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SEMÂNTICA E ESTILÍSTICA
Conteudista
Antônio Carlos Siqueira de Andrade
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ISBN 978-85-7880-024-6
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É com grande satisfação que o(a) recebemos como integrante do corpo discente de nossos cursos de gradu-
ação, na certeza de estarmos contribuindo para sua formação acadêmica e, consequentemente, propiciando
oportunidade para melhoria de seu desempenho profissional. Nossos funcionários e nosso corpo docente es-
peram retribuir a sua escolha, reafirmando o compromisso desta Instituição com a qualidade, por meio de uma
estrutura aberta e criativa, centrada nos princípios de melhoria contínua.
Esperamos que este instrucional seja-lhe de grande ajuda e contribua para ampliar o horizonte do seu conhe-
cimento teórico e para o aperfeiçoamento da sua prática pedagógica.
Seja bem-vindo(a)!
Paulo Alcantara Gomes
Reitor
Orientações para o Autoestudo
O presente instrucional está dividido em duas unidades programáticas, cada uma com objetivos definidos e
conteúdos selecionados criteriosamente pelos Professores Conteudistas para que os referidos objetivos sejam
atingidos com êxito.
Os conteúdos programáticos das unidades são apresentados sob a forma de leituras, tarefas e atividades com-
plementares.
Havendo a necessidade de uma avaliação extra (A3 ou A4), esta obrigatoriamente será composta por todo o
conteúdo de todas as Unidades Programáticas.
A carga horária do material instrucional para o autoestudo que você está recebendo agora, juntamente com
os horários destinados aos encontros com o Professor Orientador da disciplina, equivale a 60 horas-aula, que
você administrará de acordo com a sua disponibilidade, respeitando-se, naturalmente, as datas dos encontros
presenciais programados pelo Professor Orientador e as datas das avaliações do seu curso.
Bons Estudos!
Dicas para o Autoestudo
1 - Você terá total autonomia para escolher a melhor hora para estudar. Porém, seja
disciplinado. Procure reservar sempre os mesmos horários para o estudo.
7 - Não falte aos encontros presenciais. Eles são importantes para o melhor aproveitamento
da disciplina.
UNIDADE I
SEMÂNTICA
UNIDADE II
ESTILÍSTICA
I. SEMÂNTICA
• Delimitar o seu campo de atuação;
1.1 - Definição de Semântica
• Examinar os processos de criação lexical;
1.2 - Criação semântica
• Apresentar as possibilidades de relações semânticas
1.3 - Transferência de sentido
que as palavras exprimem.
1.4 - Tipologia das relações de sentido
Semântica
A vida só tem sentido se o sentido da vida for compreendido.
Não se trata de um jogo (banal) de palavras. Não é por acaso que o estudo do significado das palavras tenha
ficado para o último dos instrucionais de Língua Portuguesa. Ele segue a grade curricular do Curso de Letras
que, sensível à importância do assunto, o coloca no final como que para ressaltar o valor semântico das pala-
vras, que se sobrepõe a qualquer nível gramatical. Afinal a língua é, antes de tudo, a forma mais completa de
veicular significados.
Além do mais, vivemos numa época em que o contato entre a humanidade rompeu com todas as
barreiras – tecnicamente é possível se comunicar com cada habitante do planeta com as tecnologias de informa-
ção que possuímos. Junto com toda essa disponibilidade, pode se esconder o desejo de subjugar pessoas através
da manipulação da realidade. É nessa encruzilhada que o conhecimento sobre as possibilidades de sentido das
palavras encontra sua motivação maior.
Estilística
A Estilística é a chave para penetrar no mundo da arte literária, fruir os aspectos estéticos que o autor impri-
me em sua obra. É também um passaporte para chegar aos textos que extrapolam o formal, o literário, porque
alcançam uma grandeza maior: retratam a condição humana no seu cotidiano, na sua imprevisibilidade, na sua
dramaticidade e na sua sublimidade.
Ao profissional de Letras são importantes os conceitos postulados pela Estilística como ferramental didático
em suas atividades, mas também é fundamental usar esses conceitos para a fruição pessoal – por que não vi-
venciar a viagem intratexto que o autor oferece?
UNIDADE I 13
SEMÂNTICA
1.1 - Definição de Semântica
A palavra SEMÂNTICA deriva de SEMAINÔ (sig- Etimologia – o estudo do modo como se fixam os sig-
nificar), que se origina de SÊMA (sinal) e é, em sua nificados e as alterações de sentido.
origem, o adjetivo correspondente a sentido.
Como observa Marques (1976: 16):
Os gregos viam a língua como reflexo da realidade,
e as questões ligadas ao significado tinham importân- O vocábulo Semântica foi utilizado pela primeira
cia capital, porque era através da língua que se anali- vez, em 1883, por Michel Bréal, para designar uma
sava essa realidade. nova ciência que, ao lado da Fonética e da Morfolo-
gia, preocupadas com a análise do corpo e da forma
Decorre daí a preocupação em observar se o ato de das palavras, estudaria as mudanças de sentido, a es-
nomear as coisas era natural ou convencional. colha de novas expressões, o nascimento e a morte
das locuções.
