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CORALIDADES PERFORMATIVAS EM TRADIÇÃO

ENTRE OS BOIS

O espetáculo do bumba-meu–boi constitui-se de uma forma de diversão dramática,


que se coloca entre a dança, o jogo, a festa e o teatro. É anti-ilusionista,
apresentando dissociações entre personagens e intérpretes e um sentido não
realista.
O festejo é uma soma de reisados*, que dada a sua curta duração, são
apresentados em série e sua estruturação obedece um único critério fixo: O reisado
final é o bumba-meu boi.
Praticado em todo Brasil, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, o “brinquedo”
apresenta diferentes nomes: Boi-Bumbá, Boi-Mamão, boizinho, Cavalo-Marinho, Boi
de Reis, Reisado Cearense, etc…
A palavra bumba, que nomeia o festejo, surge de uma corruptela de “zabumba” ou
“bombo”, mas seu sentido está mais precisamente ligado a ” bordoada, pancadaria”.
Isto se deve ao fato de que os divertimentos populares, como mamulengo e o
bumba-meu-boi, giram em torno das pancadas, numa reminiscência das velhas
farsas populares, desde a commedia dell’arte até a comédia pastelão do cinema
mudo, passando pelas pantomimas de circo.
O bumba-meu-boi, na sua formação, lançou mão de todos os elementos do
romanceiro, da literatura de cordel, das toadas de pastoril, de canções populares ,
de louvações, de loas, de tipos populares, de assombrações , do bestiário, a tudo
acrescentando a improvisação dos diálogos e as danças, na fixação do mais
importante espetáculo popular, num sincretismo artístico-folclórico-religioso dos mais
completos.
O bumba-meu-boi, como espetáculo popular autêntico, é praticado pelo povo que
não o enxerga como teatro. Nunca diz-se “vou representar hoje” mas “vou brincar
hoje”, empregando, ainda que subconscientemente, a palavra brinquedo no sentido
de jogo, que é designação medieval para o ato de representar.
A função dura, normalmente, oito horas (geralmente das 21:00 às 5:00hs). Esse
longo período de duração deve-se mais à repetição das palavras, cantos e passos
do que ao desenvolvimento das cenas. Durante toda a representação bebem os
“atores/brincantes” e bebe o público, numa variante atual das comemorações de
Dionísio.

Versão Brasileira

No Brasil, a lenda e as celebrações do Boi-bumbá podem variar um pouco de acordo


com a região, mas o enredo principal é sempre o mesmo: a morte e a ressurreição
de um boi.
A tradição conta a história do casal de escravos Francisco e Catirina. Ela, grávida,
manifesta o desejo de comer a língua de um boi, então, para agradar sua esposa, o
marido dela escolhe o mais bonito e charmoso da região. O que ele não sabia, é que
esse boi era o preferido do fazendeiro.

Quando descobre o que aconteceu, o homem prende Francisco e pede que outros
escravos encontrem o boi. Com a ajuda de um pajé, o animal é ressuscitado, e todos
celebram o “milagre”, fazendo a festa do Bumba Meu Boi.

A festa e as brincadeiras de rua de Bumba Meu Boi são montadas com muitos
cânticos, coreografias e encenações, e têm sempre garantida a presença de um
grande boi, feito com armações de madeira, ou arame, revestidas com tecidos
bordados e coloridos. Para dar vida ao personagem, um ou dois homens ficam
embaixo da fantasia, dando movimento à figura e dançando em meio à multidão,
provocando e brincando com as pessoas, como se o boi fosse dar chifradas nelas.
Os homens que controlam o boi são conhecidos como “miolos do boi”.

Versão Europeia

O conto “O vaqueiro que não mentia” é uma história que se passa na Península
Ibérica e fala sobre um rico fazendeiro que tinha um boi muito querido por ele,
chamado Barroso. O responsável por cuidar do animal era um vaqueiro conhecido
por nunca mentir. Instigado pelo comportamento do moço, um fazendeiro vizinho
aposta com o dono de Barroso que o vaqueiro que não mentia, um dia, ia trair sua
confiança.

Para ganhar tal aposta, ele pediu que sua filha seduzisse o vaqueiro e pedisse que
ele matasse o boi de seu patrão como uma prova de amor. Apaixonado pela moça, o
empregado então mata o Barroso sem pensar nas consequências. Quando o dono
do boi descobre, e pergunta ao vaqueiro se ele sabia o que tinha acontecido com o
seu animal de estimação, ele confessa o crime cantando uma cantiga em que pede
perdão ao patrão.

Por ter falado a verdade, uma atitude considerada nobre pelo dono da fazenda, o
vaqueiro é perdoado, ganha o valor da aposta e todos passam dois dias em festa.

FONTE <acessada em 07/09/2022, recortes foram realizados no texto para melhor


compreensão e coerência com os pontos de vista da pesquisa e dos pesquisadores>

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