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Para impedir ou ao menos retardar a disseminação do vírus, uma das medidas adotadas
e veiculadas mundialmente foi a do isolamento social, com recomendações para que todos
evitassem ao máximo deixar suas residências, tal medida foi aplicada com tal afinco que
metade da população mundial chegou a ficar em confinamento.
Por suposto que, apesar de necessária, tal medida resultou em impactos severos à vida
de todos, especialmente pela diminuição drástica na atividade econômica global, levando ao
aumento do desemprego a atingindo de forma mais severa as pessoas que já se encontravam
em situação de pobreza.
Nesse sentido, se formou um ciclo de doença e fome entre aqueles mais desprovidos
de capital. Para ilustrar tal ideia, tem-se que em São Paulo, no ano de 2020, 65,9% dos óbitos
decorrentes de Covid-19 se deu entre aqueles com renda de até R$ 3.000,00 por mês; 21,1%
entre aqueles cuja renda era de R$ 3.001,00 a R$ 6.500,00; 8% entre os que tinham renda de
R$ 6.501,00 a R$ 11.500,00 e somente 3,9% entre aqueles que tinham renda mensal de até R$
19.000,00.
Não obstantes essas informações, ao colocar o fator idade e renda juntos para
determinar se havia discrepância acentuada entre os óbitos a depender da classe social a quem
pertencia o de cujus, do recorte realizado pelos pesquisadores, entre aqueles que tinham renda
mensal de até R$ 3.000,00, na faixa etária de 71 a 80 anos, houveram 623 óbitos decorrentes
de Covid-19, já entre aqueles nessa mesma faixa etária, mas com renda mensal de R$
11.5001,00 a R$ 19.000,00 foram encontradas somente 35 mortes.
Tais dados deixam claro que a situação econômica foi fator preponderante para a
sobrevivência do indivíduo, mas no Brasil outro fator importante a ser considerado é o racial,
em um país historicamente fundado sobre um período escravocrata, a população negra ainda
enfrenta diversos desafios para verem direitos básicos respeitados, com a pandemia, a
desigualdade racial também se evidenciou, senão vejamos.
No ano de 2020 a massa salarial variou consideravelmente, tanto entre negros quanto
entre brancos, contudo se deu de forma mais acentuada entre os negros, com queda de 19%
entre brancos e 23% entre a população negra, a diferença se deu especialmente devido ao
desemprego, índice que foi duas vezes maior entre negros do que brancos.
1
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/tessituras/article/view/18903/11448
Parece natural esperar tais resultados quando se leva em consideração que , muito
embora as pessoas negras representavam cerca de 54% da população brasileira,
correspondiam a 75% da população considerada mais pobre em 2018, segundo o IBGE.