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TÍTULO: Comparação entre métodos

simplificados e modelos não lineares


de elementos finitos para o cálculo
de flecha imediata em vigas
biapoiadas de concreto armado.

AUTOR(ES): Junges, Elisabeth; La Rovere,


Henriette Lebre

ANO: 2012

PALAVRAS-CHAVE: Flechas, Vigas


Biapoiadas, Concreto
Armado, Análise Não
Linear

e-Artigo: 063 – 2012

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1993 – cj. 61 – São Paulo/SP– 01452-001 – fone: (11)3938-9400
www.abece.com.br – abece@abece.com.br
Comparação entre métodos simplificados e modelos não lineares de
elementos finitos para o cálculo de flecha imediata em vigas biapoiadas
de concreto armado.
Comparison of simplified methods and nonlinear FE models for short-term deflection
calculations of simply supported RC beams

Elisabeth Junges (1); Henriette Lebre La Rovere (2)

(1) Doutoranda, Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina,
email: beth.junges@uol.com.br
(2) Professor Associado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, email:
henriettelarovere@gmail.com

Resumo
Neste trabalho realiza-se um estudo comparativo entre as flechas de vigas biapoiadas de concreto armado
obtidas por métodos simplificados e por modelos refinados de elementos finitos (EF). Os métodos
simplificados estudados são o proposto por Branson, recomendado pela NBR 6118/2007, e o método
Bilinear indicado pelo CEB. São utilizados dois modelos de elementos finitos; no primeiro modelo a não
linearidade dos materiais é considerada a partir de relações constitutivas do aço e do concreto, incluindo-se
um modelo refinado de “tension-stiffening,” e no segundo modelo é considerada a partir de gráficos
momento-curvatura, obtidos pela equação de Branson. Inicialmente comparam-se os valores de flechas
obtidos pelos diversos métodos/modelos com valores obtidos de diversos ensaios experimentais. Em
seguida comparam-se os resultados obtidos pelos diferentes métodos simplificados e modelos de EF para
diversos exemplos de vigas biapoiadas de concreto armado em serviço, variando-se as características
geométricas das vigas, o tipo de carregamento, a resistência do concreto e a taxa de armadura. Ao final do
trabalho são extraídas algumas conclusões e recomendações quanto ao uso dos métodos e modelos
estudados.
Palavra-Chave: flechas, vigas biapoiadas, concreto armado, análise não linear.

Abstract
In this work, a comparative study between deflections in simply supported RC beams obtained by simplified
methods and by refined finite element (FE) models is performed. The simplified methods employed are the
one proposed by Branson, recommended by the Brazilian Code NBR 6118/2003, and the bilinear method
indicated by the European Code CEB. Two finite element models are utilized; in the first one the material
nonlinearities are considered by means of constitutive relationships for steel and concrete, in which a refined
tension-stiffening model is included, and in the second model the material nonlinearities are considered by
means of moment-curvature diagrams obtained using the Branson equation. A comparison between
deflections obtained numerically by the different methods and experimentally from several tests is initially
performed. Next the results obtained by the simplified methods and by the FE models are compared for
several examples of simply supported RC beams at service, by varying the beam geometry, the loading type,
the concrete strength and the reinforcing ratio. A few conclusions and recommendations regarding the use of
the different methods are drawn at the end of the work.
Keywords: deflections, simply supported beams, reinforced concrete, nonlinear analysis.

ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 1


1 Introdução
O principal problema dentro dos estados limites de serviço são as deformações
excessivas, que são verificadas pela comparação dos deslocamentos verticais (flechas)
máximos dos elementos estruturais com valores limites estabelecidos em normatização
referente ao assunto, que no caso do Brasil é a NBR 6118/2007 para estruturas de
concreto.
O cálculo da flecha total em uma viga de concreto armado pode ser dividido em duas
parcelas, uma de flecha imediata e outra de flecha diferida no tempo, a qual é devida
principalmente aos efeitos de fluência e retração do concreto. Neste trabalho só será
estudada a parcela de flecha imediata, entendendo-se que é o primeiro passo para a
verificação da flecha total. A fissuração que ocorre no concreto sob tração, assim como o
amolecimento sob compressão, levam à alteração da rigidez da viga, que passa a ter
comportamento não linear. Um dos parâmetros mais difíceis de determinar é a
contribuição do concreto fissurado na rigidez da peça, conhecido como efeito “tension-
stiffening”. Para levar em conta as não linearidades de material é necessário realizar uma
análise não linear da viga, que é mais complexa e demanda mais recursos
computacionais do que uma análise linear. Para isso, existem vários modelos de cálculo,
que podem ser tanto modelos refinados, como, por exemplo, os que utilizam elementos
finitos e modelos constitutivos mais elaborados, como métodos simplificados, como os
adotados em normas de estruturas de concreto armado para a previsão de flechas de
vigas. Estes métodos simplificados dispensam a realização de uma análise não linear,
pois consideram de forma simplificada a contribuição do concreto fissurado na rigidez da
peça, podendo ser utilizados de maneira rápida por cálculo manual ou exigindo poucos
recursos computacionais.
A disponibilização de modelos mais refinados que buscam representar mais
adequadamente o comportamento não linear das estruturas de concreto armado,
juntamente com a disponibilização de recursos computacionais, e a importância de se
calcular com maior precisão as deformações em elementos estruturais, faz surgir o
questionamento quanto à necessidade de ainda se empregar atualmente métodos
simplificados para o cálculo de flechas.
Alguns estudos que buscaram comparar os resultados obtidos por diferentes métodos
simplificados disponíveis com modelos mais refinados e resultados experimentais já foram
realizados. No entanto, faltava ainda um estudo mais abrangente que englobasse um
maior número de vigas, de diferentes geometrias, taxas de armadura e tipos de
carregamento, para investigar se os métodos simplificados fornecem resultados
satisfatórios em comparação com modelos mais refinados, justificando assim a sua
utilização pelos projetistas.
Assim sendo apresenta-se neste trabalho um estudo abrangente realizado por Junges
(2011) em sua dissertação de mestrado sobre o cálculo de flechas imediatas em vigas
biapoiadas de concreto armado, sob cargas de serviço, onde foram comparados os
resultados obtidos pelos métodos simplificados recomendados pela NBR 6118 (fórmula
de Branson) e pelo CEB (método Bilinear) com dois modelos de elementos finitos (EF) de
barra. No primeiro modelo de EF a seção do elemento é discretizada em camadas e a
não linearidade dos materiais é considerada a partir de relações constitutivas do aço e do
concreto, incluindo-se um modelo refinado de “tension-stiffening”, enquanto que no
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segundo modelo de EF a não linearidade é considerada a partir de gráficos momento-
curvatura, os quais são obtidos usando-se a equação de Branson. Os resultados dos
modelos de elementos finitos e dos métodos simplificados são inicialmente comparados
com diversos resultados experimentais disponíveis na literatura.
Com esse estudo pretende-se fornecer orientação aos engenheiros projetistas quanto ao
uso dos métodos simplificados e modelos de elementos finitos estudados, avaliando a
variação dos resultados fornecidos por cada método/modelo conforme a variação do tipo
de carregamento, propriedades do material, taxa de armadura e extensão do vão
fissurado, fornecendo assim um maior entendimento sobre o assunto.

2 Métodos simplificados para cálculo de flecha imediata em vigas de


concreto armado
Os métodos simplificados selecionados, a fórmula de Branson e o método Bilinear, foram
implementados no programa computacional AVSer e estão descritos no que se segue.

2.1 Fórmula de Branson


O método simplificado proposto por Branson (1963) adota uma fórmula de inércia
equivalente (EIeq), onde a inércia é ponderada entre o estádio I e estádio II puro para a
consideração de que parte da viga não está fissurada e também do efeito “tension
stiffening” na parte fissurada da viga. A NBR 6118, desde a versão 2003, recomenda esta
fórmula para o cálculo da flecha imediata em vigas de concreto armado:

