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ALTERNATIVAS DE DESTINAÇÃO PARA RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

DESTINATION ALTERNATIVES FOR WASTE FROM CIVIL CONSTRUCTION

Luis Paulo Paiva Silva, Uni-FACEF – Centro Universitário Municipal de Franca,


luis.paulo_paiva.silva@hotmail.com

Antônio Carlos Zaninelo Junior, Uni-FACEF – Centro Universitário Municipal de


Franca, juninhoz@gmail.com

Danilo Malta Ferreira, Doutor em Engenharia Urbana – UFSCar,


danilomalta@facef.br

Resumo
A construção civil é umas das maiores consumidoras dos recursos
naturais utilizados pela sociedade e desse consumo cerca de metade é descartado
de forma irregular, causando grandes impactos ambientais. O presente artigo
apresenta alternativas de destinação correta dos resíduos da construção civil,
apresenta também um projeto de gerenciamento de resíduos e opções para o seu
melhor reuso. A metodologia de pesquisa é descritiva e quantitativa, foi realizado um
estudo exploratório e uma revisão bibliográfica, fazendo levantamento de dados. Ao
final foi possível perceber que utilizando dessas alternativas, se consegue, não só
minimizar os impactos ambientais, mas também ter vantagens financeiras aplicando
essas opções.

Palavras-chave: Reuso; RCC; Resíduo; Construção Civil; Destinação;


Reaproveitamento.
Abstract
The civil construction is one of the biggest consumers of natural
resources used by society and about half of this consumption is irregularly disposed,
causing major environmental impacts. This article presents alternatives for the correct
disposal of civil construction waste, it also presents a waste management project and
options for its better reuse. The research methodology is descriptive and quantitative,
was carried out an exploratory study and a literature review, making data collection. In
the end, was realized that using these alternatives, is possible, not only to minimize
environmental impacts, but also to have financial advantages applying these options.

Keywords: Reuse; Residue; RCC; Construction; Destination; Reuse.

Anais do 1º Congresso de Estudantes de Engenharia Civil do Uni-FACEF


1. Introdução

Na construção civil (CC) se percebe que, apesar de ser considerada uma


atividade fundamental para o desenvolvimento econômico e social do país, é também
uma grande geradora de impactos ambientais, tanto pelo alto consumo de recursos
naturais quanto pelas modificações na paisagem natural e quanto a alta geração de
resíduos. Este trabalho tem como foco os resíduos da construção.
Estudos demonstram que a CC é responsável por aproximadamente 20
a 50% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade (SJÖSTRÖM, 1992).
Segundo Mattos (2013), pesquisas demonstram que 40% a 70% da
massa dos resíduos urbanos são gerados em canteiros de obras e cerca de 50%
desse entulho gerado é tratado de forma irregular na maioria dos centros urbanos do
Brasil.
Os resíduos gerados pelas CC representam um grave problema em
muitas cidades brasileiras. O descarte irregular de resíduos pode gerar problemas
estéticos, ambientais e de saúde pública. Eles representam um inconveniente que
sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, haja vista que, no Brasil, os
resíduos da construção civil (RCC’s) representam de 50 a 70% da massa dos resíduos
sólidos urbanos (RSUs). (IPEA, 2012, pg. 10).
Existe uma grande dificuldade em se obter dados reais de quantificação
de RCC devido à inexistência de controle ou registro das atividades de construção
informais. (PERS-RS, 2014).
A geração de RCC é proveniente da preparação e da escavação de
terrenos, de construções, reformas, reparos e demolições de obras de CC e, é do
próprio gerador a responsabilidade pelo gerenciamento de tais resíduos.
O Diagnóstico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil disponibilizado
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicado em 2012 mostra
dados importantes sobre a geração de RCC no país. Iniciando-se com uma estimativa
nacional, onde o Brasil é comparado com alguns países, conforme o Quadro 01.

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Quadro 1 - Estimativa de geração de RCC em alguns países
País Quantidade anual
Em
Em Milhões t/ano
kg/habitantes/ano
Suécia 1,2 - 6 136 - 680
Holanda 12,8 - 20,2 820 - 1300
Estados
136 - 171 463 - 584
unidos
Reino Unido 50 - 70 880 - 1120
Bélgica 7,5 - 34,7 735 - 3359
Dinamarca 2,3 - 40 440 - 2010
Itália 35 - 40 600 - 690
Alemanha 79 - 300 963 - 3658
Japão 99 785
Portugal 3,2 - 4,4 325 - 447
Brasil 31 230 - 760
Fonte: Adaptado IPEA, 2012.

Analisando a tabela é possível notar que o Brasil gera 31 milhões de


toneladas / ano de RCC, abaixo de outros países como o Japão, Estados Unidos,
Alemanha e Itália.
Em geral, os RCC’s podem ser considerados resíduos de baixa
periculosidade, sendo que o seu impacto no meio ambiente é causado pelo grande
volume gerado. No entanto, devido à má separação, nestes resíduos também são
encontrados materiais orgânicos, produtos perigosos e embalagens diversas que
podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de
doenças. Historicamente o manejo de tais resíduos estava somente a cargo do poder
público, que enfrentava problemas com a limpeza e recolhimento dos RCC’s
depositados em locais inapropriados, como áreas públicas, canteiros, ruas, praças e
margens de rios. (IPEA, 2012, pg. 11).

