de modo que uma aço cortante eiciente ocorre, pois
as partes do trígono e do trigonídeo deslizam, encaixan-
do-se umas nas outras. A trituração do alimento ocorre
quando as cúspides primárias do trígono encontram-se
na ponta inferior, ou talonídeo, localizada na superfície Figura 13: Sistema digestório
posterior do trigonídeo. Uma ação cortante adicional Fonte: http://www.rgnutri.com.br/sp/isiologia/001.jpg.
ocorre quando um prémolar passa sobre o outro. Para re- Acesso em 11 de abril de 2011.
alizar estas funções, é necessária uma oclusão correta, o
que não seria possível com a contínua substituição dos
dentes. Os mamíferos jovens são amamentados e nascem
sem dentes. Uma dentição de leite de incisivos, caninos
e prémolares desenvolve-se quando o jovem começa a
alimentar-se sozinho. À medida que o tamanho das man-
díbulas aumenta, uma boa oclusão é mantida quando os
dentes de leite são gradualmente substituídos pelos dentes
permanentes maiores. O dente molar aparece seqtlencial-
mente à medida que o mamífero amadurece e as mandí-
bulas desenvolvem-se. Eles não são substituídos.

Enquanto os mamíferos mastigam os alimentos, mis-


turam-nos com a saliva que, além de lubriicar os ali-
mentos, costuma conter uma amilase que inicia a diges-
tão dos carboidratos. O processo digestivo prossegue no
estômago e na região intestinal. Numerosas vilosidades Figura 14: Estômago dos ruminantes
microscópicas revestem o intestino delgado e aumentam Fonte: http://www.iped.com.br/sie/uploads/14738.jpg.
a área supericial disponível para absorção. Acesso em 11 de abril de 2011
30
Uma grande troca de oxigênio e dióxido de car- secundário permite uma respiração quase contínua,
bono torna-se possível pelo desenvolvimento dos que é uma necessidade dos organismos com alto ní-
alvéolos pulmonares, que aumentam bastante a su- vel metabólico. Os mamíferos podem manipular os
perfície respiratória dos pulmões, pelo desenvolvi- alimentos na boca, pois as vias aéreas e digestivas
mento de um diafragma que aumenta a eiciência encontram-se apenas na porção da faringe próxi-
da ventilação. Um palato secundário, divisão ho- ma à laringe. A respiração precisa ser interrompida
rizontal do osso e da carne, separa as vias aéreas e apenas momentaneamente, quando o alimento está
digestivas na cavidade bucal e na faringe. O palato sendo engolido.

Figura 15: Sistema respiratório.


Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_B_26bTLik9o/TMoU3HSUVhI/AAAAAAAAAAM/vz440HJoq48/s1600/sistema+respiratorio.jpg.
Acesso em 11 de abril de 2011.

Os mamíferos, assim como as aves, desenvolveram namente, de forma que não há niisfura entre sangue
um eiciente sistema de transporte interno de substân- venoso e arterial. O aumento da pressão sanguínea
cias, no que diz respeito à sua entrada, utilização e também contribuiu para uma circulação mais rápida
excreção. O coração é completamente dividido inter- e eiciente.

Figura 16: Circulação


Fonte: http://api.photoshop.com/home_3af2c32eb511423aa826f7c9350b4e8a/adobe-px-assets/889d417b1e53407380f4e3d013662700.
Acesso em 11 de abril de 2011
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Cerca de 99% da água que começa a descer para os metabólico geralmente elevado dos mamíferos resul-
túbulos renais são absorvidos mais tarde, de forma ta na formação de uma grande quantidade de resíduos
que a perda de água nos mamíferos é mínima. O nível a serem eliminados.