(Equação 1)
onde:
é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
é o momento de inércia da seção fissurada de concreto no estádio II
é o módulo de elasticidade secante do concreto, que pode ser obtido a partir do
módulo tangente inicial Eci, sendo fck a resistência característica do concreto em MPa:
(Equação 2)
é o módulo de elasticidade do aço de armadura passiva que pode ser admitido igual a
210 GPa na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante.
Adota-se para cálculo de EIeq quando se utiliza uma seção de referência para todo
o vão, para considerar o efeito “tension-stiffening” e também que parte do vão ainda se
encontra no estádio I. Adota-se para o cálculo de uma seção individual.
é o momento fletor na seção crítica do vão considerado;
é o momento de fissuração do elemento estrutural:
(Equação 3)
onde:
é a distância do centróide da seção à fibra mais tracionada;
é a resistência à tração direta do concreto, sendo que, na falta de ensaios para
determinação deste valor, pode ser adotada a seguinte equação para verificação de
estado limite de deformação excessiva:
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(Equação 4)
sendo a resistência média à tração do concreto ( e fck em MPa).
O coeficiente correlaciona de maneira aproximada a resistência à tração na flexão com
a resistência à tração direta, sendo igual a 1,5 para seções retangulares.
Para momento fletor atuante Ma menor que Mr, ou seja, seção no estádio I, adota-se a
rigidez da seção bruta .

2.2 Método Bilinear


O método bilinear é descrito pelo CEB “Design Manual on Cracking and Deformations”
(1985). Neste método a flecha é estimada por um valor intermediário entre o valor da
flecha calculada com rigidez no estádio I e a flecha calculada com rigidez do estádio II
puro, utilizando o coeficiente de distribuição para fazer a interpolação e assim
considerar a colaboração do concreto entre fissuras e também que parte do vão ainda
está no estádio I.
(Equação 5)
onde:
é a flecha calculada no estádio I;
é a flecha calculada no estádio II;
para : (Equação 6)
para : (Equação 7)
sendo o coeficiente que caracteriza a qualidade da aderência das barras de aço e o
coeficiente que representa a influência da duração da aplicação ou da repetição do
carregamento solicitante, que para barras de alta aderência e primeiro carregamento
(caso das vigas estudadas), segundo prescrições do Eurocode (1992) é:
(Equação 8)
Mr é o momento de fissuração na seção crítica e conforme o CEB é obtido por:
(Equação 9)
sendo a resistência do concreto à tração (fct e fck em MPa):
(Equação 10)
O coeficiente pode também ser aplicado diretamente à curvatura, ao invés da flecha,
sendo este o procedimento adotado neste trabalho. Ressalta-se que a diferença entre
valores fornecidos pelas Equações 4 e 10 são desprezíveis, mas na Eq. 9 o momento de
fissuração é definido em função da resistência à tração direta, dada pela Eq. 10, ao invés
da resistência à tração na flexão, conforme NBR 6118 (Equação 3). No entanto, conforme
será visto no item 4, no estudo comparativo as propriedades serão uniformizadas, sendo
adotadas a Equação 3 e a 4 também para este Método Bilinear.
3 Modelos de elementos finitos para análise não linear de vigas de
concreto armado
São utilizados dois modelos de elementos finitos, sendo o primeiro descrito
resumidamente no item 3.1 a seguir e o segundo no item 3.2.
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3.1 Modelo de elementos finitos de barras com seção discretizada em
camadas para análise não linear de pórticos planos de concreto armado
Este modelo foi desenvolvido na tese de Stramandinoli (2007) para pórticos planos e
vigas de concreto armado e foi implementado no programa computacional ANALEST. É
utilizada a formulação do Método dos Elementos Finitos para um elemento finito de barra
de três nós, sendo dois nós externos com três graus de liberdade e um nó interno com um
grau de liberdade (deslocamento axial). O programa permite considerar tanto a não-
linearidade física como geométrica, mas apenas a não-linearidade física será tratada
neste trabalho. O modelo adota a hipótese de viga de Euler-Bernoulli, em que a
deformação por cisalhamento é desprezada, e admite que a viga apresenta ruptura por
flexão. O aço e o concreto são considerados materiais homogêneos e admite-se a perfeita
aderência entre os dois materiais. A seção transversal do elemento de barra é
discretizada em camadas, considerando-se que cada camada está submetida a um
estado uniaxial de tensões. Os esforços totais são encontrados superpondo-se os
esforços das camadas de concreto com os esforços provenientes das tensões nas
armaduras. O método incremental e iterativo de Newton-Raphson é utilizado para
resolução do sistema de equações não lineares da estrutura. Adota-se para o concreto
sob compressão o modelo constitutivo do Código Modelo CEB-FIP 1990 e utiliza-se para
o concreto sob tração o modelo de “tension-stiffening” proposto por Stramandinoli e La
Rovere (2008), baseado no modelo do CEB (1985) em que a tensão do concreto após a
fissuração tem decaimento exponencial em função de um parâmetro  que leva em conta
a taxa de armadura da seção e a relação dos módulos de elasticidade do aço e do
concreto. Admite-se que o aço tem comportamento idealizado elasto-plástico, com
diagrama tensão-deformação dado por uma curva bilinear para tração e compressão.
3.2 Modelo de elementos de vigas (MEV) utilizando modelos constitutivos a
partir de diagramas momento-curvatura
Este modelo consiste em discretizar a viga em vários elementos de pequena dimensão,
utilizando a formulação de análise matricial para obtenção dos deslocamentos e esforços
nodais, desprezando-se a deformação devido ao cisalhamento. Para cada elemento a
rigidez secante (EIsec) é calculada a partir do diagrama momento-curvatura, construído a
partir da equação de Branson, adotando-se o expoente m igual a 4. O modelo foi
implementado no programa AVSer e limita-se à análise de vigas até a carga
correspondente ao início do escoamento do aço.
4 Estudos realizados
Para verificar a acurácia dos diferentes métodos e modelos, realizou-se inicialmente uma
comparação entre os valores numéricos de flechas imediatas e valores experimentais de
vigas ensaiadas por diversos pesquisadores. No entanto, essa comparação não abrange
todas as situações de vigas de projeto, tanto devido ao número reduzido de ensaios como
devido às limitações na geometria das vigas, variações nas propriedades e
carregamentos usados nos ensaios. Assim buscou-se nesta primeira comparação se
extrair o modelo que melhor representasse o comportamento estrutural em serviço das
vigas, para ser utilizado como referência, e, em seguida, fazer um estudo comparativo
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mais abrangente entre os métodos/modelos, para vigas de projeto considerando
variações na geometria, propriedades do concreto, taxa de armadura e carregamentos.
Para possibilitar a comparação entre os diferentes métodos/modelos e também destes
com experimentos, unificaram-se todas as propriedades dos materiais: resistência do
concreto à compressão e à tração, módulo de elasticidade do concreto e do aço, e
momento de fissuração, utilizando-se as recomendações da NBR 6118/2007. Na
comparação com experimentos, utilizaram-se os valores (médios) das propriedades dos
materiais que foram medidas nos ensaios, e, para aquelas que não foram medidas,
adotaram-se as equações recomendadas pela NBR 6118/2007. Para o cálculo pelo
método dos elementos finitos as vigas foram discretizadas em elementos de 0,10 m.
4.1 Comparação entre resultados numéricos e experimentais
Apresentam-se a seguir as características das vigas de concreto armado ensaiadas por
diferentes autores e a comparação entre resultados experimentais e os obtidos pelos
métodos/modelos estudados.
4.1.1 Vigas ensaiadas por Fernandes (1996)
Fernandes (1996) ensaiou três vigas biapoiadas a quatro pontos até a ruptura com
geometria e materiais iguais, alterando somente a armadura longitudinal.