1.1. Objetivo

Esse artigo tem o objetivo de apresentar alternativas de destinação


correta dos resíduos sólidos destacando um projeto de gerenciamento de resíduos na
construção civil, a fim de minimizar os impactos ambientais que podem causar para a
sociedade.

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No decorrer do artigo serão apresentadas as classificações dos
resíduos, e as alternativas de reaproveitamento do mesmo.

2. Referencial teórico
2.1 Composição dos resíduos

A composição ou caracterização dos resíduos da CC é heterogênea e


depende do tipo de construção e do grau de desenvolvimento econômico de cada
região. De acordo com Menezes et al. (2011), as porcentagens médias referentes à
composição dos materiais nos resíduos totais de obras e demolições no Brasil são
conforme o Gráfico 1:

Gráfico 1- Composição média dos materiais de RCC em obras no Brasil.

Fonte: Adaptado de Monteiro et al (2001).

Nota-se que a grande maioria dos materiais de RCC é composto de


argamassa e blocos de concreto, se tornando materiais que merecem uma maior
atenção em sua destinação.
O levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA,
2012, pg. 17), demonstra a composição dos RCC’s de acordo com as atividades
executadas, conforme o Quadro 2.

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Quadro 2- Componentes dos Resíduos da Construção e Demolição (RCD) em relação
ao tipo de obra em que foi gerado.
Trabalhos Sobras de Obras Sobras de
Componentes Escavações
rodoviários demolições diversas Limpeza
presentes no RCD (%)
(%) (%) (%) (%)
Concreto 48 6,1 54,3 17,5 18,4
Tijolo - 0,3 6,3 12 5
Areia 4,6 9,6 1,4 3,3 1,7
Solo, poeira, lama 16,8 48,9 11,9 16,1 30,5
Rocha 7 32,5 11,4 23,1 23,9
Asfalto 23,5 - 1,6 - 0,1
Metais - 0,5 3,4 6,1 4,4
Madeira 0,1 1,1 7,2 19,3 10,5
Papel/Mat.Orgânico - 1 1,6 2,7 3,5
Outros - - 0,9 0,9 2
Fonte: Levy (1997)

Os dados acima mostram que mais da metade (54,3%) dos resíduos de


concreto gerados é originado de sobras de demolições, seguido de obras de
infraestrutura, os trabalhos em rodovias (48%). Outros tipos de resíduos que mais se
destacam são o solo, poeira e lama (48,9%), oriundos das escavações realizadas para
a preparação dos locais para as obras.
Como vimos nos parágrafos anteriores, esses entulhos descartados de
forma irregular causam danos à saúde pública, então precisam ser classificados e
reciclados. Vimos também que esses resíduos estão contaminados com matéria
orgânica e outros materiais que podem ser nocivos à saúde, por isso a necessidade
de sua classificação correta.

2.2. Classificação dos resíduos

A Resolução nº 307 do CONAMA de 2002, que classifica os RCC’s em


4 classes (A, B, C e D) estabelecendo o objetivo do uso dos 3Rs (redução, reutilização
e a reciclagem), assim como outras diretrizes como que o gerador é responsável pela
destinação adequada desses resíduos dentre outras finalidades.
Os resíduos são classificados por classes, sendo: classe A (recicláveis
como agregados), os da classe B (recicláveis, para outras destinações), os da classe

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C (recicláveis, porém sem tecnologias economicamente viáveis) e os de classe D
(resíduos perigosos).
Alguns exemplos dos resíduos classe A gerados em uma construção civil
são: argamassa, areia, cerâmica e brita, são eles os de maior geração em relação às
demais classes, por serem compostos por materiais que detêm grande demanda no
canteiro de obra, tornando assim, os resíduos da classe A mais viáveis para possíveis
reciclagens.
A Resolução CONAMA nº 307, define em seu Art. 2º, inciso I, resíduos
de construção civil como:

[...] Provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras


de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou
metralha.

A Resolução CONAMA nº 307 foi atualizada em 2004 pela Resolução


CONAMA nº 348, que passou a classificar os resíduos em seu Art. 3º, conforme
segue:
Classe A - seriam os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como
agregados, como de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e
de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.),
argamassa, concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-
moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de
obras;
Como Classe B foram classificados os resíduos recicláveis para outras
destinações, tais como, plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
Já como Classe C classificaram-se os resíduos para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso (em 2013 o
CONAMA reclassificou o gesso, designando a ele a Classe B);
Na Classe D ficam os resíduos perigosos oriundos do processo de
construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas

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radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e
materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou em 2004
uma norma com algumas classificações de resíduos sólidos, conforme o seguinte:

Todos os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, resultam de atividades


de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou corpos de água, ou exijam, para isso, soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

NBR 10004: Resíduos Sólidos – classificação.


