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Pandemia de COVID-19 e vulnerabilidade na favela: ações sociais e

cursos profissionalizantes para mulheres

COVID-19 pandemic and vulnerability in the favela: social actions and

professional training courses for women

Título abreviado: Pandemia de COVID-19 e vulnerabilidades

RESUMO

Introdução: Com a pandemia de COVID-19, cenários de desigualdades


socioeconômicas foram evidenciados. Pesquisa brasileira com 2.087
moradores de favelas, mostrou que 68% não tiveram dinheiro para comprar
comida em ao menos um dia. Objetivo: Descrever o instituto Fazendinhando,
no Complexo Paraisópolis, tecendo reflexões sobre como um grupo de
mulheres moradoras da favela estão resistindo à pandemia. Método: Este
ensaio foi fundamentado em um trabalho etnográfico a partir da vivência em
ações do Fazendinhando durante a pandemia de COVID-19. As informações
foram obtidas por meio de entrevistas, redes sociais do instituto, observações
participantes em ações e cursos profissionalizantes realizados pelo instituto e
registros no diário de campo. Para análise do material, foram destacadas as
principais situações, trechos e falas de todo material ordenado. Posteriormente,
foi realizada uma leitura exaustiva e por meio do método espiral foram feitas as
articulações das impressões iniciais destacadas. Para a interpretação do
material foi utilizada a descrição densa. Resultados: Com a colaboração de
parceiros, o Fazendinhando doou semanalmente 650 cestas básicas, dentre
outras ações beneficiando, aproximadamente, cinco mil famílias. Outra
preocupação eram as muitas mães solos que estavam desempregadas. Assim,
foram criados cursos profissionalizantes para reinserção dessas mulheres no
mercado de trabalho, possibilitando a geração de renda por meio da comida.
Conclusão: Observamos que diante da ineficácia das ações gerenciadas pelo
poder público a organização da sociedade se mostrou importante para a
sobrevivência de grupos sociais. A cozinha comunitária também foi um espaço
importante, contribuindo para a (re)estruturação do cenário e das políticas
públicas brasileiras.

Palavras-chave: insegurança alimentar, vulnerabilidades, mulheres,

favela, covid-19.
Introdução

Em 2020, a crise sanitária ocorrida devido ao avanço da pandemia de

COVID-19 em solo brasileiro evidenciou um cenário de desigualdades e

vulnerabilidades sociais em toda a extensão do Brasil 1,2.

Considerado, desde 2019, como o segundo país mais desigual do

mundo em distribuição de renda 3, o Brasil é pautado por inúmeras assimetrias

em todo seu território. Essas assimetrias têm um caráter histórico e dizem

respeito a relações coloniais e neocoloniais, ao racismo, à desigualdade

econômica regional, à urbanização e suas formas de empobrecimento, aos

modelos de gênero, ao sistema capitalista — na fase contemporânea

neoliberal-financeira — à geografia de todo território brasileiro, e a fatores

socioculturais, entre outross4,5,6,7.

Um estudo realizado em 20058, evidencia que, antes da pandemia, o

Brasil já era palco de uma significativa desigualdade na distribuição de renda,

com elevados níveis de pobreza. Segundo esses autores, o termo

vulnerabilidade social no Brasil está relacionado, principalmente, à condição de

pobreza, uma vez que as pessoas nessa situação compõem grupos em

exclusão social. Estes grupos estão em risco pessoal e social, excluídos das

políticas públicas referentes aos direitos quanto ao trabalho e à educação,

saúde, habitação e alimentação. Em suma, o Brasil é um país traçado por uma

enorme desigualdade na distribuição da renda e nas oportunidades de inclusão

econômica e social8. Esses aspectos excluíram socialmente grande parte da


população do acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania durante a

pandemia.

Estas desigualdades, e suas articulações dinâmicas, foram evidenciadas

nas notícias sobre a disseminação da pandemia de COVID-19 no Brasil,

especialmente pela maneira nada uniforme que ela alcançou a população

brasileira6, como veremos a seguir.

A pandemia de COVID-19 e a população em vulnerabilidade social

Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS)

declarou estado de emergência de saúde pública de importância internacional

devido ao surto da doença causada pelo novo coronavírus, a COVID-19. Pouco

tempo depois, com a rápida disseminação em vários países, o surto foi

caracterizado como uma pandemia9.

