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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia – DEEL


Licenciatura em Engenharia Eletrónica

Ondas Electromagnéticas e Linhas de Transmissão

Linhas de Transmissão

Docente:
Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc.
Classificação vocal

Tenor
Homens Baritono
Baixo

Soprano
Mulheres Meio-soprano
Contra-alto
Curvas de Fletcher-Munson
Largura de banda do sinal eléctrico
na transmissão
Sinal de áudio em comunicações: 300 – 3.000 Hz

Sinal de áudio em radiodifusão:

• Ondas longas, médias e curtas 50 – 10.000 Hz


• VHF FM 50 – 15.000 Hz
• DAB (Digital Audio Broadcasting) 20 – 20.000 Hz

• Sinal de vídeo: 50 Hz – 6 MHz


Unidades usadas com o sinal
eléctrico

• O sinal eléctrico pode expressar-se em unidades absolutas, quer


em termos de tensão (Volt) quer em termos de potência (Watt).

• Mais frequentemente, em comunicações, usam-se as unidades


logarítmicas, em particular o Decibel (dB) e, neste caso, estamos
normalmente a falar do nível do sinal.
O Bel e o decibel
• Por definição, o nível do sinal expresso em Bels é dado pela
expressão:
𝑃𝑊
𝑆𝐵 = 𝑙𝑜𝑔
𝑃𝑟𝑒𝑓 𝑊
2
𝑉𝑉 2 Τ𝑅 𝑉𝑉 𝑉𝑉
𝑆𝐵 = 𝑙𝑜𝑔 = 𝑙𝑜𝑔 = 2𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑟𝑒𝑓 2 Τ𝑅 𝑉𝑟𝑒𝑓 𝑉𝑟𝑒𝑓

• O Bel tem um valor muito pequeno pelo que se usa, normalmente,


o decibel:
𝑉𝑉
𝑆𝑑𝐵 = 20 𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑟𝑒𝑓

𝑃𝑊
𝑆𝑑𝐵 = 10𝑙𝑜𝑔
𝑃𝑟𝑒𝑓 𝑊
O Bel e o decibel
Potência Potência
Observações
(W) (dB)

100 0 Potência de referência

110 0,4 O ouvinte não detecta qualquer alteração

120 0,8 Continua a não detectar alteração

125 1 Aumento de intensidade quase imperceptível

160 2 Aumento um pouco mais forte

200 3 Aumento claro mas ainda pequeno (de forma


alguma uma intensidade duas vezes maior)

1000 10 O ouvinte tem a sensação que a intensidade do som


é duas vezes mais forte do que o som inicial
Nível do sinal em relação ao nível
de referência

PW = Pref W PdB = 0 dB
PW  Pref W PdB  0 dB
PW  Pref W PdB  0 dB
I I I I I I I
-3dB -2dB -1dB 0dB 1dB 2dB 3dB
Vantagens do uso do decibel
É mais fácil somar os decibeis de cada estágio de uma cadeia do que
multiplicar os seus valores absolutos.

Ganho absoluto da cadeia de amplificadores:


𝑉4 𝑉2 𝑉3 𝑉4
𝐺= = . . = 𝐺1 . 𝐺2 . 𝐺3
𝑉1 𝑉1 𝑉2 𝑉3
Ganho em dB’s:
𝑉4 𝑉2 𝑉3 𝑉4
𝐺𝑑𝐵 = 20𝑙𝑜𝑔 = 20𝑙𝑜𝑔 . . = = 𝐺1𝑑𝐵 + 𝐺2𝑑𝐵 + 𝐺3𝑑𝐵
𝑉1 𝑉1 𝑉2 𝑉3
Vantagens do uso do decibel
❑ As grandezas relacionadas com o nível do sinal têm, normalmente,
uma faixa de variação muito grande, o que obriga à utilização de
um número elevado de algarismos significativos.
❑ Por exemplo, a relação entre a potência correspondente ao limite
da dor nos ouvidos e a potência correspondente ao limite de
percepção é da ordem de 1.000.000.000.000 (13 algarismos
significativos).
Em dB’s seria simplesmente 120 dB (10𝑙𝑜𝑔1012 ).
Vantagens do uso do decibel
❑ A resposta dos nossos ouvidos e olhos aos estímulos não é
linear mas sim logarítmica, é portanto mais adequado usar o
decibel como unidade do que as unidades absolutas.

