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COVID-19: DE DOENÇA DEMOCRÁTICA AS ZONAS INVISÍVEIS

Gabriel Kendy Machida¹; Gislene Figueiredo Ortiz Porangaba2

PPG-XXX

RESUMO – Nos meses iniciais de 2020, quando os primeiros casos de COVID-19 foram
confirmados no Brasil, havia-se, por parte de alguns meios de comunicação e da população, a ideia
de que o coronavírus seria uma “doença democrática”, pois esta não distinguiria os infectados por
etnia, gênero ou classe social. De certo modo, o vírus que infecta populações de diferentes etnias
ou classes sociais pode ser o mesmo, porém, o impacto em diferentes parcelas da população é
distinto e não pode ser explicado de modo igualitário, sendo o objetivo deste resumo apontar
algumas destas diferenças a partir de revisão bibliográfica. Dentro da visão de impacto desigual da
doença, estão as chamadas “zonas invisíveis”, termo utilizado pelo sociólogo Santos (2020) para
denominar as “sombras”, os espaços invisíveis à comoção mundial causada pela pandemia.
Bernardes, Arruzzo e Monteiro (2020, p.191) apontam como zonas invisíveis “[...]as favelas, as
aglomerações periféricas, os grupos indígenas, os quilombolas, os agricultores familiares, os
assentados, e ainda o numeroso grupo dos moradores de rua, que constituem os setores mais
atingidos por essa precariedade[...]”, nomeando-os como o “Brasil invisível”. Estas populações
presentes nas zonas invisíveis são as que apresentam a maior vulnerabilidade social e econômica,
pois sofrem do processo de exclusão ao acesso até mesmo de itens básicos como os de higiene
pessoal, e da crise econômica gerada pela pandemia, não possuindo, muitas das vezes, a escolha
de manter o isolamento social pelo risco da fome. Esta população vulnerável, presente em espaços
invisíveis à mídia e o poder público, estão mais suscetíveis à crise da pandemia por não possuírem
por vezes a opção de manter o isolamento social e o acesso a itens básicos para a proteção contra
a COVID-19, demonstrando a necessidade de acesso a serviços de saúde e saneamento, assim
como um maior auxílio social-econômico durante a pandemia.

Palavras-chave: Geografia da Saúde; Coronavírus; Vulnerabilidade social e econômica.

1 Mestrando em Geografia, PPGGEO/CPTL, machida.ufms@gmail.com.


2 Orientadora, CPTL.

Referências
BERNARDES JA, Arruzzo RC, Monteiro DMLV. Geografia e COVID-19: neoliberalismo, vulnerabilidades e luta pela vida.
Revista Tamoios. 2020; 16(1): 188-205. doi: 10.12957/tamoios.2020.50645
SANTOS, Boaventura de Sousa. “A cruel pedagogia do vírus”. In: Edições Almedina, S.A.Coimbra, 2020.

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