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2021
INTRODUÇÃO
Palavras chave:
celebração
fé
festa
arte
devoção
crenças
mitos
alegria
cores
dança
música
teatro
artesanato
TEMPORALIDADE
23 de junho - véspera de São João - acontece o batismo dos bois - licença do santo protetor
dos Bumbas para as brincadas
TERRITÓRIOS
TEMPORALIDADE DA FESTA
1 - GUARNICÊ OU TOADA - Preparação do grupo para dar início à brincadeira -
agrupamento dos brincantes
2 - LÁ VAI - Aviso que o grupo está saindo para brincar
3 - BOA NOITE, CHEGOU OU LICENÇA - o Boi pede permissão para dançar
4 - SAUDAÇÃO - Louvação ao Boi ao dono do espaço de apresentação e assistência -
estão presentes cantos que tratam de temas políticos e sociais da atualidade
5 - ENCENAÇÃO DO AUTO
6 - URROU - momento em que o Boi ressuscita
7 - DESPEDIDA - final da apresentação
ATORES (POVO)
ESTIVADORES
PESCADORES
TRABALHADORES RURAIS
PEQUENOS COMERCIANTES
ESTUDANTES
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
SOTAQUES
Sotaque da Ilha ou de matraca - São Luís
Sotaque de Guimarães ou de Zabumba - Guimarães
Sotaque de Cururupu ou costa-de-mão - Cururupu e Viana
Sotaque da Baixada ou de Orquestra - Rio Munim
PERSONAGENS
BOI - miolo (tripa, alma ou fato)
AMO - cantador, cabeceira, comandante, patrão ou mandador
VAQUEIROS DE CORDÃO
VAQUEIROS CAMPEADORES
RAJADOS
MARUJADOS
RAPAZES
CABOCLOS DE PENA
CAZUMBAS
TOUREIROS
TAPUIOS
TAPUIAS
PANDUCHAS
CAIPORA
MANGUDA
BICHOS
ÍNDIAS
ÍNDIOS
BURRINHA
DONA MARIA
PAI FRANCISCO - OU NEGO CHICO
CATIRINA
APOIADORES - conserveiras, mutucas, torcedoras, doceiras, cozinheiras, gerente, regente,
fogueteiro, fogueireiro, ajudante de amo
Ápis - deriva de ap, apis , significa alto, elevado no sentido de pai, mestre
“A ligação estreita entre ser humano e o animal boi está presente na mitologia de
vários povos. (...) A sua ligação com os ritos religiosos como vítima ou como
sacrificado lhe dá uma caráter sagrado. Sagrado no Egito, Fenícia, Caldéia,
Cartago, merecedor de cultos e festividades, imagem de fecundidade e relacionado
com os sistemas astrais, os Babilônios escolheram-no para representar um dos dez
signos do zodíaco. Na China antiga, um boi de barro representava o frio, que se
expulsava na primavera para favorecer a renovação da natureza. A iconografia
Hindu lhe fez a montaria e o emblema de Yama, divindade da morte. Respeitado
como ser humano, o se sacrifício é um ato religioso essencial entre as populações
montanhesas do Vietnã, cuja morte ritual lhe dá o status de enviado, o intercessor
da comunidade junto aos espíritos superiores. Em todo o norte da África, o boi é
um animal sagrado oferecido em sacrifício, ligado aos ritos do trabalho e da
fecundidade da terra (Chevalier & Gheerbrant apud Viana, 2006:30)
Grécia
Roma
Índia
“O rei tinha por costumes sacrificar anualmente ao deus do mar, das ilhas e das ribeiras o
seu touro mais belo e, tendo, certa vez, imolado um menos valioso para poupar o mais
bonito que já encontrara, fora castigado por Posseidon”
Modernidade - relação com o boi antes mística ganha caráter festivo - ampliação de
significados
Presença em rituais cristãos - Boi de São Marcos - 25 de abril - acompanhado pelos fieis
em devoção - utilização do boi para levar população laica às igrejas
CULTO AO BOI
DISSEMELHANÇAS
1 - Culto ao animal vivo, objeto de adoração, considerado a própria divindade ainda que por
meio de incorporação
2 - Culto ao animal metaforicamente associado às divindades, que, simbolizando o deus, é
sacrificado numa espécie de teofagia ritual - comunhão sagrada com o deus que transfere
sua força e poder aos que participam do rito
Nina Rodrigues, precussor dos estudos negros - sustetna serem sobrevivência dos povos
africanos bantus e sudaneses
Arthur Ramos
As brincadeiras de boi das regiões Norte, Nordeste e Sul têm em comum relatos históricos
de ampla publicação do Século XIX que vão de 1829, no Maranhão
PERSONAGENS
Dessas, muitas aparecem com nomes diferentes de uma região para outra, porém com a
mesma função. É o caso da burrinha, às vezes izabelinha ou zabelinha. Em maior número
de ocorrência pelo Brasil há o Pai Francisco, correspondente ao Mateus em alguns estados;
a Catirina que pode aparecer como Catarina; os vaqueiros; o doutor, curador ou pajé, cujas
atividades têm alguma correlação no auto; e o amo, que pode ser também o dono da
fazenda e do boi.
