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RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES DO ESTUDANTE BOLSISTA E VOLUNTÁRIO

DO PIBIC/CNPq - UFPE
(Refere-se às atividades realizadas no período de setembro de 2020 a agosto de 2021)

1. IDENTIFICAÇÃO

Nome do(a) Orientador(a): Isabel Cristina Martins Guillen


Nome do(a) Estudante: Guilherme Lima Ferreira
Área do projeto: Ciências Humanas - História
Título do projeto: Memória e história dos movimentos negros de
Pernambuco
ID do projeto 200715594

2. RESUMO

O presente trabalho, tem como foco a memória e a história dos movimentos negros em
Pernambuco, bem como as relações construídas por seus militantes no âmbito político e cultural nas
décadas de 1970-1980. Buscamos analisar parte do acervo documental do Laboratório de História
Oral e Imagem da Universidade Federal de Pernambuco (Lahoi - UFPE), tomando como pontos de
observação os discursos movimentados acerca do 13 de Maio e do 20 de novembro, por meio de
matérias publicadas no Diário de Pernambuco. Entendendo estes dois momentos como pontos
privilegiados de investigação, visamos entender como o debate a respeito das relações
étnico-raciais brasileiras, do abolicionismo, do racismo, da cultura e memória negra se apresentam
nos jornais e movimentam uma série de elementos imagéticos-discursivos, apontando, ainda que de
modo indiciário, as mobilizações, contendas, negociações e as ações efetivas de personagens
ligados aos movimentos negros de Pernambuco. Vale mencionar, que as décadas de 70 e 80
tratam-se de períodos significativos de intensas lutas sociais, da consolidação de uma identidade
afrodescendente e de um modo de ser negro, consubstanciado, sobretudo, na denúncia da existência
do racismo e da ideologia da democracia racial.

3. INTRODUÇÃO

Este projeto se propõe a pensar a história do pensamento racial e dos movimentos negros do
Recife, durante as décadas de 1970 a 1980, imersos numa complexa luta política para estabelecer o
poder de significar as práticas culturais e polítcas afrodescendentes. Este é o período em que
assistimos a consolidação e legitimação de diversos movimentos negros que colocaram em pauta
não só a luta contra a discriminação racial, mas também a negritude, em que as manifestações
culturais exerceram papel central na formação de uma identidade negra. Nesse sentido, lançando
mão da documentação do jornal Diário de Pernambuco – disponível no acervo online do Lahoi –
tomamos como pontos de observação os discursos movimentados acerca do 13 de Maio e do 20 de
Novembro. Entendendo estes dois momentos como pontos privilegiados de investigação, visamos
2

entender como o debate a respeito das relações étnico-raciais brasileiras, do abolicionismo, do