*Medidas em cm e diâmetro das barras em mm

Figura 1 - Geometria e armação das vigas ensaiadas por Fernandes (1996)

Na Tabela 1, fcm é a resistência média a compressão; o é a deformação do concreto


correspondente à tensão máxima fcm; Ec é o módulo de elasticidade do concreto; fy é a
tensão de escoamento do aço; u é a deformação última do aço e s.h. é o parâmetro de
enrijecimento após o escoamento do aço (igual a ), sendo o módulo elasto-
plástico do aço.
Tabela 1 – Dados da seção central e propriedades do concreto e aço das vigas V1, V2 e V3
Concreto Aço
fcm fct,m Ec  (em 5 camadas) nº fy Es
o camadas  u s.h.
(MPa) (MPa) (MPa) V1 V2 V3 (MPa) (MPa)
23,93 2,009 28757,6 0,002 0,06223 0,08837 0,11152 20 10 mm 500 210000 0,02 0,00001
*Os valores em negrito foram obtidos experimentalmente
Os resultados, em termos de gráficos - carga aplicada versus flecha no meio do vão,
obtidos experimentalmente e pelos modelos/métodos estudados estão mostrados na
Figura 2. Observa-se das figuras que o modelo do Analest foi o que mais se aproximou
dos resultados experimentais, sendo que as curvas do modelo MEV-Branson e do método
simplificado Branson-NBR (recomendado pela NBR 6118) foram praticamente
coincidentes e também mostraram uma boa aproximação das curvas obtidas
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experimentalmente. Já o método Bilinear mostrou para todas as vigas deslocamentos um
pouco menores para um mesmo nível de carga aplicada, devido à maior rigidez da reta no
trecho após a fissuração do concreto. Apenas para a viga V3 o valor da carga
correspondente ao início de escoamento obtida experimentalmente apresentou grande
diferença em relação aos modelos teóricos.

