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ISSN 0103-9830
BT/PCC/242
Conselho Editorial
Prof. Dr. Alex Abiko
Prof. Dr. Francisco Cardoso
Prof. Dr. João da Rocha Lima Jr.
Prof. Dr. Orestes Marraccini Gonçalves
Prof. Dr. Antônio Domingues de Figueiredo
Prof. Dr. Cheng Liang Yee
Coordenador Técnico
Prof. Dr. Alex Abiko
Este texto faz parte da dissertação de mestrado, de mesmo título, que se encontra à disposição com
os autores ou na biblioteca da Engenharia Civil.
FICHA CATALOGRÁFICA
0(72'2/2*,$3$5$&2/(7$($1È/,6('(,1)250$d®(662%5(
&2168026(3(5'$6'(0$7(5,$,6(&20321(17(6126
&$17(,526'(2%5$6'((',)Ë&,26
0(7+2'2/2*< )25 &2//(&7,21 $1' $1$/<6,6 2)
,1)250$7,21 21 0$7(5,$/6&20321(176
&2168037,21 $1' :$67( ,1 7+( %8,/',1*
&216758&7,216,7(6
-RVp&DUORV3DOLDUL
8ELUDFL(VSLQHOOL/HPHVGH6RX]D
5(6802
O trabalho desenvolvido propõe uma metodologia para coleta e análise de informações sobre o
uso de materiais/componentes nos canteiros de obras.
Tal metodologia envolve o levantamento de indicadores globais (envolvem todas as etapas do
processo de produção: recebimento, estocagem, processamento intermediário, transporte e
aplicação final) e parciais (dizem respeito a uma das etapas do processo) sobre consumos e/ou
perdas de materiais/componentes. O correlacionamento de tais avaliações numéricas com as
situações vigentes no canteiro, serve de subsídio quanto à geração futura de alternativas para a
redução destes índices.
A metodologia contempla 19 materiais; sua operacionalização é baseada num conjunto de 7
séries de planilhas contendo procedimentos específicos para a coleta de informações e cálculo
dos índices. São definidas também diretrizes para a análise dos resultados. Tais instrumentos
garantem a padronização da coleta, do processamento e da análise das informações e,
conseqüentemente, permitem a comparação entre índices levantados em obras diferentes de
quaisquer partes do país.
$%675$&7
7KLV ZRUN SURSRVHV D PHWLFXORXV PHWKRGRORJ\ IRU GDWD FROOHFWLRQ DQG DQDO\VLV RQ
PDWHULDOVFRPSRQHQWVFRQVXPSWLRQDQGZDVWHLQEXLOGLQJFRQVWUXFWLRQVLWHV
6XFK D PHWKRGRORJ\ LQYROYHV WKH FDOFXODWLRQ RI JOREDO DQG SDUWLDO LQGH[HV RQ
PDWHULDOVFRPSRQHQWV FRQVXPSWLRQ DQGRU ZDVWH :KLOH WKH JOREDO RQHV UHSUHVHQW WKH VWDJHV
URDPHG E\ PDWHULDOV XQWLO WKHLU ILQDO GHVWLQ\ UHFHLYLQJ VWRUDJH SURFHVVLQJ WUDQVSRUW DQG
DSSOLFDWLRQ DOWRJHWKHU WKH SDUWLDO RQHV HYDOXDWH HDFK VWDJH SHUIRUPDQFH VHSDUDWHO\ 7KH
FRUUHODWLRQRIWKHVHQXPHULFHYDOXDWLRQVZLWKWKHHIIHFWLYHZRUNFRQGLWLRQVLQWKHFRQVWUXFWLRQ
VLWHVPD\SURYLGHLPSRUWDQWILJXUHVWRKHOSGHWHFWLQJDOWHUQDWLYHVIRUWKHUHGXFWLRQRIPDWHULDOV
ZDVWH
7KHPHWKRGRORJ\FRQWHPSODWHVPDWHULDOVLWVRSHUDWLRQLVEDVHGRQDJURXSRIVHYHQVKHHWV
VHULHVFRQWHQGLQJVSHFLILFSURFHGXUHVIRUWKHLQIRUPDWLRQFROOHFWLRQDQGLQGH[HVFDOFXODWLRQ,W
DOVRGHILQHVJXLGHOLQHVIRUWKHUHVXOWVDQDO\VLV6XFKLQVWUXPHQWVZDUUDQWWKHVWDQGDUGL]DWLRQRI
WKH FROOHFWLRQ SURFHVVLQJ DQDO\VLV RI WKH LQIRUPDWLRQ DQG FRQVHTXHQWO\ LW DOORZV WKH
FRPSDULVRQDPRQJLQGH[HVUHSUHVHQWLQJGLIIHUHQWFRQVWUXFWLRQVLWHVORFDWHGLQDQ\SDUWRIWKH
FRXQWU\
2
,1752'8d2
-XVWLILFDWLYD
1
De acordo com a revisão bibliográfica realizada, pôde-se identificar trabalhos com abordagens diferentes no que diz
respeito à questão das perdas de materiais. Enquanto uns tiveram como tema central esta questão [(SKOYLES
(1976, 1978); SKOYLES & SKOYLES (1987); (PINTO, 1989); (SOIBELMAN, 1993); (ENSHASSI, 1996);
(LIRA, 1997)], outros a estudaram como forma de complemento a outros temas centrais [(PICCHI, 1993),
(SANTOS, 1995), (BOGADO, 1998)]. Outros trabalhos procuram abordar a questão do entulho de construção civil,
seja durante a fase de construção de novas edificações ou na fase de demolições das mesmas [(HONG KONG
POLYTECHNIC, 1993); MCDONALD & SMITHERS (1998)].
