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XXVII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental

VI-034 - APLICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPAS NA


INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL - ESTUDO DE CASO

Luiz Fernando Cybis(1)


Professor, orientador, pesquisador e consultor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH)
da UFRGS. Doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental pela The University of Leeds,
FOTOGRAFIA
Inglaterra.
Carlos Vicente John dos Santos NÃO
Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em DISPONÍVEL
Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas
Hidráulicas da Universidade federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS). Engenheiro do
Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Porto Alegre
(DMLU/PMPA). Chefe do Setor de Projetos da Divisão de Apoio Operacional (SEPRO/DAO/DMLU).

Endereço(1): Av. Bento Gonçalves, 9500 - Caixa Postal 15029 - Porto Alegre - RS - CEP: 91501-970 - Brasil
- Tel: (51) 316-6592 - Fax: (51) 319-1157 - e-mail: lfcybis@vortex.ufrgs.br

RESUMO
A indústria da construção civil caracteriza-se pelo alto índice de desperdício de materiais, energia e água.
Princípios de prevenção da poluição podem ser aplicados a esse ramo da atividade econômica com ganhos
econômicos e ambientais. Este artigo descreve a aplicação das Técnicas de Produção Mais Limpas à essa
indústria. Escolheu-se como processo produtivo a ser observado a aplicação de pastilhas cerâmicas como
revestimento externo de uma fachada de um edifício de apartamentos. Foi utilizada um metodologia que
incluía: check-lists; seminários de sensibilização e de montagem do ECOTIME; definição do período de
amostragem; montagem do fluxograma do processo; análise comparativa das entradas e saídas do processo;
levantamento dos dados; e análise econômica e ambiental das oportunidades de melhorias geradas. A partir
da aplicação dessa metodologia foram obtidos benefícios econômicos (por exemplo, a redução da quantidade
de materiais utilizada na obra) e ambientais (por exemplo, a não utilização de uma substância tóxica, ácido
muriático, para a lavagem das pastilhas).

PALAVRAS-CHAVE: Tecnologias Limpas, Redução do Desperdício, Construção Civil, Indústria, Meio


Ambiente, Desperdício de Materiais.

INTRODUÇÃO
A ação do homem sobre o meio ambiente data de sua criação na Terra, desde as épocas mais remotas onde o
ser humano utilizava o fogo para a caça de animais, até os dias atuais, colaborando decisivamente para a
redução dos mananciais de água do planeta, para o aumento da temperatura global, para a diminuição dos
recursos não renováveis e exaurindo o solo.

A possibilidade da redução da poluição apresenta um marco importante em 1968, com a fundação do Clube
de Roma. Desde então, busca-se uma metodologia racional e eficiente, informativa e lucrativa, tendo sido
desenvolvidas diversas escolas de prevenção da poluição. Dentro destas escolas destaca-se a das Técnicas de
Produção Mais Limpas.

As técnicas de produção mais limpa buscam a minimização de insumos, resíduos e emissões através de ações
integradas entre o processo industrial e o meio ambiente questionando-se a quantidade e tipo de insumos utilizados,
a origem dos resíduos e emissões, bem como o fato de o porquê geraram-se tais elementos poluentes.

Enquanto diminui-se a quantidade de resíduos gerados e de efluentes tratados, diminui-se o custo com o
tratamento e disposição de resíduos. Da mesma forma pode-se afirmar que ao reduzir-se a quantidade de
resíduos gerados, para uma mesma unidade de produção, diminui-se a quantidade de matéria-prima
adquirida pela indústria e também de material extraído do meio ambiente. Fato este de extrema relevância

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pois diminui os custos das indústrias e os impactos ambientais relacionados com esta
aplicação.(ECOPROFIT, 1998).

A filosofia da produção mais limpa pretende integrar os objetivos ambientais ao processo produtivo, de modo
a reduzir a utilização de insumos e de energia, ao mesmo tempo reduzindo a produção de resíduos e
emissões, tanto em termos de volume quanto em toxicidade.

Diante do exposto verifica-se que as técnicas de produção mais limpa propõe um crescimento econômico
sustentável, tornando-se uma excelente proposta ambiental, sem deixar de ser um negócio atrativo para as
indústrias, possibilitando maiores lucros.