Em fevereiro de 2020, na cidade de São Paulo, foi oficialmente

confirmado o primeiro caso de infecção pelo vírus no Brasil em um homem,

branco, de 61 anos, que regressara da Itália, até então um dos países foco da

doença. Porém, esta não foi a primeira vítima fatal pelo coronavírus no Brasil. A

primeira vítima no estado de São Paulo foi um homem, de 62 anos, porteiro

aposentado, com diabetes mellitus e hipertensão arterial, que morava com os

pais e mais três irmãos na mesma casa, e sem histórico de viagem ao exterior.

Dias depois, foi confirmada a primeira morte pelo COVID-19 no estado do Rio

de Janeiro: uma mulher negra, de 63 anos, com diabetes mellitus e hipertensão

arterial, residente em Miguel Pereira, município do estado do Rio de Janeiro, e


trabalhadora doméstica de uma residência no bairro Leblon, na zona sul da

cidade do Rio de Janeiro, que dista 125 km de sua residência. Ela havia sido

infectada por sua empregadora, que tinha regressado recentemente da Itália 10.

Podemos então observar, por meio da narrativa dos primeiros casos e

vítimas brasileiras, que, desde a chegada do coronavírus no país, a

desigualdade já estava estampada. Vemos que as primeiras mortes foram de

trabalhadores ocupantes de posições de trabalhos informais ou pouco

reconhecidas e valorizadas, prestando serviços que associados aos cuidados

às camadas mais privilegiadas da população 10.

Embora a disseminação pelo vírus não tenha apresentado seletividade

contagiosa, os impactos da doença não foram sentidos da mesma maneira por

toda população, como vimos anteriormente. A possibilidade de trabalhar ou

permanecer em casa em isolamento social, as condições de saneamento

básico e infraestrutura das moradias, e o acesso a produtos de higiene

pessoal, como o álcool 70%, por exemplo, foram algumas das questões que

determinaram o impacto da doença na vida das pessoas1,11. O acesso precário

aos serviços públicos de saúde foi outro ponto importante e fundamental na

determinação das consequências da doença. Dessa maneira, ressaltamos que

essas condições são intimamente relacionadas a questões que se

interseccionam, como gênero, classe, raça, nível de escolaridade, local de

moradia, região de procedência, trabalho, dentre outras, pois os impactos da

infecção pelo vírus foram sentidos de maneiras diferentes a depender das

desigualdades sociais produzidas a partir dessas categorias, afetando as

pessoas de diversas formas para além de suas situações de saúde, como

discutiremos a seguir11.
Nas áreas periféricas dos grandes centros urbanos, os registros dos

casos de pessoas infectadas pelo vírus foram, principalmente, de trabalhadoras

domésticas, motoristas de aplicativo, entregadores de comida, que eram

infectados no trabalho e levavam o vírus para suas casas e famílias 12. De

acordo com um estudo realizado em Salvador, Bahia, pelo grupo GeoCombate,

o qual se dedica a dar visibilidade as áreas pobres da cidade, trabalhadores

sem carteira assinada e moradores da periferia foram os mais expostos ao

vírus devido seus locais de trabalho pertencerem às áreas mais nobres da

cidade, onde havia maior prevalência de pessoas infectadas 13,14.

É importante destacar que as relações informais no mercado de trabalho

incidem majoritariamente sobre a população negra 15. De acordo com a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 16, 47,3% é o percentual

da população negra que trabalha sem carteira assinada, ao passo que, entre a

população branca, este número cai para 34,6%.

 A população negra também foi considerada um dos grupos de risco da

pandemia de COVID-19. Além das comorbidades que atingem essa população

em maior número, como, por exemplo, a hipertensão arterial e a diabetes, cabe

destacar a letalidade social, orientada por questões históricas, políticas e

sociais estruturantes da sociedade. Segundo os Boletins Epidemiológicos do

Ministério da Saúde17, em abril de 2020, houve o aumento em cinco vezes do

número de contágio da doença entre as pessoas negras quando comparado

com o número de pessoas brancas. Como destaca a Abrasco 12, as dificuldades

estruturais que a população negra enfrentou começaram desde a informação

que não chegava a ela até o acesso a exames para detecção do vírus,

principalmente nos casos suspeitos.