racismo, da cultura e memória negra se apresentam nos jornais e movimentam uma série de
elementos imagéticos-discursivos, apontando, ainda que de modo indiciário, as mobilizações,
contendas, negociações e as ações efetivas de personagens ligados aos movimentos negros de
Pernambuco.
O Laboratório de História Oral e da Imagem da UFPE (LAHOI) abriga um grande acervo de
entrevistas realizadas, pelos pesquisadores Ivaldo Marciano de França Lima e Isabel Guillen, com
agentes relevantes da agenda cultural e política afrodescentes do Recife, como reis e rainhas de
maracatu, mestres de batuque, cantores e articuladores de afoxés, desfilantes, além de militantes dos
movimentos negros. O LAHOI ainda possui uma extensa coleção de recortes de jornais que têm a
cultura negra no Recife em pauta. Este acervo vem sendo formado através de projetos de pesquisa,
como o Inventário Nacional de Referências Culturais dos Maracatus Nação, História e memória dos
maracatus nação, organização do acervo do MNU, dentre outros. Grande parte desse acervo de
entrevistas encontra-se on-line, com transcrições feitas e revisadas. Um dos objetivos deste
subprojeto de pesquisa é justamente se debruçar sobre o acervo e analisá-lo com o auxílio do porte
bibliográfico. Objetiva-se sistematizar os dados do acervo do LAHOI no que diz respeito aos
movimentos negros e contriuir para a iluminação de lacunas presnetes nos estudos dos movimentos
negros.
Os caminhos percorridos pelos(as) militantes negros(as) do Recife se inserem num processo
de disputa de significação de espaços e de memórias. Nesta direção, caminham agenciando valores,
ideias e discursos; reelaborando o passado, prognosticando um futuro e tensionando o presente.
Assim, a cidade do Recife vai sendo matizada por cores de outras dimensões, que escapam ao
“concreto” e flutuam no mundo do simbólico. À luz de Ítalo Calvino, Antônio Paulo Rezende
pontua: "as cidades representam mudanças e permanências, imaginários e cotidianos, heterogêneos
e grandiosos, para quem as vive, para quem as pensa, para quem se envolve com as suas histórias"1.
Camadas e mais camadas se sedimentam para formatar, ainda que transitoriamente, as
qualidades daquilo que se apresenta para além do “natural”, do “espontâneo”. Como Guillen,
investimos na ideia de que “as relações de poder configuram paisagens, traçam percursos, definem
lugares, delineiam pertencimentos e identidades e, dessa forma, constituem territórios.”2
Portanto, é fundamental rearfirmar a condição dos sujeitos, dos negros e negras, enquanto
agentes históricos. Ou seja, como indivíduos capazes de se inserir, ao seu modo, entre aproximações
e recuos, continuidades e rupturas, e interagir num ambiente conflitivo de disputa. Aliás,
reforçamos: "A paisagem memorial da cidade do Recife, como de qualquer outra cidade, é o
resultado de uma disputa política por significar o espaço”3. Homens e mulheres militantes, como
Edvaldo Ramos, Inaldete Pinheiro, Jorge Morais, Vicente Lima, Vera Barone, Telma Chase e tantos
outros, são personalidades atravessadas pelas disputas de poder e que nos auxiliam na investigação
do cenário político e racial do Recife.
Ainda segundo Guillen, apesar do Recife ter sido (por mais de 300 anos) um importante
centro escravista do mundo Atlântico, as marcas históricas do trauma da escravidão permencem
perifericamente localizadas. Certamente, somente após muito esforço alguém esbarrará com alguma
referência da cultura negra pelas ruas do Recife. “Parece que a história da escravidão e da cultura
negra, herança da diáspora, permanece invisibilizada na cidade”4. Devemos estar atentos à

1
REZENDE, A. P. M.. O Recife: Os espelhos do passado e os labirintos do presente ou as tentações da memória e as
inscrições do desejo. Projeto História Espaço e Cultura, São Paulo, v. 18, 1999, p.156.
2
GUILLEN, Isabel C. M.. Lugares de memória da cultura negra no Recife: inscrever a memória na cidade. In: XIV
Encontro Nacional de História Oral, 2018, Campinas. Anais Eletrônicos do XIV Encontro Nacional de História Oral,
2018, p.01.
3
Ibid., p.08.
4
Ibid., p. 01.
3

apresentação destes espaços como uma espécie de repositório memorial, no qual se deposita uma
certa representatividade afetiva, cultural.
Ora, mas como e por que o passado de uma sociedade escravista parece esconder-se pelas
esquinas não transitadas, pelos becos escuros e nas brechas dos muros? O passado não brota, não se
“manifesta” como que provocado por uma entidade atemporal; por não possuir sentido próprio5 o
passado se inscreve, ele mesmo, por meio dos sujeitos. As marcas do tempo, as expressões do
passado e da memória, e mesmo a identificação direta/indireta com estes, são produto das dinâmicas
das sociedades. No caso do Recife, as expressões da negritude estão diretamente ligadas – ainda que
nem sempre – à participação ativa e aos manuseios simbólicos empenhados pelos(as) militantes
negros(as), sendo, da mesma forma, produto do agenciamento das relações sociais. As identidades,
já entendidas aqui de modo fluído, transitório, devem ser examinadas como uma “invenção social”6.
Em outras palavras, há de serem vistas como fabricações sociais e históricas, despidas de sentido
temporais de originalidade (uma vez que não vêm das origens). É, então, neste complexo de
ambiguidades que desenvolvemos a pesquisa acerca do movimento negro do Recife.