Legenda:

Figura 2 – Gráficos carga aplicada versus flecha no meio do vão das vigas ensaiadas por Fernandes (1996)

4.1.2 Viga ensaiada por Araújo (2002)


Apresentam-se abaixo os dados da viga V1B, ensaiada a quatro pontos por Araújo
(2002), extraídos de Matsui (2006).

Figura 3 - Geometria e armação da viga V1B


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Tabela 2 - Dados da seção central e propriedades do concreto e aço da viga V1B.
Concreto Aço
fcm ftm Eci  (em 5
0 camadas)

 fy (MPa) Es (Mpa) u s.h.
(MPa) (MPa) (MPa) camadas
8 mm 603 188000 0,02 0,01
3,.4 3,011 33667,87 0,002 0,0640 20
16 mm 567 189000 0,02 0,01
*Os valores em negrito foram obtidos experimentalmente

Pela Figura 4, observa-se que as curvas dos modelos do Analest e MEV-Branson e do


método Branson-NBR são praticamente coincidentes até o início do escoamento do aço,
e apresentaram deslocamentos um pouco maiores que os obtidos experimentalmente,
para um mesmo nível de carga aplicada, após a fissuração, enquanto que a curva obtida
pelo método Bilinear se aproximou mais da curva experimental.

Figura 4 - Gráfico carga aplicada versus flecha no meio do vão da viga V1B ensaiada por Araújo (2002)
4.1.3 Viga ensaiada por Machado (2004)
A viga VR foi ensaiada por Machado (2004) até a ruptura, e tem geometria e armação
conforme ilustra a Figura 5, sendo as propriedades mostradas na Tabela 3.

Figura 5 - Geometria e armação da viga VR.

Tabela 3 - Dados da seção central e propriedades do concreto e aço da viga VR.


Concreto Aço
fcm (MPa) ftm (MPa) Ecs (MPa)  fy (MPa) Es (MPa) u s.h.
22,1 2,52 27460 5 mm 696,69 214200 0,01 0,01
o  (5 cam.) nº cam. 10 mm 541,82 203200 0,07 0,1
0,002 0,053757 20 12,5 mm 534.41 211710 0,02 0,1
*Os valores em negrito foram obtidos experimentalmente

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O modelo do Analest apresentou a curva carga-flecha mais próxima da curva
experimental, com deslocamentos um pouco menores que os experimentais para um
mesmo nível de carga, após a fissuração. O método Branson-NBR e o modelo MEV-
Branson apresentaram resultados praticamente coincidentes com os do Analest,
enquanto que o método Bilinear apresentou os menores valores de deslocamentos para o
mesmo nível de carga em comparação com os demais.

Figura 6 - Gráfico carga aplicada versus flecha no meio do vão da viga VR.

Da análise comparativa das diferentes vigas, e também a partir das avaliações feitas por
Stramandinoli (2007), que comparou resultados experimentais de diversas vigas
biapoiadas (não sendo reproduzidas aqui) com os obtidos pelo modelo de EF do Analest,
observou-se que os resultados do modelo do Analest foram muito próximos aos
resultados experimentais e, na maioria dos casos, mais próximos do que os obtidos pelos
outros métodos/modelos. Por este motivo, e também por ser o modelo mais completo, o
modelo do Analest foi tomado como referência na comparação das flechas obtidas pelos
diferentes métodos/modelos no estudo das vigas de projeto apresentado a seguir.

