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Abril de 2020
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE
Unidade Examinada: Coordenação-Geral de Monitoramento do Uso da
Biodiversidade - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
Município/UF: Brasília/Distrito Federal
Ordem de Serviço: 201902659
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
SUMÁRIO 5
INTRODUÇÃO 6
METODOLOGIA 7
ENTENDIMENTO DO OBJETO 8
CONCLUSÃO 24
RECOMENDAÇÕES 26
INTRODUÇÃO
Trata-se de Auditoria de Resultado da Gestão (ARG) realizada no Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que tem como
objeto o processo de reparação de danos ao meio ambiente decorrente do cometimento de
infrações ambientais.
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Tribunal de Contas da União. Referencial para Avaliação de Governança em Políticas Públicas. Brasília:
TCU,2014, p. 30.
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3. Em que medida o Ibama capacita seus servidores e disponibiliza recursos
tecnológicos para o adequado desenvolvimento das etapas do processo de
reparação de danos ambientais?
4. Em que medida os diversos atores governamentais envolvidos no processo de
reparação de danos ambientais atuam de maneira coordenada e coerente
entre si?
5. Em que medida o sistema de monitoramento e avaliação do processo de
reparação de danos e dos projetos de recuperação de áreas degradadas
(PRAD) está estruturado para produzir informações com vistas à melhoria da
gestão?
6. Há divulgação de informações a respeito da reparação de danos ambientais
(número de PRAD em execução; número de PRAD aguardando análise; áreas
pendentes de reparação de danos monitoradas; resultados sobre a
implementação de PRAD)?
METODOLOGIA
A execução do trabalho se baseou no Referencial para Avaliação de Governança
em Políticas Públicas do TCU, com as adaptações necessárias à avaliação de um processo de
trabalho.
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ENTENDIMENTO DO OBJETO
A obrigação de reparar danos ambientais está prevista no art. 225, parágrafo 3º,
da Constituição Federal, nos seguintes termos:
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Manual de Direito Ambiental: de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores. Gabriel Wedy e Rafael
Martins da Costa Moreira. Belo Horizonte: Fórum, 2019, p. 263.
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Florestas e Recuperação Ambiental detém a atribuição de coordenar, supervisionar, orientar
e propor normas, padrões, metodologias e processos de reparação e recuperação ambiental.
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I - Informações, diagnósticos, levantamentos e estudos que permitam a avaliação
da degradação ou alteração e a consequente definição de medidas adequadas à recuperação
da área, em conformidade com as especificações dos Termos de Referência;
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Portanto, foi necessária a alteração do paradigma relativo ao ajuizamento de
ações civis públicas até então vigente. A proposta atualmente em vigor é a Portaria Conjunta
da Presidente do Ibama e do Procurador-Chefe Nacional nº 01/2018, de 19 de setembro de
2018. Ela fundamenta-se em dois eixos: (a) centralização, no âmbito da PFE-IBAMA/Sede e do
IBAMA/Sede, do planejamento administrativo das infrações ambientais a serem objeto de
responsabilização civil ambiental por meio de ações civis públicas; e (b) otimização dos
recursos materiais e de pessoal da autarquia e da PFE-IBAMA , de modo a canalizá-los para a
responsabilização civil ambiental de grandes infratores nacionais e de ações estratégicas de
fiscalização da autarquia.
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a) Existência de atos normativos que estabeleçam o fluxo processual, as
competências/atribuições de cada área envolvida no processo, prazos e
critérios para análise quanto à eficácia da reparação do dano ambiental;
b) Conformidade dos processos com as normas existentes.
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No que se refere à conformidade dos processos analisados com a IN nº 10/2012,
vigente à época da tramitação, e às demais normas aplicáveis, verificou-se que, dos vinte e
dois processos analisados:
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Por fim, cabe registrar também que foi observado um lapso temporal na
movimentação dos processos, conforme demonstrado a seguir:
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I - Processo nº 02001.002052/2019-54: fixa critério e estabelece uma ficha de campo
para sistematizar a coleta de informação sobre recuperação ambiental. A ficha
construída foi encaminhada aos estados para avaliação;
II –Processo nº 02023.000458/2019-44: institui uma minuta de instrução normativa
que orienta a judicialização de processos de recuperação ambiental. Questiona sobre
procedimentos a serem adotados após a Lei Complementar nº 140/2011, Lei federal
nº 12.651/12, e a relação com a Lei Federal nº 11.428/2006;
III – Processo nº 02001.008757/2019-85: institui grupo técnico para tratar da
valoração de danos ambientais na esfera administrativa.