❑ 1 dB é a variação mínima detectada pelo ouvido humano,


embora corresponda a uma variação apreciável de 25%.

❑ O ouvido humado percebe um aumento de 40 para 45 dB da


mesma forma do que de 20 para 25 dB.
Exemplos de aplicação do decibel

• Nível de sinal
• Ganhos
• Atenuações
• Intensidade do campo eléctrico
Nível do sinal
As unidades em dB’s não são todas iguais, elas diferem no que
respeita aos valores de referência.

dBm - 𝑃𝑟𝑒𝑓 = 1 𝑚𝑊 (600 Ω) (audofrequência)


𝑉𝑟𝑒𝑓 = 10−3 𝑥 600 = 0,775 𝑉

𝑑𝐵𝑊 - 𝑃𝑟𝑒𝑓 = 1 𝑊

𝑑𝐵𝑉 - 𝑉𝑟𝑒𝑓 = 1 𝑉

𝑑𝐵𝐾𝑊 - 𝑃𝑟𝑒𝑓 = 1 𝐾𝑊
Ganhos

Amplificador de tensão:

𝑉𝑜𝑢𝑡 𝑉𝑜𝑢𝑡
𝐺= 𝐺𝑑𝐵 = 20 log
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑛

Amplificador de potência:

𝑃𝑜𝑢𝑡 𝑃𝑜𝑢𝑡
𝐺= 𝐺𝑑𝐵 = 10 log
𝑃𝑖𝑛 𝑃𝑖𝑛
Atenuações

Atenuador de tensão:

𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑖𝑛
𝐴𝑡 = 𝐴𝑡𝑑𝐵 = 20 log
𝑉𝑜𝑢𝑡 𝑉𝑜𝑢𝑡

Atenuador de potência:

𝑃𝑖𝑛 𝑃𝑖𝑛
𝐴𝑡 = 𝐺𝑑𝐵 = 10 log
𝑃𝑜𝑢𝑡 𝑃𝑜𝑢𝑡
Ganhos e atenuações

𝑃4 𝑃2 𝑃3 𝑃4 1
𝐺= = . . = 𝐺1 . . 𝐺2
𝑃1 𝑃1 𝑃2 𝑃3 𝐴𝑡

𝑃2 𝑃3 𝑃4
𝐺𝑑𝐵 = 10 log . . = 𝐺1𝑑𝐵 − 𝐴𝑡𝑑𝐵 + 𝐺2𝑑𝐵
𝑃1 𝑃2 𝑃3
Intensidade do campo eléctrico

❑ A Intensidade do campo eléctrico, ou simplesmente campo


eléctrico, tem como unidade o Volt/metro.
❑ Para facilidade de cálculos, o campo eléctrico é frequentemente
expresso em dB’s.
❑ Para converter V/m em dB’s usa-se por norma 1𝝁V/m como
campo de referência.

𝐸𝑉/𝑚
𝐸𝑑𝐵 = 20 log
1𝜇𝑉/𝑚
O neper
O Neper é outra unidade logarítmica que se define da seguinte forma:

𝑉𝑉 𝑉𝑉
𝑉𝑁 = ln = 𝑒 𝑉𝑁
𝑉𝑟𝑒𝑓 𝑉 𝑉𝑟𝑒𝑓 𝑉

Comparação do Neper com o Decibel

𝑉𝑉
𝑉𝑑𝐵 = 20 log = 20 𝑙𝑜𝑔 𝑒 𝑉𝑁 = 20 𝑉N log𝑒
𝑉𝑟𝑒𝑓 𝑉

𝑉𝑑𝐵 = 20 𝑥 0,4343 𝑉𝑁 𝑉𝑑𝐵 = 8,686 𝑉𝑁

1 Neper = 8,686 dB 1 dB = 0,115 Neper


Vantagens do Neper
❑ Nas linhas de transmissão, por conveniência matemática, é usada
outra unidade logarítmica para expressar a atenuação ao longo
da linha.
❑ A tensão de saída de uma linha de transmissão, em função da
tensão de entrada, é dada pela expressão:
𝑉𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑖𝑛 𝑒 −∝.𝑧

onde ∝ − Constante de atenuação (Neper/m)


z − Comprimento da linha
Vantagens do Neper
𝑉𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑖𝑛 𝑒 −∝.𝑧

