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Palmas - TO
2018
KRISTIAN DOUGLAS RODRIGUES
Palmas - TO
2018
KRISTIAN DOUGLAS RODRIGUES
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. M.e Thiago Perez Ribeiro.
(Orientador)
Centro Universitário Luterano de Palmas
__________________________________________________
Prof(a). [nome e titulação do Professor(a)]
Centro Universitário Luterano de Palmas
__________________________________________________
Prof(a). [nome e titulação do Professor(a)]
Centro Universitário Luterano de Palmas
Palmas - TO
2018
RESUMO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................6
1 DIREITO EMPRESARIAL E HOLDING..........................................................................8
1.1 EMPRESÁRIO.....................................................................................................................8
1.1.1 Espécies de Empresários.................................................................................................9
1.1.2 Empresário Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI)............................10
1.2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAIS E SUAS ESPÉCIES....................................................11
1.2.1 Sociedade Simples..........................................................................................................12
1.2.2 Sociedade Limitada........................................................................................................13
1.2.3 Sociedade Anônima........................................................................................................15
1.3 HOLDING..........................................................................................................................17
1.3.1 Previsão Legal................................................................................................................20
1.3.1.1 Lei 6.404/1976 – Lei das Sociedades por Ações..........................................................20
1.3.1.2 Lei 9.430/1996..............................................................................................................21
1.3.1.3 Decreto 3.000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda..........................................21
1.3.1.4 Lei 10.833/2003............................................................................................................21
1.3.1.5 Lei 11.033/2004............................................................................................................21
1.3.2 Tipos de Holding............................................................................................................22
1.3.2.1 Holding Pura.................................................................................................................22
1.3.2.2 Holding Mista...............................................................................................................23
1.3.2.3 Holding Familiar...........................................................................................................23
2 LIMITAÇÕES ENTRE O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E FRAUDE
FISCAL....................................................................................................................................25
2.1 EVASÃO VERSUS ELISÃO.............................................................................................25
2.2 TRIBUTAÇÃO E SEUS LIMITES....................................................................................29
2.2.1 Limitações no Planejamento Tributário......................................................................32
3 VANTAGENS DA HOLDING FAMILIAR......................................................................35
3.1 VANTAGENS SUCESSÓRIAS NA HOLDING FAMILIAR..........................................35
3.1.1 Holding e o Imposto de Transmissão de Bens Inter Vivos (ITBI)..............................40
3.1.2 Holding e o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD)......................40
3.1.3 Celeridade da Holding Familiar em Comparação ao Inventario Judicial...............41
3.1.4 Valor Venal e Valor Declarado.....................................................................................43
3.2 VANTAGENS TRIBUTÁRIAS, PERMITIDAS PELA HOLDING FAMILIAR............45
3.2.1 Venda de Imóveis...........................................................................................................45
3.2.2 Alugueis de Imóveis.......................................................................................................46
3.2.3 Regime Tributário..........................................................................................................47
3.2.3.1 Lucro Real, Presumido ou Simples...............................................................................49
3.2.3.2 Lucro Real.....................................................................................................................49
3.2.3.3 Lucro Presumido...........................................................................................................50
3.2.3.4 Simples Nacional..........................................................................................................51
3.3 BLINDAGEM PATRIMONIAL........................................................................................51
CONCLUSÃO.........................................................................................................................56
REFERÊNCIAS......................................................................................................................58
INTRODUÇÃO
ilicitude e a sua relação com o planejamento tributário e outros benefícios adquiridos através
da constituição de uma holding, para a melhor compreensão desta pesquisa, foi realizados
estudos a partir das teorias, doutrinas e especialistas renomados que contribuem para a
discussão e a fundamentação relativas ao tema abordado nesta pesquisa.
O procedimento da análise utilizado na elaboração deste será a revisão bibliográfica
realizada em livros, artigos publicados em revistas especializadas e textos eletrônicos, que
permitiram o acesso às informações necessárias para o desenvolvimento do tema escolhido.
É extremamente importante, que a compreensão desta forma societária chegue aos
acadêmicos de direito, para que saibam o quanto é relevante conhecê-la, pois quando se
depararem frente a essa modalidade societária, possa lidar e buscar as devidas providências e
amparo jurídico.
Trata-se de uma modalidade societária, que precisa ser cuidadosamente analisada por
se haver confronto quanto sua legalidade. Por isso o presente trabalho buscara esclarecer
como legislação vem se portando em relação a Holding familiar e seu plano sucessório.
1 DIREITO EMPRESARIAL E HOLDING
1.1 EMPRESÁRIO
O Direito Empresarial é uma área do Direito Privado que trata, sobre as relações entre
particulares e cuida das atividades empresariais e do empresário, vindo a se firmar como um
conjunto de normas disciplinares que atua sobre os direitos e obrigações dos empresários,
sobre sociedades, contratos especiais, títulos de crédito e propriedade industrial. Dessa forma,
ele atua, por assim dizer, no caminho inverso ao tradicional contencioso judicial, já que
realiza análises antecipadas dos negócios e busca soluções preventivas aos seus clientes antes
que o problema se instale.
De acordo com Mamede (2004, p. 37):
Desta forma o conceito de empresa está ligado a ideia de organização ou seja um meio
criado para organizar um conjunto de finalidades com funções e atuações no plano econômico
com a finalidade de produzir riquezas trazendo a estruturação de atividades produtivas, com
vista na produção habitual e circulação de bens e serviços. De maneira empresa necessite de
disciplina jurídica.
A condição de empresário é atribuída pelo artigo 966 do Código Civil de 2002:
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É empresário por tanto é aquele que empreende isto é aquele que da existência à
empresa sem diferenciação entre a pessoa e o empreendimento sendo assim sujeito é o
empresário e o objeto é o empreendimento obtendo assim a relação jurídica empresarial.
Segundo Mamede (2004 p, 46) “o empresário é aquele que por sua atuação
profissional e com intuito de obter vantagens econômicas, torna a empresa possível”
reforçando a ideia de que para possuir características de empresa tende por possuir obtenção
de lucros o mesmo autor ainda traz que, “o conceito de empresário alcança as pessoas naturais
e as pessoas jurídicas”. A pessoa natural passa a assumir a condição de empresário e a pessoa
jurídica passa a se constituída sob a forma de sociedade empresaria.
Como foi visto, considera-se para tanto empresário aquela pessoa que obtém o intuo
de adquirir vantagens econômicas através de suas atividades profissionais, ou seja é aquele
que empreende e que torna a empresa possível tendo por objetivo o lucro, sendo ela pessoa
natural ou jurídica.
As espécies que agem dentro das atividades empresariais podem ser relativamente
classificadas como individuas e coletivos, sendo o primeiro o que possui a atividade
individual sem colaboração de sócio, e os coletivos os que funcionam por meio de sociedades
empresariais.
A situação jurídica do sócio é uma e do empresário e outra. O empresário vem a ser
responsável pelo empreendimento e sócio, logo também da empresa; é ele que exerce os atos
empresariais; lá o sócio é titular de cotas sociais ou é acionista, titular de ações. (MAMED,
2004)
Com a criação da lei 12.441, de 11 de julho de 2011, a classificação para o exercício
individual podem se subdividir em: empresário individuais, cuja responsabilidade é ilimitada
alcançando todos os seus patrimônios pessoais: as de responsabilidade limitada cuja
responsabilidade é restrita ao valor do capital. (NEGRÃO, 2013)
Existem os exercícios de atividade em empresariais e não empresariais sendo os de
forma empresarial: o empresário individual e empresa individual de responsabilidade limitada
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conhecida como EIRELI, abrangidas pelo art. 966 do código civil e pela lei n° 12441 de 2011
e também na Forma coletiva a sociedade empresaria.
No entanto, já os de atividades não empresariais são eles: de forma individual os
autônomo e as atividades não empresariais tais como intelectuais, cientifico, literário, e
artísticos; quanto aos coletivos são eles: associações sem fins lucrativos, fundações de fins
religiosos, morais, culturais e de assistência vide art. 62 do Código Civil e sociedade simples
de atividades lucrativas não empresária arts. 982 e 987 a 1.038.
As disposições que virão a ser abordadas nos capítulos posteriores tratarão da holding
junto a um contexto societário, mas a EIRELI foge um pouco a natureza que será discutida, já
que se refere a uma empresa individual de responsabilidade limitada.