Refletindo sobre a população que mora em favelas, a pesquisa chamada

‘Pandemia na Favela’18, realizada pelo Data Favela, entre os dias 20 e 23 de

março de 2020, informava que, cerca de 13,6 milhões de pessoas moram em

favelas no Brasil. Esses dados corroboram com a PNAD 19 realizada em 2015

que aponta, aproximadamente, 11,4 milhões de pessoas morando em

territórios classificados, pelo IBGE (2018)20, como aglomerados subnormais.

Estes são caracterizados por difícil acessibilidade, grande número de

construções, moradias em condições precárias e a falta de infraestrutura e

serviços públicos essenciais, como abastecimento de água e coleta de lixo, por

exemplo. Ainda segundo o IBGE (2018) 20, o número de moradores dos

aglomerados subnormais aumentou, em todo o Brasil, em mais de 60% entre

os anos 1991 e 2010. Porém, são nas grandes cidades brasileiras – como Rio

de Janeiro e São Paulo, que o fenômeno da proliferação de precarização

habitacional associada aos aglomerados subnormais vem ocorrendo com maior

expressão21.

Posteriormente, em 2021, os organizadores da pesquisa Pandemia na

Favela realizaram um novo estudo em 76 favelas brasileiras com 2.087

pessoas maiores de 16 anos, e mostraram que 71% das famílias moradoras de

favelas estavam sobrevivendo com menos da metade da renda que tinham

antes da pandemia de COVID-19 18. A pesquisa ainda destacou que 68% das

pessoas que moram em favelas não tiveram dinheiro para comprar comida em

ao menos um dia nas duas semanas que antecederam o levantamento. Além

disso, o número diário de refeições realizadas pelos moradores das favelas,

era, em agosto de 2020, em média, 2,4 refeições/dia, passando a ser 1,9

refeições/dia, em fevereiro de 202118.


Como uma das graves consequências da pandemia de COVID-19,

podemos destacar o aumento do desemprego e, com isso, a falta de dinheiro

para pagar as contas e suprir as necessidades básicas das famílias,

principalmente, das moradoras de favelas. Dessa maneira, as preocupações

com os cuidados sanitários para evitar a disseminação do vírus ficaram em

segundo plano, pois ter o que comer era a preocupação principal. Assim como

relata uma moradora da favela do Totó, em Pernambuco, em sua entrevista

para o Programa RADIS de Comunicação e Saúde, realizado pela Escola

Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca: “Poucas são as pessoas na minha

rua que tem 20 reais pra dar numa garrafinha de álcool em gel. As pessoas

estão tendo que fazer escolhas: ou eu compro material de higiene ou eu

compro comida.”22.

A PNAD mostra que o número de internações e óbitos por COVID-19 foi

maior entre a população que trabalhava como faxineiras/os e auxiliares de

limpeza; seguido pelas/os aposentadas/os; e por fim, empregadas

domésticas/diaristas e cozinheiras16.

Além disso, poucas foram as ações feitas pelo governo para amenizar

as consequências para as pessoas em situação de vulnerabilidade social 14,15,23.

A adoção de uma linha política focada em sua grande totalidade em hospitais

(re)afirmou o descaso do poder público com relação às necessidades dos

moradores das favelas. O acionamento da rede de atenção primária e dos

centros de referência da assistência social teriam sido importantes para a

identificação de pessoas sintomáticas e seus contatos, assim como o

encaminhamento de pacientes a outros serviços do sistema de saúde, e o


fortalecimento da prevenção, com a identificação das necessidades e das

possibilidades de quarentena dentro e fora da favela 23.

Um estudo reuniu as normas federais e estaduais relacionadas à

pandemia de COVID-19 em uma linha do tempo, entre março de 2020 e janeiro

de 2021, revelando uma estratégia institucional de propagação do vírus,

conduzida pelo governo brasileiro sob a liderança da Presidência da

República. A pesquisa conclui que grande parte das vítimas do COVID-19

poderia ter sido evitada por meio de estratégias de contenção da doença, o

que caracteriza uma “violação sem precedentes do direito à vida e do direito

à saúde dos brasileiros”24. 