𝑉𝑜𝑢𝑡 𝑉𝑖𝑛
= 𝑒 −∝.𝑧 = 𝑒 ∝.𝑧
𝑉𝑖𝑛 𝑉𝑜𝑢𝑡

𝑉𝑖𝑛
𝐴𝑡𝑁 = ln = ln 𝑒 ∝.𝑧 = ∝. 𝑧
𝑉𝑜𝑢𝑡
A constante de atenuação ∝ é a atenuação introduzida por cada
metro de linha e por isso se expressa em Nepers/metro.
Linhas de Transmissão (LT)

Em muitos circuitos elétricos, o comprimento dos fios conectando os componentes


pode ser ignorado (frequências abaixo de 1 MHz em geral), ou seja, a tensão no fio
em um determinado instante de tempo pode ser considerada a mesma em todos os
pontos…

No entanto, quando a tensão muda em um intervalo de tempo comparável ao tempo


que o sinal leva para transitar no fio, o comprimento do fio se torna importante e ele
deve ser tratado como uma linha de transmissão…

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 21


Linhas de Transmissão (LT)

Uma linha de transmissão é uma estrutura que permite guiar


energia electromagnética entre dois pontos.
As duas características mais importantes de uma linha de transmissão são:
❖ A impedância característica da linha;
❖ O atraso de propagação.

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 22


Objectivo de LT

A indutância do laço de corrente gera distorção no sinal e a


separação física entre as correntes gera radiação.

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 23


Objectivo de LT

A linha de transmissão minimiza tanto a distorção como a radiação .

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 24


Circuito equivalente de um troço
de uma LT

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 25


Circuito equivalente de um
troço de uma LT

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 26


Constantes Primárias da LT

µ - Permeabilidade magnética
ε – Constante dieléctrica
σ – Condutividade dos condutores
δ - Profundidade de penetração
nos condutores

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 27


Impedância Característica das
Linhas
A impedância característica de uma linha de transmissão é a razão
entre a tensão e a corrente obtida num determinado plano z, isto é:

Para linhas uniformes, a impedância característica não varia ao longo


do seu comprimento. Se houver perdas, a impedância é complexa,
com valor fornecido pela expressão acima.
Para perdas desprezíveis, tem-se R = G ≈ 0, o que leva a

Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 28


Impedância Característica das
Linhas Coaxiais
Dada sua configuração geométrica os cabos coaxiais necessariamente
tem capacitância e auto-indutância. Para cabos suficientemente
longos temos:

0  b  2
L= ln  [ H / m] C = [ F / m ]
2  a   b
ln 
a
Onde a e b são os raios do cilindros interno e externo, respectivamente,  e  são a
permeabilidade magnética e permissividade elétrica, respectivamente.

 2 
ln(b / a ) ln(b / a )
L 1
Z0 = = =
C 2 ln(b / a ) 2 
Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 29
Impedância Característica das
Linhas Bifilares

0  d − a  C= [ F / m]
L= ln  [ H / m] d −a
  a  ln 
 a 
Onde a e d são o raio dos condutores e a distância entre os
condutores paralelos, respectivamente,  e  são a permeabilidade
magnética e permissividade elétrica, respectivamente.

d −a
120
Z0 = ln 
r  a 
d  120
Se d  a Z 0 = ln 
r  a 
Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc. 30
Exemplo
Qual deve ser a razão entre o condutor interno e externo para que
uma linha coaxial tenha impedância de 75Ω? Considere como
dielétrico um plástico de permissividade relativa igual a 4.

 2 
ln(b / a ) ln(b / a )
L 1
Z0 = = =
C 2 ln(b / a ) 2 
r
Z 0 = 60 ln(b / a )
r

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