Como já visto anteriormente a EIRELI foi adicionada ao nosso ordenamento jurídico
pela Lei 12.441/11, que determina o acréscimo, modificação e complemento ao livro dois da
parte especial do código civil de 2002, regulamentando o funcionamento deste novo tipo
empresário. Conforme decidiu o legislador:
No intuito de assegurar prováveis credores da EIRELI, seu capital social terá uma
quantidade limite a ser observada, não sendo menor que cem salários mínimos, para que em
casos propícios a empresa consiga quitar as obrigações firmadas, sem a necessidade de atingir
o patrimônio do sócio.
É importante salientar que este mínimo de capital não é uma garantia que vem limitar
totalmente responsabilidade do sócio, pois em casos de fraude ou confusão patrimonial a
EIRELI poderá sofrer a desconsideração de sua personalidade jurídica, permitindo a
satisfação dos credores através dos bens do empresário, garantindo a segurança econômica e
jurídica que dos envolvidos. É possível verificar que a EIRELI possui natureza semelhante a
de uma sociedade, mesmo que seja constituída por uma só pessoa, embora seja na prática
mais parecida com empresários individuais. É possível a utilização de tal para constituição de
uma holding. Embora não tenha aspecto social característico da holding familiar, conforme o
§ 3 do artigo 980-A do código de civil, a EIRELI está autorizada a concentrar quotas de
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outros tipos de sociedades em sócio único, sem necessidade de motivar o que levou a isto.
As sociedades empresariais são nada mais que pessoas jurídicas de direito privado,
criada para organizar o exercício de atividades econômicas como circulação e produção de
bens e serviços, de forma profissional, As sociedades devem preencher os requisitos previstos
no art. 104 do Código Civil vigente, quais sejam: agente capaz; objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei.
princípio de à sociedade não apresenta a figura da pessoalidade, não crava a legislação que se
mostre presente à figura do sujeito personalíssimo. Quando analisamos as características
pessoais do empresário, não mostra-se importante suas qualidades pessoais ou de seu trabalho
para determinarmos a contratação do serviço.
O profissional que faz ou prestará o serviço não é essencial para a atividade da
sociedade, será apenas um detalhe a composição desta. O que não ocorre no caso da sociedade
será sempre importante as características pessoais do empresário, observando-se o ramo de
atividade.
Neste sentido, versa Vido (2015, p. 21) que:
holding pura. Em outros casos, a próprias atividade de gestão das participações das
participações societária caracterizaria uma prestação de serviço.
Apesar da holding não exercer diretamente a atividade empresarial, não é possível
classificá-la como sociedade simples, devido á atividade econômica organizada, profissional e
destinada á produção de bens e serviços. Tanto a atividade intelectual, tal como a leitura,
pintura de quadros e outras semelhantes. Este esta diretamente relacionada com a empresa e
sua atividade. A holding representa um meio para exercer a participação de controle
societário.
Inicialmente, vale salientar que, nesse tipo societário prepondera a figura da pessoa
como principal elemento aglutinador da ideia de união em sociedade, quer em razão de suas
características específicas, ou em razão de suas características técnicas ou pessoas que possam
por algum motivo ter contribuído para que os sócios se unam. (GAINO, 2005)
Assim, tanto pode ser considerada como sociedade de pessoas uma sociedade em que
todos os sócios são membros de uma mesma família e o que os uniu foram os laços
familiares, como outra sociedade na qual os sócios são unidos por conhecimentos técnicos e
específicos que possuem e que utilizam como fundamentais na condução dos negócios
sociais, ou ainda quando o fator amizade ou características de natureza pessoal e
personalíssima também preponderam na união desses sócios para um fim de natureza
societária. (REQUIÃO, 2003)
Conforme Coelho (2007, p. 45) “O caráter intuito personae é preponderante nas
sociedades que possuem esta natureza e será levado em conta por ocasião da eventual cessão
de quotas”, que poderá sofrer restrições de toda ordem a impedir um ingresso de terceiro
estranho ao quadro social sem a aquiescência dos demais sócios.
De acordo com Zanetti (2008, p. 42):
A escassez de previsão legislativa da lei brasileira não impediu que a sociedade por
quotas de responsabilidade limitada tivesse uma notável recepção por parte daqueles
que resolveram operar mediante este tipo social, que representando atualmente quase
a totalidade das empresas registradas nos órgãos registrários do país.
Atualmente, a sociedade limitada passou a ser regulamentada pelo novo Código Civil,
conforme dispõe os artigos 1.052 a 1.087 desse Diploma, o qual disciplina as matérias
referentes à constituição e dissolução desse tipo societário.
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[...] de que este tipo social possui a mesma natureza dos demais tipos sociais que
formam as sociedades classificadas como de pessoas (sociedade em comandita
simples, sociedade de capital e indústria, sociedade em nome coletivo).
Nessa linha, Coelho (2007, p. 363) afirma que quotas “[...] a sociedade limitada, ao
contrário dos demais tipos sociais, pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com a vontade
dos sócios. O contrato social define a natureza de cada limitada [...]”.
A sua administração se encontra nas mãos de Diretores, que não necessitam ser
acionistas. Esses Diretores podem ser pessoas estranhas à sociedade, ou até mesmo
funcionários, que venham a ser levados a ocupar o cargo de direção, por meio de deliberações
votadas em assembleias gerais.
A característica principal desse tipo de sociedade é que o seu Capital Social é dividido
em ações de igual valor. A direção da empresa possui mandato definido em relação ao tempo,
conforme o Estatuto Social disciplina, e pode ainda constituir-se na mesma os Conselhos de
Administração e Fiscal.
A responsabilidade dos administradores é limitada, mas respondem civilmente quando
praticarem atos violadores da lei ou do estatuto. As Sociedades Anônimas possuem também
outras características, não menos importante, a saber: número mínimo de dois sócios; a
responsabilidade dos sócios limitada ao valor das ações subscritas ou adquiridas; seu objeto
pode ser uma empresa de fim lucrativo; é sempre de natureza empresarial, ainda que o seu
objeto seja civil.
As sociedades anônimas são classificadas em sociedade anônima de capital aberto e
sociedade anônima de capital fechado, conforme os valores mobiliários de sua emissão
estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.
Nesta mesma linha também traz o sociedade anônima.info (2018, p. 2):
As sociedades anônimas podem ser divididas em dois tipos: Capital aberto (quando
seus valores mobiliários podem ser negociados no mercado de valores - bolsa de
valores ou mercado de balcão) e; Capital fechado (seus valores mobiliários não
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Como visto na citação de vem ser adotadas algumas regras ara a constituição das
Sociedades Anônimas, como a subscrição de todo o capital social; a realização da décima
parte, no mínimo, desse capital, pelo pagamento de 10% (dez por cento) do valor nominal de
cada ação e o depósito em estabelecimento bancário de toda a importância da entrada inicial.
A forma de contribuição para o capital social poderá ser em dinheiro ou em qualquer
espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro, ficando claro que esta avaliação dos
bens é realizada por três peritos ou por empresa especializada.
A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da
emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetuada com
a intermediação de instituição financeira.
A constituição por subscrição particular do capital pode fazer-se por deliberação dos
subscritores em assembleia geral, ocasião em que será aprovado o estatuto social e a
nomeação dos primeiros administradores e dos fiscais, quando for o caso. A sociedade pode
ser constituída também por escritura pública. Nesse caso devem se cumpridos os requisitos
indicados no § 2º do art. 88 da Lei das S/A, in verbis:
A Lei 6.404/1976, com alteração da Lei 10.303/2001, no seu artigo 116, dá o seguinte
conceito de acionista controlador:
1.3 HOLDING
A expressão holding vem do idioma inglês to hold que tem em seu significado
controlar, sustentar, deter, assegurar, manter. No ensinamento de Mamede e Mamede (2014,
p. 9), apresentam a definição de que “holding é uma sociedade que detém participação
societária em outra ou de outras sociedades, tenha sido constituída exclusivamente para isso
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ou não”.
Começam a surgir as empresas holding no Brasil a partir de 1976, através da lei nº
6.404, a lei das Sociedades por Ações, com base em seu art. 2º, § 3º que “a empresa pode ter
por objetivo participar de outras empresas” consolidando assim a formação da holding no
Brasil.
Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não
contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não
prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social,
ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
Assim, o modo societário holding vem a ser aquela empresa que detém tanto direitos
como bens que podem vir a serem bens moveis, imóveis, participações societárias,
propriedade industrial como marca e patente, cotas de empresas e investimentos financeiros.
As referências encontradas servirão tanto para conhecer melhor o assunto, visualizar a
viabilidade da pesquisa, quanto para angariar conteúdo para produção do texto do referencial
teórico. Merece especial menção, nesta matéria, o art. 1° da Lei de 31.7.29 de Luxemburgo,
por apresentar uma definição do que seja uma sociedade "holding". Esse dispositivo diz:
Será considerada sociedade "holding" toda sociedade nacional que tenha por
finalidade exclusiva participar sob qualquer forma de outras empresas nacionais ou
estrangeiras, da gestão, assim como da valorização dessas participações, de maneira
a não ter atividades industriais próprias e não possuir casa comercial aberta ao
público.
Neste sentido interessa à holding apenas é a veste societária, por isso pode trazer
também esta espécie, fora do direito societário, sob a roupagem de associações, de outras
formas contratuais ou de fundações embora esta última, pelo controle público, seja menos
indicada. O empresário, a sociedade holding, não realiza atividade alguma, sequer realiza
atividade financeira; ele apenas visa o controle ou a soberania das sociedades controladas.
Então se limita a conservar a carteira de ações, a tomar as decisões a estas correspondentes
nas assembleias das controladas e a receber os dividendos e bonificações respectivas.
Com base em Machado (1970, p. 80) sobre os atos negociais diz que “A sua prática,
quando continuadamente reiterada, de modo organizado e estável, por um mesmo sujeito, que
busca uma finalidade unitária e permanente, cria, em torno desta, uma série de relações
interdependentes que, conjugando o exercício coordenado dos atos, a transubstancia em
atividade”. Desse modo, os atos negociais e, portanto, atividade negociais. Atividade que se
manifesta economicamente na empresa e se exprime juridicamente na titularidade do
empresário e no modo ou nas condições de seu exercício.
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Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não
contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes.
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não
prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social,
ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.
Desta forma autorizou expressamente a atuação da companhia entre outras empresas
podendo inclusive ser este seu objeto social como ocorre no caso da holding.
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A Lei das Sociedades por Ações figura entre as legislações de maior importância
quando se trata de holding com fins de controle de outras empresas, uma vez que regulamenta
este modelo de participação acionária. No seu artigo 2º, faz a previsão da utilização da
sociedade anônima como controladora de outras empresas, o que torna este formato societário
bastante atrativo.
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Esta legislação trata, entre outros pontos, da aplicação da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido sobre as sociedades anônimas, estabelecendo as normas de tributação sobre
ganhos de capital para empresas optantes pela apuração trimestral ou mensal por estimativa.
(BRASIL, 1996)
obrigatoriamente observar o que é disposto com relação aos rendimentos obtidos com
investimentos. (BRASIL, 2004)
já holding de controle é aquela que tem a possibilidade de controle sobre a sociedade que
participa devida a quantidade de quotas e ações que lhe pertence.
Holding mista é aquela que além de participar de outras empresas, também mantem
outras atividades empresariais como atividades comerciais, financeiras ou industriais. Desta
forma a holding também atua na prestação de serviços ou na produção de produtos ou
serviços comerciais.
O objeto da holding mista pode constituído de atividades de consultorias transportes
de mercadorias ou até mesmo ser proprietária de determinados bens inclusive de propriedade
intelectual. Geralmente as atividades empresarias são praticada pelas sociedades das quais a
holding tem participação entretanto se prevista em seu contrato social.
No entanto essas práticas distintas da participação de sociedade pode trazer
consequências não boas, como comprometimento dos patrimônios da holding com eventual
dívida contraída, pois acaba por se tratar da mesma pessoa jurídica que exerce as atividades
empresariais.
Holding familiar é aquela criada por membros de uma família, para organização de seu
patrimônio. Esta modalidade pode estar inclusa tanto na forma mista com na forma pura,
sendo diferenciado por sua composição restrita aos membros da família.
Nesta linha Mamede (2013, p. 9) afirma que:
[...] a chamada holding familiar não é um tipo específico, mas uma contextualização
específica. Pode ser uma holding pura ou mista, de administração, de organização ou
patrimonial, isso é indiferente. Sua marca característica é o fato de se encartar no
âmbito de determinada família e, assim, servir ao planejamento desenvolvido por
seus membros, considerando desafios como organização do patrimônio,
administração de bens, otimização fiscal, sucessão hereditária etc.
[...] holding familiar para qualificar uma empresa que controla o patrimônio de uma
ou mais pessoas físicas, ou seja, ao invés das pessoas físicas possuírem bens em seus
próprios nomes, possuem através de uma pessoa jurídica – a controladora
patrimonial, que geralmente se constitui na forma de uma sociedade limitada que,
via de regra, tem a seguinte denominação social (nome patronímico, ou outro à
escolha) Empreendimentos, ouParticipações, Comercial Ltda.
Buscando conceito na doutrina especializada, vemos que para Andrade Filho (2007,
p.728) “planejamento tributário ou 'elisão fiscal' envolve a escolha, entre alternativas válidas,
de situações fáticas ou jurídicas que visem reduzir ou eliminar ônus tributários, sempre que
isso for possível nos limites da ordem jurídica.”
O estudo principalmente da elisão e evasão fiscal é importante por que somente será
considerado planejamento tributário aquela conduta que estiver em consonância com o
ordenamento pátrio. Assim, o planejamento tributário estritamente considerado pressupõe
uma conduta lícita do contribuinte. Diante da constatação de um ilícito, não se falará mais em
planejamento fiscal.
Alexandre (2010, p. 287) define o que seria a elisão fiscal:
Nessa linha, o não ingresso na zona de incidência da norma tributária de forma lícita é
chamado de elisão fiscal. Isso significa que na elisão, através de planejamento, evita-se a
ocorrência do fato gerador, afastando-se, consequentemente, o pagamento de tributo. Existem
26
várias hipóteses em que o particular pode evitar a incidência da norma tributária sem violar o
Direito.
Um exemplo bastante citado pela doutrina é o do particular que pretende adquirir um
veículo podendo fazê-lo por contrato de compra e venda parcelada ou por meio de contrato de
leasing com cláusula de compra ao final. No primeiro caso há incidência de tributos, já que
existe disposição legal. Já quanto ao segundo não, tendo em vista a ausência de dispositivos
regulamentando a matéria. Optando pela segunda possibilidade, o particular estará eximindo-
se de pagar tributos, sem cometer qualquer irregularidade.
Para verificar-se a licitude de condutas como as acima descritas é necessário
considerar, na linha dos ensinamentos de Ávila (2005, p. 187) que:
Diferentemente da elisão fiscal, a evasão fiscal caracteriza-se por ser um meio ilícito
de afastar o pagamento de tributos. Isso porque na evasão ocorre o fato gerador, mas o
contribuinte, valendo-se de métodos escusos, não paga o devido. Exemplo dessa situação é a
empresa que possui uma filial, mas simula para o fisco que as unidades são empresas distintas
apenas para reduzir a carga tributária.
Alexandre (2010, p 287) define o que seria a evasão fiscal:
Isso porque, havendo simulação, fraude ou dolo o caso caracteriza evasão fiscal, que é
uma forma ilícita de afastar a incidência tributária. Dentro da evasão fiscal se encontram todas
as manobras ardilosas que, depois de ocorrido o fato gerador, visam a desviar a regra de
incidência tributária, abrangendo as mais diversas formas de falsificação (“notas-frias”,
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(a) Na evasão ilícita os meios são sempre ilícitos (haverá fraude ou simulação de
documento, fato ou ato jurídico- quando mais de um agente participar dar-se-á o
conluio); já na elisão os meios são lícitos porque não vedados pelo legislador. (b)
também no momento de utilização destes meios. Na evasão, a distorção da realidade
ocorre no momento em que ocorre o fato jurígeno-tributário (fato gerador) ou após
sua ocorrência; na elisão fiscal, a utilização dos meios ocorre antes da realização do
fato jurígeno-tributário ou como aventa Sampáio Dória, antes que se exteriorize a
hipótese de incidência tributária, pois, opcionalmente, o negócio revestirá a forma
jurídica alternativa não descrita na lei como pressuposto de incidência ou pelo
menos revestirá forma menos onerosa.