4.OBJETIVOS DO PROJETO

Objetiva-se investigar o movimento em suas diversas dimensões e a história dos discursos


raciais do Recife através do material disponível pelo acervo online do LAHOI (Laboratório de
História Oral e da Imagem da UFPE), em especial dos militantes de movimentos negros,
contribuindo para a apuração dos estudos do acervo e construir um suporte para outros
pesquisadores, permitindo que outras vozes possam ser ouvidas e consequentemente elaborar uma
diversidade de pontos de vista acerca dos discrusos raciais pernambucanos. Ressalte-se também a
importância deste projeto para comprender os embates simbólicos e políticos desenvolvidos ao
largo da histórica dos movimentos negros do Recife e quais o seus desdobramentos na atuação
política da militância organizada durante as décadas de 70 e 80.
● Analisar as entrevistas realizadas com militantes dos movimentos negros existentes no
LAHOI, com o objetivo de fazer um levantamento das questões abordadas.
● Analisar a documentação, existente no LAHOI (recortes de periódicos), do Diário de
Pernambuco, um dos principais jornais diários da cidade.
● Fazer revisão da bibliografia sobre o tema, principalmente das teses e dissertações
defendidas nos últimos dez anos.
● Produzir relatórios e participar de encontros de iniciação científica

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO OBJETIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS

5
ALBUQUERQUE JÚNIOR, DURVAL M.. História: a Arte de Inventar o Passado, In:______. História A Arte de
Inventar o Passado: Ensaios de teoria da história. Bauru, SP: Edusc, 2007, p.53.
6
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval. M.. Fragmentos do discurso cultural: por uma análise crítica do discurso sobre a
cultura no Brasil. In: Gisele Marchiori Nussbaumer. (Org.). Teorias & Políticas da Cultura. 1ed.Salvador: EDUFBA,
2007, v. 1, p. 18
4

A imprensa7, os grupos de leitura, os congressos acadêmicos, até mesmo as celebrações da


cultura negra (por meio dos maracatus e dos afoxés8) foram canais retomados e desenvolvidos como
modo de tática de resistência contra a opressão racial. Daí manuseava-se tudo, combatia-se pela
ocupação de espaços pela negritude, pela promoção das atividades culturais, debatia-se a abolição, a
“ideologia da democracia racial”, o 20 de novembro e a positivação dos quilombos e de Zumbi dos
Palmares.
Conflitos de toda ordem dilaceraram a vida dos homens e mulheres pretos(as). As relações
raciais do Brasil, mais sofisticadas e “harmoniosas” – como quiseram fazer crer os ideólogos do
“paraíso das raças” –, por vezes parecem discursivamente subtraídas de sua dimensão violenta,
sempre dispostas à reprodução de uma opressão “silenciosa” e estrutural. É, portanto, fundamental
pensá-las.
Não obstante,a partir da análise das fontes de jornais9 tomamos para estudo mais cuidadoso
os elementos reunidos em torno do 13 de Maio e do 20 novembro, momentos privilegiados de
observação uma vez que deslocam grande energia e atenção dos agentes sociais e políticos do
Recife, envolvendo um sem-número de questões acerca das relações étnicos-raciais brasileiras, do
regime escravocrata e do abolicionismo.
Um dos intelectuais mais importantes para o Brasil do século XX foi Gilberto Freyre.
Pernambucano de nascença, produziu uma obra vastíssima e foi fundamental para o surgimento de
uma maneira distinta de enxergar os problemas raciais brasileiros. Muito próximo da elite letrada do
Recife, atuou em muitos espaços como a Fundação Joaquim Nabuco – da qual, aliás, foi fundador –,
além de ter sido deputado pela UDN. Muito prestigiado, recebeu, ainda em vida, o título de Doutor
Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tornou-se membro da
Academia Pernambucana de Letras. Assim, Gilberto Freyre é uma personagem incontornável no
nosso estudo.
Freyre, colunista frequente do Diário de Pernambuco – um dos mais tradicionais e influentes
jornais do estado –, escreveu, quando da comemoração dos 85 anos da abolição, as seguintes linhas
acerca do fim da escravatura:
É muito o que de grandioso, de positivo, de honroso para o Brasil representa a data da
Abolição. Que país resolveu problema igual - o de substituição do regime de trabalho
escravo pelo livre - de modo tão fraterno, tão lírico, tão pacífico, com aplausos tão
espontâneos, com discursos de tão bonita retórica, com gestos tão cavalheirescos, com
flores tão festivas, com tão perfeito entendimento entre a Regente, o Parlamento, a
imprensa, os estadistas, o povo das ruas?.10

O que se nota nas palavras de Freyre é um exercício de valorização simbólica do 13 de


