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Técnicas de modelagem

de processos
Astorino, Paula
SST Técnicas de modelagem de processos / Paula Astorino
Ano: 2020
nº de p.: 11

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Técnicas de modelagem
de processos

Apresentação
Nesta unidade, você aprenderá sobre as técnicas que permitem realizar a
modelagem dos processos de negócios. Para melhor compreender e analisar um
processo, é preciso modelá-lo e mapeá-lo, assim você precisa conhecer e identificar
as técnicas de Modelagem de Mapeamento dos processos: BPMN (Business
Process Modeling Notation), IDEF (Integrated Definition), EPC (Event-Driven Process
Chain).

Vocês aprenderão que a modelagem de processos nada mais é do que uma técnica
desenhada para entender e descrever um processo. Existem muitas técnicas
empregadas para modelagem de processos, aqui nos atemos a apresentar as mais
conhecidas e efetivas. A partir do conhecimento destas vocês saberão modelar de
forma efetiva e eficaz um processo.

Técnicas de modelagem de processos


Conforme estudado na seção anterior, para melhor compreender a analisar um
processo, é preciso modelá-lo e mapeá-lo. Araújo, Garcia e Martines (2016)
apresentam algumas técnicas que permitem o mapeamento dos processos:
Business Process Modeling Notation (Notação para Modelagem de Processos,
tradução livre); Integrated Definition (Definição Integrada, tradução livre) e; EPC
(Event-Driven Process Chain).

BPMN (Business Process Modeling Notation)


Trata-se de um modelo de notação criado em 2004 que visa, de maneira intuitiva,
permitir que os processos sejam desenhados e dia- gramados. Por meio do
diagrama de processo de negócio, é possível representar processos independente
do seu nível de complexidade. (ARAÚJO; GARCIA; MARTINES, 2016).

De acordo com Araújo, Garcia e Martines (2016), o Diagrama de Processo de


Negócio possui quatro categorias:

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Objetos de fluxo

são utilizados para representar o comportamento dos processos. Alguns


dos principais objetos de fluxo utilizados são os representativos de evento,
atividade e gatilho.

Objetos de conexão

são utilizados para conectar os objetos de fluxo. Como exemplos têm-se o


fluxo de sequência, utilizado para indicar a ordem das atividades; o fluxo de
mensagens, que indica o fluxo de informações entre participantes; e o fluxo
de associação que associa informações aos objetos do fluxo.
Piscinas/raias
são utilizadas para agrupamento de modelos. Como exemplo pode-se citar
a representação de um escritório contábil no qual o escritório em si seria
representado pela piscina e seus departamentos (fiscal, contábil etc.) seriam
representados pelas raias.

Artefatos

são utilizados para acrescentar informações aos processos, a fim de evitar


a necessidade de verificar alguma documentação não contemplada no
diagrama.

Os itens apresentados não pretendem esgotar a lista de objetos disponíveis para


representar determinado processo. A correta representação de um processo pode
desfrutar de diversos símbolos disponíveis nos manuais de BPMN.

IDEF (Integrated Definition)


Araújo, Garcia e Martines (2016) explicam que essa metodologia foi inicialmente
pensada para o desenvolvimento de softwares ou sistemas de informação. Essa
técnica contempla dezesseis categorias utilizadas para representar os processos
na organização. A listagem dessas categorias pode ser visualizada no Quadro
abaixo:

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Categorias do Método IDEF

Categoria Descrição
IDEF0 Modelagem de funções

IDEF1 Modelagem de informações

IDEF1X Modelagem de dados

IDEF2 Modelo de simulação

IDEF3 Descrição de processos

IDEF4 Modelo de objetos

IDEF5 Modelagem para coleta e aquisição de informação

IDEF6 Modelo de captura racional

IDEF7 Auditoria de sistema de informação

IDEF8 Modelo de interface com o usuário

IDEF9 Modelo de cenários

IDEF10 Modelagem de arquitetura de implementação

IDEF11 Modelo de artefato de informação

IDEF12 Modelo organizacional

IDEF13 Projeto e mapeamento esquema triplo

IDEF14 Projeto de rede

Fonte: Adaptado de Araújo, Garcia e Martines (2016).

Apesar de a técnica ter sido idealizada com base em sistemas de informação, nossa
discussão trata somente de processos empresariais. Sendo assim, abordaremos
somente as categorias IDEF0 (Integration Definition for Function Modeling) e IDEF3
(Integrated Definition for Process Description Capture Method).

A categoria IDEF0 permite a representação de qualquer função utilizando somente


diagramas de caixas e setas conforme ilustrado pela figura abaixo. A caixa
representa uma função e as setas são representativas de dados ou objetos.
(ARAÚJO, GARCIA E MARTINES, 2016).

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Representação IDEF0
Controle

Entrada Saída
Função
0
A0

Mecanismo
Fonte: Araújo, Garcia e Martines (2016)

Conforme explicam Araújo, Garcia e Martines (2016), a posição (direção e sentido)


de uma seta implica em significados diferentes:

• Setas horizontais com sentido apontando para a caixa indicam inputs neces-
sários para a execução da função representada.
• Setas horizontais com sentido apontando para fora da caixa indicam o pro-
duto da função.
• Setas verticais na região superior da caixa servem para indicar o propósito da
função, a maneira como ela se desenvolve, ou ainda um padrão a ser seguido.
• Setas verticais na região inferior da caixa servem para indicar a maneira
como a função atinge seu propósito.
• Setas verticais inferiores com sentido apontando para fora da caixa servem
para referenciar outra função diferente daquela sendo representada.