É prestada devida atenção aos processos macro que se revelaram

durante a pandemia de COVID-19, mas, sob o nosso entender, pouca aos

processos micro, especialmente esses surgidos de pequenas iniciativas para

paliar os efeitos socioeconômicos que a pandemia trouxe, especialmente

perante a nímias medidas de contenção por parte do governo federal brasileiro

durante essa conjuntura. Assim, entendendo a importância de discutirmos

sobre a vulnerabilidade de grupos específicos e como estas populações

morreram na, e sobreviveram à, pandemia de COVID-19, este ensaio tem

como objetivo tecer algumas reflexões sobre consequências da pandemia para

grupos em situação de vulnerabilidade social no Brasil. Nesse contexto,

pensando nos processos micro, objetivamos descrever o instituto

Fazendinhando, no Complexo Paraisópolis (São Paulo) e tecer algumas

reflexões sobre como um grupo de mulheres moradoras da favela estão

resistindo à pandemia.
Percurso metodológico

Esta pesquisa é fundamentada em um estudo etnográfico de natureza

qualitativa, construído, principalmente, a partir da vivência da pesquisadora

principal em ações realizadas pelo instituto Fazendinhando na favela do Jardim

Colombo, no Complexo de Paraisópolis, na cidade de São Paulo, durante a

pandemia de COVID-19. Foram realizadas entrevistas formais e informais com

três integrantes do Fazendinhando, duas mulheres, sendo uma delas a

idealizadora e presidente do instituto, e um homem, todos residentes no

Complexo Paraisópolis e participantes do instituto desde o seu início. As

entrevistas foram feitas por meio de uma plataforma online e também no

formato presencial entre os meses de abril de 2021 e julho de 2022. A

observação participante em ações sociais promovidas pelo instituto foi

realizada entre janeiro de 2021 a julho de 2022. Dentre as ações, destacamos

a participação nos mutirões de limpeza, retirada de entulhos e pintura de

escadas e casas na favela, entrega de cestas básicas, ovos e cestas de

legumes, produção e distribuição de marmitas e de pães para as/os

moradoras/es do local, as aulas dos cursos oferecidos para as mulheres

moradoras do Complexo Paraisópolis, a organização e realização do evento

em comemoração ao dia da saúde, a coprodução de um documentário sobre

insegurança alimentar dentre as mulheres participantes do projeto Fazendeiras,

organização e realização do terceiro festival de artes dentro do Jardim

Colombo e também a participação em reuniões presenciais e remotas

realizadas para a organização de tais ações. As informações sobre o instituto

também foram adquiridas por meio de registros – textos, fotografias e vídeos -


das redes sociais e da página oficial na internet do Fazendinhando. Durante

todo o período da pesquisa, um diário de campo também foi construído.

Escolhemos a realização de uma etnografia, pois assim como Geertz 25,

entendemos este tipo de estudo como uma descrição densa que, por meio da

observação e anotações de impressões no diário de campo, é escrita não com

sinais convencionais do som, mas sim com exemplos transitórios de

comportamentos modelados. Acreditamos que, principalmente, no contexto em

que esta pesquisa foi realizada, isto é, frente ao agravamento do cenário de

vulnerabilidades que já se encontrava em estado crítico e que se tornou ainda

mais complexo em meio a pandemia de COVID-19, a escolha por um estudo

etnográfico foi fundamental para compreendermos o cenário de ausências e

inseguranças vivenciado pelas/pelos moradoras/moradores na favela do Jardim

Colombo. Com a observação participante, foi possível experienciar um conjunto

de situações sociais, e estabelecer relações diretas com as/os

interlocutoras/interlocutores deste estudo, participando, assim, da vida social e

cultural dos mesmos, com foco no contexto desta pesquisa 26.

Vale destacar que a pesquisadora principal deste estudo é uma mulher

cisgênero, branca, loira e pertencente à classe média, oriunda de um grupo de

pesquisa composto também por pessoas brancas e pertencentes à classe

média.

Para análise das informações, inicialmente foram feitas as transcrições

das entrevistas realizadas com os/as integrantes do instituto. Depois, foi feita a

leitura das transcrições e de todo o diário de campo. Nesta etapa, foram

destacadas as principais situações ocorridas, trechos e falas. Posteriormente,

uma releitura exaustiva de todo material organizado foi realizada. Assim, a


partir do método de espiral, foram feitas as articulações das impressões iniciais

em destaque. Entendemos que o método de espiral auxilia no maior

entendimento dos fatos que integram o conjunto de acontecimentos sem

conexão, tornando os parte de algo maior, que se assemelha com o contexto

do sujeito26.