(...) o único critério seguro (para distinguir a fraude da elisão) é verificar se os atos
praticados pelo contribuinte, para evitar, retardar ou reduzir o pagamento de um
tributo foram praticados antes ou depois da ocorrência do respectivo fato gerador: na
primeira hipótese, trata-se de elisão; na segunda, trata-se de fraude fiscal.
Desta forma, é de fácil constatação que na visão doutrinaria a elisão a pessoa acaba
por não entrar na relação fiscal, enquanto que a evasão a pessoa entra na relação fiscal, mas
através de manobras ilícitas tenta é sair ilegitimamente dela.
Nesse contexto, importa destacar que foi visando afastar a evasão, que os legisladores
pátrios, através da Lei Complementar nº 104/2001, alteraram o Código Tributário Nacional,
investindo o Fisco dos poderes necessários à desconsideração das simulações levadas a efeito
pelas partes.
Eis o parágrafo único incluído no art. 116 do CTN:
Por outro lado, resta observar que se o caso configura efetivamente hipótese de elisão
tributária, não haveria outra conduta a ser tomada pelo Fisco, senão respeitar a forma jurídica
adotada pelo contribuinte, uma vez que, sendo lícita a forma utilizada (ou seja, sendo ela
prevista ou não vedada pela lei), ela não pode ser considerada abusiva.
Nesse sentido, inclusive, importa destacar que a admissão da chamada elisão fiscal,
em outros tempos denominada evasão lícita de impostos, é tese que encontra, há algum
tempo, respaldo no Poder Judiciário.
O ilustre Professor Aliomar Baleeiro, na oportunidade Ministro do Supremo Tribunal
Federal, na relatoria do Recurso Extraordinário nº 63.486, assim se posicionou sobre a figura
da elisão:
[...] Não houve, na espécie dos autos, qualquer tentativa de sonegação ou evasão
ilícita. O contribuinte realizou, à luz do dia e do Fisco, o que os escritores de Direito
Fiscal chamam de evasão lícita, aproveitando-se das lacunas da lei em matéria em
que ela pode ser expressa e clara. Juristas como JEZE, aliás, doublé de financista,
sustentou a licitude do contribuinte que busca adotar formas jurídicas mais
favoráveis ao pagamento mais benigno, desde que não usem de fraude ou
clandestinidade. Certo é que outros fiscalistas, ao contrário, defendem a
predominância econômica do conteúdo econômico sobre a aparência do negócio
jurídico formal.
(...)
Conheço do recurso e dou-lhe provimento. Era lícito o contribuinte mobilizar as
máquinas e equipamentos para vendê-los separadamente do imóvel como os vendeu.
Dest’arte, o v. acórdão negou vigência ao artigo 45 do Código Civil. A evasão, no
caso, foi lícita. Houve o que escritores ingleses chamam de "loop hole" ou lacuna da
lei fiscal, aproveitável pelo contribuinte, dado que o crédito tributário é sempre uma
obrigação ex lege. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os
conceitos de Direito Civil servem de base à interpretação dos tributos que a eles se
referem. A lei fiscal toma-os no sentido e no alcance que lhes dá o Direito Privado.
(grifos no original)
(Recurso Extraordinário nº 63486/SP, publicado no Diário da Justiça no DOU do dia
08.03.1968)
Desta maneira da a entende que todo aquele que agindo de boa-fé de forma licita terá o
direito de idealizar seu planejamento tributário de maneira que caracterize a elisão como
ocorre na holding, um planejamento de forma licita e dentro da legislação nacional.
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À medida que a sociedade brasileira se desenvolvia, o Direito tributário cada vez mais
sentia necessidade de transparecer. Analisando a grande característica do Direito Tributário
frente ao seu papel como ramo autônomo do Direito, um estudo sobre tal matéria não pode
abdicar de levantar o desenvolvimento da mesma através da história, visto que permite situar
melhor os temas a serem abordados e a melhor compreensão dos mesmos por demonstrar suas
origens e consequências e apontar fatos que precederam o determinaram novas circunstâncias.
Assim como os demais ramos jurídico, o Direito Tributário formou-se lentamente.
Com o surgimento da sociedade humana, onde o homem sentiu a necessidade de uma
organização no fundo financeira, sendo fruto da colaboração dos membros da coletividade,
com a com intuito de atender às necessidades coletivas. Assim, iniciou as primeiras
contribuições compulsórias, que a época possuiu diferentes nomes e formas das concebidas
para os dias atuais, até porque as instituições eram outras, assim como as autoridades e os
processos da época. Com base em Conjur (2018, p. 4):
Ao decorrer da história as imposições tributárias passaram por uma evolução que foi
desde caracterizadas por vexatórias até contribuições compulsórias pelos costumes e mais
tarde pela lei. Passaram de prestações pagas com a força braçal, em espécie (natura) e
chegando ao dinheiro em si. Essas contribuições passaram a ser sob força para as definidas
em lei.
O Conceito de tributo encontra-se expressamente previsto no Art. 3º do Código
Tributário Nacional, vejamos:
A constituinte é convocada com o encargo de dar ao nosso país uma nova constituição
e sistema tributário mais adequado às necessidades do país. A constituição de 1988, vigente
até os dias atuais, em verdade, promoveu uma reestruturação do sistema tributário, sendo
assim em seu texto se destacam três base fundamentais:
1- princípios gerais da tributação que basicamente admite uma figura gênero com a
30
denominação de tributo e seus tipos como o imposto (é vedada a sua vinculação a qualquer
órgão, fundo ou despesas), taxas (possuem justificação no poder de polícia ou utilização
efetiva ou potencial de serviços públicos específicos ou divisíveis), contribuições de melhoria
(decorrente de obras públicas), empréstimo compulsório (instituído para as despesas
extraordinárias, decorrentes de calamidades públicas, guerra ou sua iminência) e por fim as
contribuições (nas espécies: contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas);
2- as limitações ao poder de tributar, que consagra o caráter pessoal dos impostos e o
princípio da capacidade econômica do contribuinte, quando possível;
3- distribuição das competências tributárias onde encontramos o campo exato de
atribuições da lei complementar, definição de tributos e de suas espécies, incluindo fato
gerador, base de cálculo e contribuinte.
Assim traz, Bogo (2005, p. 290) em sua pesquisa:
[...] Vigora em nosso sistema tributário o regime das competências privativas. Tanto
para os impostos quanto para os demais tributos. Em relação aos tributos cujos fatos
geradores são, ou se ligam, a atividades estatais [...], a competência tributária
decorre da competência para a prestação do serviço ou para o exercício do poder de
polícia e, ainda, para a realização da obra pública [...] Ao determinar quais são os
31
impostos que podem ser criados pela União, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios, a Constituição delimita o campo fático que pode servir de suporte a
esses impostos. Define o que denominamos o âmbito constitucional de cada
imposto.
Esse sistema tributário descrito acima não entrou em vigor com a promulgação da
constituição que o instituiu, ou seja, 05 de outubro de 1988, mas cinco meses após em março
de 1989. As modificações entre este novo e o anterior foram muitas, porém ainda que sejam
observadas evoluções significativas na nossa organização atual, as falhas ainda prejudicam
bastante.
Pode ser destacado como diferenciais positivos deste novo sistema a distinção entre as
figuras fiscais essenciais (imposto, taxa e contribuições de melhorias) e figuras tributárias
32
para fiscais, supressão da competência da União para conceder isenções de impostos que não
são de sua competência, adoção da sistemática seletiva do ICMS, extinção de alguns impostos
bem como cuidado na instituição de empréstimo compulsório pelo estado.
Como ponto negativo encontrou: falta de rigidez pela admissão de surgimento de
impostos não previstos, ofensa à nomenclatura econômica do sistema tributário ao prever, por
exemplo, o imposto sobre grandes fortunas e sobre vendas a varejo de combustíveis,
centralização tributária na competência da União e pluritributação num campo concorrente.
Nos dias atuais a sociedade possui como instrumento uma lei voltada para o
financiamento da pessoa jurídica de direito público, com suas sanções e legalidades, matéria
esta de interesse dos indivíduos quer seja de ordem física ou de ordem jurídica.
