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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS I

Nível intermediário

Música

Vermelho
Fafá de Belém
Composição: Chico da Silva

A cor do meu batuque


Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...

O velho comunista se aliançou


Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha cor
Vermelho!...

A cor do meu batuque


Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...

O velho comunista se aliançou


Ao rubro do rubor do meu amor
O brilho do meu canto tem o tom
E a expressão da minha cor
Meu coração!...

Meu coração é vermelho


Hei! Hei! Hei!
De vermelho vive o coração
He Ho! He Ho!
Tudo é garantido
Após a rosa vermelhar
Tudo é garantido
Após o sol vermelhecer...
Vermelhou o curral
A ideologia do folclore
Avermelhou!
Vermelhou a paixão
O fogo de artifício
Da vitória vermelhou...(2x)

Em 1996 o compositor Chico da Silva, compôs a toada Vermelho. Durante a


gravação do CD, Chico se desentendeu com a diretoria do Garantido e decidiu
retirar sua toada da lista de seleção. Porém, antes mesmo de ir para as
rádios, a toada já era conhecida de cor por toda a população amazonense,
sem jamais ter sido tocada em rádio; o sucesso veio tão somente de sua
execução nos ensaios. A diretoria entrou em acordo e a toada entrou no CD.
As cantoras Márcia Ferreira e Fafá de Belém decidiram gravar novas versões
da toada que se tornou sucesso nacional em 1997. De acordo com a Folha de
São Paulo, foi a música mais executada nas rádios do Brasil naquele ano.

Alguns termos importantes:

Boi:

Curral: quadra onde ensaiam os componentes do boi.

Introdução
Luxuoso como os desfiles de Carnaval, épico como as lendas indígenas e tradicional
com os bois-bumbás juninos, o Festival de Parintins é a principal festa folclórica da
Amazônia. Durante três dias, no último final de semana de junho, duas agremiações
disputam a melhor apresentação. São os bois Garantido e Caprichoso.

A comemoração que começou tímida em 1913, tornou-se um festival em 1965 e, a partir


dos anos 80, encheu-se de luxo graças a influência de carnavalescos como Joãozinho
Trinta.
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Disputa entre os bois Garantido e Caprichoso
é a atração principal do Festival de Parintins (AM)

O festival mobiliza a cidade de Parintins (AM) antes e durante o festival. Os


aproximadamente 50 mil habitantes da ilha que fica a 396 km de Manaus, às margens
do rio Amazonas, vêem a população da cidade dobrar com os turistas que chegam de
regatão (típico barco de passageiros com redes espalhadas pela embarcação).

A disputa, que antes se materializava em verdadeiras brigas de ruas, hoje é feita no


bumbódromo, construído exatamente para esse fim. Mas a rivalidade está presente o ano
todo na cidade. As casas são pintadas de acordo com o seu “boi do coração”. Assim,
quem é Garantido pinta sua fachada de vermelho, quem é Caprichoso, de azul.

A fábula do boi
As várias festas de boi-bumbá no Brasil recriam uma fábula rural. É a história de pai Francisco
e mãe Catrina. Grávida, mãe Catrina tem desejo de comer língua de boi. Mas não de qualquer
um, tem que ser do melhor boi da região. Assim, pai Francisco acaba arrancando a língua do
melhor boi do seu patrão, que acaba morrendo. Furioso, o patrão vai atrás de Francisco e o
prende. Um curandeiro ou padre ou médico ou pajé é chamado para salvar o boi. Com o boi
curado e vivo, o patrão acaba perdoando Francisco.

A festa do boi de Parintins


Durante os três dias de festival, os bois Garantido e Caprichoso revezam por cerca
de três horas na arena do bumbódromo. São 3.500 representantes de cada
lado. A apresentação se baseia na tradicional história do boi-bumbá (veja
box), sendo a apoteose a morte do boi. Mas diferente dos bois de outros
estados brasileiros, as fantasias, o tema das músicas e as coreografias têm
forte influência indígena. O curandeiro que salva o boi é um pajé, as roupas
dos participantes contam com cocares, penas e pinturas estilizadas no corpo.