Classe I: perigosos; são os que apresentam periculosidade ou
propriedades de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou
patogenicidade, ou que constem nos anexos A e B da referida norma; É o caso de
desengraxantes, éter, acetona, cianeto, tintas, ácidos, óleos lubrificantes, de freio ou
refrigeração além de todas as outras substancias nos anexos citados.
Classe II: Não perigosos; qualquer produto fora da Classe I podendo ser
inerte (B) ou não inerte (A).
Classe II-A: não-inertes; os que não se enquadram nas classificações
de resíduos classe I ou resíduos classe II B, podendo ter propriedades de
biodegrabilidade, combustividade ou solubilidade em água;
Classe II-B: inertes: são os que, se em contato dinâmico e estático com
água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade
de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

2.3. Alternativas para o reaproveitamento dos resíduos gerados no canteiro de obras

Ao se analisar a composição de um entulho de obras, constata-se que


esse é constituído por resíduos que poderiam ser reaproveitados, como blocos de
concreto, solo, cerâmica, argamassa, madeira, cimento, entre outros. No entanto,
esses não costumam ser separados previamente, assim inviabiliza seu
reaproveitamento no canteiro de obras. Nesse contexto, a fim de tornar a reciclagem

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e o reuso desses resíduos mais abrangente, é necessário realizar o treinamento dos
funcionários com o intuito de apresentar as possibilidades de reaproveitamento dos
resíduos gerados no canteiro de obras para que fossem separados antes de serem
descartados.
Como exemplo dos materiais com possibilidade de reuso têm-se as
tábuas de madeira, essas comumente são utilizadas para a montagem das formas
para a concretagem dos elementos estruturais, bem como para o seu escoramento.
Para que essas tábuas sejam reutilizadas no canteiro de obras, deve-se retirar os
pregos fixados ao longo da sua superfície e armazena-las em local coberto,
protegendo o material contra intempéries (ALÍPIO, 2010). Diante dessa perspectiva,
no Quadro 3 apresenta-se algumas alternativas de reaproveitamento da madeira.

Quadro 3- Alternativas de reaproveitamento da madeira


Resíduo Características Produto potencial
Madeira Propriedades acústicas Painéis acústicos
Reutilização da peça para
Madeira Cavaco
abastecimento de caldeira
Baixo custo de execução e Revestimento
Madeira valorização do imóvel por interno de
utilizar material ecológico ambientes
Fonte: Adaptado de Schuster e Junior, (2020).

A reciclagem do gesso é uma questão incentivada atualmente. Apenas


em 2013 o CONAMA alterou a classificação do material para classe B, uma vez que
anteriormente o mesmo era classificado como classe C, classe está, que é constituída
por resíduos que não possuem tecnologias de reaproveitamento ou a prática de
reaproveitamento é considerada economicamente inviável (DA ROCHA et al., 2018).
Sendo assim, de modo a viabilizar a reciclagem do gesso, ele deve ser armazenado
em local coberto e não deve ter contato direto com o solo. Assim, no Quadro 4
apresenta-se algumas possibilidades de reaproveitamento do gesso.

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Quadro 4- Alterativas de reaproveitamento do gesso
Resíduo Características Produto Potencial
Estabilidade
Composto de Placas para
térmica e à prova
gesso isolamento
de fogo

Melhorias no solo
Gesso Calagem do solo
para agricultura

Fonte: Schuster e Junior, (2020).

Concreto, rochas e argamassa podem ser encaminhados para usinas de


reciclagem, na qual realizará o beneficiamento desses mediante processos de
britagem. No Quadro 5 apresenta-se algumas alternativas para o reaproveitamento
desses materiais.

Quadro 5- Alterativas de reaproveitamento do concreto, rochas e argamassa


Resíduo Características Produto Potencial

Redução de custo na produção de


Composto de concreto Concreto em ladrilhos
elementos de concreto

Substituição do
Melhoria na resistência à
Concreto (Agregado) agregado no concreto
compressão e durabilidade
não estrutural

Resíduo de concreto e Sub-base de


Redução de custos de produção
rocha pavimento flexível

Utilização como agregado miúdo


Concreto e alvenaria Tijolo solo-cimento
na composição do tijolo-cimento

Concreto, argamassa, Compõe 20% dos materiais do Asfalto de mistura


cerâmica e rocha pavimento quente

Fonte: Adaptado de Schuster e Junior, (2020).

Os resíduos de solo, que não se encontram contaminados, podem ser


utilizados para diversas finalidades (ALÍPIO, 2010). Como exemplo, no Quadro 6
apresenta-se algumas alternativas para o reaproveitamento desse material.

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Quadro 6- Alterativas de reaproveitamento do solo
Resíduo Características Produto Potencial
Utilização para o
Solo Caso não haja contaminantes
aterramento de áreas
Quando houver propriedades Utilização para fins
Solo
benéficas ao cultivo paisagísticos
Fonte: Schuster e Junior, (2020).

Os exemplos acima demonstram as alternativas mais frequentes que


devem ser feitas nas obras a fim de se reaproveitar os principais insumos utilizados
na construção civil.
Quando aplicadas as práticas de reaproveitamentos dos RCC no
canteiro de obras, se torna possível reduzir os custos referentes a compra de
materiais, além de reduzir a exploração dos recursos naturais. Além disto, há outras
vantagens com o reaproveitamento dos resíduos, como a redução do descarte
inadequado, transformação de uma fonte de despesa em uma fonte de renda, redução
das despesas municipais com à disposição final e redução das emissões gases de
efeito estufa (GEE) nos processos produtivos dos materiais provenientes dos
materiais extraídos (SORMUNEN; KARKI, 2019; WANG et al., 2019).