Maio. Afinal, segundo o autor, a data marcava um processo de substituição da natureza da mão de
obra escrava pela livre de uma maneira surpreendentemente pacífica – como supostamente jamais
visto em nenhum outro canto do mundo. Por isso, todo o povo brasileiro celebrava aquele momento
de união nacional, quando o Brasil esteve distante de qualquer marcador de opressão, seja de classe
ou, ainda menos, de cor. Reunidos, homens públicos e escravizados; servidores do Estado e
7
Apontamos os periódicos Angola, do Centro de Cultura Afro-Brasileira; Negritude, do Movimento Negro Unificado
de Pernambuco/MNU-PE; Omnira, do Grupo de Mulheres do MNU-PE; NegrAção,do Afoxé Alafin Oyó e Djumbay,
da Djumbay - Organização pelo Desenvolvimento da Comunidade Negra. Para saber mais sobre a atuação da Imprensa
Negra em Recife ver: SANTOS, Aílla Kássia de Lemos. Movimentos Negros em Pernambuco e a Imprensa Negra
como Estratégia de Luta (1980-1990). CANTAREIRA (UFF), v. 1, p. 17-31, 2018.
8
Sobre a ocupação dos maracatus e dos afoxés como instrumento político dos movimentos negros do Recife, ver:
LIMA, Ivaldo Marciano de França. Entre Pernambuco e a África. História dos maracatus-nação do Recife e a
espetacularização da cultura popular (1960-2000). Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de
Pernambuco. Recife, p. 419. 2010.
9
Sobre a relevância dos jornais enquanto documento histórico ver: DE LUCA, Tania Regina. História dos, nos e por
meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto. 2005 pp. 111-153.
10
FREYRE, Gilberto. A propósito do 13 de Maio, Diário de Pernambuco, Recife, 13/05/1973: Caderno I, p.04.
5

profissionais liberais; enfim, gente de toda sorte (o povo! Esta entidade abstrata tantas vezes
frequente nos discursos políticos) confraternizaram sobre os grilhões despedaçados da escravidão.
Para Freyre, personagem por muito tempo empenhado em contrapor os detratores da
mistura racial11, o Brasil teria encontrado nas conjugações dos povos a sua maior e mais relevante
qualidade: a miscigenação; um movimento de catarse, produto do encontro entre mundo distintos
que acomodavam-se fraternalmente. Do encontro da cristandade com a cosmovisão indígena e
negróide, erguia-se a grande nação tropical, o Brasil: original e lustrado.
À nossa violência tão dispersa e naturalizada quanto os hábitos de "cadeirinhas de arruar”; à
dependência econômica em relação à estrutura escravocrata – identificada na relação direta entre o
enriquecimento das vilas e o enegrecimento da população12 – que movimentava não só a mão de
obra escravizada como também condicionava a vida de negros livres, o pensamento Freyriano
indicaria a amenização das complexas e ambíguas relações de desigualdade/discriminação, sob o
pretexto do Brasil ter fabricado o mais jubiloso equilíbrio racial.
Muito próximo de suas antigas teses, é ainda possível traçar um paralelo entre a coluna
citada acima e o prefácio à primeira edição de Casa-grande & Senzala – certamente a produção
mais valiosa do autor –, publicado pela primeira vez na década de 1930. Cito: "A miscigenação que
largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado
enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala." Dessa maneira, o
mito13 da três raças resgatava uma escravidão docilizada, relativizada, amena, íntima, adaptada ao
clima extrovertido dos trópicos.O referencial tornava-se a romantização das relações escravistas:
antes um pai do que um senhor; antes servos disciplinados e obedientes do que escravos.
É difícil apontar precisamente todos os caminhos trilhados por Freyre ao longo de sua obra.
O que há de permanência e de inovação na comparação do jovem professor universitário dos anos
30 e o premiado intelectual das décadas seguintes? Essa, de fato, não é a questão principal. Vale
notar, com ênfase, a complexidade dos discursos postos em movimento, tanto por Freyre quanto
através dele.
A intervenção notada no artigo não se finda com júbilos eternos à abolição. Na verdade,
apesar de tomar o 13 de maio como uma data nacionalmente simbólica de nossa expressão
harmoniosa e conciliativa, Freyre busca ainda atualizar problemas e colocar em pauta as suas
misérias e limites. Segundo ele, uma data não é um valor isolado nem marca um acontecimento que
possa ser desprendido de seus antecedentes e de suas decorrências". E continua a discorrer sobre as
deficiências da abolição, as quais só estariam atentos os abolicionistas do “porte” de Joaquim
Nabuco, observando o mérito não somente em termos jurídicos, mas também sociológicos. Afinal,
não sendo mágica, as alternativas jurídicas não estancariam os problemas sociais do Brasil. Desse
modo, se observaria o saldo do desamparado dos libertos, lançados à marginalidade sem assistência
privada ou do Estado: uma massa de ex-escravizados (migrantes do campo) inundando as ruas das
cidades, sem nenhum meio de se sustentarem e ainda mais, disputando num novo modelo de
trabalho livre do qual nunca participou ou foi preparado.
E assim podemos indicar a dificuldade em estabelecer conjuntos, mais ou menos rígidos, de
semelhanças dos discursos apresentados nas páginas do Jornal. É preferível, a priori, sublinhar a