3
Se, por um lado, a ocorrência das perdas de materiais tem uma expressão
significativa no que se refere à possibilidade de redução dos custos de
produção, por outro, as implicações de tal ocorrência extrapolam o âmbito dos
canteiros de obras pois, ao se desperdiçar materiais, estar-se-á incorrendo em
desperdício de recursos naturais.
0DWHULDLVHVHUYLoRVHVWXGDGRV
$63(5'$6'(0$7(5,$,61$&216758d2&,9,/35,1&,3$,6
&21&(,726
$DEUDQJrQFLDGDDYDOLDomRGDVSHUGDVVHJXQGRDVHWDSDVGR
SURFHVVRGHFRQVWUXomRFLYLO
Isso significa dizer que as perdas podem ser avaliadas de forma global
(envolvendo as perdas em mais de uma ou em todas as etapas do processo de
construção) ou de forma específica (envolvendo as perdas em uma única etapa
do processo de construção).
$DEUDQJrQFLDGDDYDOLDomRGDVSHUGDVHFRQVXPRVHJXQGRRWLSRGH
UHFXUVRDQDOLVDGR
&RQFHLWRGHSHUGDVDSOLFDGRDRFDQWHLURGHREUDV
&RQFHLWRDPSOR
Segundo (SANTOS et al., 1996), as perdas devem ser entendidas como sendo
“qualquer ineficiência que reflita no uso de equipamentos, materiais e mão-de-
obra em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da
edificação”.
Sob este mesmo enfoque amplo, VARGAS et al. (1997) definem perdas como
sendo “qualquer recurso que se gasta na execução de um produto ou
prestação de serviços além do estritamente necessário (mão-de-obra, material
etc)”.
Forro falso
Revestimento de
gesso acima do
Mão-de-obra Recebimento Estocagem Estocagem forro falso
Material
Energia
$ Processamento Revestimento de
Aplicação gesso abaixo do
intermediário forro falso
2
Agregar valor significa desenvolver atividades que aumentam o valor do produto sob a ótica do consumidor.
Geralmente compreendem as atividades de transformação, ou seja, que transformam fisicamente o produto ao longo
do processo de produção. Por conseguinte, a não agregação de valor é expressa pelas atividades de suporte às
atividades que agregam valor. Cita-se, como exemplo, o transporte de insumos, inspeção etc. Em outras palavras,
significa a redução de custos do produto sem alterar a qualidade ou funcionalidade através da Análise do Valor. Esta
metodologia foi desenvolvida em 1947 por LAWRENCE DELLOS MILLES, na época engenheiro da General
Electric americana (BASSO, 1991).
7
Assim, sob esta ótica, as perdas podem ser definidas como sendo todo o
recurso que se gasta para elaborar um produto sem agregar valor ao mesmo
[(CUNHA, 1987); FREITAS (1995)].
Note ainda, que tal conceito não se restringe apenas ao produto (no caso, a
parede revestida com gesso) e sim, estende-se também para o âmbito das
atividades desenvolvidas nos canteiros de obras para compor este produto.
Neste sentido, o conceito de perdas preconizado por este autor não está
somente relacionado às atividades de conversão e sim também às atividades
de fluxo, onde se procura reduzi-las ou até mesmo eliminá-las.
5HVWULWRDRVPDWHULDLV
Desta forma, para um período delimitado por duas datas (início e fim de coleta
de dados), define-se perda de materiais como sendo a GLIHUHQoD SHUFHQWXDO
HQWUHXPFRQVXPRHIHWLYDPHQWHUHDOL]DGRFRQVXPRUHDOHXPFRQVXPR
GHUHIHUrQFLDSUHHVWDEHOHFLGR.
&RQVXPRUHDO = (VW (GDWDLQLFLDO ) + Re F(GDWDLQLFLDO , GDWD ILQDO ) − (67 (GDWD ILQDO ) [2.1]
onde,
3
SUZAKI, K. Competitividad en fabricacióm en la década de los 90: técnicas para mejoria contínua – TGP
Tecnologias de Gerencia y Produción. Madri, 1987.
9
&0 &0%
&RQVXPRUHIHUrQFLD = 46 (GDWDLQLFLDO , GDWD ILQDO ) [ [ [2.2]
46 0&
(VW (GDWDLQLFLDO + Re F(GDWDLQLFLDO , GDWD ILQDO ) − (VW (GDWD ILQDO )
3HUGD(%) = − 1 [100 [2.3]
&0 &0%
46 (GDWDLQLFLDO , GDWD ILQDO ) [ [
46 0&
(17(1'(1'2$2&255Ç1&,$'(3(5'$6)Ë6,&$6126&$17(,526
'(2%5$6
Quanto à parcela das perdas representadas pelo entulho, esta pode ser gerada
de diversas formas, como por exemplo, quebras de componentes, retrabalhos,
sobras de material ao final da jornada diária, entre outros.