3. Método

O método de estudo utilizado nesse artigo é descritivo, com intuito de


criar conhecimento para a ciência, sem pretensão de aplicação prática, descrevendo
um fenômeno estabelecendo uma relação entre suas variáveis, investindo e
registrando suas características. Através disso foi realizado estudo exploratório e uma
revisão bibliográfica da literatura para compor o referencial teórico, fazendo um
levantamento de dados bibliográficos para apresentar gráficos, tabelas e percentuais
para análises de opiniões sobre a destinação correta de resíduos e apresentando seus
resultados.
O objetivo secundário deste artigo é identificar estudos para solucionar
os problemas de destinação incorreta dos RCCs, foram utilizados artigos e normas do
ano de 1996 a 2021, que foram coletados principalmente pelo Google Acadêmico,
utilizando como palavras-chave “reutilização na construção civil”, “reaproveitamento”,
“sustentabilidade na construção”, entre outras. Um dos títulos em destaque foi

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"Diagnostico dos Resíduos Sólidos da Construção Civil", "Guia para Elaboração de
Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil"; e os autores recorrentes
foram Bruna Schmitt Schuster, Rosimeire Suzuki Lima e Ruy Reynaldo Rosa Lima.

4. Uso e aplicação dos resíduos reciclados

Subprodutos como Blocos de concreto para vedação, cascalhos para


pavimentação de ruas, contrapiso e material para drenagens, contenção de encostas,
banco e mesas para praças, guia e tampas para bueiros, tubos e uma série de itens
fabricados com concreto e pedra brita são também produzidos com agregado
reciclado. Se compararmos os produtos, feito com brita nova e o com reciclado, temos
os produtos reciclados mais baratos (ABRECON, 2011).
Dando ênfase aos agregados reciclados, eles são reaproveitados, em
sua maior parte, como revestimento ou argamassa de assentamento. Alternativas
para a sua reciclagem são extensas e a produção de areia reciclada para uso em
argamassas de assentamento de alvenarias e de revestimentos de paredes e tetos
talvez seja uma das mais viáveis, pois argamassas para essas aplicações não estão
sujeitas a exigências estruturais (ÂNGULO, 2000).
Pinto (1999) discorre que, após a reciclagem, os resíduos se tornam
variados tipos de agregados, e podem ser utilizados de várias maneiras em uma
construção, como exemplo temos a areia reciclada, que pode ser usada na produção
da argamassa de alvenaria e vedação, contrapisos, solo-cimento, blocos e tijolos de
vedação; o pedrisco reciclado pode ser usado na fabricação de artefatos de concreto,
blocos de vedação, manilhas de esgoto; a brita reciclada pode ser usada na fabricação
de concretos estruturais e obras de drenagens; a bica corrida (conjunto de britas,
pedriscos e pó de pedra) pode ser usada como base e sub-base de pavimentos,
reforço e subleito de pavimentos, regularização de vias não pavimentadas, aterros, e
acertos topográficos.

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5. Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PG/RCC

Esse projeto foi retirado do artigo “Guia para Elaboração de Projeto de


Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil”, portanto todo o capítulo 5 foi
utilizado ele como referência.
De acordo com Lima e Lima (2021), o ideal do Projeto de Gerenciamento
de RCC é estar a cargo dos grandes geradores e tem como objetivo definir os
procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados
dos RCC.
Segundo a Agenda 21/1992, os 3Rs (Redução, reutilização e
reciclagem), constituem as ações básicas para se atingir os objetivos que formam a
estrutura de ação necessária para o manejo ambientalmente saudável dos resíduos.
A Agenda 21 foi resultado de uma conferência realizada pela ONU, que é um
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, que
concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

5.1. Fase de planejamento

O primeiro passo é que a concepção do projeto arquitetônico tenha


preocupações com a modulação, com o sistema construtivo a ser adotado, com o tipo
dos materiais a serem empregados e com a integração entre os projetos
complementares, sempre visando a não geração de resíduos.
Outra atitude fundamental é se preocupar com o detalhamento dos
projetos, a fim de que não ocorram perdas por quantitativos equivocados.
A fase de levantamentos orçamentais e de compras deve ser montada
com a mais criteriosa exatidão, para não gerar excesso de compra.
Em suma, os itens que devem receber maior atenção na pré-obra com
relação à minimização da geração de RCC são: compatibilidade entre os vários
projetos; Exatidão em relação a cotas, níveis e alturas; Especificação exata sem falta
de especificação de materiais e componentes; Detalhamentos precisos e completos
do projeto.

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5.2 Caracterização dos RCC’s

A fase da caracterização dos RCC é importante para se identificar e


quantificar os resíduos e assim planejar qualitativa e quantitativamente os 3 R´s e a
destinação final dos mesmos.
A identificação antecipada e caracterização dos resíduos a serem
gerados no canteiro de obras são basais no método de reaproveitamento dos RCC,
pois essa organização leva a se pensar maneiras mais racionais de se reutilizar e/ou
reciclar o material.
Essa caracterização dos RCC gerados deve ser feita por etapa da obra,
pois assim proporcionará uma melhor leitura do momento certo de reutilização de
cada material e quantidade de resíduo.
No Quadro 7, encontra-se a identificação dos resíduos gerados por
etapa de uma obra.

