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Bumba-meu-boi, boi-bumbá ou pavulagem é uma dança do folclore popular

brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno


da morte e ressurreição de um boi. Hoje em dia é muito popular e conhecida.

Índice

[esconder]

• 1 A origem
• 2 Personagens
• 3 Instrumentos
• 4 Enredo
• 5 Bumba-meu-boi do Maranhão
• 6 Festa em Parintins
• 7 Bibliografia

• 8 Ligações externas

[editar] A origem

A essência da lenda enlaça a sátira, a comédia, a tragédia e o drama, e


demonstra sempre o contraste entre a fragilidade do homem e a força bruta de
um boi. Esta essência se originou da lenda de Catirina e Pai Francisco,origem
nordestina, que sofreu adaptação à realidade amazônica. Dessa forma,
reverencia o boi livre e nativo da floresta Amazônica, bem como a alegria,
sinergia e força das festas coletivas pindoramas (pindoramas = indígenas - a
palavra índio e indígena derivam da falsa impressão dos "descobridores" de
terem chegado a Índia, sendo que a terra Brasileira era então nomeada por
seus nativos de Pindorama).

A festa do Bumba-meu-Boi surgiu no nordeste do país, mais especificamente


no Estado do Piauí, pois a região onde hoje se situa o Piauí começou a ser
povoada por vaqueiros que vinham da Bahia em busca de novas pastagens
para o gado. Ainda hoje a figura do vaqueiro é marcante e faz parte da cultura
piauiense, além de ser um personagem típico no estado. Mas foi no Estado do
Maranhão que o Bumba-meu-Boi foi mais popularizado e exportado para o
Estado do Amazonas com o nome de Boi-Bumbá, visitado anualmente por
milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival Folclórico de
Parintins, realizado desde 1913.

Do ponto de vista teatral, o folguedo deriva da tradição portuguesa e


espanhola, tanto no que diz respeito ao desfile como à representação
propriamente dita; tradição de se encenarem peças religiosas de inspiração
erudita, mas destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na
luta da Igreja contra o paganismo. Esse costume foi retomado no Brasil pelos
jesuítas em sua obra de evangelização dos indígenas, negros e dos próprios
portugueses aventureiros e conquistadores no catolicismo, por meio da
encenação de pequenas peças.
Como dança dramática, o bumba-meu-boi adquire através dos tempos algumas
características dos autos medievais, o que lhe dá o seu caráter de veículo de
comunicação. Simples, emocional, direto, linguagem oral, narrativa clara e uma
ampla identificação por parte do público, tomando semelhanças com a comédia
satírica ou tragicomédia pela estrutura dramática dos seus personagens
alegóricos, os incidentes cômicos e contextuais, a gravidade dos conflitos e o
desenlace quase sempre alegre, que funciona como um processo catártico.

Ao espalhar-se pelo país, o bumba-meu-boi adquire nomes, ritmos, formas de


apresentação, indumentárias, personagens, instrumentos, adereços e temas
diferentes. Dessa forma, enquanto no Maranhão, Rio Grande do Norte,
Alagoas e Piauí é chamado bumba-meu-boi, no Pará e Amazonas é boi-bumbá
ou pavulagem; em Pernambuco é boi-calemba ou bumbá; no Ceará é boi-de-
reis, boi-surubim e boi-zumbi; na Bahia é boi-janeiro, boi-estrela-do-mar,
dromedário e mulinha-de-ouro; no Paraná, em Santa Catarina, é boi-de-mourão
ou boi-de-mamão; em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Cabo Frio e Macaé (em
Macaé há o famoso boi do Sadi) é bumba ou folguedo-do-boi; no Espírito Santo
é boi-de-reis; no Rio Grande do Sul é bumba, boizinho, ou boi-mamão; em São
Paulo é boi-de-jacá e dança-do-boi.

[editar] Personagens

Os personagens do bailado são humanos e animais. Os femininos são


representados por homens travestidos. O Capitão é o comandante do
espetáculo. Há também Mateus e Catirina, personagens bastante conhecidos
que apresentam os bichos, cantam e dançam de forma engraçada, divertindo
muito o público. Fazem parte ainda do elenco: Bastião, a pastorinha, a dona do
boi, o padre, o doutor, o sacristão, Mané Gostoso, o Fanfarrão, a ema, a
burrinha, a cobra, o pinica-pau e ainda os personagens fictícios: o Caipora, o
Diabo, o Babau, o morto carregando, o vivo e o Jaraguá.

Existem vários personagens e variam bastante entre os diferentes grupos, mas


os principais são os seguintes:

Amo: representa o papel do dono da fazenda, comanda o grupo com auxílio de


um apito e um maracá (maracá do amo) canta as toadas principais;

Pai Chico ou Mateus: empregado da fazenda, ou forasteiro, dependendo do


grupo, rouba ou mata o boi para atender o desejo de mãe Catirina. O papel
desempenhado por esta personagem varia de grupo para grupo, mas na
maioria das vezes desempenha um papel cômico;

Mãe Catirina ou Catirina : Catirina é uma negra, muito desinibida que em


alguns bumbas é a mulher de Mateus. Mulher do pai Chico, que grávida deseja
comer a língua do boi. Coloca enchimento na barriga para parecer que está
gestante;