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Modelos de tênis criados com as cores de cada um dos bois -
estratégias comerciais para aproveitar o sucesso da Festa

Os blocos também mostram aspectos genuínos da


cultura amazônica. Aparecem caçadores, caciques, A fábula do boi
regatões, canoas, misturando passado e presente, além As várias festas de boi-bumbá
das lendas amazônicas como a cobra grande, o boto, a no Brasil recriam uma fábula
rural. É a história de pai
matinta-pereira. Também é possível, por exemplo, ver
Francisco e mãe Catrina.
temas de grande atualidade como as crianças que remam Grávida, mãe Catrina tem
em suas canoas para pedir esmola aos passageiros dos desejo de comer língua de boi.
grandes barcos que cruzam o rio Amazonas ou a figura Mas não de qualquer um, tem
do líder dos seringueiros Chico Mendes, assassinado no que ser do melhor boi da região.
Assim, pai Francisco acaba
Acre em 1988.
arrancando a língua do melhor
boi do seu patrão, que acaba
Como no carnaval, o boi tem uma porta-estandarte que morrendo. Furioso, o patrão vai
leva a bandeira da agremiação. Há também o levantador atrás de Francisco e o prende.
de toadas que faz o mesmo papel do puxador do samba- Um curandeiro ou padre ou
médico ou pajé é chamado para
enredo. A batucada, equivalente a bateria das escolas de salvar o boi. Com o boi curado e
samba, conta com 400 integrantes com muita percussão. vivo, o patrão acaba perdoando
Francisco.
Outros personagens fixos das apresentações são:
Rainha do Folclore – que aparece junto com os blocos com figuras típicas do folclore
regional.
Cunhã-poranga – cujo significado é mulher bonita, é a musa da agremiação.
Amo do Boi - é o fazendeiro do boi morto. Na alegoria de Parintins, tem a função de
exaltar seu grupo e provocar o boi contrário com versos desafiadores.
Sinhazinha da fazenda – é a representante da cultura branca e européia. Costuma
acariciar e dar sal ao boi.
Pai Francisco e Mãe Catrina – os condutores da trágica história do boi.
Boi-bumbá – é o mais importante representante do espetáculo, tem uma coreografia
exclusiva.
Pajé – é o curandeiro.

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População de Parintins quase chega a dobrar durante as festividades

Outro ponto importante nas apresentações é a participação da torcida ou galera. Meses


antes, a torcida começa a aprender a coreografia do seu boi do coração e dança quando
ele se apresenta. Por uma questão de respeito mútuo, durante a apresentação do boi
concorrente toda a platéia do outro boi fica e deve ficar em silêncio. Essa manifestação,
ou melhor, não manifestação também ajuda na pontuação. Desde que o festival foi
criado, o Garantido foi o grupo que mais vezes ganhou o festival, com 16 vitórias até
2007.

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Os desfiles durante o Festival de Parintins
retratam a realidade e o imaginário da região amazônica
Das ruas de Parintins, aos poucos, o festival foi sendo levados para outros lugares.
Primeiro regionalmente. Em Manaus, a toada, o ritmo que embala os grupos, é a
música mais ouvida nas ruas, nas festas, nas rádios. O interesse nacional pelo festival
foi crescendo graças a propaganda massiva do governo amazonenses. Grupos bregas
como o Carrapicho levaram a música de Parintins para as rádios brasileiras. Outros
músicos, como a cantora Fafá de Belém, também gravaram toadas.

Atualmente interessante mercadologicamente, o festival é patrocinada por várias


empresas de grande porte. Em 2008, a Adidas criou um tênis com foco no festival com
dois modelos diferentes: o azul e o branco. A Coca-Cola chega a mudar a cor das suas
latas e banners, pintando seu secular logotipo com azul, para agradar tanto aos fãs do
Caprichoso quanto aos do Garantido. Em 12 anos, a companhia investiu R$ 42 milhões
no evento. Em 2008, a rede de TV Bandeirantes comprou por R$ 10 milhões os direitos
de transmissão do festival.

Mas como surgiu a tradição? Como é a apresentação? Veja mais detalhes nas próximas
páginas.

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