De uma maneira simples, pode-se afirmar que o limite entre o planejamento tributário
e a fraude fiscal é a licitude. Tal declaração não é correta e é a resposta resumida mais
utilizada pelos autores que se dedicaram a versar sobre o tema. Para complementar a resposta
é necessário, no entanto, abordar as fronteiras legais entre licitude e ilicitude no planejamento
tributário.
No ensinamento de Venosa (2005, p. 340.):
distinção entre fraude e planejamento tributário. Machado (2016, p. 263) aduz que:
Nessa ordem de ideias, torna-se menos clara a distinção entre planejamento e fraude,
pois nem sempre é fácil identificar se o sujeito passivo praticou um fato “x” mas
declarou ter praticado fato “y” (fraude) ou se ele realmente praticou o fato “y”,
fazendo, assim, com que não incidisse a norma que tinha como suporte fático o fato
“x” (planejamento). Isso porque não é da mera declaração de um fato bruto que se
está cogitando (choveu ou não choveu?), mas da declaração de um fato institucional,
vale dizer, um fato que, em larga medida, é constituído pelos sujeitos que dele
tratam (houve aumento de capital ou emissão de debêntures com juros proporcionais
aos lucros da companhia emissora?).
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador
e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe
são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente
constituída, nos termos de direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios
jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do
tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados
os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária.
tributária. Não tem amparo no sistema jurídico a tese de que negócios motivados por
economia fiscal não teriam “conteúdo econômico” ou “propósito negocial” e
poderiam ser desconsiderados pela Fiscalização. O lançamento deve ser feito nos
termos da lei.
SIMULAÇÃO DE NEGÓCIOS.
O planejamento tributário que é feito segundo as normas legais e que não configura
as chamadas operações sem propósito negocial, não pode ser considerado simulação
se não há elementos suficientes para caracterizá-la.
SIMULAÇÃO.
Não se verifica a simulação quando os atos praticados são lícitos e sua
exteriorização revela coerência com os institutos de direito privado adotados,
assumindo o contribuinte as consequências e ônus das formas jurídicas por ele
escolhidas, ainda que motivado pelo objetivo de economia de imposto.
(CARF. Acórdão 1101.000.841. Sessão de 6.12.2012.)
O contribuinte é livre para escolher a forma menos onerosa com a qual a atividade
empresarial será desenvolvida, desde que tal planejamento respeite os limites impostos pela
legislação tributária. A legalidade tributária possui justamente essa função limitadora, a de
que somente a lei pode descrever a hipótese de incidência tributária, estando vedada pelo
CTN a tributação por analogia.
3 VANTAGENS DA HOLDING FAMILIAR
O patrimônio adquirido por uma pessoa ao durante sua vida é a representação de seu
trabalho e esforço, porém, como nenhum humano dura para sempre, a sua morte causa a
desvinculação de suas posses ao seu nome, iniciando desta forma a sucessão.
Enquanto vivo, o proprietário pode usufruir livremente de seu patrimônio, vendendo,
doando, locando dentre outras opções; mas depois de sua morte, as regras do ordenamento
jurídico deverão ser seguidas para a defesa dos herdeiros legítimos e necessários.
Entende-se por sucessão, segundo Parodi e Santos (2007, p. 112):
A palavra “sucessão”, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa
assume o lugar em outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. Numa
compra e venda, por exemplo, o comprador sucede ao vendedor adquirindo todos os
direitos que a este pertenciam. De forma idêntica, ao sedente sucede ao cessionário,
o mesmo acontecendo em todos modos derivados de adquirir o domínio ou o direito.
No exemplo citado ocorre sucessão inter vivos, mas no direito das sucessões a
transferência de bens corre tão somente a decorrente da morte de alguém ou seja causa
mortis, referido ramo do direito disciplina a transmissão do patrimônio do decujus.
Machado (2016, p.45) por sua vez conceitua o direito de sucessões com “o complexo
do princípio segundo quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de
existir”. Mesmo que sejam abrangentes as formas de sucessões entre vivos, para o presente
36
Quando ocorre a morte é possível verificar qual a capacidade para suceder na herança.
Essa capacidade é um direito concreto que pressupõe total capacidade para herdar todos os
37
direitos e obrigações segundo artigo 1.798 do código civil de 2002 “1egitimam-se a suceder
as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”. Mas vem-se
também que no artigo 1.799 do mesmo código que acrescenta os ainda não nascidos como
também a pessoa jurídica são legítimos a ser herdeiros.
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que
vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma
de fundação.
Nesta citação é possível notar que tanto os nascituros como também os pessoas
jurídicas podem ser legítimos a herança. Para Salvo venosa “Assim, a capacidade para
suceder é aferida no momento da morte”.
O gênero “herdeiros” é dividido em duas espécies distintas, sendo estas os herdeiros
legítimos e testamentários, conforme Carvalho (2016, p. 45):
Após a morte do titular, seus herdeiros recebem a propriedade dos bens seguindo o
princípio de saisine, porém, sendo a herança de natureza indivisível não poderão fazer uso do
montante, salvo exceções legais. Para possibilitar o uso do patrimônio será necessário
instaurar o processo de inventário, que busca extinguir a indivisibilidade, determinando o
quinhão hereditário de cada um dos herdeiros e fixando a possibilidade da negociação dos
bens.
Preleciona Venosa (2017, p. 67) que no que diverge, não se refere ao conceito de
inventário, sendo este:
Sendo o inventário o meio utilizado para coletar informações a respeito dos herdeiros,
bens e dívidas do de cujus, se torna muitas vezes um processo longo, já que as informações
deverão ser devidamente colocadas na ação, para evitar com isso erros matérias.
Realizado o inventário, um administrador se fará necessário para os devidos cuidados
com os bens enquanto não ocorre a conclusão do processo, a esse administrador é concedido o
nome de inventariante. Zelar pelo patrimônio que representa, reger o que deverá ser feito com
38
seus rendimentos e garantir a proteção dos bens são apenas algumas das funções do
inventariante, que deverá cumprir ao longo de sua administração.
Como esperado, sempre que há transmissão de bens, seja devido a morte ou em vinda,
a tributação estará presente. As sucessões hereditárias estão sujeitas aos tributos, como o
ITCMD que recai em casos de transmissão de bens de maneira gratuita, variando de 2% a 8%
a alíquota dependendo do estado que se encontre, sendo a herança ou doação exemplos
cabíveis. Além dos tributos que recaem sobre o processo de inventário, os honorários
advocatícios e custas processuais acabam por torna-lo uma ação de elevado custo. (MENDES,
2015)
A Constituição Federal, promulgada em 1988, efetuou a distribuição dos tributos que
cada Ente poderá instituir. O imposto de transmissão de causa mortis e doação restou a cargo
dos Estados-membros e/ou Distrito Federal, de quaisquer bens ou direitos, estando definido
no art. 155, inciso I, da Magna Carta.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
§ 1º O imposto previsto no inciso I:
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da
situação do bem, ou ao Distrito Federal;
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se
processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito
Federal;
Desse modo, fica fácil identificar que o Ente tributante, na questão do direito
sucessório, apenas aguarda a transmissão patrimonial para retirar dos sucessores o seu
quinhão sob a forma de tributo. Para melhor elucidar este ponto, no que tange ao fato gerador
do ITCMD, a Súmula 112 do STF já pacificou o tema informado que a lei considera que no
momento da morte o autor da herança transmite seu patrimônio integralmente a seus
39
Súmula 112
O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da
abertura da sucessão.
Caso o de cujus tenha escolhido o testamento para facilitar uma divisão de bens
apenas entre os herdeiros legítimos e necessários, ele poderá de forma livre e
desimpedida faze-lo, contanto que seja respeitada a mínima legítima do espólio.
Graças ao ordenamento jurídico, no artigo 1.846 do Código Civil de 2002 está
determinado que o valor a ser garantido para herdeiros necessários deverá ser igual a
metade dos bens do de cujus, isso restringe sua liberdade de em vida realizar um
testamento dispondo de parte superior a metade do patrimônio para uma pessoa que
não é legalmente sua herdeira.
Desta forma fica claro que para ser feito o testamento é necessário que se respeite a
mínima legitima, está pertencente ao herdeiro necessário. Esta restrição é justamente para a
proteção do herdeiro necessário, para que este não fique sem desfrutar de sua herança.
