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A QUARTA REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL E A
INDÚSTRIA 4.0
1 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

OL48a Oliveira, Paulo

A quarta revolução industrial e a indústria 4.0 / Paulo


Oliveira – São Paulo/SP: Edição do Autor, 2022.

PDF, 3100Kb
ISBN 978-65-00-55746-6

1. Engenharia Civil. I. Título

CDD 624
Sobre o Autor

Paulo Oliveira

Engenheiro civil, PMP, consultor, conselheiro e mentor.


CEO da ARATAU Construção Modular . Escreve artigos sobre tecnologia , inovação ,
industrialização da construção e construção modular para o Buildin ,
Construliga, C3 – Clube da Construção Civil e Linkedin.

Contato

paulo.oliveira@arataumodular.com
www.linktr.ee/aratau

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2 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO: AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS 4


2. O QUE É INDÚSTRIA 4.0? 7
3. A INDÚSTRIA 4.0 NO MUNDO E NO BRASIL 10
4. O IMPACTO DA INDÚSTRIA 4.0 NO SETOR
BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO 13
5. CONCLUSÕES 16
REFERÊNCIAS 19

3 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0


1. INTRODUÇÃO:
As Revoluções
Industriais

U
m olhar cuidadoso para a história nos mostrará que os mo-
mentos de crise sempre impulsionaram mudanças, ino-
vações e invenções. Estamos atravessando um destes
momentos em que uma pandemia global nos colocou para
questionar processos, a forma de trabalhar, as ferramentas
que utilizamos para quebrarmos paradigmas e buscarmos
um novo patamar de produtividade. Inovamos até a for-
ma com a qual nos organizamos para romper as barrei-
ras tecnológicas que ditaram as regras em vigor desde a
terceira revolução industrial.

4 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0


Estamos em plena
quarta revolução
industrial...
A primeira revolução industrial (Indústria 1.0) se deu no século XVII e foi liderada pela
Grã-Bretanha, trazendo o desenvolvimento econômico através da produção industrial e
estabelecendo o sistema capitalista. O marco desta mudança foi o uso do vapor para movi-
mentar as máquinas industriais, substituindo parte da mão de obra humana nas atividades
de produção.

A segunda revolução industrial (Indústria 2.0) se deu no século XIX, caracterizada por no-
vas técnicas de produção em massa e, sobretudo, pela invenção e uso da energia elétrica e
do motor à combustão.

Já a terceira revolução industrial (Indústria 3.0) aconteceu em meados do século XX e ain-


da vivemos sob os seus impactos. Houve grande avanço da eletrônica, da nanotecnologia,
da informática e da robótica (“Revolução do Silício”), gerando linhas de produção de auto-
móveis, o desenvolvimento da engenharia genética e da biotecnologia e ainda, a busca pela
utilização de novas fontes de energia, com interesse maior pelas renováveis e mais susten-
táveis. Como consequência, ocorreu a globalização e com ela, a massificação dos produtos.

Embora nem todos tenham percebido, estamos em plena quarta revolução industrial. A in-
dústria tem se apropriado do arsenal disponível e do Estado da Arte em termos de inovação
e da tecnologia, aplicados ao longo das suas cadeias de valor, logística e produção, em con-
tinuidade ao que vem acontecendo ao longo dos últimos séculos, desde a primeira revolu-
ção industrial. Compõem este arsenal tecnológico a Internet das Coisas (IoT), computação
em nuvem, automação, robótica, big data, captura e troca de dados, drones, inteligência
artificial, machine learning, realidade virtual e aumentada, manufatura aditiva, conceitos de
sistemas ciber-físicos, dentre outras tantas tecnologias e inovações que estão gerando má-
quinas, robôs e equipamentos cada vez mais inteligentes. Estas máquinas são capazes de
ser programadas para aprender, desempenhando funções mais complexas e que até pouco
tempo acreditávamos que somente poderiam ser realizadas pelo cérebro humano.

Trata-se de um novo “salto quântico”, estabelecendo um novo padrão e permitindo atingir-


mos níveis complexos de automação e de inteligência artificial, gerando “fábricas inteligen-

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tes”. Os objetivos deste movimento massivo passam pelo ganho substancial de produtivi-
dade e redução significativa de custos ao longo das cadeias de valor.