personagens humanas: amo, caboclo, Pai Francisco, Catirina, Dona Maria ou Mãe Maria,
Pai João, Mané Gostoso e Rapaz, entre outros. Dessa categoria pode-se destacar a
subcategoria das profissões ou ocupações: vaqueiro, boiadeiro, toureiro, padre, sacristão,
sapateiro, boticário, caçador, dentista, doutor, feiticeiro, soldado, sargento, fiscal,
engenheiro, marinheiro e palhaço.
seres sobrenaturais o lobisomem, o fantasma, a curaganga, o curupira, a caipora e o
cabeça-de-fogo.
criatividade - inclusão de infinidade de bichos - Leão, lobo, urso, onça, macaco, girafa, tigre,
cobra, zebra, rinoceronte, jacaré, sapo, cavalo, bode, cachorro, tartaruga, gavião, mucura,
urubu, galinha, pica-pau e marimbondo
renovação temática responsável pelo seu vigor e permanência, seu caráter de revista, sua
consagração “como um poderoso elemento ‘unanimizador’ dos indivíduos como metáfora
da nacionalidade” e sua definição como teatro popular nacional.
ATUALIZAÇÃO DE TEMAS
As toadas, autos, comédias e performances são modos do Bumba-meu-boi comunicar sua
versão dos acontecimentos da atualidade - promove a interlocução com a sociedade
Uma referência cultural marcada pela diversidade
VIDA - BATISMO
O batismo é o nascimento, quando o boi artefato ganha vida, é liberado pelo santo e sai da
“casa” para animar os boieiros e simpatizantes da brincadeira durante o período junino. Os
padrinhos - que terão a guarda do boi conforme pacto com o santo -, diante do altar e com a
imagem de São João, um copo de água benta, um ramo de vassourinha e vela acesa nas
mãos, sacralizam o animal que recebe um nome. A partir desse momento, sob as bênçãos
do santo, o boi e grupo estão imunes às adversidades. A saída do boi do altar de São João
para a “rua”, após o batismo, corresponde ao despertar de um longo período de
encantamento em que o boi-artefato se encontrava, sob proteção do santo.
O sangue é oferecido a todos aqueles que participam da cerimônia, numa comunhão com o
grupo e com o santo, celebrando o ciclo vital
SINCRETISMO RELIGIOSO
A identidade entre os que fazem o Bumba-meu-boi e aqueles que se sentem parte dele,
ainda que na condição de meros espectadores, cria um universo singular no qual o Bumba
se configura como uma manifestação cultural popular de uma força expressiva presente não
só no cotidiano de quem vive no Maranhão, mas que ultrapassa os limites do Estado,
inspirando a criação de grupos por maranhenses radicados em São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília, que reinventaram o Bumba-meu-boi a partir das referências culturais levadas de
sua terra natal.
Foi marcado pelo preconceito dos anos oitocentos, que restringia o espaço onde poderia
brincar; pela obrigação de pedir licença à polícia para sair às ruas até os anos 60; e pela
mudança de papel consolidada na década de 80, quando começa a 34 se inserir num
mercado de bens culturais que tenta transformar o Bumba em mercadoria para ser
consumida, preferencialmente, por turistas, o que já motivou crítica do Bumba-meu-boi a ele
próprio conforme toada abaixo.
Sistema capitalista
Entrou de vez na boiada
Boieiro que é boieiro
Tem que pagar na entrada
Não adianta ter pandeiro e matraca
Quem tem dinheiro entra
Liso não está com nada
Fica é na porta
Até alta madrugada
Quando eles vêm liberam a rapaziada
Devagar com o andor
Que santo é de barro
Respeita a tradição
Deixa de ver cifrão
É por isso que a zabumba faz tremer até o chão
Vou reunir
A turma de ouro
Estou reunindo a turma de ouro
O sotaque de zabumba sempre foi um tesouro
Toada “Eu vou reunir”
Nélio - Bumba-meu-boi Unidos Venceremos (2007)
São Luís/MA
Quais são os momentos da festa que o Grupo Cupuaçu faz no Morro do querosene?