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Quadro 7- Geração de resíduo por etapa de uma obra
Fases da Obra Tipos de resíduos possivelmente gerados
Solos
Limpeza do terreno
Rochas, vegetação, galhos

Montagem do Blocos cerâmicos, concreto (areia;brita)


canteiro
Madeiras
Solos
Fundações
Rochas
Madeira
Superestrutura
Sucata de ferro, fôrmas plásticas

Bloco cerâmicos, blocos de concreto, argamassa


Alvenaria
Papel, plástico
Instalações hidro- Blocos cerâmicos
sanitárias PVC
Blocos cerâmicos
Instalações elétricas
Conduites, magueiras, fio de cobre
Reboco
Argamassa
interno/externo
Pisos e azulejos cerâmicos
Revestimentos
Piso laminado de madeira, papel, papelão, plástico

Forro de gesso Placas de gesso acartonado

Pinturas Tintas seladoras, vernizes, texturas

Madeiras
Coberturas
Cacos de telhas de fibrocimento
Fonte: Valotto, 2007.

5.3 Triagem ou segregação

De acordo com a resolução 307/2002 – CONAMA, a triagem deve ser


efetivada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de
destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos.
Logo após a geração do resíduo, deve ser feita a segregação na origem
de sua geração. Por esse motivo, devem ser construídas pilhas próximo a esses locais
e posteriormente transportadas para armazenamento.

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No final de um determinado serviço ou no final da jornada de trabalho, a
segregação deve ser realizada, preferencialmente, pelo prestador do serviço, de
forma a garantir a qualidade dos resíduos não o misturando com outros resíduos e
promovendo a sua reutilização ou reciclagem com maior eficácia.
Essa abordagem ajudará a manter a obra organizada, evitará que as
ferramentas e os materiais fiquem espalhados pelo canteiro de obras, evitando
acidentes no trabalho e desperdícios de materiais.
Após a segregação, os resíduos devem ser devidamente manipulados e
armazenados em locais separados para uso futuro no canteiro de obras, de forma a
evitar que os resíduos sejam contaminados por qualquer tipo de impurezas e
impossibilite o reaproveitamento.
Para o bom aproveitamento dos resíduos ele não deve ser contaminado,
em alguns casos até inviabiliza a sua reutilização, fazendo com que a segregação
garanta a qualidade dos resíduos.
É muito relevante treinar os funcionários e entender a classificação dos
resíduos, não só para uma segregação satisfatória, mas também pela importância
ambiental desse serviço.
Nessas tarefas, é muito importante que o canteiro de obras tenha
sinalizações informativas de cada local de armazenamento de resíduos que são
utilizadas para lembrar e orientar as pessoas separar adequadamente cada tipo de
resíduo gerado.
A segregação pode ser realizada com facilidade, pois os resíduos
gerados durante a obra ocorrem separadamente, em diferentes etapas, são
temporariamente coletados e armazenados nos pavimentos, permitindo a utilização
de procedimentos adequados para a limpeza da obra.

5.4. Acondicionamento
5.4.1. Acondicionamento inicial

Em seguida da segregação, ao final do expediente, os RCCs devem ser


alocados em um lugar especifico até que possuam capacidade suficiente para seu
transporte onde sairão para reaproveitamento, reciclagem ou disposição final.

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Hoje em dia se utiliza com bastante frequência para se armazenas os
resíduos as bombonas, bags, baias e caçambas estacionárias, todas bem sinalizadas
para informar cada tipo de resíduo armazenado, a fim de organizar o trabalho e manter
a qualidade do RCC.
- As bombonas são usadas principalmente para resíduos de madeira,
sacos plásticos, resíduos de tubos, caixas de papelão, papel de escritório, sucata de
ferro, aço, arames, fios, etc. Elas são um recipiente de plástico, normalmente azul e
com capacidade de 50L.
- Os bags costumam ser utilizadas para armazenar resíduos de
serragem, EPS (espuma de poliestireno), calçados, tecidos, panos e trapos, plásticos,
papelão, etc. Eles são compostos por bolsa de ráfia com quatro alças e tem uma
capacidade aproximada de 1 metro cúbico.
- As baias são usadas principalmente para armazenar pedaços de
madeira, ferro, aço, fios, EPS, serragem, etc. Elas são um compartimento
normalmente constituído em madeira, com diferentes tamanhos para se adequar ao
local destinado.
- As caçambas estacionárias são utilizadas para depósito de descarte de
blocos de concreto e cerâmica, argamassa, telhas, madeira, gesso, solo, etc. Elas são
um reservatório metálico com capacidade de 3 a 5 metros cúbicos.
A acomodação inicial deve ser o mais próximo possível do canteiro de
geração do RCC, sempre considerando o volume gerado e a boa organização do
canteiro de obras.
Para pequenas obras, o RCC gerado deve ser coletado e levado
diretamente para o depósito de acomodação final para segregação adequada.

5.4.2. Acondicionamento final

O acondicionamento final depende da quantidade do resíduo, do tipo e


de sua destinação.
A localização dos depósitos deve ser estudada de tal forma a facilitar os
trabalhos dos agentes transportadores para a remoção dos resíduos que serão
mandados para fora da obra.

