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COMUNICAÇÃO ORAL - RESUMO - [GT 07] EDUCAÇÃO MEMÓRIA

HISTÓRIA

A FARRA DOS BOIS PINTADINHOS NO MUNICÍPIO DE MACAÉ – RJ

Wilson Dos Santos Souza (wilsonreg@terra.com.br)

Giovane Do Nascimento (giovanedonascimento@gmail.com)

O presente trabalho é dedicado à compreensão da farra dos Bois Pintadinhos


em Macaé-RJ, e, nesse sentido, trata-se de uma manifestação da cultura
popular amplamente vista em toda a cidade e constitui uma das práticas
culturais mais importantes do município, sendo dele um patrimônio imaterial.
Embora a tradição do “boi” exista há mais de um século, segundo registro da
própria Prefeitura, a bibliografia a nível acadêmico é praticamente inexistente.
Em função da imensa importância que apresenta o “Boi Pintadinho”, e levando-
se em conta a intensidade com que acontecem as manifestações no período
do carnaval, e, considerando o envolvimento das pessoas e comunidades,
produzir uma etnografia do folguedo se torna fundamental para a
compreensão do mesmo. Situamos a “brincadeira” entre as multiformes
apresentações existentes nas mais diversas regiões do Brasil: “Boi-Bumbá” no
norte, “Bumba-Meu-Boi” no nordeste, Reis de Boi, Boi Pintadinho, Boi
Malhadinho e Boi de Reis no sudeste, Boi de Mamão no sul, Santa Catarina.
Mário de Andrade as situava no primeiro plano das “danças dramáticas” em
termos de originalidade, complexidade e exemplaridade. Chamamos atenção
para o mito dos diversos bois, que não é uniforme, mas importante, pois é
elemento de identidade. O mais comum, é aquele que narra a história da morte
e ressurreição do boi (norte/nordeste). Existem variantes, ressignificações e,
em alguns lugares, a própria inexistência de um auto. Em Macaé, o Boi
Pintadinho ocorre no ciclo carnavalesco, e segundo site da prefeitura (MACAÉ,
2010), possui cento e oito anos de existência. Dadas as suas dimensões,
esses bois que competem na avenida são grandes, demandando destreza para
quem os movimenta. Acompanha-os um grupo de ritmistas, que marcam o
ritmo da dança do boi. Os instrumentos principais são o surdo, a caixa e o
repique. De acordo com as informações existentes no blog
http://boispintadinhosdemacae.blogspot.com.br, há em torno de noventa bois
catalogados pela Liecam (Liga Independente das Entidades Carnavalescas de
Macaé), que coordena os desfiles de carnaval, sendo o município recordista
em número de bois em todo Brasil. Os quesitos avaliados pelos jurados nos
concursos de bois são: animação, bateria, adereços e originalidade. O “boi” é
uma tradição típica dos bairros de periferia. Bois grandes confeccionados pelos
artesãos mais experientes, ou bois menores feitos por crianças e adolescentes,
que pedem dinheiro nas esquinas para financiar a construção do “boi” da
própria rua. Situamos o Boi Pintadinho em relação ao de Campos, que tem o
mesmo nome, e ao Boi Malhadinho de Quissamã. Consideramos relevante
isso, pois há características comuns que conferem uma certa identidade
regional ao “boi”. Como manifestação cultural das periferias o Boi Pintadinho é
uma resposta das comunidades, em nível simbólico à sua invisibilidade social,
constitui elemento de representação cultural (HALL, 2016) e, ao mesmo tempo,
de resistência (o “Boi Pintadinho” sobrevive às transformações urbano/culturais
geradas pela vinda da Petrobras para o município desde 1977). Esta pesquisa
tem por objetivo principal compreender que manifestação cultural é essa que
se revela em um todo artístico-expressivo, com ênfase nas práticas musicais a
ela ligadas. Como objetivos específicos pretende-se situá-lo em relação aos
“bois” de Campos e Quissamã, mapear os grupos, analisar as representações
sociais por ele engendradas, descrever os processos de construção, discutir as
políticas culturais de incentivo, conservação e salvaguarda e, por fim, fazer a
transcrição musical das batidas das baterias. A metodologia compreende a
análise de informações da imprensa oficial, de blog e da nossa própria
observação, pesquisa etnográfica musical, estudo comparativo dos “bois”
dentro do município e com os de Quissamã e Campos, observação
participante, recorrendo a entrevistas individuais com mestres e lideranças dos
grupos, investigando elementos de sua história oral e memória.

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