Aristóteles definiu a palavra como a menor unidade
significativa da fala. A Semântica tradicional é de base lexicológica por-
que toma a palavra como unidade fundamental com-
Semântica, em sentido lato, preocupa-se com qual- posta de significante e significado, distinguindo a pa-
quer sinal: brasões, bandeiras, gestos, gritos ou outro lavra daquilo que ela nomeia, isto é, o referente.
sinal utilizado para transmitir mensagens e, principal-
mente, tudo que se refere às palavras. Para Marques (1976: 25), a união forma/conceito
estabelece-se no intercâmbio social, decorrente de
Em sentido estrito, Semântica estuda as palavras no sua aceitação, por isso varia de língua para língua e
seio da língua: o que é uma palavra, quais as relações na mesma língua varia no decorrer do tempo, o que
entre forma e sentido, as relações entre as palavras, a resulta em fenômenos como a sinonímia, a polisse-
sua função etc. mia, a homonímia e sentidos figurados.
Guiraud (1980: 07) define Semântica como estudo A par dessa convencionalidade, existe uma motiva-
do sentido das palavras. Preocupa-se, portanto, com ção no plano fonológico: chiar, sibilar; no plano mor-
o signo verbal. fológico: lenhador, construtor; no plano semântico
– braço (de rio) – transferência de sentido estabele-
Originariamente, designava um ramo de estudo da cida pela semelhança entre braço (do corpo), que se
linguagem. Mais tarde, a palavra foi utilizada pelos estende lateralmente e de rio, que se estende para a
lógicos e pelos psicólogos, o que resulta em três ques- terra numa das margens da corrente principal.
tões:
Mussalin & Bentes (2006: 19) apresentam três abor-
1. Problema linguístico – cada sistema de signos dagens para Semântica:
tem suas regras específicas referentes à sua natureza
e à sua função. 1. Semântica Formal – A Semântica Formal des-
creve o significado a partir do postulado de que as
2. Problema lógico – quais as relações do signo sentenças ou frases se estruturam logicamente.
com a realidade? Em que condições ela se aplica a
um objeto ou a uma situação que ele tem a função de Essa visão remonta a Aristóteles que, analisando o
significar? raciocínio dedutivo, mostrou que existem relações de
significado que não dependem das expressões.
3. Problema psicológico – por que e como nos co-
municamos? O que é um signo e o que se passa em Exemplo: Todo homem é mortal.
nosso espírito e no de nosso interlocutor quando nos João é homem.
comunicamos? Qual o substrato e o mecanismo fisio- Logo, João é mortal.
lógico e psíquico desta operação?
A premissa menor (João é mortal) está contida na
Como ciência, a Semântica surgiu no século XIX, premissa maior (Todo homem é mortal) ou, o conjun-
com M. Bréal, que defendia a sua unificação com a to dos homens está contido no conjunto dos mortais.
Esse raciocínio se fixa através das relações con- linguagem e da história. A linguagem constitui o
14 traídas, independente do significado de homem e de mundo, por isso não é possível sair fora dela.” (Ibi-
mortal. dem: 27). E na página seguinte:
O processo básico de criação semântica é a no- A criação é coletiva. Tão importante é produzir ou
minação. inventar uma nova palavra quanto aceitá-la e passar
a utilizá-la.
Sempre que se deseja nomear ou dar nome a algu-
ma coisa, um conceito, traduzir uma idéia, cria-se Um exemplo é a criação e a modernização dos
uma palavra nova, baseada nos recursos lexicológi- meios de transporte. Antes as estradas não tinham
cos (morfologia e semântica) – é o neologismo; ou
pedágio. Hoje temos rodovias pedagiadas. E quem
utiliza-se uma palavra já existente que, nesse caso,
ultrapassar os limites de velocidade, estará sujeito a
passa a ter mais um sentido.
multagem eletrônica.
O neologismo surge, não do desejo de inovar, mas
de designar algo porque não existe um termo ou o Os ônibus e trens exigiam fichas e bilhetes. Hoje
termo antigo se encontra desgastado. nós temos bilhetagem também eletrônica.
O processo de nominação atende a designações (provenientes da língua francesa), italianismos,
objetivas, como é o caso do vocabulário técnico ou germanismos entre outros e se devem a contatos 15
científico – teleprocessamento, termômetro, nanotec- de natureza econômica, cultural e social.
nologia; ou se vale da subjetividade para conotar um
sentido: Ela é muita gata. Muito se critica a utilização de estrangeiris-
mos. De um lado, temos a invasão ou abuso na
De todos os processos, a derivação e a composição
estão na base de muitos casos, embora a onomatopeia utilização de termos de outra língua, o que deve
e os estrangeirismos sejam também muito fre- ser evitado; de outro, a necessidade de designar
quentes. algo quando a nossa língua não oferece um ter-
mo que se adapte tão bem ao objeto ou conceito
No caso das onomatopeias, a língua fornece re- designado.
cursos imitativos de determinados sons que nem
sempre utilizamos de forma consciente: quem O exemplo mais conhecido é o da palavra fu-
diria que o verbo chiar é uma criação onomato- tebol, aportuguesada a partir do inglês football.
paica? Já em miar parece que a associação ao Alguns puristas propuseram ludopédio ou pedí-
ruído emitido por gatos está mais aparente.
bolo.