Para a análise e interpretação do material, foi utilizada a descrição

densa, isto é, uma descrição detalhada dos cenários destacados durante todo

o período em campo. Por meio dessa descrição, buscamos compreender as

articulações que relacionam o cenário encontrado no campo com a

intencionalidade atribuída pelas interlocutoras às suas práticas atuais e/ou

futuras25.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Saúde

Pública, da Universidade de São Paulo (FSP/USP), parecer número 1.514.655.

O Jardim Colombo, o instituto Fazendinhando e a pandemia de COVID-19

As favelas Jardim Colombo, Porto Seguro e Paraisópolis formam o

Complexo Paraisópolis, atravessado por duas grandes avenidas da cidade: a

avenida Giovanni Gronchi e a Morumbi. Ele fica situado ao lado do bairro

Morumbi, o qual possui Índice de Desenvolvimento Humano semelhante aos

cinco melhores da Europa27, e possui, aproximadamente, 100 mil habitantes,

com uma extensão de 101,5 hectares.

A favela do Jardim Colombo, possui, aproximadamente, 14,9 hectares

que abrigam em torno de 5.200 famílias, aproximadamente, 18 mil habitantes.

Sobre a infraestrutura e sistemas urbanos do Jardim Colombo, 16,5% dos

domicílios contam com ligação à rede pública de coleta de esgoto, enquanto


55% utilizam instalações autoconstruídas, como por exemplo as fossas. Cerca

de 13% informam não possuir qualquer tipo de instalação de coleta de esgoto,

fazendo os despejos diretamente no córrego. A ocupação irregular e

desordenada da área em suprimento da urgência de moradia acabou por

prescindir áreas para espaços de convívio e lazer. Com relação às condições

socioeconômicas, os dados evidenciam um contexto de escolarização

incipiente, baixa formalização no quesito empregabilidade, e pouca qualificação

profissional.

O Fazendinhando surgiu em 2017 na favela do Colombo para revitalizar

e integrar uma área com 1.000 metros quadrados que estava sendo utilizada

até então como um local para descarte de entulho e lixo. Nessa época, o

instituto era composto pelos nossos três entrevistados e mais cinco outros

moradores do Colombo. O objetivo era transformar esse local em um espaço

no qual as/os moradoras/es da favela pudessem usar para lazer, pois não

havia, até então, nenhuma área onde a população moradora do Colombo

pudesse se reunir e confraternizar. Porém, com a pandemia de COVID-19, os

objetivos foram reformulados, com foco na atuação contra as diversas

consequências que a pandemia estava trazendo para quem mora na favela

como a fome e o desemprego.

Em março de 2020, aconteceu a primeira campanha de financiamento

coletivo, ajudando as primeiras 28 famílias cadastradas pelo instituto. Essas

famílias receberam cestas básicas, roupas e itens de higiene. Porém, os

voluntários observaram que muitas outras famílias moradoras do Colombo

também estavam precisando de auxílio. Assim, os integrantes do

Fazendinhando decidiram continuar com a campanha para alcançar mais


famílias moradoras da favela. Com a colaboração de pessoas e empresas, de

dentro e de fora do Colombo, durante os cinco meses contínuos em que essa

campanha foi realizada, foi possível a doação de 650 cestas básicas e mais

650 cestas de legumes orgânicos, por semana, beneficiando,

aproximadamente, cinco mil famílias. Como relatou uma das entrevistadas

sobre as ações que foram realizadas pelo Fazendinhando no ano de 2020:

“Como suporte para inúmeras famílias durante a pandemia, vários coletivos e

organizações sociais já atuantes nos bairros periféricos focaram sua atenção

em uma questão fundamental e tão preocupante quanto o próprio coronavírus:

a comida, ou no caso, a falta dela em muitas panelas e armários”.

A nota técnica “COVID-19 e vulnerabilidades – Considerações sobre

proteção social nas favelas”28 feita pelo Observatório COVID-19 em março de

2020, já previa a importância da participação social nas ações protetivas em

resposta à emergência sanitária que, à época, estava à vista. Em face às

desigualdades observadas no Brasil, esta nota técnica também trazia um

resumo das medidas de proteção social que seriam necessárias com o objetivo

de minorar as repercussões nas favelas, em vista da conjugação de efeitos

deletérios potencializados tanto pelo vírus como pela exclusão social nesses

espaços28.