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Resíduos de refeitório deverão atender à legislação pertinente e alguns
resíduos devem ser acondicionados em sacos plásticos e disponibilizados para a
coleta pública, tais como restos de alimentos, suas embalagens, copos plásticos e
papéis oriundos de instalações sanitárias.

5.5. Transporte interno dos RCC

Entre o acondicionamento inicial e final, é feito o transporte interno dos


RCC por carrinhos ou giricos, elevadores de carga, gruas e guinchos.
Conforme a classificação dos RCC o operador da grua transportar os
recipientes de acondicionamento inicial aproveitando as descidas vazias do guincho.
Para o transporte interno dos RCC, é utilizado para alguns casos o
elevador de carga, condutor de entulhos, carrinhos de mão, giricos e inclusive manual
através de sacos, bags ou fardos.

5.6. Reutilização e reciclagem na obra

A adoção de escoramento e andaimes metálicos é um exemplo da ideia


da reutilização de materiais, que são totalmente reaproveitáveis até o final da obra,
norteando o planejamento da obra desde a fase da concepção do projeto
O reuso dos materiais excedentes no próprio canteiro de obras segue as
orientações da Agenda 21, que é fazer com que os materiais descartados com certo
custo financeiro e ambiental retornem à obra na forma de novos materiais, evitando
gastos e a retirada de novas matérias-primas do meio ambiente.
Para atingir esse objetivo, as pessoas devem estar atentas às
recomendações das normas regulamentadoras e seguir seus procedimentos para que
os materiais atendam aos padrões de qualidade exigidos para o reaproveitamento.
Contudo, as organizações podem usar parcerias com laboratórios de
testes técnicos ou instituições de ensino para analisar, testar e determinar recursos
que serão usados para a reutilização de RCC.
A baixo será mostrado no Quadro 8 os tipos de resíduos que podem ser
gerados de acordo com as várias etapas do projeto e seu reaproveitamento.

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Quadro 8– Identificação dos resíduos por etapas da obra e possível
reaproveitamento
Tipos de resíduos Possível reutilização no Possível reutilização
Fases da obra
possivelmente gerados canteiro fora do canteiro
Limpeza do terreno Solos Reaterros Aterros
Rochas, vegetação, galhos
Blocos cerâmicos,
Base de piso, enchimentos Fabricação de agregados
concreto (areia; brita).
Montagem do canteiro
Formas/escoras/
Madeiras Lenha
travamentos (gravatas)
Solos Reaterros Aterros
Fundações Jardinagem, muros de
Rochas
arrimo
Concreto (areia; brita) Base de piso; enchimentos Fabricação de agregados

Superestrutura Madeiras Cercas; portões Lenha


Sucata de ferro, fôrmas
Reforço para contrapisos Reciclagem
plásticas
Blocos cerâmicos, blocos Base de piso,
Fabricação de agregados
Alvenaria de concreto, argamassa enchimentos, argamassas
Papel, plástico Reciclagem
Instalações hidro- Blocos cerâmicos Base de piso, enchimentos Fabricação de agregados
sanitárias Pvc; ppr Reciclagem
Blocos cerâmicos Base de piso, enchimentos Fabricação de agregados
Instalações elétricas Conduites, mangueira, fio
Reciclagem
de cobre
Reboco interno/externo Argamassa Argamassa Fabricação de agregados
Pisos e azulejos cerâmicos Fabricação de agregados
Revestimentos Piso laminado de madeira,
Reciclagem
papel, papelão, plástco
Placas de gesso Readequação em áreas
Forro de gesso
acartonado comuns
Tintas, seladoras, vernizes,
Pinturas Reciclagem
textura
Madeiras Lenha
Coberturas Cacos de telhas de
fibrocimento
Fonte: Valotto, 2007, adaptado Lima (2009)

Outros tipos de aplicação incluem a fabricação de pavers de piso, o uso


de resíduos de alvenaria, concreto e de argamassa em bases de piso de concreto
sem funções estruturais e o uso de agregados reciclados de blocos de cerâmica para
a confecção de blocos de concreto.
Os materiais que não podem ser reaproveitados diretamente, mas
podem ser reciclados, são divididos em materiais reciclados dentro da obra e materiais
usados para reciclagem fora da obra.

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5.6.1 Reciclagem dentro da própria obra