Segundo Brida (2013) a sucessão pode ocorrer por inter vivos ou causa mortis. Na
sucessão por inter vivos ocorre à incidência do ITBI – Imposto sobre transmissão de Bens
imóveis de competência dos municípios. E na transmissão por causa mortis, através de
inventário ocorre à incidência do imposto ITCMD – Imposto sobre transmissão causa mortis e
doação.
Como já citado, a transferência por inter vivos, por ato oneroso, ocorre a incidência do
imposto ITBI, conforme a constituição Federativa do Brasil (1988), em seu artigo 156,
estabelece que é competência dos municípios instituir regras, prazos e alíquotas relativas ao
imposto. Em conformidade o artigo 156 da constituição Federativa do Brasil traz:
Incidência de 4% sobre o valor venal dos bens e em caso de doação a alíquota aplicada
é de 3%.
É de grande importância trazer o esclarecimento da transmissão de bens inter vivos e
causa mortis antes de adentrarmos realmente nas vantagens sucessórias geradas constituição
da holding familiar.
40
Tal benefício pode ser visto como uma vantagem da pessoa jurídica em relação à
pessoa física, no entanto, é necessário atentar-se para a ressalva da parte final do inciso I, a
qual estabelece que não será concedida a imunidade para a pessoa jurídica que tenha por
atividade preponderante a compra e venda, locação de bens imóveis ou arrendamento
mercantil, como boa parte das holdings familiares. O modo como a atividade preponderante é
apurada é estabelecido no Artigo 37 Código Tributário Nacional:
Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica
adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade
imobiliária ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo
quando mais de 50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica
adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição,
decorrer de transações mencionadas neste artigo.
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou
menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no
parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da
aquisição.
Ainda há o fator negativo de, se a sociedade estiver sendo constituída por meio de
doação de quotas do pai para os filhos, por exemplo, incidirá ITCD-Doação sobre o valor
patrimonial dessas quotas doadas. Ou seja, em vez de pagar o tributo em um futuro, quando o
patriarca falecer, pagar-se-á no momento da transmissão da participação societária.
processo torna-se mais cansativo, pois, a média de uma ação de inventário sem litígio é de
cinco anos, e caso os herdeiros necessitem dispor de algum bem, terão que fazê-lo por meio
do inventariante permitido pelo juiz. Os valores que cercam a ação de inventário também são
consideráveis, e muitas vezes é a justificativa para que não sejam feitos os inventários,
causando uma insegurança jurídica extrema nas relações contratuais. Como o inventário recai
sobre pessoa física, sua tributação ocorrerá de acordo com a tabela progressiva, chegando até
27.50%, sendo a tributação do ITCMD variada a depender do estado (2% a 8%), além dos
custos com o judiciário e honorários advocatícios. (BERTOLDI; RIBEIRO, 2015)
O tempo necessário na composição e finalização da holding voltada a sucessão é
realmente muito mais vantajoso, porém, o valor para constituir a holding e suas vantagens
tributárias em razão patrimonial vão depender do caso concreto.
A natureza dos bens, a renda auferida, o tipo de lucro escolhido pela sociedade e a
divisão de quotas societárias respeitando a legítima dos herdeiros deverá ser observado
cuidadosamente, para evitar possíveis anulações futuras. (CARVALHO, 2017)
Assumindo que a sociedade escolhida para administração da holding caso seja uma
LTDA, sua constituição se dá por contrato social, dispensando, diferente do inventário, o
poder judiciário, fazendo uso apenas dos cartórios de registro. (MAMEDE, 2015)
A questão tributária aplicada entre a holding familiar e o inventário são relevantes em
casos específicos, portanto, não se pode constitui-la sem um estudo aplicado do caso, afinal,
mesmo que o tempo dela seja inferior ao de inventário, poderá ser menos rentável que ele.
É de grande valia ficar atento sobre a participação do cônjuge no processo de
inventário e na holding familiar, pois, este ponto pode ser alvo de conflitos na constituição de
uma holding. O cônjuge é aquele ligado ao de cujus por meio do casamento,
independentemente de seu regime de bens escolhido. Conforme ordenamento jurídico vigente:
Entende-se, seguindo a Constituição Federal de 1988 e o Código Civil de 2002 no seu
artigo supracitado, que o cônjuge é herdeiro necessário, logo, se a divisão realizada das quotas
de participação social não respeitar a legítima, ou seja, a parte que é por lei resguardada aos
herdeiros necessários sendo está de 50% do patrimônio do de cujus, será determinado uma
nova avaliação para o cumprimento das garantias legais.
O legislador mostra no artigo citado que o cônjuge é herdeiro por força de lei, é uma
garantia a ele instituída, e que pode vir a ser violada em uma holding familiar já que as
disposições de quotas de participação da holding podem ser divididas livremente por seu
proprietário.
É possível afirmar que mesmo as holdings familiares feitas com o intuito de lesar os
43
cônjuges, o nosso ordenamento jurídico defende sua participação. Mesmo que essa divisão
tenha sido feita em vida para os outros herdeiros necessários deixando o cônjuge sem
participação, será considerada esta divisão como adiantamento de herança, montante esse que
o cônjuge deverá fazer parte. (VISCARDI, 2016)
A divisão do patrimônio sem a participação do cônjuge é um ato indevido realizado
pelo administrador da holding, mas é importante diferenciá-lo das cláusulas de
incomunicabilidade. (MARTINS, 2012)
Assim, a incomunicabilidade trata-se da proibição da integração de um bem adquirido
ao patrimônio do cônjuge do beneficiado, esta manobra contratual é legitima, sem ferir
necessariamente as prerrogativas do cônjuge. (MARTINS, 2012)
Acerca deste tópico, há uma grande vantagem na criação de uma holding familiar e
integralização do capital social por meio de bens imóveis. Isso porque, caso o de cujus não
houvesse instituído uma pessoa jurídica para ser a proprietária de seus bens imóveis, os
herdeiros dele iriam pagar ITCD sobre uma base de cálculo que levaria em consideração o
valor venal do bem imóvel, a ser avaliado por ocasião do lançamento do tributo.
Agora imaginemos que o patriarca tenha constituído uma sociedade com seus filhos e
tenha integralizado suas quotas sociais com bens imóveis.
Como a propriedade imobiliária normalmente é um bem que não muda de proprietário
com frequência, o valor declarado no Imposto de Renda da pessoa física é o valor pelo qual
foi comprado o bem. Isso significa que um bem imóvel pode ter sido adquirido em anos
anteriores por um valor e, na declaração de Imposto de Renda da pessoa física do proprietário
do ano de 2018, este bem ainda estar pelos mesmo valor a qual foi comprado, por mais que o
valor venal atualizado seja muito maior. Isso ocorre porque não há, no ordenamento jurídico
brasileiro qualquer impedimento.
Logo, o proprietário do bem imóvel e patriarca pode decidir integralizar este imóvel na
sociedade holding, pelo valor declarado em seu Imposto de Renda, Os valores de suas cotas
seriam, portanto, as mesmas de quando o bem foi adquirido.
Quando do falecimento desta pessoa, aos herdeiros serão transmitidas, em vez do bem
imóvel, as quotas da sociedade pertencentes ao de cujus. Resta a dúvida: por qual valor se
transmitirá, então, as quotas sociais? A título exemplificativo, a legislação do Ceará afirma
que o valor deverá ser o valor corrente de mercado do bem:
44
Art. 13. No caso de bem móvel ou direito não abrangido pelo disposto nos arts. 11 e
12 desta Lei, a base de cálculo é o valor corrente de mercado do bem, título, crédito
ou direito, na data da constituição do crédito tributário.
§ 1º Na falta do valor de que trata este artigo, admitir-se-á o que for declarado pelo
interessado, ressalvada a revisão do lançamento pela autoridade competente, nos
termos do art. 149 do Código Tributário Nacional - CTN, e do art. 14 desta Lei.
§ 2º Em se tratando de ações representativas do capital de sociedade, a base de
cálculo é determinada por sua cotação média na Bolsa de Valores na data da
transmissão, ou na data imediatamente anterior quando não houver pregão ou
quando estas não tiverem sido negociadas naquele dia, regredindo-se, se for o caso,
até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias.
§ 3º No caso em que a ação, quota, participação ou qualquer título representativo do
capital de sociedade não tenha sido objeto de negociação nos últimos 180 (cento e
oitenta) dias, admitir-se-á seu valor patrimonial na data da transmissão, nos termos
do regulamento.