4.2 Vigas de projeto


Foram estudadas no total 41 vigas que estão separadas em cinco grupos, onde cada
grupo é dividido em dois subgrupos, que se diferenciam pelo tipo de carregamento.

Figura 7 – Ilustração dos tipos de carregamento e especificação das variáveis referentes à geometria
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Tabela 4 – Dados do carregamento e armação longitudinal da seção central de cada viga
pCQP PCQP As A's  (%)  (%) MCQP>Mr
Viga
(kN/m) (kN) barras cm² barras cm² As As'  (% vão)
VB-G111 4,30 28 1,00 0,22 0,03636 0,00
VB-G112 8,60 2  10 1,57 0,35 0,04682 32,00
VB-G113 12,90 3  10 2,36 0,52 0,06067 63,33
VB-G114 17,20 4 10 3,15 0,70 0,07377 74,00
VB-G115 21,50 4  12,5 4,92 1,09 0,10054 80,00
VB-G116 25,80 5  12,5 6,15 1,37 0,11713 83,67
VB-G117 30,10 5 12,5 6,15 2  6,3 0,63 1,37 0,14 0,11713 86,00
VB-G118 34,40 6 12,5 7,38 2  10 1,57 1,64 0,35 0,13219 87,67
VB-G121 1,13 9,53 2  10 1,57 0,35 0,04682 0,00
VB-G122 1,13 22,43 4  10 3,14 0,70 0,07361 53,67
VB-G123 1,13 35,33 4  12,5 4,92 1,09 0,10054 69,67
VB-G211 4,30 28 1,00 0,17 0,03164 0,00
VB-G212 8,60 3  10 2,36 0,39 0,05040 32,25
VB-G213 12,90 4  10 3,14 0,52 0,06058 63,25
VB-G214 17,20 6  10 4,71 0,79 0,07985 74,25
VB-G215 21,50 5  12,5 6,15 1,03 0,09613 79,75
VB-G216 25,80 6  12,5 7,38 1,23 0,10903 83,50
VB-G217 30,10 4 16 8,05 2  6,3 0,63 1,34 0,11 0,11568 86,50
VB-G218 34,40 5  16 10,05 2  10 1,57 1,68 0,26 0,13401 88,00
VB-G219 43,00 6  16 12,07 3  12,5 3,69 2,01 0,62 0,15034 90,25
VB-G221 1,50 11,20 2  10 1,57 0,26 0,03966 0,00
VB-G222 1,50 28,40 3  12,5 2,46 0,41 0,05173 53,25
VB-G223 1,50 45,60 5  12,5 6,15 1,03 0,09613 69,5
VB-G311 10,75 4  10 3,14 0,31 0,04398 21,00
VB-G312 17,20 4  12,5 4,92 0,49 0,05817 63,20
VB-G313 25,80 4  16 8,05 0,81 0,08126 77,60
VB-G321 2,50 19,75 4  10 3,14 0,31 0,04398 1,80
VB-G322 2,50 36,95 4  12,5 4,92 0,49 0,05817 44,20
VB-G323 2,50 58,45 4  16 8,05 0,81 0,08126 62,60
VB-G411 12,30 4  12,5 4,92 0,45 0,05159 39,00
VB-G412 20,50 4  16 8,05 0,73 0,07144 71,83
VB-G413 28,70 6  16 12,07 1,10 0,09461 81,17
VB-G421 2,75 27,37 4  12,5 4,92 0,45 0,05159 22,00
VB-G422 2,75 51,97 4  16 8,05 0,73 0,07144 54,83
VB-G423 2,75 76,57 6  16 12,07 1,10 0,09461 67,67
VB-G511 4,13 28 1,01 0,28 0,04395 23,43
VB-G512 8,25 3  10 2,36 0,66 0,07615 72,57
VB-G513 12,38 3  12,5 3,69 1,03 0,10386 82,86
VB-G521 0,90 5,48 28 1,01 0,28 0,04395 4,29
VB-G522 0,90 13,13 3  10 2,36 0,66 0,07615 56,29
VB-G523 0,90 20,78 3  12,5 3,69 1,03 0,10386 70,86