No centro disso tudo está um interesse cada vez maior pela satisfação e pela experiência
ou, para usar um termo mais atual e abrangente, “Jornada do Cliente”. Basta observarmos
as empresas mais bem sucedidas, cujas ações dispararam nos últimos cinco anos e também
os “unicórnios”. A centralidade no cliente tem sido uma forte característica destas organi-
zações, abrangendo todo o ciclo de vida de seus produtos ou da prestação de serviços aos
clientes – etapas de pré-venda, venda e pós-venda – sendo a última, aquela em que notada-
mente a fidelização tem sido o coroamento deste empenho.

Figura 1 – As quatro Revoluções Industriais

PRIMEIRA TERCEIRA
REVOLUÇÃO REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL INDUSTRIAL

VAPOR COMPUTAÇÃO

Anos 1800 Hoje

Anos 1700 Anos 1900


ELETRICIDADE INTELIGÊNCIA
EXPERIÊNCIA DO CLIENTE

SEGUNDA QUARTA
REVOLUÇÃO REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL INDUSTRIAL

Fonte: autor

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2. O QUE É
INDÚSTRIA 4.0?

S
egundo a Wikipedia, a Indústria 4.0 é um termo utilizado para
denominar a quarta revolução industrial. A Indústria 4.0 “fa-
cilita a visão e execução de “Fábricas Inteligentes”, com as
suas estruturas flexíveis e modulares - permitem que módu-
los sejam acoplados ou desacoplados, conforme a demanda
prevista. Os sistemas ciber-físicos monitoram os processos
físicos, criam uma cópia virtual do mundo físico e tomam
decisões descentralizadas. No final, podemos dizer que a
Indústria 4.0 é a realidade na qual a tecnologia industrial
está cada vez mais eficiente: mais inteligente, mais rápi-
da e mais precisa.”
7 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0
O termo “Indústria 4.0” teve origem em um projeto estratégico de alta tecnologia do Go-
verno Alemão, que promove a informatização da manufatura e foi usado pela primeira
vez na Feira Hannover Messe, em outubro de 2012.
Como não poderia deixar de ser, a Indústria 4.0 criou uma ruptura cultural e promoveu
uma mudança no mind set das organizações, trazendo neste contexto o Supply Chain 4.0.
Trata-se de um impacto substancial na logística e no suprimento de insumos - incluindo
transporte, armazenagem e estoques - além de maior rapidez, flexibilidade, eficácia e pre-
cisão das operações.
O artigo da McKinsey “Supply Chain 4.0 – the next-generation digital supply chain”, de junho
de 2016, já destacava o modelo do seu “Digital supply chain compass”, mapeando as melho-
rias na Cadeia de Suprimentos 4.0, considerando as 6 principais alavancas impulsionadoras
de valor:
• Planejamento;
• Fluxo físico;
• Gestão do desempenho;
• Gestão dos pedidos;
• Colaboração;
• Estratégia de supply chain.

Figura 2 - “Digital supply chain compass” – McKinsey

Fonte: McKinsey (2016) – tradução livre do autor

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Com a aplicação destas alavancas, o que é absolutamente impressionante é a expectativa
de redução de custos propiciados pelo Supply Chain 4.0, nos cenários básico, avançado e
visionário (mais agressivo), conforme figura a seguir.

Figura 3 - Potencial de ganhos pela aplicação das alavancas do Supply Chain 4.0

Fonte: McKinsey (2016) – tradução livre do autor

9 A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDÚSTRIA 4.0


3. A INDÚSTRIA 4.0
NO MUNDO E NO
BRASIL

M
uitas operações estruturadas de construção modular
estão em forte atividade e crescimento no mundo
todo, destacando-se os Estados Unidos, o Canadá, o
Reino Unido, a Alemanha, a França, a Austrália, a China e o
Japão. Muitas delas já embarcaram ou estão a caminho da
Indústria 4.0.

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Como principal exemplo, destaca-se a Katerra, a maior construtech do mundo, com sede
nos EUA e operando através de financiamento japonês. Trata-se de uma operação gigante,
fundada em 2015 pelo Michael Marks, juntamente com Jim Davidson - também fundador
da Silver Lake - e Fritz Wolff, especialista do mercado imobiliário e o único com experiência
no setor de construção. Marks foi CEO da operação até maio de 2020 e atuou antes disso
como CEO da Flextronics durante 13 anos, tendo sido também CEO da Tesla.

Em janeiro de 2018, a empresa


recebeu um investimento de
US$ 835 milhões do Softbank. A
Katerra também levantou US$
1,2 bilhão em investimentos
de capital de risco e tem hoje
mais de US$ 3 bilhões na sua
carteira de projetos, sobretudo
composta por edificações
multifamiliares.