No Brasil, 90% dos resíduos gerados nas obras podem ser reciclados e,
considerando sua geração contínua, a reciclagem do RCC é de extrema importância
ambiental e financeira, pois esses resíduos são devolvidos aos canteiros de obras
para substituir os novos extraídos do meio ambiente. Esta é uma atividade que deve
ser realizada principalmente no canteiro de obras, mas também pode ser realizada
fora dele.
O ideal é que o reuso dos RCC seja uma prática incorporada ao dia a
dia das construtoras como parte integrante do planejamento e execução do projeto.
Porém, no Brasil, essa abordagem tem uma visão excesso de trabalho, e até mesmo
um entrave ao bom funcionamento do serviço e ao seu prazo.
Por outro lado, o uso de agregados reciclados ainda é considerado um
fator negativo na qualidade técnica dos serviços, o que indica que a indústria da
construção civil tem baixo investimento e aceitação de novas tecnologias para esse
quesito. Isso se deve ao fato de não traduzir em uma grande vantagem financeira,
sendo apenas de âmbito ambiental.
Apesar dos primeiros registros da experiência brasileira de reciclagem
de RCC remonte a 1997, o trabalho nesse sentido no setor de construção civil ainda
está engatinhando, fundamentalmente a possibilidade de reciclagem nos canteiros de
obras, conclui-se que as questões ambientais em si não são exemplos de motivação
para incorporar essas experiências na vida cotidiana.
O fato é que esse tema deveria despertado mais interesse na prática da
engenharia, o que não é assim, pois a gestão do RCC no canteiro de obras, na
verdade, traz muitos benefícios para a empresa, como a redução da jornada de
trabalho. Resíduos a serem descartados, reduzem o consumo de materiais extraídos
diretamente da natureza (como areia e brita), reduzem acidentes de trabalho, tornam
o trabalho mais limpo e organizado, reduzem o número de entulhos retirados dos
canteiros e aumentam a produtividade. As responsabilidades pelos requisitos
ambientais são atendidas pelo PBQP-H, Quali-Hab e ISO 14.000, bem como à
diferença positiva de imagem pública entre a empresa e os consumidores.

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5.6.2. Reciclagem fora do canteiro de obras

Segundo dados do IBGE (2000), a reciclagem fora dos canteiros de


obras é realizada em centros de reciclagem de RCC, sendo que apenas 12 (0,2%)
dos 5.507 municípios brasileiros possuem centros de reciclagem de RCC em
funcionamento.

5.7. Remoção dos resíduos do canteiro – transporte externo

A retirada de resíduos dos canteiros de obras deve ser controlada por


meio de um formulário que contenha dados sobre o gerador de resíduos, a classe e a
quantidade de resíduos, o transportador e a destinação final deles.
O produtor de resíduos deve manter uma cópia deste formulário
assinada pelo transportador e destinatário, isso irá garantir que ele tenha feito a
destinação correta. Esse controle também ajudará a sistematizar informações sobre
os resíduos gerados na obra.
Para o transporte e destinação de resíduos deve-se contratar empresas
licenciadas, usando veículos adequados para este serviço, como caminhões
equipados com guindastes múltiplos ou caminhões equipados com caçambas
basculantes, que devem ser sempre cobertos com lonas para evitar poluição dos
resíduos nas vias públicas.

5.8. Destinação dos resíduos

A destinação dos resíduos deve ser de acordo com a classe dos RCCs.
O de classe A deve ser enviado para a área de triagem, reciclagem ou aterros da
construção civil. Os de classe B podem ser comercializados por cooperativas ou
associações de coleta seletiva que reciclam esses resíduos, podendo até ser
utilizados como combustíveis.
Os de classe C e D, o fornecedor deve estar envolvido a fim de
estabelecer responsabilidades conjuntas no processo de tratamento.

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Quadro 9– Alternativas de destinação para os diversos tipos de RCC.
Tipos de Resíduo Cuidados Requeridos Destinação

Privilegiar soluções de
Áreas de Transbordo e Triagem, Áreas para Reciclagem ou Aterros
Blocos de concreto, blocos cerâmicos, destinação que envolvam a
de resíduos da construção civil licenciadas pelos órgãos competentes;
argamassas, outros componentes reciclagem dos resíduos, de
os resíduos classificados como classe A (blocos, telhas, argamassa e
cerâmicos, concreto, tijolos e modo a permitir seu
concreto em geral) podem ser reciclados para uso em pavimentos e
assemelhados aproveitamento como
concretos sem função estrutural.
agregado.
Para uso em caldeira, garantir Atividades econômicas que possibilitem a reciclagem destes resíduos,
Madeira separação da serragem dos a reutilização de peças ou o uso como combustível em fornos ou
demais resíduos de madeira. caldeiras.
Máximo aproveitamento dos
Plásticos (embalagens, aparas de Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que
materiais contidos e a limpeza
tubulações etc.) comercializam ou reciclam estes resíduos.
da embalagem.
Papelão (sacos e caixas de Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que
Proteger de intempéries.
embalagens) e papéis (escritório) comercializam ou reciclam estes resíduos.
Metal (ferro, aço, fiação revestida, Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que
Não há.
arame etc.) comercializam ou reciclam estes resíduos.
Reutilização dos resíduos em superfícies impregnadas com óleo para
Ensacar e proteger de
Serragem absorção e secagem, produção de briquetes (geração de energia) ou
intempéries.
outros usos.
Gesso em placas cartonadas Proteger de intempéries. É possível a reciclagem pelo fabricante ou empresas de reciclagem.
É possível o aproveitamento pela indústria gesseira e empresas de
Gesso de revestimento e artefatos Proteger de intempéries.
reciclagem.
Examinar a caracterização Desde que não estejam contaminados, destinar a pequenas áreas de
Solo prévia dos solos para definir aterramento ou em aterros de resíduos da construção civil, ambos
destinação. devidamente licenciados pelos órgãos competentes.
Possível reaproveitamento para a confecção de bags e sacos ou até
Telas de fachada e de proteção Não há.
mesmo por recicladores de plásticos.
Possível destinação para empresas, cooperativas ou associações de
EPS (poliestireno expandido -
Confinar, evitando dispersão coleta seletiva que comercializam, reciclam ou aproveitam para
exemplo: isopor)
enchimentos.
Materiais, instrumentos e embalagens
contaminadas por resíduos perigosos
(exemplos: embalagens plásticas e de Maximizar a utilização dos
Encaminhar para aterros licenciados para recepção de resíduos
metal, instrumentos de aplicação materiais para a redução dos
perigosos.
como broxas, pincéis, trinchas e resíduos a descartar.
outros materiais auxiliares como
panos, trapos, estopas etc.)