Os estrangeirismos também são frequentes, a
ponto de ter denominações próprias: anglicis- E que tal, em vez de carnê (do francês carnet),
mos (provenientes da língua inglesa), galicismos usar choribel, ou ludâmbulo para turista?
Semelhança física – Aquela mulher tem pescoço Coletivos – Eu não gosto daquela cambada.
de girafa.
Linguagem animal – Deu uma topada na pedra e
Ações dos animais – O bandido arrastou-se pelo saiu ganindo de dor.
chão.
Atividades
1) Ilari (2003: 151) afirma que a polissemia afeta a maioria das construções gramaticais, dando como exemplo
o aumentativo – Paulão – que pode ser interpretado como “pessoa grande” “pessoa alta”, “pessoa grosseira”,
“desajeitada” ou até mesmo “uma pessoa com quem todos se sentem à vontade”.
Teste essa afirmativa, dando as possíveis ou possível interpretação para os aumentativos abaixo:
1.1. Minhocão (viaduto)
1.2. Carrão
1.3. Mulherão
1.4. Jogão
1.5. Bobão
2) Aponte se os sufixos das palavras abaixo indicam dimensão ou afetividade (sentimento positivo ou nega-
tivo):
3) Ilari (2003: 154) narra um episódio ocorrido em uma escola rural, no interior de São Paulo.
A professora ensinou à turma que era inadequado pedir para “mijar”. E todos seguiram a orientação da pro-
fessora, pedindo para “fazer xixi”, exceto um garoto que continuou utilizando a mesma pergunta inadequada.
A mestra chamou o pai do garoto que, contrariado, ameaçou tirar o filho da escola, porque, para ele, quem faz
xixi é mulher; homem mija.
Há por trás dessa atitude uma questão de valores, crenças, que se manifestam na seleção vocabular, além de
uma dose de subjetividade. Tente completar as sequências abaixo, utilizando a palavra mais adequada a cada
situação:
3.1. Para a mãe de um sujeito violento, seu filho é ____________. - bandido; nervoso; marginal; agressivo.
3.2. O pai de uma menina volúvel acha a filha__________. - pilantra; insensível; namoradeira; atenciosa.
3.3. Quando um pobre morre, os parentes e conhecidos vão ao seu__________. Quando um rico morre, todos
vão ao seu__________. E se ele for muito rico e importante, os convidados vão assistir às suas_________.
- funeral; enterro; exéquias.
3.5. Num convite formal de casamento, é mais apropriado usar_____________________. - casório; enlace
matrimonial; união; cerimônia.
3.6. “Jogar luz em” é o mesmo que focar; focalizar; esclarecer; ensinar.
4) Dê exemplo de:
19
4.1. procedimento médico –
4.2. procedimento bancário –
4.3. operação financeira –
4.4. operação policial –
5) Existem verbos que se empregam genericamente, embora possuam outros mais específicos. Essa alternân-
cia evita repetições desnecessárias. Tente achar os verbos específicos para aqueles destacados a seguir.
6) Muitas vezes, os animais são usados para traduzir características do comportamento humano. Coloque, ao
lado de cada animal, a qualidade ou defeito que ele representa:
7) Muitos estudiosos consideram a analogia ou etimologia popular um processo tão legítimo quanto a etimo-
logia erudita no que toca à formação de palavras, pois muitas vezes há uma relação de sentido com a palavra
tomada como ponto de partida para a sua criação.
Coloque ao lado das palavras que se seguem as formas corretas e, sempre que possível, explique a associação
entre elas:
7.1. Pernambular –
7.2. Eletricocardiograma –
7.3. Principício –
7.4. Despencadeiro –
7.5. Vasculhante –
7.6. Paratrapo –
7.7. Serve-serve –
7.8. Figo –
7.9. Cerular –
7.10.Vide-verso –
7.11. Choque-terra –
7.12. Cabeçário –
20 UNIDADE II
ESTILÍSTICA
Charles Bally apresenta uma outra concepção. Para a) Estilística fônica – ressalta a expressividade do
ele, a Estilística deve ser descritiva e não normativa e, material fônico dos vocábulos, isolados ou agrupados
ao invés de se ocupar com os autores ou a Literatura, em frases;
deve se ocupar com a língua.
b) Estilística semântica – estuda a conotação refe-
rente ao valor afetivo ou socialmente convencional
Ele parte da ideia de que a língua exprime o pen-
que adere à significação das palavras;
samento e os sentimentos e que a expressão desses
c) Estilística sintática – trata das variantes de colo-
sentimentos é o objeto da Estilística. O enfoque é na
cação, suscetíveis de causar emoção ou sugestionar.
enunciação e não no enunciado.