Um dos integrantes do instituto e nosso entrevistado relatou algumas

dificuldades que eles tiveram durante o cadastramento das famílias para

organizar as doações e puderam observar que a situação era mais crítica do

que pensavam: “O que era bem duro também de saber que tinha gente

passando fome, mas saber que tinha mais gente há mais tempo passando

fome e ter que fazer esse manejo (das doações) porque demoraria mais uma
semana para chegar mais uma remessa de cestas básicas”. Dessa forma, eles

precisaram se organizar observando as famílias que se encontravam em

situação de vulnerabilidade social há mais tempo: “(...) então a gente foi

tentando priorizar as pessoas que tavam em uma situação de vulnerabilidade

ainda maior dentro de uma situação de vulnerabilidade.”.

Durante o ano de 2020, foi possível acompanhar pelas redes sociais do

instituto o trabalho dos seus integrantes, que buscavam arrecadar e organizar

doações para levar comida, roupas, livros e itens de higiene como o álcool 70%

por exemplo, para todos na favela. De acordo com uma das entrevistadas, no

início da pandemia de COVID-19, para evitar aglomerações, os voluntários do

instituto foram de casa em casa cadastrando cada família em uma planilha.

Segundo ela: “Nossa preocupação era saber como as famílias estavam

vivendo durante a pandemia, e as necessidades que eles estavam passando.

Fomos na casa de um senhor, por exemplo, que estava há dias sem água e

ninguém sabia que ele estava passando dificuldades.”.

Outra preocupação do Fazendinhando era com a recomendação para

ficar em casa. Com a rápida disseminação do vírus, em março de 2020, foram

implantadas medidas rígidas de distanciamento físico e de mobilidade em

vários países do mundo. Em maio de 2020, foi divulgado um estudo que

concluiu que o distanciamento físico severo, juntamente com uma rigorosa

política pública de testagem, rastreamento de casos, contatos e quarentena

seriam capazes de manejar a pandemia de COVID-19 de forma que não

houvesse superlotação dos sistemas de saúde 29. Porém, essas intervenções

pandêmicas estavam dissociadas das vidas dos moradores das favelas.

Segundo o estudo que conta a experiência de um morador de uma favela na


cidade de Salvador, Bahia, durante a pandemia de COVID-19, para quem mora

na favela o isolamento físico não é uma escolha. Para eles o bordão ‘fique em

casa’ possui muitos significados, e um deles é a impossibilidade de exercer a

liberdade de adesão a essa causa. A real escolha para essa população era a

possibilidade de ficar em casa e morrer de fome ou sair para trabalhar e correr

o risco de ser infectado pelo COVID-19 30. Segundo um dos integrantes

entrevistados, o home office não existe na favela. Ele relatou que a maioria dos

moradores do Colombo são trabalhadores informais, sem carteira assinada e

ocupam cargos que não são possíveis serem feitos de suas casas, como

porteiros, cuidadoras de crianças e idosos, e trabalhadoras domésticas, por

exemplo. Vemos que grande parte das medidas preventivas recomendadas

devido à pandemia de COVID-19 dialogam com uma existência condicionada

pelo lugar que cada um ocupa nos grupos e nas classes sociais 31,32.

Ao mesmo tempo, muitos moradores das favelas perderam seus

trabalhos, exatamente por serem autônomos ou não possuírem vínculo

empregatício28,33. De acordo com dados de uma pesquisa realizada em 2018 no

Complexo Paraisópolis, corroborando com o relato de um dos entrevistados, a

maioria dos seus moradores recebiam entre 1 e 2 salários-mínimos e mais de

30% dos entrevistados empregavam-se na economia informal. Trabalhos

relacionados a tarefas domésticas e ao cuidado de pessoas foram bastante

relatados nas entrevistas e, para garantir a sobrevivência, alguns ainda se

dedicavam a reciclar resíduos de diferentes tipos 34.

Dessa maneira, a partir do cadastro das famílias do Colombo no

Fazendinhando, realizado com o intuito de organizarem as doações durante as

campanhas coletivas feitas no ano de 2020, os integrantes do instituto


observaram que a maioria das famílias era composta por mães solo e seus

filhos, sendo estas as únicas responsáveis pela renda da família. Vale destacar

que esses dados corroboram os resultados dos estudos realizado pela Rede

PENSSAN35 sobre insegurança alimentar e a pandemia de COVID-19. Além

disso, observaram também que grande parte dessas mulheres havia perdido

seus empregos com a chegada da pandemia. Elas ocupavam cargos como

trabalhadoras domésticas, diaristas ou cuidadoras, sem carteira assinada,

atuando no bairro ao lado, o Morumbi. E foi a partir da observação dessa

realidade, que o Fazendinhando sentiu a necessidade da criação de projetos

de inclusão social e reintegração, principalmente das mulheres, no mercado de

trabalho “[...] refletidos na luta diária dessas mulheres para sobreviver, cuidar e

alimentar suas famílias”, como relatou uma das entrevistadas.