11
Sobre a relevância de Gilberto Freyre para o redirecionamento intelectual dos debates acadêmicos sobre a racialidade
nacional, ver SCHWARCZ, Lilia Moritz. Gilberto Freyre: adaptação, mestiçagem, trópicos e privacidade em novo
mundo nos trópicos. Philia&Filia, Porto Alegre, v. 2, n. 2, p. 85-117, 2011. Disponível em: <
http://seer.ufrgs.br/Philiaefilia/article/view/24427/14103 >.
12
CARVALHO, Marcus J. M de. Cidades Escravistas. In: SCHWARCZ, Lilia M.; GOMES, Flávio dos Santos (Orgs.).
Dicionário da escravidão e liberdade : 50 textos críticos. . São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
13
Para uma análise historiográfica dos conceitos correntemente utilizados por estudiosos acerca das condições raciais
no Brasil, ver: LIMA, I. M. de F. Por uma História a partir dos Conceitos: África, cultura negra e Lei 10.639/2003.
Reflexões para desconstruir certezas. A Cor das Letras, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 125–151, 2017. DOI:
10.13102/cl.v12i1.1488. Disponível em: http://periodicos.uefs.br/index.php/acordasletras/article/view/1488. Acesso em:
4 out. 2021.
6

inexistência de uma univocidade absoluta. Entre avanços e recuos, recusas e positivações,