A indústria da construção civil ao mesmo tempo em que é uma das mais importantes a nível mundial, opera
com grandes perdas em seu processo. Os desperdícios dentro do canteiro de obras tornaram-se um desafio
para os gerentes que tentam minimizar os custos do empreendimento.

Esse trabalho relata um caso real de aplicação das Técnicas de Produção Mais Limpas na indústria da
construção civil, mais especificamente na etapa de revestimento externo com pastilhas cerâmicas da fachada
de um edifício de apartamentos.

DESCRIÇÃO DO TRABALHO REALIZADO


Este estudo de caso foi realizado em uma construção de um condomínio por unidades autônomas de
habitação unifamiliar com área total de 2.248 m2, um edifício com sete pavimentos e uma cobertura, sendo
que cada pavimento possui apenas um apartamento. Nesta construção foram aplicadas as técnicas de
produção mais limpas que caracterizam-se por possuírem uma metodologia bem definida. Os passos iniciais
para a implantação destas técnicas foram a produção de um check-list, passando a seguir para a execução dos
seminários de sensibilização e a montagem do ECOTIME. Realizadas estas duas etapas partiu-se para a
definição do período de amostragem e a montagem dos fluxogramas dos processos produtivos. Com os
fluxogramas dos processos produtivos pôde-se confeccionar a análise comparativa de entrada e saída do
processo e com isto realizar o levantamento de dados. De posse dos dados coletados efetuou-se uma avaliação
destes e suas respectivas análises econômicas. A seguir serão detalhadas cada uma dessas etapas.

Check-List
A atuação dentro do canteiro de obras foi iniciada por um check-list do processo produtivo acompanhado.
Teve a finalidade de identificar as informações gerais sobre a empresa e as características do processo
produtivo, tais como matéria-prima, processo, fonte de água do processo, fontes de energia e outros dados
necessários.

Seminários de Sensibilização e Montagem do Ecotime


As etapas seguintes do trabalho foram os seminários de sensibilização e definição do ECOTIME. Os
seminários executados foram em número de três, buscando atingir públicos diferentes. O primeiro seminário
foi ministrado para a direção, gerência e supervisores da empresa e teve a finalidade de sensibilização para a
adoção de tecnologias de produção mais limpas e a definição do ECOTIME. O segundo foi ministrado no
canteiro de obras para todos os trabalhadores, sendo o assunto pertinente ao meio ambiente, incluindo
atividades agressoras promovidas pelo homem, explorando fotos e imagens elucidativas, promovendo a
educação ambiental relacionada principalmente com o desperdício de água, decomposição do lixo e emissões
atmosféricas. Foi exposto o programa de produção mais limpa a ser adotado pela empresa, demonstrando que
a participação de todos é de extrema importância e explicando o papel da empresa no programa. O terceiro e
último foi ministrado apenas para o ECOTIME e teve como pauta o balanço de massas a ser realizado no
entorno do processo de colocação das pastilhas.

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Definição do Período de Amostragem


O período de amostragem pode ser efetuado para um lote ou mais, em caso de uma indústria qualquer. No
caso da construção civil verifica-se que o produto final é o seu próprio protótipo, sendo então importante
definir um período de amostragem. Neste caso foi definido um período de quarenta e cinco dias.

Montagem dos Fluxogramas do Processo Produtivo


O processo da obra adotada baseava-se na execução de algumas tarefas a serem executadas em seqüência.
Este processo foi o de colocação de pastilhas cerâmicas em uma fachada de um prédio residencial.
Adicionalmente o processo principal foi dividido em três etapas: a colocação das pastilhas, o rejunte e a
limpeza com ácido muriático. Cada uma dessas etapas foram subdivididas em sub-etapas de forma a
melhorar o entendimento do processo como um todo. Nas figuras 1 a 4 são apresentados os fluxogramas
principal e os detalhados de cada etapa do processo produtivo.

Figura 1: Fluxograma Principal do Processo Produtivo.


Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3
Colocação de Rejunte Limpeza com ácido
pastilhas muriático

Figura 2: Fluxograma Detalhado da Etapa 1 (Colocação de Pastilhas)


Matérias-Primas Sub-etapa Resíduos
Pastilhas 1
Soda Transporte e Estocagem
Ácido
Rejunte
Argamassa
Pastilhas 2
Argamassa Transporte Interno
Água
Soda
Argamassa 3
Água Mistura da Argamassa Embalagem Plástica
4
Argamassa Misturada Aplicação da Argamassa Restos de Argamassa
5 Quebra de Pastilhas
Pastilhas Colocação das Pastilhas Embalagem de Papelão
Soda 6 Papel
Água Limpeza com Soda Soda diluída
7
Água Limpeza com Água Água

Figura 3: Fluxograma Detalhado da Etapa 2 (Rejunte).