Em maio de 2020, foi anunciado um aumento adicional de capital de US$ 200 milhões e,
como parte deste movimento, a posição de CEO passou a ser ocupada pelo Paal Kibsgaard,
que era até então COO da empresa. Ele também foi CEO da Schlumberger.
A Katerra está revolucionando o setor de construção e a indústria de construção modu-
lar e tem foco atualmente na América do Norte, no Oriente Médio e na Ásia. Trata-se de
uma operação verticalizada, que tem como visão transformar a indústria da construção
através do que há de mais moderno em tecnologia, de forma massiva e em todos os ní-
veis, do projeto à construção das edificações.
No Brasil, a Indústria 4.0 ainda é tímida. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reali-
zou uma pesquisa nacional sobre a adoção de tecnologias digitais na manufatura avançada

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e constatou que a indústria brasileira ainda está explorando discretamente a digitalização,
não se beneficiando dos ganhos de produtividade inerentes a ela. Outra conclusão é que o
Brasil está pouco preparado para a adoção, em larga escala, da Indústria 4.0, sobretudo em
decorrência de questões educacionais, culturais e estruturais.
De acordo com os estudos da ABDI, com a Indústria 4.0 estima-se que haverá uma redu-
ção anual mínima nos custos industriais de R$ 73 bilhões, sendo que 48% deste total serão
oriundos dos ganhos de eficácia, 42% da redução dos custos de manutenção de máquinas
e 10% da redução do consumo de energia. O impacto deste aumento de eficácia será muito
relevante na posição do país no ranking global de competitividade. Mas não se trata so-
mente de melhorar a produtividade e a competitividade, mas de parar de perder posições
no cenário global.

Conforme o relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em outubro de 2019, o Bra-


sil ocupa a 71ª posição, num total de 141 países avaliados. Um outro dado alarmante, é o
Índice Global de Competitividade da Manufatura, segundo o qual o país despencou da 5ª
para a 29ª posição entre 2010 e 2016. Também entre 2010 e 2016, a produtividade da in-
dústria brasileira caiu mais de 7%, e passou a representar menos de 10% do PIB nacional,
de acordo com o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Obviamente estes dados não são motivo de orgulho para nenhum de nós e demonstram
a fragilidade brasileira, na perspectiva da competitividade global, criando um impacto
parecido com o de uma “bomba de nêutrons ”, para quem almeja ser uma das maiores
potências mundiais na indústria, através da exportação, indo muito além dos insumos
agrícolas, de proteínas de alta qualidade e de comodities, com menor valor agregado.
Contudo, o Governo Federal, reconhece a relevância deste tema para a produtividade e
competitividade nacional, e lançou a Agenda Brasil para a Indústria 4.0, um plano de ação
com o objetivo de promover o desenvolvimento da Indústria 4.0, capitaneado pelo Minis-
tério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) – hoje Ministério da Economia - e
pela Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

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4. O IMPACTO DA
INDÚSTRIA 4.0 NO
SETOR BRASILEIRO
DE CONSTRUÇÃO

D
e acordo com o relatório do World Economic Forum de
2016, “Shaping the Future of Construction. A Breakthrough
in Mindset and Technology”, todos os dias, no mundo
todo, mais de 200.000 pessoas migram para as áreas urbanas.
Todo este contingente humano tem necessidades a serem
atendidas, no que tange à habitação, infraestrutura social,
transporte, serviços públicos, saúde e educação. A ver-
dade é que o setor de engenharia e construção tem de-
monstrado baixa velocidade de resposta aos ganhos de
produtividade necessários para atender esta demanda.

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Se olharmos para o Brasil, certamente temos sérias deficiências em todas estas áreas. Par-
ticularmente no âmbito da habitação, hoje temos um déficit um pouco abaixo de 8 milhões
de unidades. Um estudo realizado pelo economista Robson Gonçalves, professor da Funda-
ção Getúlio Vargas (FGV), a pedido da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias
(ABRAINC), publicado pelo jornal O Estado de São Paulo, em 29/09/2020, o crescimento
da população brasileira e a formação de novas famílias deverá gerar uma demanda superior
a 30,7 milhões de novos domicílios, até 2030.
Este levantamento faz projeções a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O empenho
que tem sido feito nas últimas décadas, para a diminuição do déficit habitacional, não foi
pequeno. É assustador imaginá-lo aumentar quase quatro vezes, nos próximos 10 anos!
Problemas desta natureza requerem uma resposta inteligente e rápida e estão na esfera do
interesse público e privado. A inserção do setor de construção brasileiro na Indústria 4.0 e
um movimento estruturado para avançarmos no desenvolvimento da construção off-site –
construção industrializada e construção modular – seguindo as mesmas diretrizes do que
tem acontecido nos países mais avançados e nos de maior contigente humano no mundo, é
uma necessidade absoluta, em direção à solução de problemas deste nível de complexida-
de.