Assim, para minimizar as consequências econômicas e sociais da

pandemia na favela do Colombo, em outubro de 2020, o Fazendinhando criou

o projeto Fazendeiras. Destinado às mulheres com mais de 18 anos e

moradoras do local, foram organizados, inicialmente, dois cursos, um de

culinária e outro de construção civil, ambos ministrados por mulheres parceiras

de dentro e de fora da favela. Dando continuidade ao projeto Fazendeiras, em

2021 foram organizados outros cursos, voltados para o ensino de como fazer

tranças em diferentes tipos de cabelo e de artesanato feito com o

reaproveitamento de materiais recicláveis. Todos os cursos foram muito

importantes para as Fazendeiras em diversos aspectos. Durante a observação

participante que fiz em uma das aulas do curso de culinária, uma delas relatou:

“Acordar e lembrar que tem a aula aqui de gastronomia me faz bem, me faz

querer levantar”. As Fazendeiras além de participarem dos cursos também


atuavam como voluntárias nas ações sociais promovidas pelo instituto. Vale

destacar que a maioria das pessoas que integravam o instituto ou que se

voluntariavam para participar das ações eram mulheres, tanto de dentro como

de fora da favela. Corroborando com esse dado, Sanches, Rodrigues e Verdier

(2022) 36
, mostram que as principais iniciativas de combate aos efeitos da

pandemia de COVID-19 foram realizadas por mulheres tanto na sociedade civil

quanto no parlamento. É importante ressaltar que essa atuação das atrizes

sociais já ocorre há décadas, porém é muitas vezes invisibilizada 37.

A ideia da criação do projeto Fazendeiras teve seu início quando foi

necessária a produção e distribuição de marmitas durante os meses iniciais da

quarentena devido à pandemia de COVID-19. Com o apoio de uma instituição

privada de fora da favela, o instituto Fazendinhando contratou temporariamente

cinco mulheres, moradoras do Colombo e que estavam desempregadas, para

cozinhar e preparar as marmitas que, durante cinco meses contínuos, foram

distribuídas diariamente para os moradores da favela que se encontravam em

situação de vulnerabilidade social. “No início da pandemia muitas pessoas

estavam passando fome, então conseguimos, com o auxílio de uma parceria,

contratar algumas mulheres do Colombo que se revezavam na cozinha

comunitária para a produção de 150 marmitas todos os dias.”, como conta uma

das entrevistadas sobre mais uma ação social que foi realizada pelo instituto.

Com o término da produção e distribuição das marmitas devido à

diminuição das doações, a equipe do instituto começou a pensar sobre

possibilidades para continuar ajudando essas mulheres que estavam atuando

no Fazendinhando. Foi então que surgiu a ideia da criação dos cursos

profissionalizantes como uma maneira de auxiliar na geração de renda dessas


mulheres. Como explicou uma das entrevistadas: “(...) nós tínhamos um grande

número de mulheres trabalhando com a gente e a gente não queria abandonar

essas mulheres. A gente não queria falar assim, ah acabou, vão pra suas

casas que a gente vai voltar com nossos projetos e vai ser desse jeito. A gente

também precisaria fazer alguma coisa com elas e por elas. Foi aí o momento

que surgiu essa ideia de criar o projeto das Fazendeiras que visa qualificar as

mulheres.”.

Assim, o primeiro curso profissionalizante organizado foi o de culinária.

O objetivo era desenvolver habilidades culinárias, capacitando essas mulheres

com a finalidade de gerarem renda para si e para suas famílias por meio da

venda de comida. Além disso, as/os integrantes do Fazendinhando viam nesse

projeto uma forma de integrar a favela com a cidade, levando um pouco da

história e dos sabores de quem mora na favela para a casa das pessoas. Para

ela, “O projeto Fazendeiras planta, colhe, cultiva, cozinha e constrói, a fim de

resgatar as memórias afetivas da favela, seja no paladar ou na construção

civil.”