Matérias-Primas Sub-etapa Resíduos
1
Sacos de Rejunte Transporte Interno
2
Rejunte Mistura do Rejunte Embalagem Plástica
Água
3
Rejunte Misturado Aplicação do Rejunte Sobras de Rejunte

Figura 4: Fluxograma Detalhado da Etapa 3 (Limpeza com Ácido Muriático)


Matérias-Primas Sub-etapa Resíduos
1
Transporte Interno
2
Ácido Muriático Diluição do Ácido Bombonas
Água

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Análise Comparativa das Entradas e Saídas do Processo


Este item aborda a análise efetuada para cada etapa e sub-etapa do processo de produção estudado. Foram
quantificados as matérias-primas e os resíduos gerados referentes à cada sub-etapa. Os materiais e resíduos
foram quantificados em termos de massa, utilizando-se para tanto uma balança adquirida pela empresa para
este fim. A quantificação foi realizada com o auxílio do ECOTIME, cuja função principal era a de coletar os
resíduos gerados, pesando-os e transcrevendo os dados para uma tabela previamente fornecida pelo
pesquisador. Registra-se também que todo e qualquer material que fizesse parte das tarefas eram pesados e
transcritos para a mesma planilha. Para a quantificação dos materiais foram adotadas algumas regras. Todos
os materiais coletados para o estudo foram armazenados em um depósito de materiais da obra onde já
estavam armazenados as pastilhas, os sacos com argamassa, os sacos de rejunte, a soda cáustica, o ácido
muriático e outros materiais, buscando-se com isto evitar perdas dos materiais coletados. Todas as matérias-
primas foram pesadas com as suas embalagens quando da entrada do processo, visto que estas embalagens
caracterizam-se como resíduos do processo produtivo. As sobras de papéis, resultantes da etapa de colocação
das pastilhas, foram acondicionados em sacos plásticos, secados e por fim pesados. As embalagens das caixas
de papelão e as embalagens plásticas foram depositadas em fardos para serem quantificadas.

Nas tabela 1 a 3 a seguir são mostradas as análises comparativas de entrada e saída de cada etapa do processo
produtivo.

Tabela 1: Análise comparativa de entrada e saída do processo na etapa 1, colocação de pastilhas.


Processo Produtivo
ENTRADAS SAÍDAS
Fluxograma do
Água Processo
Matéria-Prima kg Resíduo Sólido kg Efluente Líquido
(l)
Pastilhas 5.152
Soda cáustica 14 Transporte e
Ácido muriático 01 un. Estocagem
Rejunte 298,1
Argamassa 1.916,7
Pastilhas 5.152
Argamassa 1.916,7
Transporte Interno
Soda 14
Água **
Argamassa ** Mistura da Embalagem Plástica *
Argamassa
Argamassa Misturada Aplicação da Restos de Argamassa 116,90
Argamassa
Pastilhas Colocação das Quebra de Pastilhas 168,30
Pastilhas Embalagem de Papelão 131,20
Soda cáustica ** Limpeza com Soda Embalagem plástica *
* Total = 5,70 kg, quantificados juntos
** Volume = 1.370 litros, quantificados juntos.

Tabela 2: Análise comparativa de entrada e saída do processo na etapa 2, rejunte.


Processo Produtivo
ENTRADAS SAÍDAS
Fluxograma do Processo
Matéria-Prima kg Água (l) Resíduo Sólido kg
Sacos de Rejunte 298,1 Transporte Interno
Rejunte Água* Mistura do Rejunte Embalagem Plástica 0,90
Rejunte Misturado Aplicação do Rejunte Sobras de Rejunte 18,20
* Quantificado junto com a etapa 1: colocação das pastilhas