Assim, a Estilística estuda esses processos na lin-
Na definição constante do Dicionário de Linguísti-
ca (DUBOIS: 1978: 237), Bally definiu a Estilística guagem literária, procurando depreender a linguagem
como pessoal ou estilo do autor; sua personalidade e a sua
maneira de compreender e sentir a vida. Também faz
Estudo dos fatos de expressão da linguagem organi- parte da estilística o estudo das figuras de lingua-
zada do ponto de vista de seu conteúdo afetivo, isto é, gem.
expressão dos fatos da sensibilidade pela linguagem
e ação dos fatos de linguagem sobre a sensibilidade. Em Contribuição à Estilística Portuguesa (1978:
13), Mattoso caracteriza estilo como definição de uma
E a seguir personalidade em termos linguísticos. Mais adiante,
completa:
A Estilística, ramo da Linguística, consiste, portan-
to, num inventário das potencialidades estilísticas da “O estilo caracteriza-se como um conjunto de ‘ex-
língua (“efeitos do estilo”) no sentido saussureano, e pressões’, independentemente da circunstância de ser
não no estudo do estilo de tal autor, que é um “empre- um predicado do indivíduo” (p. 16).
go voluntário e consciente destes valores”...O senti-
mento é uma deformação cuja natureza é causada Pelo que foi dito, estilo representa um desvio do pa-
pelo nosso eu... desse modo, a metáfora existe porque drão, mas não a tal ponto de inviabilizar a expressão
podemos tornar o espírito “vítima” da associação de linguística.
duas representações.
No que diz respeito às tarefas da Estilística, esta-
Leo Spitzer procura estabelecer uma correlação en- belece:
tre as propriedades estilísticas de um texto e a psiquê
do autor. E confirma: “O estilo é o homem”. Descre- • Caracterizar, de maneira ampla, uma personalida-
ve unicamente o sistema de procedimentos presentes. de, partindo da linguagem;
O fator estilístico pode referir-se tanto ao pensamen- • Isolar os traços do sistema linguístico, que não são
to, quanto aos sentimentos. propriamente coletivos, mas individuais;
• Concatenar e interpretar os dados expressivos de- – caderno, pires, farinha (MONTEIRO,1991:17).
terminados (exteriorização psíquica e apelo) que se No entanto, é o contexto que vai determinar o grau 21
integram nos traços da língua. de expressividade de uma palavra.
Muito do estilo se deve à natureza da obra e o mes- Importante para demarcar o campo de atuação da
mo escritor pode variar de uma para outra obra. Estilística é considerar a Conotação, portadora dos
componentes afetivos da linguagem em oposição à
Escritores com as mesmas tendências estéticas Denotação, esta menos sujeita às interferências sub-
apresentam traços em comum, o que pode resultar jetivas e mais ligada ao aspecto conceitual da lin-
numa escola literária ou num estilo de época. guagem.
A hierarquização proposta por Paul Imbs (apud Algumas das funções da linguagem estão direta-
MONTEIRO,1991:106) ajuda a entender a noção de mente relacionadas à Estilística, como as funções
estilo: poética e emotiva (de acordo com a terminologia
proposta por Roman Jakobson), o que não impe-
Níveis: de que as outras funções sejam utilizadas com in-
Estilo de uma família linguística. tenções expressivas. Guimarães Rosa explora com
maestria, no conto Famigerado, a função metalin-
Demais níveis: guística. Lembremos algumas classificações de fun-
• Uma língua particular; ções da linguagem.
• Uma época;
• Um gênero literário; Karl Bulher estabelece três funções:
• Uma escola ou movimento literário; • Representativa
• Um escritor; • Apelativa
• Uma fase da vida do escritor; • Exteriorização psíquica
• Uma obra específica;
• Um capítulo, parte ou parágrafo; Ogden e Richards estabelecem cinco funções:
• Uma frase ou enunciado. • Simbolização da referência
• Expressão de atitude para com o ouvinte
Assim como a gramática se preocupa com a nor- • Expressão de atitude para com o referente
ma gramatical, a Estilística vai se preocupar com os • Promoção dos efeitos pretendidos
desvios – alterações ou variações que podem ocor- • Apoio de referência
rer por desconhecimento da norma ou por intuito
expressivo. Essa segunda ocorrência entende norma Halliday propõe:
como os hábitos, construções ou usos da maioria da
população. Da mesma forma, só interessa à Estilísti- • Ideacional – a linguagem manifesta conteúdos re-
ca os desvios que contêm efeitos expressivos. lacionados à experiência que o falante tem do mun-
do real ou do seu universo interior.
Numa frase como “Nós é São Paulo.”, de acordo
com a norma culta, há um erro claro de concordân- • Interpessoal – linguagem como instrumento de
cia. relação social.
No exemplo a seguir, Clarice Lispector se desvia • Textual – a linguagem estabelece vínculos com a
da norma para criar um efeito expressivo, no caso, situação em que é usada.
quer enfatizar a idéia de união, fusão em uma só pes-
soa, tamanho era o amor: “Eu estou apaixonada pelo Dell Hymes acrescenta a função contextual – des-
teu eu. Então nós é.” crição do ambiente físico que cerca emissor e re-
ceptor – às seis funções propostas por Jakobson, a
Ou: “Eu sou tua e tu és meu, e nós é um.” saber:
Há palavras – estrela, oceano, saudade – que pa- Referencial, Fática, Poética, Metalinguística, Co-
recem mais expressivas ou poéticas – que outras nativa e Emotiva.
2.2 - Análise Estilística
22
A análise estilística não deve se limitar à identifica- Paragoge – acréscimo final: noturnazã (G. Rosa) por
ção de recursos, figuras e outros artifícios utilizados noturna. Geralmente tem efeito intensivo.
intencionalmente pelo autor. Deve também procurar
o potencial estilístico, interpretando aspectos estilísti- Metágrafos (infrações ortográficas) – Dôra, Dorali-
cos, compreendendo os traços evocatórios e avalian- na (romance de Raquel de Queirós). O acento man-
do o desvio como instaurador da função poética. tém o o fechado para que se associe com dor.