Além de colocarmos o Brasil nos trilhos


da modernidade no setor de construção
e de termos como enfrentar e solucionar
problemas desta natureza, que requerem
ganhos de produtividade excepcionais, há
vários outros benefícios envolvidos, como
por exemplo:

Produção em ambiente controlado,


em uma fábrica (off-site), com proces-
sos padronizados;
Qualidade e desempenho significa-
tivamente maiores, com menor re-
trabalho e ainda, menores custos de
operação e manutenção das edifica-
ções, ao longo do seu ciclo de vida;
Produtos mais sustentáveis, com me-
nor desperdício (até 80% menos de
entulho), menor consumo de água e
energia na produção, além de menor
impacto, ruído e pó, durante a etapa
de montagem (on-site);

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Previsibilidade de custos e prazos, o que não
acontece na construção tradicional, com a com-
pactação dos prazos de até 50% e a redução do
custo em até 20%;
Maior segurança para os profissionais envolvi-
dos na operação de fabricação e montagem e
também para as pessoas e edificações, no entor-
no do local do canteiro de obras.

1McKinsey (2017) “Reinventing Construction: a Route to Higher


Productivity

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5. CONCLUSÕES

N
a sequência das três primeiras revoluções industriais,
impulsionadas, respectivamente, pelo vapor, pela ele-
tricidade e pelo computador, a era digital e todo o seu
arcabouço tecnológico, instalou e impulsionou a quarta revo-
lução industrial. A Indústria 4.0 - denominação adotada para
a quarta revolução industrial - está instalada nos setores e
nos países mais desenvolvidos do mundo, explorando os
benefícios proporcionados pela digitalização, aplicada à
inovação, em produtos, processos e para gerar ganhos
mais expressivos de produtividade.

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Não é suficiente olhar somente para dentro das organizações. No conjunto de atributos
trazidos pela Indústria 4.0, o Supply Chain 4.0 ou Cadeia de Suprimentos 4.0, explora uma
visão colaborativa e integrada das cadeias de valor, objetivando a máxima eficácia de cada
um dos seus elos, em benefício do todo, fazendo uso das alavancas impulsionadoras de va-
lor, que prometem gerar cortes de custo impressionantes, através da redução de pedidos
perdidos, na etapa de transporte e armazenagem de insumos, na gestão da cadeia de supri-
mentos e na redução de estoques. O nível de inteligência e automatização inseridos nestas
atividades utiliza-se do Estado da Arte da tecnologia existente e promete novos ganhos,
com as inovações que ainda estão por vir.
Todo este empenho tem sido realizado, com nítido foco na experiência ou Jornada do
Cliente, ao longo do ciclo de vida dos produtos e dos serviços por ele consumidos, em
todas as etapas do processo (pré-venda, venda e pós-venda), culminando com a sua fi-
delização. As empresas de valor no mundo e os “unicórnios” têm os seus processos dese-
nhados para a centralidade no cliente e para a máxima satisfação do mesmo, ao longo da
sua jornada. Essa é a lógica que está gerando o ganho de tração da Indústria 4.0 e remu-
nerando a sua instalação e rápida expansão.

No Brasil, a quarta revolução industrial ainda é incipiente, mas


promete reagir através do programa lançado pelo Governo Fe-
deral, a Agenda Brasil para a Indústria 4.0, uma vez que a nossa
inserção neste contexto é uma questão de prioridade absoluta
para a produtividade e a competitividade da indústria brasilei-
ra, no âmbito internacional.

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Particularmente no setor de construção, a baixa produtividade é muito desconfortável.
Nos Estados Unidos, por exemplo, todos os setores industriais registraram um cresci-
mento médio de produtividade de 1.500% nas últimas décadas, enquanto a construção
cresceu menos de 1%, ficando acima de pouquíssimos setores, como o da pesca (McKin-
sey, 2017).
Há, contudo, uma outra revolução em andamento no mundo, no setor de construção,
aproveitando o desenvolvimento da Indústria 4.0, em prol da construção off-site e da
construção modular. Segundo a Markets&Markets (2019), a construção modular dobrou
de tamanho nos últimos 5 anos e deverá ter um crescimento médio de 6,9% ao ano, até
2023.
No mundo, a Katerra é o principal agente e exemplo desta mudança, sendo uma cons-
trutech com carteira superior a US$ 3 bilhões em projetos, atuando como Indústria 4.0
e aplicando as tecnologias mais avançadas, em uma operação totalmente verticalizada.