Quais são os personagens que existem hoje na festa promovida pelo Grupo Cupuaçu?
CICLO ANUAL
São Luís
2 festas no ano
batizado (vem pra dançar pra são joão) e morte (cada grupo escolhe uma data) - livre
sábado de aleluia
acaba a quaresma - pode se festejar - primeiros ensaios do boi
DIA DE FESTA
nasce - dança pra sao joao (promessa)
batizado - batizado - entrega do boi pra sao joao
morte - ritual da morte
nascimento não tem muito ritual
LEVANTANDO POEIRA
Lá vai meu Boi
Levantando poeira
vem ver morena
no descer da ladeira
brilho da noite
brilha como brilham as estrelas
em noite de lua cheia
vem ver morena
no descer da ladeira
FAZENDEIRO E TIÃO (São Paulo) - Imagens de São Paulo - Graça Reis (Grupo
Cupuaçu)
Esse ano nasceu uma prenda em São Paulo
e o Fazendeiro é Tião
è um garrote mimoso
é mimo de são joão
Pra mostrar pra todo o Brasil
e também na Europa
Tradição no Maranhão
no auto - história - quando vai buscar o boi - boi volta doente - matança
REÚNE TEU BATALHÃO
Conta a história de Pai Francisco que pegou o boi, representando a morte do boi.
Vaqueiro reúne teu batalhão
Vai buscar o touro mais bonito da nação
Que saiu pra capoeira
Até hoje não voltou
Foi o Pai Francisco que passou e que levou
MORTE
meu boi já morreu
ficou triste meu terreiro
mas no ano que vem
eu canto boi o ano inteiro
ATÉ A LUA
Eu já falei com os olhos
Que te amo e você não ouviu
Eu já falei com as mãos que te quero
E você não sentiu
Eu fui até a lua
Pra tentar te convencer
E acabei namorando a lua
Só não namorei você
BARRA DE LAMÊ
Adeus morena
Para o ano se Deus quiser!
Eu quero bordar teu nome
na copa do meu chapéu
Tem a Barra de Lamê
Tem as pontas (...)
Tem o couro muito lindo
quem bordou foi a menina
dançar fora
valor monetário
turismo
apresentação da cultura para outros
diálogo
arte e cultura - importante que seja remunerado
importante remunerar a arte
não fazer durante a quaresma
RELATÓRIO DE PESQUISA
2021
FUNDAMENTOS PARA UMA TEORIA DO DOCUMENTÁRIO
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“Na medida em que a ideologia dominante e contemporânea foi criada na desconfiança da
representação objetiva do mundo - e na desconfiança da espessura do sujeito que assume
a voz de saber sobre o mundo - , a narrativa que se locomove com naturalidade nesse meio
sofre grande carga crítica.”
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“Documentário é uma narrativa com imagens-câmera que estabelece asserções sobre o
mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa narrativa como asserção
sobre o mundo. A natureza das imagens-câmera e, principalmente, a dimensão da tomada
através da qual as imagens são constituídas determinam a singularidade da narrativa
documentária em meio a outros enunciados assertivos, escritos ou falados”.
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(...)Designa um conjunto de obras que possuem algumas características singulares e
estáveis que as diferenciam do conjunto dos filmes tradicionais”.
anos 1960
aparecimento da estilística do cinema direto/verdade - o documentário mais autoral passa a
enunciar por asserções dialógicas - aproximação com o modo dramático, argumentos sendo
expostos na forma de diálogos: “O mundo parece poder falar por si, e a fala do mundo, a
fala das pessoas, é predominantemente dialógica”.
“A voz do saber, em em sua nova forma, perde a exclusividade da modalidade over. Ainda
temos a voz over, mas os enunciados assertivos são assumidos por entrevistas,
depoimentos de especialistas, diálogos, filmes de arquivo (flexionados para enunciar as
asserções de que a narrativa necessita). O documentário, portanto, se caracteriza como
narrativa que possui vozes diversas que falam do mundo e de si”.
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O autor diferencia o trabalho ficcional do documentário por meio do entretenimento
O entretenimento é posto como algo presente apenas na ficção, estabelecido pela narrativa
que promove interseção direta entre o personagem e o espectador, na medida em que se
envolve emocionalmente com os personagens e se faz asserções sobre o seu futuro.
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Podemos, igualmente, destacar como próprios à narrativa documentária: a presença de
locução (voz over), presença de entrevistas ou depoimentos, utilização de imagens de
arquivo, rara utilização de atores profissionais, intensidade particular da dimensão da
tomada. Procedimentos como câmera na mão, imagem tremida, improvisação, utilização de
roteiros abertos, ênfase na indeterminação da tomada pertencem ao campo estilístico do
documentário, embora não exclusivamente”
utilização de personagens
documentário - encarnar as asserções sobre o mundo
ficção - levam adiante ação ficcional
pg. 29
A verdade
Mas … este filme não é um documentário, ele manipula a realidade!