Figura 17: Néfron


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/_Pc-uIk3t1u4/Sj5vXwkfEPI/AAAAAAAAAEg/rEw91Z6JOb8/s400/untitled+copy.jpg.
Acesso em 11 de abril de 2011

Leitura Complementar
Para você saber mais a respeito da origem e evolução dos mamíferos assim como diversas outras informações im-
portantes, leia sobre o assunto no livro A vida dos vertebrados (Pough, H.; Janis, C. M. & Heiser, J. B., 2003).

Exercícios de Fixação
1- Os mamíferos são vertebrados muito ativos e ágeis, com alto nível metabólico. Eles têm poucos ilhos, mas
investem tempo e energia consideráveis na proteção dos mesmos. Quais são as características que representam
aspectos fundamentais na evolução dos mamíferos?

2- Os mamíferos mais primitivos dos períodos Triássico superior e Jurássico inferior eram criaturas pequenas,
com tamanho semelhante ao de um rato. Descreva-os.

3- Quando alguns mamíferos primitivos tomaram-se diurnos, eles tiveram que adaptar suas atividades a tem-
peraturas diurnas altas. Para manter a temperatura corporal tão baixa quanto a dos seus ancestrais noturnos.
Descreva os mecanismos de regulação térmica nos mamíferos.

4- Mamíferos que vivem em áreas onde as condições ambientais são rigorosas desenvolveram adaptações que
complementam a regulação térmica. Descreva-as.

5- Nos mamíferos as mudanças em todos os sistemas de órgãos estão intimamente relacionadas ao aumento
de atividade, que se torna possível com a endotermia. Maior atividade e agilidade são reletidas no sistema
esquelético, até mesmo nos mamíferos mais primitivos. Comente.

6- A dentição dos mamíferos é melhor adaptada do que a dos répteis, para o processamento de muitos tipos
diferentes de alimentos. Descreva a dentição dos mamíferos.

7- O ornitorrinco vive perto da água e nela se locomove utilizando as membranas existentes entre seus dedos.
Seus ilhotes se desenvolvem em ovos que são chocados fora do corpo materno, e se alimentam lambendo uma
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secreção láctea que escorrem nos pelos do ventre da mãe. A boca do ornitorrinco é dotada de um bico achatado
com o qual ele pega o alimento no lodo do fundo do rio.

a) A que classe pertence o ornitorrinco?


b) Cite duas características mencionadas no texto que justiiquem essa classiicação.
c) Uma das características citadas no texto ocorre tanto no ornitorrinco quanto nos indivíduos da classe que
lhe deu origem. Que classe é essa e qual a característica comum?

8- Caracterize o mecanismo reprodutor de um mamífero monotremado como o Ornitorrinco e a Équidna.


Se você:
1) concluiu o estudo deste guia;
2) participou dos encontros;
3) fez contato com seu tutor;
4) realizou as atividades previstas;
Então, você está preparado para as
avaliações.

Parabéns!
Glossário
34

Amniota- grupo de vertebrados que possuem ovos com casca e membrana amniótica.
Anamniotas- grupo de vertebrados que não possuem ovos com casca e membrana amniótica.
Anapsídeo- crânio sem aberturas temporais.
Bifurcada- dividida.
Cor apossemática- coloração de aviso ou advertência, normalmente indicando a presença de toxinas na pele.
Ectotérmicos- animais de sangue frio.
Espermatóforo- massa gelatinosa depositada no chão, utilizada para reprodução pelo macho de algumas espécies.
Neotenia- animais que tornam-se sexualmente maduros antes de completarem a metamorfose.
Pedomóricos- quando a espécie retêm características das larvas na vida adulta.
Pelvinos- membros pélvicos, membros posteriores.
Tetrapoda- primeiros vertebrados a andarem sobre a terra.
Gabarito
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Unidade I
1- Os répteis são vertebrados muito ativos e ágeis, com adaptações que permitem uma exploração mais
completa da terra. As glândulas mucosas não estão presentes. na pele e a epiderme é seca e corniicada. Uma
quantidade considerável de queratina, uma proteína insolúvel na água, é depositada nas células da epiderme,
formando escamas córneas ou placas na superfície.