§ 4º Na hipótese em que o capital da sociedade tiver sido integralizado em prazo
inferior a 5 (cinco) anos, mediante incorporação de bens móveis e imóveis ou de
direitos a eles relativos, a base de cálculo do imposto não será inferior ao valor venal
atualizado dos referidos bens e direitos.
[...]
Art. 38. A pessoa jurídica cujo sócio venha a falecer disponibilizará à autoridade
fazendária os haveres apurados do sócio falecido, por meio de balanço patrimonial
ou outros documentos exigidos pela fiscalização. (LEI 15.812 DE 20-7-2015)
Note que o parágrafo quarto do artigo 13 estabelece que, se a sociedade tiver sido
constituída há menos de 5 (cinco) anos por meio de integralização de bens imóveis, será
considerado como base de cálculo o valor venal da propriedade imobiliária. Caso a sociedade
tenha mais de cinco anos, utiliza-se o valor patrimonial da quota social.
Não há obrigação para as sociedades de capital fechado à utilização, no balanço
patrimonial, do registro de bens pelo valor de mercado, sendo-lhes permitido, portanto, a
declaração somente o valor de aquisição. Logo, a base de cálculo do ITCD pode vir a ser bem
menor no caso de uma pessoa jurídica, quando comparada com a base de cálculo da pessoa
física sem a instituição de empresa, qual seja, o valor venal do bem imóvel.
Em suma, pode-se entender que, se a legislação afirma que a apuração dos valores das
quotas sociais do de cujus se dá por meio de análise de balanço patrimonial, nada impede que
este balanço seja baseado nas declarações de imposto de renda da pessoa jurídica do ano
anterior ao falecimento do sócio, por exemplo. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça de São
Paulo:
O Brasil é conhecido como um dos países de maior carga tributária aplicada a renda,
seja ela de pessoa físicas ou pessoas jurídicas. A alta das alíquotas aplicadas as atividades
empresariais têm feito empresários estudarem formas eficazes e legais para a redução de sua
contribuição à fazenda pública. O país necessita dos tributos para a organização estatal e
administração do seu território, mas a carga tributária que recai sobre as empresas brasileiras
chega a níveis bastante elevados em comparação com outros lugares do mundo:
A pesquisa reforça que o Brasil tem uma das mais altas taxas de impostos corporativos
do mundo, o que inibe o crescimento econômico, a competitividade do País e afugenta
investimento externo. O governo brasileiro arrecada das empresas em média 33,7% sobre um
lucro tributável de US$ 1 milhão. Em comparação, o governo chinês toma apenas 25% dos
lucros corporativos sobre o mesmo valor. A média das economias do G7 é de 32,3%, dos
BRICs é de 27,9% e a média global é de 27%. (NICÁCIO, 2016)
Conforme demonstra (NICÁCIO, 2016), a tributação brasileira atinge um nível tão
alto que chega a interferir no crescimento da atividade empresária, desencorajando novos
investimento ou até mesmo que outras empresas se instalem no Brasil, prejudicando com isso
grande parte da população de desempregados.
A tributação elevada de fato afasta novas empresas, mas as empresas que estão
atuantes não podem simplesmente abrir mão de suas atividades, e enfrentam da melhor forma
possível a cobrança das alíquotas determinadas, investindo em administração tributária e
juristas que tragam soluções práticas, como por exemplo: a utilização de uma holding em
determinadas situações. “As vantagens fiscais devem ser avaliadas conforme o cenário fiscal,
o tipo de constituição e objetivo da empresa; é importante o planejamento tributário para que
seja gerado o melhor resultado possível nas escolhas fiscais”. (MAMEDE; MAMEDE, 2014)
Empresas fazem uso de uma holding possuem vantagens a início na integralização de
capital, pois, caso um dos sócios decida integralizar o capital com bens, e estes tenham o
mesmo valor de mercado da declaração de bens, ele não sofrerá tributação, diferente da
pessoa física que caso exista uma diferença entre os valores mencionados, será tributado por
ganho de capital, seguindo a alíquota de 15%. (SILVA, 2011)
A respeito dos os aluguéis auferidos pela holding, Teixeira (2016) aponta que são
tributáveis pelo imposto de renda, a empresa holding pode optar pelo recolhimento do
imposto de renda calculado com base em estimativa de lucro mensal ou ainda pela apuração
trimestral, se a locação dos bens fizer parte do objeto social, será apurada a base de cálculo do
imposto de renda e contribuição social da seguinte forma.
Como ressalta Teixeira (2016, p. 7):
47
a) 32% dos aluguéis recebidos, se a locação dos bens fizer parte do objeto social
(vide nota);
b) Os ganhos de capital e demais receitas auferidas, exceto:
b.1) em qualquer caso, os rendimentos de participações societárias, e
b.2) no caso de opção pelo pagamento mensal do imposto por estimativa, os
rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, submetidos ao desconto de
imposto na fonte, e os ganhos líquidos de operações financeiras de renda variável,
submetidos à tributação separadamente. Nota: Se a locação de bens não fizer parte
do objeto social da holding, as receitas de aluguéis integram, por inteiro, a base de
cálculo do imposto mensal determinada por estimativa, bem como a base de cálculo
do imposto trimestral determinado com base no lucro presumido ou arbitrado.
Incide sobre a receita de aluguel, mensalmente o Pis- Pasep e COFINS, onde na base
de cálculo não se incluem receitas de participações societárias (TEIXEIRA, 2016).
Sendo assim a tributação é de 11,33%, (3% de Confins, 0,65% de PIS, 4,80% IRPJ,
2,88% de CSLL e adicional se houver de até 3,20%), assumindo sua escolha pelo lucro
presumido, diferente da pessoa física que receba um valor significativo decorrente de
aluguéis, será tributada em até 27.5% no imposto de renda para pessoa física. (BARBOSA;
Jesus, 2015)
É de grande importância destacar que o lucro recebido pelos sócios já vem tributado,
sofrendo os encargos na pessoa jurídica, não podendo desta forma serem tributados outra vez
quando distribuídos entre as pessoas físicas que integram esta sociedade.
Em busca da proteção do patrimônio contra a alta carga tributária, pessoas físicas
tendem ao transferir seus bens para integralizar o patrimônio de uma empresa, reduzindo a
tributação em casos cabíveis, não podendo ser aplicado como regra absoluta de redução
tributária. Desta forma, as empresas vão ganhando outras funções, chegando até a holding
familiar que busca a garantia do patrimônio com o menor custo possível.
pode optar pelo regime de lucro presumido, usando as alíquotas fixas que se encontra no site
da Receita Federal.
Podem optar pela tributação com base no lucro presumido as pessoas jurídicas que,
não estando obrigadas ao regime de tributação pelo lucro real, tenham auferido, no ano-
calendário anterior, receita total igual ou inferior a 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de
reais) ou a 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais), multiplicado pelo número de
meses do período. (BARBOSA; JESUS, 2015)
Ainda conforme (BARBOSA; Jesus, 2015) o imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ)
será de 15% do lucro presumido, estipulado com bases de cálculos contábeis. Já o programa
de integração social (PIS) tem sua alíquota estabelecida no valor de 0.65% que recai sobre o
faturamento total da sociedade.
A contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS), assim como o
PIS, será calculada sobre o faturamento total, mas sua alíquota possui o valor de 3%.
Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), também possui sua parcela na tributação da
sociedade, sendo ela no valor de 9% sobre o lucro presumido, igualmente o IRPJ.
Embora com todas essas alíquotas demonstradas, ainda poderá incidir sobre a
sociedade uma cobrança de 10% sobre a diferença do lucro líquido que ultrapasse R$ 20 mil
por mês.
