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“Ora, o tempo histórico, porque não se exprime 'á maior parte das vezes em termos narrativos,
ao nível do historiador ou ao da memória coletiva, comporta uma referência constante ao
presente, uma focalização implícita no presente. Isto é acima de tudo válido para a história
tradicional, que durante muito tempo foi, preferencialmente, uma história-conto, uma
narração. Daí a ambiguidade dos discursos históricos que parecem privilegiar o passado,
como o programa de Michelet: a história como "ressurreição integral do passado".
Além desses festivais, outras iniciativas culturais que se destacaram na época traziam em sua
programação a música como um dos elementos de agregação de público, como é o caso do
Salão de Humor do Piauí e a Feira de Arte Popular realizada na praça Saraiva, centro de
Teresina. Outra iniciativa que merece ser mencionada é o projeto Torquato Neto criado pela
secretaria de cultura do Estado do Piauí que tinha como objetivo a promoção da música
piauiense (Medeiros
No âmbito cultural da cidade, particularmente no que diz respeito à música piauiense
destacamos os trabalhos de Fernando Muratori (2012)1 e Marcelo Silva Cruz(2016)2 que em
suas pesquisas fornecem uma análise sobre as preferências e o consumo musical da cidade. Os
autores exploram o diálogo e a tensão em Teresina, destacando a interação entre seus
elementos tradicionais e a influência da importação de ritmos modernos provenientes de
metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo e de outros centros capitalistas globais.
Mostrando que estes centros não apenas funcionam como grandes polos geradores de
produtos de entretenimento, mas também desempenham um papel crucial na introdução de
novos sentidos e estilos musicais na dinâmica cultural da cidade. Com uma análise das
músicas, e de estilos que marcaram o período, incluindo a MPB, o rock e a música brega e os
depoimentos de artistas locais percussores da “canção popular Piauiense”.
A avaliação realizada pelos autores evidenciou que o Brasil exibe uma multiplicidade de
contextos musicais singulares, cada um caracterizado por suas próprias peculiaridades e
estruturas de consumo. Em Teresina, particularmente, essas mesmas estruturas, características
e contextos também se fazem presentes, embora não de maneira rigidamente distinta. Sobre
essa observação Cruz (2016, p.55) assinala que o diversificado turbilhão musical, originado
na Era dos Festivais no eixo Rio-São Paulo, durante a segunda metade da década de 1960 e a
primeira metade da década de 1970, de alguma maneira reverberou na produção musical dos
teresinenses.
1
MURATORI COSTA, Fernando. Seu gosto na berlinda: um estudo sobre a produção e o consumo musicais
nos anos 1970. Dissertação de mestrado (Mestrado em História do Brasil) –Centro de Ciências Humanas e
Letras, Universidade Federal do Piauí. Teresina, 2012.
2
CRUZ, Marcelo Silva. Artífices da canção: história e memória de artistas nos festivais de música popular
em Teresina (décadas de 1970 e 1980). 2016. Dissertação (Mestrado em História do Brasil )2016.