IV - Construção de jurisprudência administrativa no tratamento da reparação do dano
ambiental.
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I - coordenar, supervisionar, propor normas e orientar tecnicamente a
elaboração de programas e ações de recuperação ambiental de áreas
degradadas;
II - coordenar, supervisionar e orientar tecnicamente a elaboração de
programas e projetos de conversão de multas, inclusive elaboração de
chamamentos públicos para a seleção de projetos de conversão indireta de
multas aplicadas pelo Ibama, no que tange à melhoria e recuperação do meio
ambiente;
III - coordenar, supervisionar, propor normas e orientar tecnicamente a
elaboração de programas e ações de reparação ambiental ou compensação
financeira por danos ambientais sobre a biodiversidade e florestas, priorizando
ações que contribuam para conservação ou recuperação de espécies e
ecossistemas ameaçados, e;
IV - orientar tecnicamente e propor modelos de reparação e valoração do dano
ambiental para a biodiversidade e florestas.
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Relatório Gerencial de Execução Finalística de 2019, o qual não foi concluído até a emissão
deste Relatório Preliminar de Auditoria.
Contudo, mesmo com informações parciais disponíveis sobre o Plano de 2019, o
Plano Nacional Anual de Biodiversidade para o ano de 2020 (Planabio 2020) foi aprovado por
meio da Portaria nº 4.634, de 30 de dezembro de 2019, cujo planejamento se baseou na
execução das ações do ano anterior, com foco especial na execução orçamentária.
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Verificou-se que não existem ferramentas tecnológicas específicas associadas à
recuperação ambiental no Ibama. É utilizado o Sistema Eletrônico de Informação (SEI) para
instrução e tramitação de processos.
Esse curso foi todo custeado pela Autarquia e formou 68 analistas ambientais da
Sede e Superintendências que se comprometeram a trabalhar com o tema recuperação
ambiental por, pelo menos, dois anos. A experiência decorrente das ações e vistorias
desenvolvidas pela DBFLO para dar suporte técnico ao Comitê Interfederativo responsável
pelas decisões sobre a recuperação ambiental correlata ao acidente da Barragem de Fundão,
em Mariana-MG, mostraram que havia a necessidade da constituição de um corpo técnico
específico para trabalhar com recuperação e valoração ambiental no Ibama. Nesse sentido,
foi instituído o CERAM, citado no item anterior deste Relatório.
Além disso, desde o ano de 2018 a DBFLO, por meio da COREC/CGBIO, têm
promovido a capacitação continuada de servidores da sede e Superintendências, entre as
quais destacam-se: a 1ª Oficina de Construção de Metodologia de Acompanhamento das
Ações de Recuperação Ambiental, o curso “Valoração Econômica Ambiental: Fundamentos,
Instrumentos e Aplicações”, e o curso “Solos como fator ecológico na recuperação de áreas
degradadas - módulo Cerrado.
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apenas dois, bem como um terceiro, não previsto no Plano. Os eventos realizados durante
2019 foram os seguintes: a) Indicadores de monitoramento de recuperação ambiental, com
quatro)servidores capacitados: b) 12º Simpósio Nacional sobre Recuperação de Áreas
Degradadas, com dois servidores capacitados; c) Curso de Avaliação e Acompanhamento
Técnico de Projetos Ambientais, com 31 servidores capacitados.
Diante dos fatos apurados e a par das recomendações contidas nesse relatório, o
Ibama informou acerca dos seguintes procedimentos adotados com o objetivo de otimizar a
sua capacidade operacional e de recursos:
a) A COREC vem trabalhando e acompanhando o desenvolvimento do sistema eletrônico
que poderá servir para tratamento dos processos de reparação dos danos ambientais.
b) Ciente da necessidade de elaboração de documentos técnicos que tratem
especificamente dos processos de reparação de danos ambientais, a COREC inaugurou
processos administrativos com objetivo de elaborar uma orientação técnica normativa
(OTN) e um procedimento operacional padrão (POP) relativos à Ficha de Campo para
Acompanhamento e Avaliação Técnica do Projeto de Recuperação de Área Degradada
(PRAD) em Ecossistemas Terrestres, bem como de avaliar custos de implantação e
manutenção de Projeto de Recuperação Ambiental nos diversos Biomas brasileiros, no
âmbito da análise de processos afetos à COREC e da propositura de Ações Civis
Públicas.
c) No tocante à capacitação institucional e formação, a coordenação concluiu o
mapeamento de competências e tem avançado na convergência dos planos de cursos
para construção da habilidade necessária ao servidor que trata da reparação do dano
ambiental.