A figura que importa como desvio estilístico é aque- “Ai que lindo, liiiindo.” (Drummond). Valor super-
la que corresponde a uma alteração de sentido, enri- lativo ou intensificador.
quecendo o texto com novas significações e que tenha
por finalidade a presentificação (apreensão de uma re- “O encanto ótico
alidade particular das coisas). Tornou o pranto ex-ótico.” (Cassiano Ricardo)
O hífen transforma exótico em vocábulo bissêmico:
J. Dubois (apud MONTEIRO, 1991) propõe o se- estranho: fora do olho ou da visão.
guinte esquema de análise:
Neologismo – é o recurso morfológico mais fre-
Expressão qüente entre todos os metaplasmos. Utiliza predomi-
• metaplasmos (nível morfológico) nantemente a sufixação como recurso: parentagem,
• metataxes (nível da sintaxe) educativismo, finalmência, vingancista (José Cândi-
do de Carvalho).
Conteúdo
• metassememas – nível semântico Diminutivos – sua função é mais emotiva que di-
• metalogismos – nível lógico mensiva.
As figuras abaixo, extraídas, na maioria dos casos, • Metataxes – desvios que alteram a estrutura sin-
do livro Estilística, de J. Lemos Monteiro, Editora
tática.
Ática, 1991; seguem como exemplificação.
Polissíndetos, anáforas, repetições têm efeito basi-
Metaplasmos – são alterações ou desvios nas formas
camente sensorial, agindo sobre a memória auditiva e
e na constituição sonora das palavras (nível morfofo-
são importantes para a intensificação dos conteúdos e
nológico).
estruturação do ritmo.
Aférese – esmoralizado (queda do fonema inicial
Anacolutos, silepses e inversões requerem esforço
/d/): burro esmoralizado (G. Rosa). Associações com
intelectual para a sua depreensão, mas o efeito estilís-
esmo, esmola (desnorteado, imprestável).
tico, por outro lado, é mais acentuado.
Síncope – mito (queda de fonema medial): “No zuo
de um minuto mito.” (G. Rosa). Traduzindo: idéia de O desvio sintático requer plena consciência das pos-
fração de minuto. Consequências: sibilidades de expressão que o código oferece. Po-
dem deixar as palavras soltas ou desordenadas e sem
– Mito, adjetivo reforça a noção de rapidez ou ins- pontuação.
tantaneidade;
– Mito, associa-se ao vocábulo homônimo (algo ina- A poesia lírica, principalmente, é mais apropriada
creditável); para metataxes, pois o fluxo de sentimento nem sem-
– Mito, sua redução intensifica a motivação sonora pre pode ser controlado e o sentimento é sugerido
que indica a idéia de brevidade. através das interjeições, reticências, elipses, frases
truncadas, repetições e inversões.
Apócope – supressão no fim da palavra: abreviã
(abreviada); privo (privada); supro (supremo) – G. • Metassememas – Os metassememas são figuras
Rosa. que substituem um semema por outro. É o caso da
metáfora, metonímia, oxímoro.
Prótese – acréscimo inicial: “Deus nos sacuda.” (G.
Rosa). A formação de um trocadilho enfatiza a ideia • Metalogismos – São as figuras de pensamento
de ser a ajuda divina também para despertar e dar vi- – hipérbole, antítese, eufemismo, ironia, paradoxo
talidade e não somente para socorrer. – que rompem com os aspectos lógicos do discurso.
Epêntese – acréscimo medial: “Em flagrante deli- A escolha estilística se apoia na seleção e na com-
tro.” F. Pessoa em autógrafo de foto em que bebia. binação.
Na seleção, temos as operações de substituição Na parataxe, a linguagem é predominantemente afe-
e escolha, pertencentes ao eixo paradigmático; tiva, apropriada para a transmissão de estados emo- 23
na combinação, temos as operações de arranjo, cionais.
pertencentes ao eixo sintagmático.
Na hipotaxe, a linguagem traduz rigidez de raciocí-
A organização frasal se faz através dos pro- nio lógico, adequada para a transmissão de conteúdos
cessos de hipotaxe e parataxe. informativos ou intelectivos.
A hipotaxe “é o processo sintático que consiste Na Literatura Infantil, por exemplo, predomina a
parataxe, pois não é o mundo racional que importa,
em explicitar por uma conjunção subordinativa
mas o mundo dos sentimentos, da simplicidade, do
ou coordenativa a relação de dependência que
encantamento.
pode existir entre duas frases que se seguem
num enunciado longo, numa argumentação etc.” A prosa tem como característica predominante a ob-
(DUBOIS, 1978: 325). A parataxe “é um pro- jetividade, a denotação. O enunciado é dependente
cesso sintático que consiste na justaposição das de outro. As relações (lógicas) expressam causalida-
frases sem explicitar, seja por uma partícula de de, fim, condição.
subordinação, seja por uma partícula de coorde-
nação, a relação de dependência que existe en- Na poesia, encontramos elementos plurissignificati-
tre elas, num enunciado, num discurso ou numa vos. A sua linguagem busca a expressão, o lirismo e
argumentação” (Ibidem: 426). as imagens.