2- Os lagartos dos desertos mantêm sua temperatura corporal em aproximadamente 340C durante a maior
parte do dia. Se a temperatura corporal cai abaixo de limiar da atividade normal, o lagarto ica em ângulo reto
com os raios solares, expondo assim a maior parte da superfície do corpo ao sol. Se a temperatura do corpo
aumenta muito, o lagarto procura um abrigo ou ica paralelo aos raios solares.

3- Os dentes foram perdidos e as mandíbulas são cobertas por placas córneas e aguçadas. Seu corpo está incluído
em uma concha protetora composta por placas ósseas que se depositam sobre as escamas córneas. As placas ósseas
ossiicaram-se na derme da pele, mas fusionaram-se com as costelas e algumas partes mais internas do esqueleto. A
porção da placa que cobre o dorso é conhecida como carapaça e a porção vertebral como plastrão.

4- Uma característica distinta dos lagartos é a redução da região temporal do assoalho do crânio. Perderam a
parte inferior do osso que se estendia, no crânio diapsídeo, a partir da região inferior do olho até o osso qua-
drado. Como resultado disso, o osso quadrado, no qual a mandíbula inferior encaixa-se, não é tão irmemente
preso no lugar, podendo mover-se em alguma extensão. O aparelho mandibular é mais lexível, a boca pode
abrir-se mais, possibilitando a captura e deglutição de presas maiores.

5- O mecanismo mandibular é excepcionalmente lexível e as cobras podem engolir presas muitas vezes
maiores do que seu próprio diâmetro.

6- O corpo vermiforme das cobras, a ausência da membrana timpânica e certas alterações degenerativas nos olhos.

7- Seu corpo é vermiforme e cavam buracos altamente especializados, nos trópicos e subtrópicos. Aproxi-
madamente 140 espécies são conhecidas. Não existe abertura do ouvido externo, mas elas podem detectar
vibrações do solo por meio de uma expansão do estribo na mandíbula inferior. Seus olhos rudimentares são
escondidos abaixo da pele, mas o rastro das presas é seguido principalmente pela audição.

8- Coração com três câmaras ocorre em:


Anfíbios, vertebrados com respiração cutânea e pulmonar além de excretarem uréia, portanto adaptados a
ambientes úmidos.
Répteis não crocodilianos, vertebrados com pele grossa e respiração exclusivamente pulmonar, uricotélicos
e adaptados ao ambiente terrestre.

9- Répteis apresentam fecundação interna, ovos com casca, presença de anexos embrionários e pele querati-
nizada sem glândulas. Os anfíbios precisam de água para fecundação e seus ovos são desprovidos de casca ou
anexos embrionários.

Unidade II
1- Além das penas e asas, ou vestígios de asas em certas espécies terrestres, o voo requer um alto dispêndio de energia.
Todas as aves são endotérimicas, tendo desenvolvido meios para conseguirem isto num corpo de pouco peso. Quando
não estão no ar, as aves vivem sobre o solo ou na água, ou em ambos, estando bem adaptadas a estes habitats.

2- A endotermia e o poder de voo das aves.

3- Quando a temperatura cai, as penas icam estofadas, o que aumenta a espessura da camada de ar sob as
mesmas. Se a temperatura cair a bem devagar, a ave tem que produzir mais calor intensiicando seu metabo-
lismo. Quando a ave tem que perder calor, as pernas aproximam-se bastante da superfície do corpo e maior
quantidade de sangue lui através da pele e iniciam-se palpitações.
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4- As penas que cobrem o corpo e estabelecem a superfície de voo, consistem em uma haste central rígida,
cuja base, o cálamo, está presa a um folículo na pele. A parte distal da haste, a raque, sustenta um eixo compos-
to por numerosas ramiicações, as barbas.