No Brasil, temos algumas em-


presas de construção modu-
lar em operação e na etapa de
estruturação financeira, que
possuem um desafio enorme,
sobretudo no mercado habita-
cional, objetivando entregar um
volume expressivo de unidades
para resolver um problema se-
ríssimo: uma demanda projeta-

da de mais 30,7 milhões de novos domicílios até 2030, contra um déficit atual de cerca de
8 milhões de unidades. Problemas desta magnitude e nível de complexidade exigem uma
resposta muito rápida e eficaz. A solução não tem outro caminho, senão a construção
off-site e a construção modular.
Para avançarmos mais rapidamente, as principais barreiras a serem quebradas são a
aprovação da Reforma Tributária e da isonomia tributária. A construção tradicional
recolhe somente entre 3 e 5% de ISS, contra 10% de IPI mais um percentual de 12% a
18% de ICMS, pagos da construção off-site, numa disputa desproporcional, punindo a
melhor qualidade, desempenho e eficácia da construção industrializada, que também
é muito mais sustentável, com um ônus superior a 20%.
Os programas habitacionais também precisam entender relevância da escala para que a
construção off-site - industrializada e modular - entreguem volumes massivos, com rapi-
dez e custos atrativos, colaborando de forma contundente para reduzir o déficit habita-
cional e ainda, para a melhor qualidade dos investimentos no ambiente construído.

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6.REFERÊNCIAS
Indústria 4.0: o que é, consequências, impactos positivos e negativos. Guia Completo. FIA-
-USP. Disponível em:< https://fia.com.br/blog/industria-4-0/>. Acesso em: 10 out. 2020.
MCKINSEY. Reinventing Construction: a Route to Higher Productivity. 2017. Disponível
em:< https://www.mckinsey.com/~/media/McKinsey/Industries/Capital%20Projects%20
and%20Infrastructure/Our%20Insights/Reinventing%20construction%20through%20a%20
productivity%20revolution/MGI-Reinventing-Construction-Executive-summary.pdf>. Aces-
so em: 12 set. 2020.
MCKINSEY. Supply Chain 4.0 – the next-generation digital supply chain. 2016. Disponível
em:<https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/supply-chain-
-40--the-next-generation-digital-supply-chain>. Acesso em: 17 out. 2020.
O ESTADO DE SÃO PAULO. Brasil terá demanda por mais 30,7 milhões de novas residências
até 2030. Edição de 29 de set. de 2020. Disponível em:<https://economia.uol.com.br/noticias/
estadao-conteudo/2020/09/29/abrainc-brasil-tera-demanda-por-mais-307-milhoes-de-no-
vas-residencias-ate-2030.htm>. Acesso em: 17 out. 2020.
OLIVEIRA, P. A construção modular pode entregar edificações 50% mais rápido. Disponível
em:< https://blogdaliga.com.br/a-construcao-modular-pode-entregar-edificacoes-50-mais-
-rapido/>. Acesso em: 18 out. 2020.
OLIVEIRA, P. Benefícios e vantagens da construção modular. Ebook do C3 – Clube da Cons-
trução Civil. Disponível em:< https://c3clube.com.br/ebooks/ebook-beneficios-e-vantagens-
-da-construcao-modular/>. Acesso em: 18 out. 2020.
OLIVEIRA, P. Construção tradicional ou construção modular? E-book do C3 – Clube da Cons-
trução Civil. Disponível em:< https://ebookpaulooliveira.c3clube.com.br/download>. Acesso
em: 17 out. 2020.
OLIVEIRA, P. Diretrizes para projeto, fornecimento de insumos, fabricação, montagem, ma-
nutenção e reposição de sistemas construtivos inovadores. Terceiro Encontro da industriali-
zação da construção envolvendo a cadeia produtiva CTE/Enredes. 16 out. 2020.
OLIVEIRA, P. Um novo impulso para a construção modular no cenário global. Blog da Cons-
truliga. Disponível em:< https://blogdaliga.com.br/um-novo-impulso-para-a-construcao-mo-
dular-no-cenario-global/>. Acesso em: 17 out. 2020.
WIKIPEDIA. Indústria 4.0. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAs-
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WORLD ECONOMIC FORUM. Shaping the Future of Construction. A Breakthrough in Mind-
set and Technology. 2016. Disponível em:<https://www.weforum.org/reports/shaping-the-fu-
ture-of-construction-a-breakthrough-in-mindset-and-technology>. Acesso em: 04 out. 2020.

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