Atividades
1) Identifique as figuras de sintaxe:
2.1. Nem sempre a preposição liga dois elementos do discurso, já que pode ser colocada à frente:
São exemplos tirados de (ou a ) Eça de Queirós que, segundo o autor, tem tendência para autonomizar o mor-
fema, a exemplo de outros autores realistas.
Comente a expressividade de tal colocação, isto é, o que o autor conseguiu com esse deslocamento.
2.2. Mais adiante, o autor afirma que a preposição nem sempre é um elo indispensável para a clareza da
frase:
“Ali se quedava a olhar o Tomé que o chamava, – um grande riso de alegria nas feições amorenadas.” (Latino
Coelho).
Qual seria a preposição mais adequada a tal contexto? Como foi possível a omissão?
O conto a seguir desfaz a ideia de que somente as funções poética e emotiva são exclusivas da arte literária.
Guimarães Rosa constrói sua narrativa em torno do significado de uma palavra – famigerado – valorizando e
explorando a função metalinguística.
Famigerado
(Guimarães Rosa)
Foi de incerta feita — o evento. Quem pode esperar coisa tão sem pés nem cabeça? Eu estava em casa, o
arraial sendo de todo tranquilo. Parou-me à porta o tropel. Cheguei à janela.
Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e,
embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo, num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavalei-
ro esse — o oh-homem-oh — com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera,
aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão;
bem arreado, ferrado, suado. E concebi grande dúvida.
Nenhum se apeava. Os outros, tristes três, mal me haviam olhado, nem olhassem para nada. Semelhavam a
gente receosa, tropa desbaratada, sopitados, constrangidos coagidos, sim. Isso por isso, que o cavaleiro solerte
tinha o ar de regê-los: a meio-gesto, desprezivo, intimara-os de pegarem o lugar onde agora se encostavam.
Dado que a frente da minha casa reentrava, metros, da linha da rua, e dos dois lados avançava a cerca, for-
mava-se ali um encantoável, espécie de resguardo. Valendo-se do que, o homem obrigara os outros ao ponto
donde seriam menos vistos, enquanto barrava-lhes qualquer fuga; sem contar que, unidos assim, os cavalos se
apertando, não dispunham de rápida mobilidade. Tudo enxergara, tomando ganho da topografia. Os três seriam
seus prisioneiros, não seus sequazes. Aquele homem, para proceder da forma, só podia ser um brabo sertanejo,
jagunço até na escuma do bofe. Senti que não me ficava útil dar cara amena, mostras de temeroso. Eu não tinha
arma ao alcance. Tivesse, também, não adiantava. Com um pingo no i, ele me dissolvia. O medo é a extrema
ignorância em momento muito agudo. O medo O. O medo me miava. Convidei-o a desmontar, a entrar.
Disse de não, conquanto os costumes. Conservava-se de chapéu. Via-se que passara a descansar na sela — de-
certo relaxava o corpo para dar-se mais à ingente tarefa de pensar. Perguntei: respondeu-me que não estava
doente, nem vindo à receita ou consulta. Sua voz se espaçava, querendo-se calma; a fala de gente de mais lon-
ge, talvez são-franciscano. Sei desse tipo de valentão que nada alardeia, sem farroma. Mas avessado, estranhão,
perverso brusco, podendo desfechar com algo, de repente, por um és-não-és. Muito de macio, mentalmente,
comecei a me organizar. Ele falou:
Carregara a celha. Causava outra inquietude, sua farrusca, a catadura de canibal. Desfranziu-se, porém, quase
que sorriu. Daí, desceu do cavalo; maneiro, imprevisto. Se por se cumprir do maior valor de melhores modos;
por esperteza? Reteve no pulso a ponta do cabresto, o alazão era para paz. O chapéu sempre na cabeça. Um
alarve. Mais os ínvios olhos. E ele era para muito. Seria de ver-se: estava em armas — e de armas alimpadas.
Dava para se sentir o peso da de fogo, no cinturão, que usado baixo, para ela estar-se já ao nível justo, ademão,
tanto que ele se persistia de braço direito pendido, pronto meneável. Sendo a sela, de notar-se, uma jereba pa-
puda urucuiana, pouco de se achar, na região, pelo menos de tão boa feitura. Tudo de gente brava. Aquele pro-
punha sangue, em suas tenções. Pequeno, mas duro, grossudo, todo em tronco de árvore. Sua máxima violência
podia ser para cada momento. Tivesse aceitado de entrar e um café, calmava-me. Assim, porém, banda de fora,
sem a-graças de hóspede nem surdez de paredes, tinha para um se inquietar, sem medida e sem certeza.
— "Vosmecê é que não me conhece. Damázio, dos Siqueiras... Estou vindo da Serra..."
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Sobressalto. Damázio, quem dele não ouvira? O feroz de estórias de léguas, com dezenas de carregadas mor-
tes, homem perigosíssimo. Constando também, se verdade, que de para uns anos ele se serenara — evitava o de
evitar. Fie-se, porém, quem, em tais tréguas de pantera? Ali, antenasal, de mim a palmo! Continuava:
— "Saiba vosmecê que, na Serra, por o ultimamente, se compareceu um moço do Governo, rapaz meio es-
trondoso... Saiba que estou com ele à revelia... Cá eu não quero questão com o Governo, não estou em saúde
nem idade... O rapaz, muitos acham que ele é de seu tanto esmiolado..."