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4. Coordenação e Coerência: Ausência de uma instância
de coordenação entre os atores envolvidos no processo de reparação
de danos ambientais.
Coordenação e coerência são elementos essenciais para que as partes
interessadas atuem de forma alinhada a fim de atingir os objetivos institucionais. A avaliação
deste componente implica verificar em que medida os diversos atores envolvidos no processo
de reparação de danos ambientais atuam de maneira coordenada e coerente entre si.
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elaboração e desenvolvimento de metodologias afetas à recuperação ambiental, seu
acompanhamento técnico, bem como na formulação, revisão, sistematização, padronização
e consolidação de documentos, normas, protocolos, termos de referência, modelos de
formulários e de relatórios que possam ser utilizados para recuperação ambiental por todas
as diretorias do Ibama.
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5. Monitoramento e Avaliação: Risco de baixa
confiabilidade de dados sobre os PRADs edas informações gerenciais
necessárias para o monitoramento e avaliação dos processos.
Ausência de rotina estabelecida para o monitoramento e avaliação
gerencial dos PRAD.
O andamento das operações inerentes ao processo de reparação de danos deve
ser constantemente monitorado e os seus resultados periodicamente avaliados, com vistas à
concretização dos objetivos programados e ao aperfeiçoamento do desempenho
institucional. Nesse sentido, conforme descrito no Referencial para Avaliação de Governança
em Políticas Públicas, o monitoramento é um processo que envolve a coleta de informação
sobre insumos, produtos, atividades e circunstâncias que são necessários para a efetiva
reparação de danos ambientais. Tais informações são importantes para que, em um processo
contínuo de monitoramento e avaliação, o Ibama possa analisar se as atividades estão sendo
desenvolvidas conforme o programado e se as metas sobre os resultados estão sendo
alcançadas ou não, indicando as razões do insucesso.
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razão de demandas do Ministério Público Federal, processo autuado para elaboração de
Parecer Técnico do Ibama e relatórios emitidos pelos interessados, todos contidos na mesma
relação. Observa-se, assim, que a planilha encaminhada tratava dos processos de recuperação
de áreas degradas de forma ampla e não especificamente de PRADs decorrentes de infrações
ambientais, apontando uma fragilidade sobre a coleta de dados.
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Diante disso, optou-se por avaliar a transparência do processo de reparação de
danos ambientais no que diz respeito à divulgação de informações sobre ele, observando
também os preceitos do art. 4º, inciso XI do Decreto nº 9203/2017:
Art. 4º São diretrizes da governança pública:
(...)
XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente das atividades
e dos resultados da organização, de maneira a fortalecer o acesso público à
informação”.
CONCLUSÃO
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No que se refere à Institucionalização, observou-se que a IN Ibama nº 04/2011
não está suficientemente delineada com as atribuições dos atores envolvidos no processo e
em qual momento devem se pronunciar. Trata-se de uma norma técnica, que dispõe sobre o
conteúdo dos projetos a serem apresentados pelos infratores. Nesse sentido, a análise
processual demonstrou que não há padronização na tramitação dos processos, definição de
prazos específicos para emissão de relatórios, pareceres e/ou finalização da análise a respeito
do PRAD, bem como a definição sobre o momento e os casos de encaminhamento à PFE para
ajuizamento de ACP.
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dados, dificultando a extração de informações gerenciais necessárias para o monitoramento
e a avaliação dos PRADs.
Por fim, sobre a Transparência, conclui-se que não existe uma sistematização das
informações a respeito de reparação de danos ambientais e, tampouco, uma rotina de
divulgação no sítio eletrônico do Ibama sobre o tema, de forma que a transparência ativa
desse processo está prejudicada. Contudo, o Ibama informa que com a futura implantação de
um sistema eletrônico para o cadastramento e acompanhamento de PRAD, o acesso às
informações específicas e detalhadas poderá ser efetu9aado de forma direta e objetiva.
RECOMENDAÇÕES
Considerando os achados de auditoria mencionados neste relatório, recomenda-
se ao Ibama:
1) Institucionalização:
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Criar instâncias de controle para o acompanhamento dos processos de reparação
de danos ambientais, de modo a garantir a conformidade dos processos com as normas que
os regulamentam.
3) Coordenação e Coerência:
4) Monitoramento e Avalição:
5) Transparência
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