Armazenamento
Transporte até a plataforma
localizada no pavimento (via grua)
Transporte
Transporte da plataforma ao
posto de trabalho
Inspeção
Espera no pavimento
D E
Por outro lado, o aumento do número de etapas também pode ocorrer como,
por exemplo, no caso da inserção de mais uma etapa de estocagem e
transporte devido à estocagem inicial não ser feita no local definitivo quando da
entrega de agregado, em função da inexistência da previsão de acesso do
equipamento de transporte externo ao canteiro de obras.
0(1685$1'2$63(5'$6(&2168026)Ë6,&26'(0$7(5,$,6
126&$17(,526'(2%5$6
,QGLFDGRUHVGHSHUGDVHFRQVXPRVGHPDWHULDLVQRVFDQWHLURVGH
REUDV
Receb. Estoc.
&21&5(7286,1$'2
Receb. Aplicação
parcial
0(72'2/2*,$'(6(192/9,'$
$SUHVHQWDomRVXFLQWDGDPHWRGRORJLD
Após o processamento dos dados, insere-se ainda uma subetapa que consiste
em uma análise crítica dos resultados obtidos. Havendo incoerências ou pontos
completamente não elucidados, torna-se necessário levantar ainda algumas
informações adicionais, principalmente no que diz respeito às explicações das
perdas e/ou consumos detectados, como subsídios para a análise final dos
resultados. Nesta subetapa, a participação dos envolvidos na coleta de dados,
4
Adotou-se a mesma nomenclatura utilizada por SOIBELMAN (1993)
15
&ROHWDGHGDGRV
• LQIRUPDo}HVTXDOLWDWLYDV:
• LQIRUPDo}HVTXDQWLWDWLYDV
6e5,(±0HGLomRGRVHVWRTXHVGHPDWHULDLV
6e5,(±0HGLomRGDTXDQWLGDGHGHVHUYLoR46
6e5,(&RQWUROHGHUHFHELPHQWRHHVWRTXHGHPDWHULDLV
6e5,(±'HWHUPLQDomRGHLQGLFDGRUHVJOREDLVHSDUFLDLVGHSHUGDVHRX
FRQVXPRVGHPDWHULDLV
&216,'(5$d®(6),1$,6
A seriedade que deve ser embutida neste estudo justifica-se pelo fato de que a
má interpretação dos resultados pode levar à descrença quanto à verdadeira
situação dos canteiros, no que diz respeito à ocorrência de perdas de
materiais, dificultando assim, a adoção de possíveis ações voltadas para a
redução das mesmas. Isto seria bastante danoso, à medida que as
perspectivas almejadas com trabalhos desta natureza são exatamente as de
abrir discussões junto ao setor produtivo no sentido de viabilizar alternativas
para a redução destas perdas.
Neste sentido, muito mais do que levantar números para os agentes que
podem e devem mudar o possível panorama de ocorrência de perdas, há que
torná-los suficientemente transparentes, possibilitando, assim, o seu completo
entendimento.
Neste contexto, acredita-se ter contemplado neste trabalho, se não todos estes
aspectos, pelo menos os mais relevantes, dentre os quais podem-se citar a
elaboração estruturada de procedimentos de coleta, a proposição de diretrizes
para o processamento dos dados e análise dos resultados obtidos, entre
outros.
$YDQoRVHPUHODomRDRVWUDEDOKRVDQWHULRUPHQWHUHDOL]DGRV
5()(5Ç1&,$6%,%/,2*5È),&$6
SANTOS, A. 0pWRGRGHLQWHUYHQomRHPREUDVGHHGLILFDo}HVHQIRFDQGRR
VLVWHPDGHPRYLPHQWDomRHDUPD]HQDPHQWRGHPDWHULDLV: um estudo de
caso. Porto Alegre, 1995. 140p. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-
graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SOIBELMAN, L. $VSHUGDVGHPDWHULDLVQDFRQVWUXomRGHHGLILFDo}HV6XD
LQFLGrQFLD H FRQWUROH. Porto Alegre, 1993. 127p. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
SOUZA, U.E.L. et al. (a) Perdas de materiais nos canteiros de obras: a quebra
do mito. 4XDOLGDGHQD&RQVWUXomR, v.2, n.13, p.10-5, 1998.
SOUZA, U.E.L. et al. (b) Os valores das perdas de materiais nos canteiros de
obras do Brasil. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO TECNOLOGIA E
GESTÃO NA PRODUÇÃO DE EDIFÍCIOS: SOLUÇÕES PARA O
TERCEIRO MILÊNIO. São Paulo, 1998. $QDLV PCC/EPUSP –
Departamento de Engenharia de Construção Civil da EPUSP. São Paulo,
1998. v1, p.355-61.