Com arranco, calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com
o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é
que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um
orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos, insequentes,
como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir
seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava: E, pá:
— "Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz-mege-
rado... falmisgeraldo... familhas-gerado...?
Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o gesto, que se seguiu, imperava-
se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada. Detinha minha resposta, não queria que eu a desse de
imediato. E já aí outro susto vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atribuir-
me a palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo para exigir-me, rosto
a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
— "Saiba vosmecê que saí ind'hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis léguas, expresso direto pra mor
de lhe preguntar a pregunta, pelo claro..."
— "Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem têm o legítimo — o livro que aprende
as palavras... É gente pra informação torta, por se fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão,
capaz, mas com padres não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me fale,
no pau da peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?"
— Famigerado?
— "Sim senhor..." — e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva, sua voz fora de foco. E
já me olhava, interpelador, intimativo — apertava-me. Tinha eu que descobrir a cara. — Famigerado? Habitei
preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em
seus cavalos, intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:
— "Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo, pra testemunho..."
— "Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga: é desaforado? É caçoável? É
de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?"
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu sincero disse:
— Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma hora destas era ser famigerado
— bem famigerado, o mais que pudesse!...
Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagravava-se, num desafogaréu. Sorriu-se, outro.
Satisfez aqueles três: — "Vocês podem ir, compadres. Vocês escutaram bem a boa descrição..." — e eles prestes
se partiram. Só aí se chegou, beirando-me a janela, aceitava um copo d'água. Disse: — "Não há como que as
grandezas machas duma pessoa instruída!" Seja que de novo, por um mero, se torvava? Disse: — "Sei lá, às
vezes o melhor mesmo, pra esse moço do Governo, era ir-se embora, sei não..." Mas mais sorriu, apagara-se-
lhe a inquietação. Disse: — "A gente tem cada cisma de dúvida boba, dessas desconfianças... Só pra azedar a
mandioca..." Agradeceu, quis me apertar a mão. Outra vez, aceitaria de entrar em minha casa. Oh, pois. Espo-
rou, foi-se, o alazão, não pensava no que o trouxera, tese para alto rir, e mais, o famoso assunto.
Vocabulário
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4) realizou as atividades previstas;
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Glossário
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Cognitiva: referente à função de comunicação e se concretiza através da frase assertiva, aquela que objetiva a
informação, fazer conhecer um pensamento do falante.
Dêitico: elemento linguístico que faz referência à situação em que o enunciado é produzido; ao momento e ao
falante. Exemplos: os pronomes eu e tu, os demonstrativos, como este, esse, aquele, o tempo verbal presente
do indicativo etc.
Motivação: opõe-se a convencionalidade. Diz-se dos signos que se criam através de um impulso, como a se-
melhança fonética, como é o caso das onomatopeias.
Signo: aquilo que representa algo, que está no lugar de algo. Pode ser verbal ou não-verbal. O signo verbal
representa uma ideia, um conceito, uma ação.
Gabarito
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OBS.: Um gabarito sobre interpretação é sempre discutível porque não conta com o apoio da objetividade da
língua. Em quase todas as atividades aqui apresentadas o aspecto subjetivo é preponderante, pois trata-se da ex-
ploração do potencial expressivo da língua. E nesse caso, cada usuário da língua tem uma leitura, que depende
da sua sensibilidade, do seu envolvimento com o tema. Por isso não estranhe se houver alguma divergência – a
língua é flexível em seus aspectos interpretativos e semânticos.
Unidade I
1.
1.1. O formato (sinuosidade) lembra uma grande minhoca.
1.2. Um carro bonito, moderno, desejado.
1.3. Mulher alta, muito bonita, portadora de medidas generosas.
1.4. Um jogo muito disputado e com excelente qualidade técnica de ambas as equipes.
1.5. Uma pessoa muito boba.
2.
2.1. Afetividade.
2.2. Dimensão.
2.3. Afetividade.
2.4. Afetividade.
2.5. Dimensão.
2.6. Afetividade.
3.
3.1. Nervoso.
3.2. Namoradeira.
3.3. Enterro – funeral – exéquias.
3.4. Fez mau uso.
3.5. Enlace matrimonial.
3.6. Esclarecer.
4.
4.1. Cirurgia, aplicação de medicamentos, curativos etc.
4.2. Transferências de valores, depósitos, retiradas.
4.3. Empréstimos, aplicações.
4.4. Incursões, policiamento ostensivo, prisões.
5.
5.1. Saneou.
5.2. Duvidou.
5.3. Prioriza.
5.4. Noticiou.
5.5. Ofereceu.
5.6. Esboçou.
5.7. Não portava.
5.8. Compôs/escreveu.
6.
6.1. força 6.2. sujeira 6.3. lentidão 6.4. vaidade
6.5. trabalho 6.6. traição 6.7. esperteza 6.8. obtusidade
6.9. mansidão 6.10. lentidão 6.11. falsidade 6.12. paciência
6.13. organização 6.14. volume 6.15. rapidez 6.16. valentia
6.17. brutalidade 6.18. ladroagem
7.
7.1. perambular – as pessoas usam as pernas para perambular (andar).