É recomendada a utilização do modelo IDEF0 somente para representar diagramas


com quatro a sete funções, de modo a evitar confusão naqueles que farão uso
dessa representação. (ARAÚJO; GARCIA; MARTINES, 2016)

A categoria IDEF3 é utilizada para prover a descrição das atividades envolvidas no


processo. Acerca dessa técnica, Araújo, Garcia e Martines (2016, s.p) afirmam: “[...]
com a IDEF3 é possível representar tempo, sequência dos eventos e suas relações,

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além de permitir o detalhamento das decisões lógicas, podendo ser usado para
descrever diferentes cenários representando a mesma função [...]”.

Uma função representada com a técnica IDEF3 pode ser visualizada na Figura
abaixo:

Representação IDEF3

UOB

X
Fonte: Elaborada pela autora (2020).

Essa técnica utiliza as chamadas unidades de comportamento (Units of Behavior


– UOB), que representam um processo todo ou uma atividade; setas de conexão,
utilizadas para denotar a interação entre unidades de comportamento; e símbolos
de decisão lógica que indicam convergência ou divergência no fluxo, mas também
podem ser utilizados como padrões lógicos: & (“E” síncrono ou assíncrono), OU
(síncrono ou assíncrono) e OU EXCLUSIVO. (ARAÚJO; GARCIA; MARTINES, 2016).

É recomendado apresentar um glossário juntamente com a diagramação do


processo, a fim de que o usuário não precise possuir conhecimento prévio da
simbologia utilizada para que possa compreender a representação.

EPC (Event-Driven Process Chain)


Parte do framework ARIS (Architecture of Integrated Information Systems), a
representação da metodologia EPC (Figura 2.7) constitui uma casa, cujos pilares
apontam dados, controles e funções, enquanto o telhado denota características da
organização cujo processo está sendo representado. (ARAÚJO; GARCIA; MARTINES,
2016).

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Representação EPC

Fonte: Sheer (1984 adaptado por Araújo, Garcia e Martines, 2016).

Essa técnica reconhece a participação da organização na função representada,


uma vez que a demanda pela função emana da organização que, por sua vez, tem
a capacidade de moldar os processos manipulando os recursos utilizados em sua
geração.

Além da representação em forma de casa, o framework ARIS também oferece


outras formas de representar artefatos que irão complementar as informações dos
processos e contribuir para a formulação do contexto organizacional no qual o
referido processo está inserido.

Araújo, Garcia e Martines (2016) listam os seguintes artefatos:

Cadeia de Valor Agregado:

permite a visualização das etapas da geração do processo responsáveis por


agregar valor.

Diagrama de Objetivos:

apresenta os objetivos do processo após a apresentação da cadeia de valor.

Árvore de Funções:

demonstram hierárquica e estaticamente quais são as funções que interagem


com o processo.
Organograma:
apresenta a estrutura organizacional da empresa, possibilitando compreender

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a responsabilidade de cada parte da estrutura com a geração do processo.

Diagrama de Entidade e Relacionamento:

representam os dados necessários para a execução das atividades do


processo.

Diagrama de Função:

detalha as atividades representadas no EPC e lista também os objetos


envolvidos com cada atividade.

Diagrama de Processos:

representa os eventos que antecipam as funções e também os que resultam


delas.

Além das três apresentadas, existem outras técnicas que podem ser utilizadas para
mapear processos organizacionais. Sendo assim, é importante sempre indicar a
técnica utilizada para realizar o mapeamento, bem como apresentar um glossário
com a explicação dos símbolos utilizados para que os usuários do catálogo de
processos possam se orientar sem que tenham que recorrer a outros materiais.
Idealmente, o catálogo de processo deve ser autocontido.

Atenção
É necessário executar o mapeamento com cautela, pois um
processo mal mapeado será analisado de maneira incorreta,
resultando em prejuízos para a organização.

Segundo Pozza (2008 apud PRADELLA; FURTADO; KIPPER, 2016) alguns erros que
podem ser cometidos ao longo do mapeamento dos processos, são:

Perder o foco do objetivo final.

Não definir quais serão as métricas para mensuração do desempenho do processo.

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Se aproveitar de modelos utilizados por outras empresas sem analisar as diferenças
existentes entre as organizações.

Fechamento
Nesta unidade vocês conheceram as técnicas mais utilizadas para modelagem
de um processo de negócio, que são elas: BPMN (Business Process Modeling
Notation), IDEF (Integrated Definition), EPC (Event-Driven Process Chain).

Estas técnicas nos ajudam à execução com excelência da modelagem de um


processo de negócio. As técnicas de modelagem de processos apresentadas
possuem como base a técnica PDCA (planejar, dirigir, controlar e ajustar) de busca
pelo aprimoramento contínuo da qualidade total. De maneira cíclica, sempre que
finalizada a remodelagem de um processo, a empresa deverá retornar a etapa de
análise cuidando para que os processos sempre estejam totalmente alinhados
aos objetivos organizacionais. Como as empresas estão inseridas em ambientes
cada vez mais dinâmicos, os processos organizacionais devem ser controlados e
ajustados constantemente. Em suma, a gestão e a modelagem de processos não
têm fim.

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Referências
ARAÚJO, L.C.G.; GARCIA, A. A.; MARTINES, S. Gestão de processos: melhores
resultados e excelência organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

PRADELLA, S.; FURTADO, J.C.; KIPPER, L.M. Gestão de processos: da teoria à


prática. São Paulo: Atlas, 2016.

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