Fonte: Sinduscon-SP, 2005

6. Análise e discussão dos resultados

O presente estudo tem por finalidade sugerir possíveis destinações mais


pertinentes dos resíduos gerados pela construção civil. Buscou-se elencar os
principais elementos gerados em cada etapa de obra para se mostrar soluções viáveis
para sua destinação, respeitando a classificação de cada resíduo para atender
requisitos normativos.
No levantamento de dados, resíduos como concreto, argamassa, rocha,
madeira, tijolo e solo tiveram prioridade, por serem os mais recorrentes nas obras
(LEVY, 1997), porem também foram sugeridas opções aos principais RCC’s.
O trabalho sugere a implementação de um Projeto de Gerenciamento de
resíduo, explicado do capítulo anterior, e para tanto deve-se pensar nos 3 R’s,
Redução, Reutilização e Reciclagem.

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Na Redução é imprescindível um planejamento correto, com
orçamentista de obra para evitar comprar equivocadas, a Reutilização também ajuda
a reduzir a geração de resíduos durante a obra, a exemplo tem o reuso de formas de
concretagem e utilização de andaimes metálicos e a Reciclagem é a solução final para
resíduos classes A, B e C, visto que a classe D são perigosos e não recicláveis.
Para fim de organização, cada resíduo será apresentado por fases da
obra, totalizando 12 etapas expostas a seguir.
Na primeira fase, de limpeza do terreno, é comum surgir resíduos de
solo, que podem ser utilizados para aterros caso não tenha sido contaminado e
também para fins de paisagismo em cultivo caso tenha propriedades para isso.
Na fase de montagem do canteiro de obras, é comum se gerar restos de
tijolo, blocos, concreto, areia e brita dos quais podem ser reutilizados para base de
piso e enchimentos ou na fabricação de agregados. Além deles a madeira é
amplamente utilizada nesta etapa e pode ser reutilizada em formas, escoras,
travamentos, cercas e portões ou para fornecimento de lenha, utilização em caldeiras
e geração de serragem.
Em fundações as rochas podem ser reutilizadas em jardinagem e muros
de arrimo e os solos nas mesmas aplicações previamente dita. Na superestrutura se
produz concreto areia brita e madeira que seguem a destinação acima citada além de
sucata de ferro e formas plásticas que podem ser utilizadas como reforço para
contrapiso e reciclado em locais específicos.
Na etapa de alvenaria o papel e plástico podem ser reciclados e os
blocos cerâmicos e de concreto e a argamassa podem ter as mesmas destinações
citadas na fase de montagem.
Em instalações hidro sanitárias se gera resíduos de PVC e PPR que
devem ser destinados a reciclagem. Já nas instalações elétricas os conduítes,
mangueiras e fios de cobre podem ser separados para a reciclagem. A fase de reboco
se gera muito resíduo de argamassa que pode ser utilizado como agregado. Durante
os revestimentos, pisos e azulejos cerâmicos podem ser utilizados como agregados e
piso laminado de madeira, papel, papelão e plástico podem ser reciclados.
Na fase de forração de gesso os restos gerados podem ter uma
readequação em áreas comuns, além de serem utilizados na calagem de solos, na
fabricação de placas para isolamento acústico e de resistência ao fogo.

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A fase de pintura na obra requer cuidados pois as tintas, vernizes,
solventes gerados não podem entrar em contato com o solo e deve ser descartado
em local apropriado (aterros licenciados) e levado até lá em recipiente bem vedado.
Durante o implemento das coberturas, os cacos de telhas de
fibrocimento devem ter atenção especial por liberarem partículas muito finas, nocivas
ao ser humano, portanto, deve ser manuseada com luvas e máscara e devem ser
descartadas em aterros licenciados.

7. Considerações finais

Assim sendo, conclui-se que, são várias as opções de destinação dos


RCC’s e a maioria delas foram apresentadas, elencando dessa maneira opções que
tornam a obra menos agressiva ao meio ambiente e ainda obtendo vantagens
financeiras com sua aplicabilidade, haja vista que, grande parte dos resíduos são
devolvidos ao canteiro de obra para substituir os novos que seriam extraídos do meio
ambiente, agregando menor perda de material e menos recompras. Além disso, há
uma receita proveniente da reciclagem, que pode ser considerável.
Para maior aproveitamento da estratégia apresentada, é importante que
a prática seja incorporada à cultura das construtoras como parte integrante do
planejamento e que seja engajada na cultura de seus colaboradores, garantindo
assim, um pensamento mais sustentável.
Uma limitação na aplicação das alternativas sugeridas no presente trabalho é
que, conforme mostrado anteriormente, poucos municípios brasileiros possuem
centros de reciclagem de RCC.
Como sugestão para trabalhos futuros, é indicado fazer um
levantamento dos centros de reciclagens e de aterros licenciados para cada tipo de
resíduo levantado no estudo.

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Referências

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