retomadas e inovações, o que se nota é a profusão de elementos distintos, ambíguos, maleáveis e
que vão, ao longo do tempo, sendo reordenados. Disso o próprio Freyre é evidência, afinal, fez
possível comemorar e condenar a abolição numa mesma matéria de Jornal.
Todavia, além de Gilberto Freyre muitas outras personalidades, dentro e fora da negritude,
estiveram atentos(as) ao debate racial no Recife. Alguns colunistas frequentes merecem destaque,
como: Roberto Motta, Sylvio Ferreira, Arnaldo Jambo, Lêda Rivas, Vamireh Chacon entre outros.
Num esforço, talvez seja possível identificar, mesmo que sumariamente, três correntes discursivas
apresentadas ao longo das duas décadas análisadas: 1ª) louvação à abolição como a cura de todas as
chagas raciais no Brasil; 2ª) a defesa da permanência do valor simbólico do 13 de maio em pararelo
à observação crítica as dificuldades experimentadas pela condição racial no pós-abolição; e 3ª) a
tomada com 13 de maio como espaço de denúncia do racismo, da violência e da opressão sofrida
por negros e negras. Estas três, em suas zonas de convívio, estabeleciam elementos comuns
razoavelmente compartilhados, mantidos e apresentados. No entanto, divergiam quanto ao valor
simbólico dos personagens e eventos, É possível afirmar ainda que há um esforço de reavaliação,
reabilitação, relocalização dos mesmos materiais – salvo uma e outra introdução – , colocadas sob
novas roupagens, ao longo de vários momentos e debates.
No entanto, estes discursos não são, em sua totalidade, exteriores ao movimento social. Não
quero com isso dizer que as militâncias se puseram ao serviço de reprodutores ideológicos destes
discursos. Pelo contrário, a ação prática e pedagógica levada a cabo por setores organizados dos
movimentos recolhiam os materiais discursivos para, sobre eles, performar. No mais, não
tornar-se-ia exequível fabricar um universo simbólico completamente novo. Para responder às
demandas da atividade política era preciso assegurar a penetrabilidade das ideias seguramente mais
receptivas se ajustada ao horizonte comum. O passo seguinte foi, por meio dessa tática, avaliar a
direção das marés e intervir ativamente nesse processo, quer seja na mesma direção ou, quase
sempre, a contrapelo.
É, por isso, também importante nos determos sobre o centenário da abolição e as muitas
partículas que o circularam. O centenário é marcante por ser um ponto de inflexão notável dos
discursos raciais. No caso do Diário de Pernambuco, ao longo de todo o mês pipocam um irrestrito
número de artigos publicados, abrindo-se para o envolvimento de leituras muito distintas naquilo
que se refere à apreciação do 13 de Maio. O centenário é, antes, um marco de evidência e não de
univocidade, De fato, a sua tônica não parecia nem de longe harmoniosa; a priori, eclodiam por
todos os cantos divergências muito amplas. E foi assim, “em meio a protestos e comemorações”14
que selou-se o centenário.
Portanto, isso não significa a manifestação do centenário enquanto uma mudança de chave
da racialidade no Recife. Ainda em 88 é perene o forte apelo à imagética dos próceres
abolicionistas, por exemplo. Em uma das páginas do Jornal é possível notar dois retratos, de
Joaquim Nabuco e da Princesa Isabel. Abaixo, seguem-se breves descrições: “Joaquim Nabuco,
todo abolicionismo num homem”; “Princesa Isabel, um instante de lucidez da monarquia”. Em face
disso, fazia-se representar toda a causa abolicionista por estas duas figuras “peculiares” da nossa
história. Elas reuniam a síntese concreta do abolicionismo e do sucesso do 13 de Maio.15
Ao mesmo tempo, reuniam-se no Parque 13 de maio, cenrtro do recife, membros do MNU
(Movimento Negro Unificado), do grupo Raças Negra, Afoxé Alafin Oyó, do Comitê Negro da
Câmara de Vereadores e o vereador Vicente André Gomes – autor do projeto (rejeitado pelo
legistaltivo municipal) que alterava o nome do Parque 13 de Maio – em protesto à "farsa da
abolição". À noite, encontraram-se e promoveram, além da apresentação de um recital de poesias e
danças afro-brasileiras, o enterro simbólico do 13 de Maio. Uma vez findada a performance,
fixou-se uma placa no local com os dizeres: “20 de novembro em homenagem a Zumbi dos
14
Abolição faz 100 anos: em meio a festas e críticas, Diário de Pernambuco, Recife, 13/05/1988, capa.
15
Abolição: 100 anos, Diário de Pernambuco, Recife, 13/05/1988, p. b1.
7

Palmares”. Este era um ato inaugural pelo qual pretendeu não só refundar o Parque, mas que
buscava integrar toda a negritude em virtude do combate ao racismo e da discrimnação,
entronizando Zumbi e os negros dos Palmares como a efígie do movimento.16
As vibrações emitidas pelos grupos negros por todo o território do Brasil chegam até os
militantes do Recife e se fazem revelar quando estes manobram o passado em favor do presente e
(re)inventam o valor de seus líderes. O Quilombismo17, corrente nacional do pan-africanismo, foi
determinante para essa operação. É por meio de seus intelectuais que os quilombolas e, mais
precisamente, Zumbi do Palmares é alçado à posição de líder inconteste de uma pretendida nação
negra, livre e emancipada. Como um guerreiro ungido entre as armas, é produzido e reproduzido
como um herói da raça e da classe, expressando a ancestralidade negra de um líder contra a
exploração racial. É através dessa encenação da memória que os MNs irão se agrupar, não sem
dissidências18, em torno do projeto quilombista.
Um dos pontos mais emblemáticos de valorização do 20 de Novembro foi a realização da
Missa dos Quilombos, no Recife. Muito esforço foi empreendido pelos movimentos negros na
elaboração um plano propositivo, efetivo, disposto a combater o racismo em suas variadas
dimensões; o que não lhes deu o monopólio de significação dos espaços, nem tampouco da agenda
política da cidade. Assim, algumas ações desenvolvidas neste sentido são exteriores aos
movimentos, ou mesmo ocorrem à contragosto de parte dos(as) militantes. Sobre isso, podemos
assinalar a criação e significação de alguns espaços ao longo da cidade, como a Praça do Carmo. A
Praça seria o local no qual, durante o século XVII, a cabeça decapitada de Zumbi teria sido exposta; é
também onde está o monumento à Zumbi dos Palmares e ainda mais importante, foi na Praça do
Carmo que foi celebrada a Missa dos Quilombos.
A Missa apresenta-se como um dos mais importantes acontecimentos em torno da negritude
recifense, pois é o ponto de congruência no qual uma série de problemáticas convergem: a
(des)valorização estética da negritude, o 20 de novembro e a “democracia racial”. A Missa dos
quilombos pôs em movimento uma série de questões que orbitavam em torno da condição do negro
numa maneira de retomar o Quilombo dos Palmares e a figura de Zumbi como partes integrantes de
um grande projeto de “emancipação” da negritude. Desse ponto de vista, a Missa era uma
celebração à luta e à resistência contra as opressões do passado e do presente.
A apropriação da narrativa em torno de Palmares retomava-o como um modo de arquétipo
político-ideológico, a manutenção do quilombo à vista no horizonte da luta recobrava uma