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Tabela 3: Análise comparativa de entrada e saída do processo na etapa 3, limpeza com ácido muriático.
Processo Produtivo
ENTRADAS SAÍDAS
Fluxograma do Processo kg
Matéria-Prima Un. Água (l) Resíduo Sólido
Bombonas com Ácido
01 Transporte Interno
Muriático
Ácido Muriático 540 Diluição do Ácido Muriático Bombonas 1,30
Ácido Muriático Diluído Limpeza

Verificou-se que as pastilhas cerâmicas foram a matéria-prima mais utilizada, como também foram o
material mais desperdiçado. Os resíduos de pastilhas geraram 168,30 kg (ver Tabela1)

Levantamento de Dados
Este item discorre sobre todos os dados coletados e necessários para este trabalho. As informações foram
pesquisadas em conjunto com o ECOTIME, trazendo dados coletados em campo e informações fornecidas
pelo escritório da empresa. Como a questão financeira é de grande importância para as empresas e a filosofia
das técnicas de produção mais limpa agrega valores aos produtos e resíduos, solicitou-se a empresa os valores
dos materiais. Solicitou-se também ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre
(DMLU) os valores para a venda de papéis, plásticos e papelão.

A Tabela 4 identifica que os resíduos que tiveram a sua matéria-prima com o maior custo unitário de compra
e o maior custo total desta fachada são as pastilhas cerâmicas.

Tabela 4: Principais resíduos do processo produtivo.


No Resíduos sólidos e líquidos Quantidade Unidade Custo de Custo de Local Custo Custo
Fachada Compra Disposição de Total Total
(R$/kg) (R$) Disposição (R$) %
1 Caixas de papelão 131,20 kg - 0,00 - 0,00 0,00
2 Papel das pastilhas 42,20 kg - 0,00 - 0,00 0,00
3 Sacos plásticos de rejunte, argamassa e soda 6,70 kg - 0,00 - 0,00 0,00
cáustica
6 Bombonas de ácido muriático 1,30 kg - 0,00 - 0,00 0,00
7 Pastilhas cortadas 27,70 kg 1,33 0,00 obra 36,84 13,70
8 Pastilhas em tiras 141,10 kg 1,33 0,00 obra 187,66 69,78
9 Sobras de argamassa 116,90 kg 0,256 0,00 obra 29,90 11,11
10 Sobras de rejunte 18,20 kg 0,80 0,00 obra 14,54 5,41
TOTAL 0,00 268,94 100

AVALIAÇÃO DOS DADOS


Aqui foram analisados todos os dados coletados em campo. De posse dos resultados destes, identificaram-se
as oportunidades para a aplicação das técnicas de produção mais limpas, sendo adotadas estratégias para cada
uma destas oportunidades e observando as barreiras encontradas para o desenvolvimento do trabalho nesta
obra (Tabela 5). As oportunidades encontradas foram a minimização do consumo das pastilhas através de três
estratégias diferentes (Oportunidade 1), a minimização da utilização de argamassa e rejunte ainda nesta obra
(Oportunidade 2), o reaproveitamento das pastilhas avulsas e em tiras (Oportunidade 3), a separação de
embalagens e papéis (Oportunidade 4), e a modificação no sistema de lavagem da fachada (Oportunidade 5).

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Tabela 5: Oportunidade, estratégias e barreiras encontrados na obra.


OPORTUNIDADES ESTRATÉGIAS BARREIRAS
1. Minimizar o consumo das • Incluir no projeto arquitetônico • Somente poderá ser realizado
pastilhas o detalhamento do revestimento na próxima obra
de pastilhas
1. Minimizar o consumo das • Colocação das esquadrias de • Somente poderá ser realizado
pastilhas alumínio pelo pastilheiro na próxima obra
1. Minimizar o consumo das • Aumentar os marcos de madeira • Somente poderá ser realizado
pastilhas em 2 cm, largura da pastilha na próxima obra
2. Minimizar a utilização de • Colocação de uma guia de 15cm • Algumas sacadas curvas;
argamassa e rejunte ainda nesta obra a mais no jaú para esta obra e • Jaú montado
compensado para as próximas
3. Reaproveitamento das pastilhas • Adquirir molde para agrupá-las •
avulsas e em tiras em placas iguais as originais.
• Separar em caixas.
4. Separação de embalagens e papéis • Desenvolver sistema de •
orientação aos funcionários para
recolhimento, separação e venda
5. Lavagem da fachada • Substituição da soda cáustica e • Resistência por parte dos
do ácido muriático por água executores do serviço, visto ser
este mais demorado.