As aulas do curso de culinária aconteciam uma vez por semana, às

quartas-feiras, das 10h00 às 14h00 horas, na cozinha comunitária que divide o

mesmo terreno da Igreja Adventista do Colombo. Todas as aulas foram

gratuitas e os ingredientes necessários para a realização das receitas foram

listados de acordo com a preparação da semana e eram comprados no dia da

aula por uma integrante do instituto com recursos adquiridos por meio de

doações.

No mês de dezembro de 2020, algumas Fazendeiras compraram os

ingredientes por conta própria e fizeram em suas casas algumas receitas de


doces, como pães de mel por exemplo, que foram ensinadas no curso. Elas

conseguiram vender esses doces por meio de encomendas feitas por alguns

de seus amigos e parentes de dentro do Colombo e assim, puderam

complementar a renda familiar naquele período. Segundo uma das

Fazendeiras do curso de culinária, “Eu fazia, meu marido levava e vendia na

obra que ele trabalha e eu ganhava um dinheirinho com os pães de mel. Ele

levava tipo se ele levasse 30, ele vendia os 30. Se levasse 40, ele vendia os

40.”.

Em abril de 2021, algumas Fazendeiras fizeram ovos de Páscoa para

vender e, segundo elas, foi um sucesso: “Eu comprei as formas e o chocolate e

fiz muitos ovos. Coloquei a família toda para fazer também. Consegui vender

tudo, foi um sucesso!”.

Outras Fazendeiras foram retornando aos poucos seus trabalhos como

cozinheiras ou trabalhadoras domésticas no bairro Morumbi, e usaram os

novos conhecimentos e habilidades culinárias aprendidos no curso, assim

como conta uma das entrevistadas “[...] é muito gratificante ver que as

Fazendeiras estão usando o que aprendem no curso para conseguirem novos

trabalhos ou complementarem seus trabalhos antigos. Elas me contam felizes

que fizeram as receitas, mostram até as fotos dos pratos que fizeram!”.

Em maio de 2021, o curso de culinária foi concluído por meio de uma

cerimônia com entregas de certificados para as mulheres Fazendeiras. Nesse

dia, uma das Fazendeiras relatou que gostaria de trabalhar como cozinheira

em algum restaurante, e segurando o certificado do curso de culinária nas

mãos ela falou: “Agora eu consigo!”.


Foi essa configuração de um tipo de organização coletiva — a nível

micro — que mitigou, em parte, os efeitos da pandemia de COVID-19 em uma

população altamente vulnerável.

Considerações finais

A pandemia de COVID-19 escancarou a desigualdade no Brasil em

diversos segmentos e regiões, deixando visíveis as precariedades e

vulnerabilidades de uma grande parcela da população brasileira.

Diante da ineficácia ou mesmo da inexistência das ações gerenciadas

pelo poder público brasileiro em prol da população excluída socialmente, a

organização da sociedade se mostrou de grande importância para a

sobrevivência dessa população. Desemprego, condições precárias ou falta de

moradia, ausência de saneamento básico, difícil acesso a serviços de saúde,

falta de comida ou de itens considerados essenciais na pandemia, como

máscaras ou álcool 70%, foram alguns dos contextos vivenciados pela maioria

das pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A atuação das mulheres se mostrou fundamental nas ações do instituto

Fazendinhando, cabendo ressaltar o protagonismo delas no âmbito dos

movimentos e organizações sociais, principalmente, durante a pandemia de

COVID-19. Os cursos profissionalizantes também foram fundamentais para a

geração de renda dessas mulheres. A produção e venda de comida possibilitou

a elas (sobre)viverem durante uma crise sanitária, política e econômica. Foi

possível observar também a importância da cozinha comunitária construída e

organizada pelas/os próprias/os moradoras/es da favela.


Assim, consideramos importante estudar, compreender e analisar as

demandas sociais e as ações essenciais necessárias para colaborar com as

mudanças na (re)estruturação do cenário atual exposto e das políticas públicas

brasileiras. O planejamento de novas cozinhas comunitárias dentro de favelas

e com gestão conjunta com a própria população beneficiada pode contribuir

para que novas possibilidades sejam ofertadas para a população que se

encontra em situação de vulnerabilidade social.

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Agradecimentos:
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -

Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, e do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de

número 304385/2021-2.

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