16
Abolição faz 100 anos: em meio a festas e críticas, Diário de Pernambuco, Recife, 13/05/1988, capa.
17
Em seu livro Quilombismo, Abdias Nascimento trabalha diversas questões ligadas a atuação organizada da negritude.
Entre outras questões muito interessantes levantou alongadas discussões acerca da legitimidade dos conhecimentos e
tecnologias do mundo ocidental, que tento indicar aqui. Abdias demarcou as fronteiras de como uma irmandade negra
internacional teria de se haver com o problema de uma ciência pretensamente universal. Trilhando nesses caminhos,
para o autor, o conjunto das ciências sociais estava carregado de um espírito colonial. Estas, assim atadas
umbilicalmente às bases do pensamento que as gestaram, serviriam tão somente às razões do colonizador. Estavam, em
fim, corroídas pelo tempo, carcomidas pela velharia do etnocentrismo europeu. Inclusive, seria a própria história, “uma
versão concebida por brancos, para os brancos e pelos brancos”. A alternativa que deveria ser adotada pelos
pan-africanistas passaria necessariamente por uma negação completa das disciplinas do Ocidente, dispondo somente
dos espólios que fossem úteis à nova sociedade pretendida. Haviam de encontrar-se, antes, com um saber ancestral
africano. NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo. 2ª ed. Brasília/Rio de Janeiro: Fundação Palmares, 2002.
18
É preciso atentar para o fato de ser, o próprio movimento social, repleto de fragmentações. As divergências entre os
membros dos movimentos é uma constante e, além disso, esteve sempre presente durante a articulação dos grupos
organizados. No caso do projeto quilombista não há, de certo, qualquer unanimidade. Quadro sintomático disto
revela-se no posicionamento adotado Sylvio Ferreira, professor universitário da UFPE, pesquisador da Fundação
Joaquim Nabuco e um dos militantes de maior trânsito no Diário de Pe, quando da vinda de Abdias Nascimento ao
Recife. Em entrevista a Fernanda D’Oliveira, afirma que Abdias “estimulou o radicalismo que já existia" – do qual a
criação de um Estado negro seria a expressão máxima – e o responsabiliza por ter cindido o movimento negro em duas
"facções" e conclui como “desastrosa” a passagem do militante paulista à capital pernambucana..D’OLIVEIRA,
Fernanda. Diário de Pernambuco, Recife, 16/05/1988, p. a6.
8

ancestralidade rebelde, a fim de traçar um paralelo atemporal de resistência: do açoite do feitor à


exploração nas favelas, era preciso resistir.

6. CONCLUSÕES

O empenho desenvolvido nesta pesquisa caminha na direção de inserir a negritude, em suas