5- A asa tem um formato de aerofólio, espessa na frente e ailada para trás e, em geral, é arqueada, o que faz
com que sua superfície inferior seja levemente côncava e a superior convexa. Uma corrente de ar passando
pela asa move-se mais rapidamente pela sua superfície superior, maior, do que pela superfície inferior, menor.
A diferença de velocidade do ar diminui a pressão sobre a asa em relação à face inferior. Isso produz uma força
de elevação, que atua perpendicularmente ao plano de movimento da asa.

6- O tipo mais simples de voo é o planador, durante o qual as asas fazem a elevação e o movimento para diante
vem com a queda no ar. As aves que fazem um voo alto estático têm asas largas e relativamente pequenas, o
que as torna capazes de manobrar facilmente as correntes de ar. Tais asas têm baixa proporção entre suas di-
mensões. No voo lento as asas necessitam ter uma ampla área supericial para fornecer uma elevação adequada,
sustentando a ave. As aves oceânicas fazem um voo alto dinâmico utilizando o aumento da velocidade do ar
com o aumento da elevação, acima da superfície do mar. O atrito com o oceano faz com que a velocidade seja
mais lenta próximo à superfície do mar.

7- Aves podem voar porque:


- possuem asas e forma aerodinâmica, para se sustentar no ar.
- são cobertas por penas muito leves diminuindo o peso especíico durante o voo.
- seus ossos são pneumáticos, ocos e cheios de ar quente, o que diminui a densidade do animal.
- não possuem bexiga urinária e defecam durante o voo, o que representa ganho em peso.

Unidade III
1- Um aumento de atividade e um maior cuidado com os jovens.

2- Eles apresentavam uma dentição adaptada para alimentar-se de insetos e a estrutura do crânio indica que
a região coclear do ouvido e dos órgãos olfatórios era muito elaborada. Estes sentidos apresentam importância
particular para as criaturas noturnas.

3- Os mecanismos de regulação de temperatura nos mamíferos contemporâneos são bem conhecidos. O calor
é produzido internamente, através do alto nível metabólico. A sua perda é reduzida, devido a uma camada sub-
cutânea de gordura e a pelos que fornecem uma camada de isolamento de ar próximo à pele.

4- No início do outono, ocorrem muitas mudas, eles perdem os pelos gradualmente, uma vez que um reves-
timento muito mais denso desenvolve-se para o inverno. Uma segunda muda ocorre na primavera. Além deste
revestimento, a pelagem de muitos mamíferos inclui pelos de proteção mais longos e grossos.

5- A inclinação posterior das apóises das vértebras torácicas e a inclinação anterior das apóises das vértebras
lombares são típicas dos mamíferos quadrúpedes e estão relacionadas ao abandono das ondulações laterais do
tronco durante a locomoção.

6- Nos mamíferos os espaços entre os dentes são de pouca importância e novos dentes permanentes surgem
para substituir os que foram perdidos. Os mamíferos utilizam os dentes de diferentes maneiras e eles são mais
especializados, ou heterodontes, que nos répteis. Incisivos cinzelados situados na frente de cada mandíbula são
usados para cortar.

7-
a) Mamíferos.
b) Presença de pelos e secreção láctea.
c) O ornitorrinco apresenta oviparidade e bico córneo, características herdadas da Classe dos Répteis que
deram origem aos mamíferos.

8- São mamíferos de sexos separados com fecundação interna, desenvolvimento direto e ovíparos. Não pos-
suem mamilos nas glândulas mamárias e o leite escorre através dos pelos da fêmea para alimentar os ilhotes.
Referências Bibliográficas
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Pough, H.; Janis, C. M. & Heiser, J. B. A vida dos vertebrados. 3 ed. São Paulo: Atheneu, 2003. 744p.
ORR, R. T. Biologia dos vertebrados. 5 ed. São Paulo: Roca, 2006. 508p.

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