7.2. eletrocardiograma – o aparelho que faz esse registro funciona com eletricidade.
7.3. precipício – o segmento sonoro de princi(pício) é mais comum que preci-.
7.4. despenhadeiro – lugar muito alto, de onde alguém pode despencar. 31
7.5. basculante – o segmento vascu(lhante) é mais comum que bascu (...).
7.6. esparadrapo – as tiras sugerem trapos de roupa.
7.7. self service – as pessoas se servem de vários tipos de alimentos, além de não saberem inglês.
7.8. fígado – associação ao formato ou a cor.
7.9. celular – o segmento sonoro cel- não é tão comum quanto cer-.
7.10. vice-versa – são palavras muito parecidas.
7.11. choque térmico – associação com fio (elétrico) terra.
7.12. cabeçalho – o sufixo -alho é menos comum que -ário, com o qual se confunde.
Unidade II
1.
1.1. Silepse de gênero.
1.2. Elipse (eu).
1.3. Eplise (eu); elipse (foi).
1.4. Silepse de pessoa (desejo de inclusão).
1.5. Pleonasmo (a eles mesmos). Desejo de recair a ação sobre eles – ênfase nas consequências.
1.6. Silepse de número (concorda com a ideia de pluralidade).
1.7. Anacoluto – desgraçado – no início – apresenta o sujeito sugerindo que vai praticar alguma ação. Apesar
do esforço, nada faz, mas tudo sofre.
1.8. Silepse de número – ressalta-se a imagem coletiva: a população, a gente.
2.
2.1. A antecipação da preposição desloca o foco para o elemento que a procede, destacando-o.
2.2. Com. O uso do travessão retoma uma expectativa já iniciada com a descrição de Tomé.
2.3.
2.3.1. Posição superior.
2.3.2. Na direção de.
2.3.3. Além de.
3.
3.1.Antítese.
3.2.Hipérbole.
3.3.Perífrase.
3.4.Ironia.
3.5.Eufemismo.
4.
4.1. Diante do (meu) nariz.
4.2 Desmiolado. A ausência do d só reforça a falta/perda de miolo, juízo.
4.3. Cabisbaixo e meditativo.
4.4. Verbo criado a partir do substantivo enigma.
4.5. Formado com very (ing.) no sentido de próprio mais a palavra verbo, no sentido de palavra, ou seja, o
sentido exato, a própria palavra.
4.6. A repetição da sílaba enfatiza o mutismo e identifica os três acompanhantes.
5.
5.1. A expressão usual é “certa feita”. Com “incerta”, o autor sugere situação imprevista, inesperada.
5.2. Por uma coisa mínima.
5.3. Forma reduzida de ”por amor de”. Com a intenção de. Expressão comum no interior do país.
6.
6.1. Equivale a “tiro na cabeça”, uma ação, algo que o valentão faria sem o menor esforço.
6.2. Tornava-o um gato, um animal pequeno e frágil.
6.3. O uso de redigir numa situação de língua falada valoriza o sentido de “construir o próprio discurso”. Algo
feito com o cuidado que a língua escrita exige.
6.4. Papo prolongado, demorado.
32 6.5. Dicionário. O autor sugere o pouco conhecimento do personagem, que confunde aprender com ensinar,
além de jogar com uma ambiguidade: o livro que aprende (guarda, aprisiona, contém) com o livro que aprende
(“ensina”) as palavras.
6.6. Fiquei no início, queria ganhar tempo, não tinha coragem de prosseguir.
7.
7.1. O sujeito inserido no meio das orações indica a determinação contida em sua atitude: ele está mergulha-
do/decidido a agir, tanto em relação ao que informa as orações anteriores, quanto a oração posterior.
7.2. Supressão de alguma expressão equivalente a “como se...”.
7.3. Supressão/interrupção antes da conclusão: algo do tipo “...como era comum na região...”. Essa interrup-
ção brusca é própria da língua falada, que tem uma sintaxe característica: cortes, alterações, mudanças de rumo
e/ou assuntos, pausas, que não seguem a regularidade e linearidade da língua escrita.
Referências Bibliográficas Unidade I Semântica
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DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. São Paulo: Cultrix, 1978.
BASÍLIO, Margarida. Formação e classe de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
______. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987.
GERALDI, J. W. & ILARI, Rodolfo. Semântica. São Paulo: Ática, 1995.
GUIRAUD, Pierre. A semântica. São Paulo: Difel, 1980.
ILARI, Rodolfo. Introdução ao estudo do léxico. São Paulo: Contexto, 2003.
______. Introdução à semântica: brincando com as palavras. São Paulo: Contexto, 2003.
MARQUES, Maria Helena D. Estudos semânticos. Rio de Janeiro: Grifo, 1976.
MULLER, Ana L., NEGRÃO, E., FOLTRAN, M. (orgs.) Semântica formal. São Paulo: Contexto, 2003.
MUSSALIN, F. & BENTES, A. C. Introdução à linguística 2: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez,
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TODOROV, Tzvetan et al. Linguagem e motivação: uma perspectiva semiológica. Porto Alegre: Globo,
1977.
ULLMAN, Stephen. Semântica: uma introdução à ciência do significado. Lisboa: Fundação Calouste Gul-
benkian, 1977.