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módulo introdutório 1
APRESENTAÇÃO
Estamos diante do desafio de dialogar com a diversidade étnica e cultural dos povos
indígenas amazônicos, sem incorrermos no erro de reduzi-la a um único paradigma.
Para tanto faz-se necessário reconhecer a validade dos conhecimentos tradicionais
e a legitimidade da atuação das lideranças (caciques, especialistas, parteiras, pais e
mães de família, entre outros), na constituição do campo de cuidado e atenção à saúde
psicoespiritual dos coletivos indígenas.
módulo introdutório 5
No caso da COVID-19, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
(APIB) havia registrado 41.328 casos confirmados e 888 mortes pela
doença, afetando 161 dos 305 povos indígenas do Brasil até o dia 10
de dezembro de 2020 (APIB, 2020). A taxa de mortalidade pelo novo
coronavírus entre indígenas (número de óbitos por 100 mil habitantes)
é 150% mais alta do que a média brasileira e 20% mais alta do que a registrada
somente na região Norte – a mais elevada entre as cinco regiões do país. Igualmente
preocupante é a taxa de letalidade, ou seja, quantas pessoas infectadas pela doença
morreram: entre os indígenas, o índice é de 6,8%, enquanto a média para o Brasil é de
5% e, para a região Norte, de 4,5% (COIAB, 2020). O Amazonas foi o primeiro estado
a ter a confirmação de indígenas contaminados e hoje concentra o maior número de
mortes entre indígenas (APIB, 2020).
O direito dos povos indígenas a uma atenção integral e diferenciada à sua saúde
também deve ser garantido a essas populações no contexto da pandemia de COVID-19.
As distintas estratégias e medidas adotadas para o enfrentamento da infecção
causada pelo novo coronavírus devem ser amplamente debatidas e construídas junto
com as comunidades, de modo a adequá-las aos diferentes contextos socioculturais
dos povos originários. Estamos diante da necessidade de desenvolver estratégias
interculturais para a proteção e o cuidado integral à saúde dos povos indígenas.
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O DIREITO À ATENÇÃO DIFERENCIADA À SAÚDE DOS POVOS
INDÍGENAS
1 Para saber mais sobre a criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena e os Distritos Sanitários Especiais Indígenas como
modelo de organização de serviços voltados para efetivar o direito à atenção diferenciada à saúde dos povos indígenas ver
CURSOS DA FIOCRUZ (Ensp/COVID-19; Atenção Psicossocial).
2 O Programa Articulando Saberes em Saúde Indígena (PASSI) foi elaborado em 2017 como primeiro produto do Contrato de
Prestação Serviços nº CON17-00022697 firmado entre a antropóloga Luciane Ouriques Ferreira e a Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS), no âmbito da Cooperação Técnica Nº TC 67 / TA 5º, estabelecida entre esse Organismo Internacional e a
Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena, do Ministério da Saúde (SESAI/MS).
3 Em 2019 as orientações para a implantação do PASSI foram repassadas aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) por
meio da Nota Técnica nº 16, elaborada pela Divisão de Programas e Projetos (DIPROSI/DASI/SESAI) e encaminhada via Processo
nº 25000.201924/2018-90, do Sistema Eletrônico de Informação (SEI).
módulo introdutório 9
a organização de um processo de construção
coletiva de consensos e de soluções, que envolva
a participação de todos os atores sociais
relevantes, em especial o movimento social e as
lideranças indígenas, que considere e respeite as
especificidades e a cultura de cada comunidade
indígena envolvida, que respeite e convoque
os conhecimentos da medicina tradicional das
comunidades, e que crie alternativas viáveis e
consensuais para a abordagem dos problemas de
saúde destas comunidades.
módulo introdutório 11
agravos decorrentes do avanço da pandemia de COVID-19 sobre os
territórios indígenas. No entanto, para que tal articulação ocorra se faz
necessário
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SAÚDE MENTAL E BEM-VIVER
Falar de saúde mental em contexto indígena, no Brasil, é um desafio
que exige ruptura de paradigmas e diálogo constante com os saberes
tradicionais. Primeiro, porque o processo de subjetivação no âmbito das
sociedades indígenas deriva de lógicas distintas das que produzem os
indivíduos nas sociedades ocidentais, das quais herdamos concepções colonizadas
sobre o viver. A dicotomia entre saúde física e saúde mental sustentada pelo modelo
(bio)médico-psiquiátrico hegemônico, que informa a organização dos serviços de
assistência prestados aos povos indígenas, precisa ser superada de modo a permitir
o diálogo com os saberes e práticas dos povos indígenas organizados a partir de
outras premissas epistemológicas. O presente material propõe colocar em suspenso
essa concepção dominante de modo a direcionar nossa atenção para outras maneiras
de produção de conhecimento, de ação sobre o mundo e de aproximação entre
humanidades e natureza.
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desenvolvimento cotidiano da vida. Este estado e/ou condição se refere
tanto à materialidade da vida social quanto às relações intersubjetivas
(MAMANI, 2015). A condição é intrinsecamente coletiva, transgeracional e
implica a convivialidade entre seres humanos, mas também entre humanos
e não humanos.
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REFERÊNCIAS
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FICHA DE INFORMAÇÃO SOBRE O CURSO