Boi : é a principal figura, consiste numa armação de madeira em forma de


touro, coberta de veludo bordado. Prende-se à armação uma saia de tecido
colorido. A pessoa que fica dentro e conduz o boi é chamado miolo do boi;
Vaqueiros: são também conhecidos por rajados. Nos bois de zabumba são
chamados caboclos de fita. Em alguns bois existe o primeiro vaqueiro, a quem
o fazendeiro delega a responsabilidade de encontrar pai Chico e o boi sumido,
e seus ajudantes que também são chamados vaqueiros;

Índios, índias e caboclos: tem a missão de localizar e prender pai Chico. Na


apresentação do boi proporcionam um belo efeito visual, devido à beleza de
suas roupas e da coreografia que realizam. Alguns bois, principalmente os
grupos de sotaque da ilha, possuem o caboclo real, ou caboclo de pena, que é
a mais rica indumentária do boi;

Burrinha : aparece em alguns grupos de bumba -meu-boi, trata-se de um


cavalinho ou burrinho pequeno, com um furo no centro por onde entra o
brincante, a burrinha fica pendurada nos ombros do brincante por tiras
similares à suspensório;

Cazumbá : Personagem divertido, as vezes assustador, que usa batas


coloridas e mascaras de formatos e temática muito variada. Não são todos os
grupos de bumba-meu-boi que possuem cazumbás;

[editar] Instrumentos

Os bois de influência predominantemente indígena, bois de matraca, utilizam


mais os seguintes instrumentos:

maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa


Maria. É um instrumento de origem tanto africana como indígena;

matraca : feita de madeira, principalmente pau d'arco, é tocada batendo-se


uma contra a outra;

pandeirão : pandeiro grande, coberto geralmente de couro de cabra. Alguns


tem mais de 1 metro de diâmetro e cerca de 10 cm de altura. São afinados a
fogo.

tambor onça : É uma epécie de cuíca, toca-se puxando uma vareta que fica
presa ao couro e dentro do instrumento. Imita o urro do boi, ou da onça.

Os bois de zabumba utilizam principalmente:

maracá : instrumento feito de lata, cheio de chumbinhos ou contas de Santa


Maria;

tamborinho: pequeno tambor coberto de couro de bicho, o mais comum é usar


couro de cutia, é tocado com a ponta dos dedos;

tambor onça : É uma epécie de cuica, tocase puxando uma vareta que fica
presa ao couro e dentro do instrumento;
zabumba: é um grande tambor, conhecido também como bumbo, é um
instrumento típicamente africano;

tambor de fogo: feito de uma tora de madeira ocada à fogo e coberto por um
couro cru de boi preso à tora por cravelhas. É um instrumento tipicamente
africano;

Os bois de orquestra tem instrumentação muito variada, utilizam instrumentos


de sopro como saxofones, trombones, clarinetas e pistões; banjos, bumbos e
taróis, também mara.

[editar] Enredo

O enredo é que não muda em todos os bumbas-meu-boi. O boi da pastorinha


se perde e ela sai a sua procura pelos arredores e vai encontrando os vários
personagens. No final o boi é sempre morto e ressuscitado, e com a morte
dele se canta a seguinte lamentação, muito conhecida de todos:

"O meu boi morreu

Que será de mim?

Manda buscar outro

Ô maninha, lá no Piauí"

[editar] Bumba-meu-boi do Maranhão

A festa do Bumba-meu-boi, uma tradição que se mantém desde o século XVIII,


arrasta maranhenses e visitantes por todos os cantos de São Luís, nos meses
de junho e julho. O Bumba-meu-boi é uma festa para crianças, adultos e
idosos, onde os grupos se espalham desde as perifeiras até os arraiais do
centro e dos shoppings da ilha. Na parte nova ou antiga da cidade grupos de
todo o Estado se reúnem em diversos arraiais para brincar até a madrugada.

O enredo da festa do Bumba-meu-boi resgata uma história típica das relações


sociais e econômicas da região durante o período colonial, marcadas pela
monocultura, criação extensiva de gado e escravidão. Numa fazenda de gado,
Pai Francisco mata um boi de estimação de seu senhor para satisfazer o
desejo de sua esposa grávida, Mãe Catirina, que quer comer língua. Quando
descobre o sumiço do animal, o senhor fica furioso e, após investigar entre
seus escravos e índios, descobre o autor do crime e obriga Pai Francisco a
trazer o boi de volta.

Pajés e curandeiros são convocados para salvar o escravo e, quando o boi


ressuscita urrando, todos participam de uma enorme festa para comemorar o
milagre. Brincadeira democrática que incorpora quem passa pelo caminho, o
Bumba-meu-boi já foi alvo de perseguições da polícia e das elites por ser uma
festa mantida pela população negra da cidade, chegando a ser proibida entre
1861 e 1868.
O atual modelo de apresentação dos bois não narra mais toda a história do
'auto', que deu lugar à chamada 'meia-lua', de enredos simplificados.
Atualmente, existem mais de cem grupos de bumba-meu-boi na cidade de São
Luís subdivididos em diversos sotaques. Cada sotaque tem características
próprias que se manifestam nas roupas, na escolha dos instrumentos, no tipo
de cadência da música e nas coreografias.Dança com característica africana, a
Congada mescla elementos religiosos e históricos, resistindo ao tempo graças
à devoção passada de geração em geração pelo povo caiçara.

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