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PUBLICIDADE O bumba meu boi é uma festa popular, com predominância nas regiões
Norte e Nordeste, que teve origem no folclore brasileiro. A festividade
é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
As festas de boi, como são chamadas as celebrações como o bumba meu boi, inspiram-se no auto do boi, um
conto popular passado por gerações que traz o seguinte enredo:
Mãe Catirina e Pai Francisco é um casal de escravizados que vive em uma fazenda no sertão. Grávida, Catirina sente
o desejo de comer a língua do boi mais bonito do dono da fazenda. Para satisfazer o desejo de sua mulher, Pai
Francisco rouba o boi preferido do dono da fazenda, mata o animal e retira a língua para que sua esposa possa
comê-la.
O vaqueiro fica sabendo do roubo e da morte do boi e avisa seu patrão. Enfurecido, o dono das terras jura vingança
e parte em busca do casal. No fim do auto, os personagens conseguem ressuscitar o boi, e, como agradecimento,
o dono da fazenda promove uma festa.
O auto do boi retrata as diferentes visões sobre o boi e a sua imponência. Para os escravizados e trabalhadores
rurais, o animal era companheiro de trabalho e sinônimo de força. Para os proprietários de fazendas, investimento
seguro e uma fonte de renda.
Durante o período em que o boi esteve parado, entrou em vigor o Código de Posturas de São Luís, pela Lei
Provincial, em 4 de julho de 1866. Seu artigo 4º “proibia a realização de batuques fora dos lugares permitidos pelas
autoridades competentes”.
Mesmo com a volta dos folguedos, os responsáveis pelo bumba meu boi tinham que pedir, por requerimento, a
autorização da polícia para que pudessem ensaiar e sair para se apresentar nos dias das Festas Juninas. A burocracia
durou de 1876 a 1913.
Veja também: Iara – sereia do folclore brasileiro conhecida como “mãe d’água”
Nomes do bumba meu boi em diferentes estados
Bumba meu boi é o nome adotado no Maranhão, estado em que a festa é parte fundamental da cultura de seu
povo. No entanto, a manifestação cultural muda de nome em diferentes partes do país, veja:
Boi-bumbá: Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Festa em junho, assim como o bumba meu boi.
Apesar da predominância cristã nos simbolismos, o sincretismo está presente ao misturar os santos juninos, os
orixás e seres mágicos. Algumas versões do folguedo contam com cultos afro-brasileiros, como tambor de mina e
terecô.
No bumba meu boi, os diferentes estilos dos grupos que encenam o auto do boi são chamados de sotaques. O que
os diferencia são os ritmos musicais, os instrumentos e as vestimentas.
Os principais sotaques do Maranhão são: baixada, matraca, zabumba, costa de mão e orquestra.
Brincantes: apesar de não ser um personagem, o público é parte fundamental do bumba meu boi. Quem
acompanha os festejos, interagindo ou não com os personagens, é chamado de brincante.
Boi: é o principal personagem da festa, e o enredo gira em torno dele. A pessoa que conduz o boneco e fica em
seu interior durante o ciclo festivo é chamada de miolo.
Casal: Pai Francisco e Mãe Catirina representam os escravizados (em algumas versões, os trabalhadores rurais).
Pai Francisco rouba o boi mais bonito do fazendeiro, mata o animal e lhe corta a língua para que Mãe Catirina
possa comê-la e acabar com o seu desejo. É comum que Mãe Catirina seja representada por um homem vestido
de mulher durante os festejos do boi.
Dono da fazenda: é o proprietário do boi. Ele é o responsável pela caçada ao casal que causou a morte do
animal.
Vaqueiro, índios e caboclos: personagens secundários da história, eles estão presentes durante a procura ao
boi e a perseguição ao casal.
Músicos: os personagens são acompanhados por bandas de diferentes ritmos. O Maranhão, por exemplo, tem a
tradição dos chamados sotaques, grupos folclóricos de diferentes estilos musicais.
O ciclo festivo do boi é composto pelo ensaio, batismo do boi, apresentações e morte.
Apresentações: é o auge da festa do boi. As apresentações, ou brincadeiras, costumam ser realizadas em junho.
É comum que as encenações sejam nas Festas Juninas, mas também podem ser feitas em outros ambientes.
Boi-bumbá de Parintins
O boi-bumbá de Parintins é a versão amazonense do bumba meu boi. A celebração foi levada ao Amazonas por
maranhenses que migraram para o estado para trabalhar com a extração de borracha, no século XX.
Em 1964, a cidade de Parintins recebeu o primeiro festival oficial do boi-bumbá, evento chamado na época de
Toada Amazônica, nome de influência indígena. Aliás, a temática da festa é predominantemente voltada para a
cultura indígena, para os povos que fizeram e fazem história na região amazônica, como Chico Mendes, e para as
lendas e seres místicos da cultura do Norte brasileiro.
O festival é realizado no fim do mês de junho, no Centro Cultural de Parintins, mais conhecido como
bumbódromo. Na ocasião, os bois Caprichoso e Garantido disputam o título. Diferentemente dos sotaques
maranhenses, o boi-bumbá conta com a marujada do Caprichoso e a batucada do Garantido.
O Festival de Parintins é uma festa que conta com mais de 38 mil espectadores por ano, gerando
aproximadamente cinco mil empregos, estimulando o turismo, aquecendo a economia e propagando a cultura.
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