mais diversas faces e manifestações dentro do processo histórico, da luta política, nos embates pela
ocupação e valorização dos espaços. A luta contra a discrimnação racial e a estratégia desenvolida
pelos movimentos negros a partir deste objetivo ajudaram a sedimentar toda uma série de camadas
de signficação, de valorização simbólica ocorridas em pernambuco e mais enfáticamente no Recife.
Ao fazer isto, compreendemos como a própria cidade do Recife formata-se a partir destes
gestos conflituais e conseguimos apontar para a desnaturalização das identidades, das
territorialidades, imbuídas de uma dimensão social, imersa nas condições e relações de poder.
Assim, apesar das limitações das condições de trabalho e pesquisa, foi possível a realização da
exploração bibliográfica e o profícuo debates entre estas. Menos do que o esperado, ainda sim foi
possível também acessar parte do acervo do Lahoi, disponível online.
É interessantímo anotar ainda, como a partir da disposição documental foi possível observar
as mudanças dos movmientos negros e as modificações de suas próprias dinâmicas de atuação. O
deslocamento de seus referenciais de luta política, a incorporação de novos instrumentos de
combate e outras ferramentas de resistência.
Ao longo do trabalho não busquei exorcizar demônios19 do passado, absolver ou condenar o
que/quem for. Estas pedras indicam outras intenções: perturbar discursos fixados e desnaturalizar
narrativas atraídas pelos imãs da racialidade. Busco traçar, com foco na experiência do Recife, um
panorama geral das partículas ainda em movimento e observar como estas projetam uma textura
imagético-discursiva da abolição e do 20 de Novembro..
Dessa maneira cabe sublinhar como os negros e negras milintantes do Recife tornaram-se
protagonistas dos eventos em torno da negritude, se construíram e se perceberam enquanto sujeitos
históicos ativos, capazes de agir no presente e romper as ideias de dominação da “tradição”, do
“histórico” – como se a história conferisse legitimidade à manutenção do “contínuo”,
do“imaculado” e de uma certa idealização da obrigatória permanência daquilo que é “por sempre ter
sido assim”.20 Os combates pelo domínio da memória e da celebração transportados para
problemática do 13 de Maio e do 20 de Novembro são emblemas destacados. Por último, vale
mencionar também como a aproximação de setores progressistas da Igreja Católica foram
fundamentais neste processo de positivação da negritude e da militância. Mesmo quando rejeitada
por alguns membros dos movimentos, a Missa dos Quilombos foi um evento marcante para a
negritude, colocando-se como meio de propor, evocar e criar símbolos dos quais pululam a luta
quilombola e a figura de Zumbi dos Palmares.
Por fim, o que observamos em recife pode ser tomado como padrão indiciário, mais ou
menos comum, das direções percorridas pelos movimentos negros brasilerios ao longo dos finais do
século XX. É relevante trabalhar este caso não como uma ilha desprendida de uma massa
continental e por isso mesmo fechada em si. Não entendendo-a como uma história do “regional”,
mas, verdadeiramente, inseri-la dentro de um todo mais amplo de práticas exploradas pelo
movimento social e da conjuntura política nacional.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

19
GOMES, Flávio. Escravidão e Liberdade no Atlântico Sul. São Paulo: Contexto, 2005, p.22.
20
GUILLEN, Isabel C. M.. Seca e migração no nordeste: Reflexões sobre o processo de banalização de sua dimensão
histórica. Textos para Discussão - TPD, [S. l.], 2012. Disponível em:
https://periodicos.fundaj.gov.br/TPD/article/view/926. Acesso em: 4 out. 2021.
9

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10

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São Paulo, v. 17, p. 15-23, 1994.

8. ATIVIDADES PARALELAS DESENVOLVIDAS PELO ESTUDANTE

● Coordenador e Professor voluntário da equipe de História no Projeto Gradação,


pré-vestibular da UFPE.
● Criação e organização do Seminário de História: Histórias e Estórias: Abordagens
históricas e narrativas literários e do Seminário de História: Entre a necropolítica e o
autoritarismo, por meio do Coletivo Acadêmico Sagarana, do curso de História da UFPE;
● Monitor voluntário da cadeira de Historiografia do curso de graduação em História da
UFPE;
11

● Membro do Laboratório de Aprendizagem e Ensino de História (Laeh) do Departamento de


História da UFPE.

9. DIFICULDADES ENCONTRADAS NO DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

Em grande medida, as dificuldades encontradas devem-se às medidas sanitárias


implementadas a fim de conter a pandemia da COVID-19. Devido às restrições de circulação,
durante quase todo o desenvolvimento da pesquisa o LAHOI permaneceu fechado, tornando o
acesso à parte do acervo do laboratório completamente inacessível. Além do mais, impossibilitou
também a realização de novas entrevistas com militantes do movimento negro, limitando a
expansão do material primário disponível e à disponição da pesquisa. Por fim, a dependência quase
que total das ferramentas e instrumentos tecnológicos, o que retarda o avanço da pesquisa e submete
o pesquisador às possibilidades ofertadas (em geral, muito restritivas) pela tecnologia também deve
ser considerada como um impeditivo renitente.

___________________________________ __________________________________
Data e assinatura do(a) orientador(a) Data e assinatura do(a) estudante

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