“Um documentário pode ou não mostrar a verdade (se é que ela existe) sobre um fato
histórico. Podemos criticar um documentário pela manipulação que faz das asserções que
sua voz (over ou dialógica) estabelece sobre o mundo histórico, mas isso não lhe retira o
caráter de documentário. O fato de documentários poderem estabelecer asserções falsas
como verdadeiras (o fato de poderem mentir) também não deve nos levar a negar a
existência de documentários. A definição do campo documentário passa ao largo da
existência de narrativas documentárias que possuem asserções não verdadeiras. O mesmo
raciocínio pode ser aplicado a conceitos como realidade ou objetividade”
verdade
“Se vincularmos a definição de documentário à qualidade de verdade da asserção que
estabelece, estaremos reduzidos à seguinte definição de documentário: narrativa através de
imagens -câmera sonoras que estabelece asserções sobre o mundo com as quais
concordo” - definição frágil que oscila conforme a subjetividade da crença.
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“Para fugirmos das armadilhas, sugiro pensarmos a narrativa documentária tendo como
analogia o estatuto de um ensaio. Não vamos, por exemplo, questionar o estatuto de um
ensaio” (...) “um ensaio ou uma tese podem estabelecer asserções com as quais não
concordamos, mas nem por isso deixam de ser ensaio e tese”
A ética
Mas … se um documentário pode mentir, como valorar sua ética?
ética - chamamos de ética um conjunto de valores, coerentes entre si, que fornece a visão
de mundo que sustenta a valoração da intervenção do sujeito nesse mundo
Podemos definir quatro grandes conjuntos éticos na história do cinema documentário; cada
um deles formando um sistema coerente de valores relacionados entre si.
a - educativo
b - imparcial
c - interativo/reflexivo
d - modesto
1 - ÉTICA EDUCATIVA
A ética educativa não encontra dilema em assumir missão de propaganda. Sua principal
função é educar a população da nova sociedade de massa que emerge nos anos 1920 e
1930, de modo que possa exercer sua cidadania, cuidar da saúde, etc.
Forma de financiamento - estatais - missão educativa
ética educativa - função de veicular asserções que divulguem aspectos funcionais do
Estado, formativos no processo educacional do cidadão
Exemplo: Humberto Mauro - ética educativa - INCE - 1936 - Instituto Nacional do Cinema
Educativo
Sendo válido o conteúdo do saber, o debate ético encerra-se, sem se derramar em direção
ao questionamento das condições nas quais o saber é construído ou enunciado
2 - ÉTICA DA IMPARCIALIDADE/RECUO
O mundo deve ser oferecido para que o espectador possa assumir de modo integral sua
parcela de responsabilidade
A ética de recuo não trabalha com câmera oculta. Não haveria sentido em se ocultar para
representar o mundo. O embate deve estar claro, e o recuo é conquistado como
recompensa da excelência estilística.
3 - ÉTICA INTERATIVA/REFLEXIVA
4 ÉTICA MODESTA
O sujeito pós-moderno, não podendo mais adquirir altura para emitir saber, se restringe a
vôos modestos, que, em geral, se esgotam no criticismo dos enunciados de saber. “Não
sei”, “Não tenho densidade para interagir”, “E, também, ninguém mais sabe”, diz o sujeito
modesto.
o sujeito que enuncia vai diminuindo o campo de abrangência de seu discurso sobre o
mundo até restringi-lo a si mesmo
É o documentário que fala, antes de tudo, sobre si mesmo, para depois, eventualmente,
arriscar-se a vôos mais altos, nos quais enuncia sobre sua condição no mundo
A ética modesta pode também abandonar a primeira pessoa. Quando isso acontece
utiliza-se de procedimentos de rarefação do discurso para sustentar a enunciação. Vozes
múltiplas se sobrepõem em uma narrativa extremamente fragmentada, centrada em
impressões fugazes do mundo
o sujeito-da-câmera modesto tem como alvo questões sociais pontuais que envolvem seu
ego, longe de tematizações mais amplas sobre a sociedade contemporânea
A ética do sujeito modesto aceita os limites do corpo e da voz do “eu”, deixando para trás as
ambições educativas, a busca de neutralidade ou as exigências da reflexividade. O “eu” fala
dele mesmo e se satisfaz no encontro com a ressonância egóica para promover a amplitude
de sua fala.
COMPROVANTE DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
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