Ao somar todas as alíquotas apresentadas a cima, (incluindo o acréscimo de 10%)
chegamos ao valor de 37.65%, mas tal valor não é uma taxa fixa a qual impactará sobre os
rendimentos, diferentes dos 27.5% das pessoas físicas. Como demonstrado, embora a soma
das alíquotas seja em porcentagem superior a apresentada na pessoa física, os cálculos destas
são feitos separadamente, algumas englobando o lucro presumido, outras o faturamento total,
aplicando a base de cálculo das alíquotas sobre 32% da receita bruta, ficando desta forma,
proporcionalmente IRPJ:4,80%, CSLL: 2,88%, PIS:0.65%, CONFINS:3%, TOTAL: 11.33%
(Se acréscimo de 10% do IRPJ), graças a isso os valores tributados se tornam inferiores aos
aplicados no IRPF. (BARBOSA; Jesus, 2015)
Para se obter a base de cálculo para tributação das pessoas jurídicas do regime de lucro
presumido, o valor resultante da aplicação dos percentuais de presunção de lucro (variáveis
conforme o tipo de atividade operacional exercida pela pessoa jurídica) sobre a receita bruta
auferida, este resultado obtido deverá ser acrescido dos ganhos de capital, dos rendimentos e
ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras (renda fixa e variável), das variações
monetárias ativas, os juros recebidos como remuneração do capital próprio, descontos
financeiros obtidos e os juros ativos não decorrentes de aplicações, e a receita de locação de
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Outro detalhe do Simples Nacional é que as alíquotas são progressivas, podendo ser,
nas faixas superiores de receita, especialmente para empresas de serviços, mais onerosas para
do que os regimes de Lucro Real ou Presumido.
Planejada para ser a proprietária dos bens da família ou da pessoa que a institui a
holding familiar traz em seu escopo a blindagem patrimonial contra eventuais deslizes dos
futuros herdeiros, evitando, assim, que as quotas sociais da empresa familiar ou os bens
adquiridos com sacrifício pela família sejam executados por credores ou cônjuges de
herdeiros despreparados.
O termo Blindagem Patrimonial é exatamente o que o próprio nome já diz. Conjunto
de ações com o objetivo de defender o patrimônio pessoal contra as chamadas contingências
externas. Para Heleno Torres (2001, p.37), esta forma de planejamento tributário deve ser
utilizada para designar “a técnica de organização preventiva de negócios, visando a uma
legítima economia de tributos, independentemente de qualquer referência aos atos
ulteriormente praticados”.
Mas obviamente que isso só é possível se a Holding Familiar funcionar de forma
correta, ou seja, de forma que se enquadre na legislação tributária, e ter como objetivo o
planejamento tributário, financeiro e sucessório. Do contrário, ou seja, caso seja infringida a
legislação fiscal, o administrador responderá pelos seus atos e o patrimônio pessoal poderá ser
afetado.
A Holding Familiar oferece também uma forma de blindagem dos bens contra
processos de divórcio, separações litigiosas e uniões estáveis paralelas aos casamentos
formais.
Conforme traz Coelho e Féres (2014, p. 15) explica bem sobre uma eventual divisão
de quotas:
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio
ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por
falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente.
Art. 861. Penhoradas as quotas ou as ações de sócio em sociedade simples ou
empresária, o juiz assinará prazo razoável, não superior a 3 (três) meses, para que a
sociedade:
I - apresente balanço especial, na forma da lei;
II - ofereça as quotas ou as ações aos demais sócios, observado o direito de
preferência legal ou contratual;
III - não havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, proceda à liquidação
das quotas ou das ações, depositando em juízo o valor apurado, em dinheiro.
Apenas tal vantagem, entretanto, não justificaria a criação de uma holding, visto que
em uma sociedade limitada as normas de proteção à entrada de terceiros na sociedade são as
mesmas, além do que é possível estabelecer regras de sucessão no contrato social ou no
acordo de cotistas.
Ainda, imagine-se que o pai administrador dos patrimônios de uma família pretende
que a administração das empresas recaia sobre o primogênito, tal desejo poderia ser atendido
sem os custos e burocracias da criação de uma holding, apenas com uma determinação no
contrato social ou no acordo de cotistas.
Neste mesmo sentido, Mamede (2012, p. 67) traz que:
patriarca e da matriarca, muito provavelmente o valor dos bens imóveis do casal seria apurado
e divididos entre os herdeiros. Imaginando que um dos herdeiros põe-se a gastar
deliberadamente e contrair dívidas com as quais não pôde honrar, em uma eventual execução,
a sua propriedade nos bens imóveis virá a ser penhorada e o credor poderá ter a propriedade
de uma fração ideal destes bens imóvel, tendo direito, inclusive, ao fruto dos alugueres
gerados por elas, na proporção de sua propriedade.
Não poderiam os outros proprietários do imóvel obstar a entrada do credor, saindo
assim do controle familiar, portanto a entrada de terceiros no patrimônio da família.
Por outro lado, Mamede (2012 p. 63) mostra que:
Neste caso, os patriarcas tivessem decidido pela constituição de uma holding familiar
a qual incluísse os bens imóveis em seu capital social, cada herdeiro teria direito a um
determinado número de cotas na sociedade. Vindo um desses a ser executado, o credor estaria
impedido de entrar na sociedade, por força do art. 1.030 do Código Civil de 2002, tal qual
explicitado a seguir:
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio
ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por
falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade
superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado
falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do
art. 1.026.
Além disso, a constituição de uma holding mostra-se uma saída para ganhar tempo em
uma execução. Com visto nos parágrafos anteriores sem a sociedade patrimonial, o herdeiro
devedor e já executado teria rapidamente sua fração ideal imobiliária bloqueada no Registro
de Imóveis. Já com a holding, o credor deverá liquidar a cota, iniciativa que, quando
comparada com o bloqueio e depois leilão de bem imóvel, é mais demorada e, em vez de o
credor leva necessariamente uma parte do bem imóvel, a dívida poderá ser paga de qualquer
outra forma pelo capital da sociedade.
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Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige
escritura pública
Art. 98 § 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia, passada pelo registro do
comércio em que foram arquivados, será o documento hábil para a transferência, por
transcrição no registro público competente, dos bens com que o subscritor tiver
contribuído para a formação do capital social (artigo 8º, § 2º).
§ 3º A ata da assembleia-geral que aprovar a incorporação deverá identificar o bem
com precisão, mas poderá descrevê-lo sumariamente, desde que seja suplementada
por declaração, assinada pelo subscritor, contendo todos os elementos necessários
para a transcrição no registro público.
Como bens imóveis são, em geral, ativos adquiridos há muito tempo pelos
proprietários, o valor declarado no Imposto de Renda é o valor pelo qual o imóvel foi
adquirido, muito provavelmente, ultrapassado e menor quando comparado com o preço de
mercado do bem. Daí entende-se que, como não há necessidade de escritura pública, os bens
imóveis podem ser integralizados pelo valor declarado no Imposto de Renda da pessoa física
que o está disponibilizando, evitando assim, a cobrança de imposto de renda por ganho de
capital.
Mas em caso de uma execução onde o valor da dívida seja maior que o valor do contra
tato social de uma holding, estabelece o artigo 1031 do Código Civil que:
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor
da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à
data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
O artigo citado é claro ao estabelecer que a quota será liquidada com base na situação
patrimonial da sociedade, com base em balanço especialmente levantado. O juiz deve nomear
perito para avaliar os bens da sociedade.
CONCLUSÃO
integralizar este imóvel na sociedade holding pelo valor declarado no imposto de renda. Por
tanto os valores das cotas seriam os mesmos de quando o bem foi adquirido.
No mesmo capitulo sobre a vantagem tributária observou-se, que a pessoa jurídica
pode optar pelo lucro presumido adquirindo vantagens tributarias se comparado com pessoa
física, ainda por se tratar de pessoa jurídica obterá a diminuição no percentual tributário em
caso de venda ou alugueis de imóveis.
Como ficou configurado neste estudo, a holding familiar traz a figura da blindagem
patrimonial, que nada mais é do que uma forma de proteção ao patrimônio para que não
chegue à mão de terceiros fora do ambiente familiar, de forma que em caso de endividamento
de algum membro da família este patrimônio não é atingido diretamente.
Sendo assim, foi possível notar no presente estudo desde a figura do sócio até a
blindagem patrimonial que é necessário que se haja um minucioso planejamento para que a
holding possa funcionar devidamente dentro das normas jurídicas nacionais, selecionando a
forma de sociedade correta para a ocasião para que não acabe por ocorrer prejuízos
financeiros aos sócios.
Por fim, conclui-se que é de grande relevância notar que a holding familiar acaba
sendo uma plausível alternativa para famílias que possui grandes patrimônios e
empreendimentos empresariais, sendo assim foi possível concluir que a holding familiar,
possui legitimidade dentro de suas formas societárias no que tange a sua constituição, de
forma licita e elísiva identificou-se como vantajosa no que se refere a questão tributária e de
blindagem patrimonial.
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