Análise Econômica e Ambiental


Para cada oportunidade foi gerada uma análise econômica e ambiental (Tabela 6). As oportunidades
obtiveram sucesso, pois não geraram custos à empresa e trouxeram benefícios ambientais como a redução de
materiais utilizados. Cabe salientar que embora todas as oportunidades tenham gerado benefícios
econômicos, nem todas elas puderam ser aplicadas ainda nesta obra, sendo algumas apenas teóricas.

Verifica-se que cada oportunidade gerou um determinado benefício econômico, variando de 0,54% do custo
total da fachada referente a oportunidade 1 até 100% do custo total da fachada relativo a oportunidade 5.

Com a implantação das técnicas de produção mais limpas nesta construção, houve também uma melhoria na
educação ambiental, pois além da separação dos papéis e plásticos na obra, a empresa adotou o mesmo
princípio também na sede.

CONCLUSÕES
Com a introdução das técnicas de produção mais limpa na indústria da construção civil, pode-se obter
redução da quantidade de material utilizado na obra. Ainda, esta filosofia permitiu que fosse adotada técnicas
de educação ambiental transformando materiais recicláveis que eram descartados em mercadoria de troca,
obtendo-se também um ganho social. Ocorreram portanto benefícios ambientais e econômicos.

Os benefícios ambientais encontrados foram a preservação dos recursos naturais através da redução da
utilização das pastilhas cerâmicas, da diminuição da utilização da argamassa, da diminuição da utilização do
rejunte, da diminuição da utilização das embalagens e da diminuição do material a ser descartado no aterro
de inertes, a reciclagem de embalagens plásticas e de papéis e a não utilização de produtos tóxicos.

Os benefícios econômicos variaram de 0,54% até 100% do custo total de cada oportunidade avaliada,
representando uma redução em torno de 3% do custo total da fachada para a oportunidade 3.

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Tabela 6: Balanço econômico e ambiental das oportunidades geradas.

Oportunidade 1

Oportunidade 2

Oportunidade 3

Oportunidade 4

Oportunidade 5
Balanço econômico
Custo antes (R$) 6.889,00 729,15 6.852,16 0,00 44,00
Custo depois (R$) 6.852,16 684,66 6.664,49 0,00 0,00
Custo da modificação (R$) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Benefício econômico (R$) 36,84 44,49 220,34 11,96 44,00
Custo total da fachada (R$) 7.626,47 7.626,47 7.626,47 7.626,47 7.626,47
Economia da oportunidade (%) 0,54 6,10 3,21 100,00
Balanço ambiental
Consumo de pastilhas antes (kg) 5.152,00 5.152,00
Consumo de pastilhas depois (kg) 5.124,30 5.010,90
Diminuição no consumo de pastilhas (kg) 27,70 141,10
Diminuição nas embalagens (kg) 0,80
Consumo de argamassa e rejunte antes (kg) 2.214,80
Consumo de argamassa e rejunte depois (kg) 2.079,70
Diminuição no consumo de argamassa e rejunte (kg) 135,10
Diminuição nas embalagens (kg) 5,40
Disposição de embalagens plásticas no aterro (kg) 6,70
Disposição de caixas de papelão no aterro (kg) 131,10
Disposição de papel craft no aterro (kg) 42,20
Diminuição de embalagens plásticas (kg) 6,70
Diminuição de caixas de papelão (kg) 131,10
Diminuição de papel craft (kg) 42,20
Não utilização de soda cáustica (kg) 14,00
Não utilização de ácido muriático (kg) 18,00

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ECOPROFIT. 1998. Manuais. [s.l.] 10v.
2. NATIONAL CLEANER PRODUCTION CENTRES. 1997. Case studies. Vienna: UNIDO. 20p.
3. ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. 1995. Best
practices guide for cleaner production programmes in central and eastern Europe. Paris. 39p.
(OCDE/GD95-98)
4. SANTOS, C.V.J. Técnicas de Produção Mais Limpas e Análise do Ciclo de Vida Aplicadas na
Indústria da Construção Civil. Porto Alegre. 2000. Dissertação de Mestrado. Instituto de Pesquisas
Hidráulicas-Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
5. UNEP 1995 Guidance materials for the UNIDO/UNEP national cleaner production centres. Viena
55p.

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