Para o cálculo pelo modelo do Analest, a seção transversal de todas as vigas foi dividida
em 20 camadas, assim sendo o efeito “tension-stiffening”, definido pelo parâmetro foi
considerado nas cinco camadas inferiores (h/4), (Stramandinoli, 2007). As flechas das
vigas de projeto são calculadas para a combinação quase permanente de serviço (CQP),
conforme recomendação da NBR 6118/2007. Na Tabela 4 estão os dados referentes ao

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carregamento de serviço de cada viga (qCQP e/ou PCQP), a armação longitudinal (As e A’s),
a taxa de armadura () e o parâmetro  da seção central, e também a porcentagem da
extensão do vão de cada viga que está solicitado por momento Ma maior que o momento
de fissuração Mr. Ressalta-se que todas as vigas foram dimensionadas no domínio 3 de
comportamento da seção, logo são sub-armadas. As vigas submetidas à carga
concentrada (PCQP) também estão submetidas à carga distribuída, referente ao peso
próprio da viga.
Para todas as vigas estudadas foi adotado o mesmo tipo de Aço CA-50, com as
propriedades mostradas na Tabela 5. As vigas de cada grupo possuem mesma geometria
e propriedades do concreto, especificadas na Tabela 6.
Tabela 5 – Propriedades do aço das vigas biapoiadas de projeto.
fy (MPa) Es (MPa) u s.h.
500 210000 0.02 0.001
Tabela 6 – Propriedades do concreto, dados da seção central e da geometria das vigas de cada grupo.
fct,m
Grupo fck (MPa) fcm (MPa) Ecs (MPa) o Mr (kN.m) L (m) b (m) h (m)
(MPa)
VB-G1 25 31,6 2,56 23800 0,002 8,66 3,00 0,15 0,30
VB-G2 25 31,6 2,56 23800 0,002 15,39 4,00 0,15 0,40
VB-G3 25 31,6 2,56 23800 0,002 32,06 5,00 0,20 0,50
VB-G4 30 36,6 2,90 26072 0,002 43,81 6,00 0,20 0,55
VB-G5 20 26,6 2,21 21287 0,002 5,97 3,50 0,12 0,30

Os resultados obtidos por cada método/modelo, para cada viga, foram analisados por
meio de gráficos - carga aplicada versus flecha na seção central do vão, e também pela
comparação dos valores das flechas obtidas para a carga total de serviço. Na Figura 8
são mostrados os gráficos de algumas vigas do subgrupo VB-G11.
Pode-se verificar que, para as vigas com taxa de armadura e carregamento mais
elevados, as curvas carga-flecha dos modelos se aproximaram mais das retas do estádio
II para carga aplicada próxima à carga total, constatando-se assim, que a influência do
concreto fissurado e da extensão do vão que ainda se encontra no estádio I na rigidez da
seção diminui com o aumento do carregamento, taxa de armadura e extensão do vão
fissurado.
Dentre os modelos/métodos analisados, o método simplificado Bilinear apresentou os
menores resultados de flechas para o mesmo nível de carga aplicada no trecho após a
fissuração do concreto, com exceção da viga VB-G113. Percebe-se que isto ocorreu
devido à rigidez apresentada pelo método, representada pela inclinação da reta, ter sido
maior que dos demais modelos, mesmo que o valor da carga em que a seção analisada
entra no estádio II tenha sido um pouco menor que o valor da carga do modelo do
Analest, (o que também ocorreu para o método simplificado Branson-NBR). Nota-se a
partir dos gráficos mostrados que o método simplificado Branson-NBR e o modelo MEV-
Branson apresentaram resultados próximos aos do modelo do Analest, com exceção da
viga VB-G113 onde o MEV-Branson mostrou valores menores de flecha no trecho pós-
fissuração.

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Legenda:

Figura 8 – Gráficos carga aplicada versus flecha no meio do vão das vigas do subgrupo VB-G11.

Na Figura 9 são mostrados os gráficos carga-flecha das vigas 2 e 3 dos subgrupos VB-
G31 e VB-G32. Podem-se observar diferenças entre os métodos similares às observadas
nos exemplos de vigas mostrados anteriormente. Para as vigas VB-G322 e VB-G323,
submetidas à carga concentrada, percebe-se que a diferença da carga que indica a
entrada da seção no estádio II entre os dois métodos simplificados e os dois modelos
refinados é maior que para as vigas com carga distribuída, levando assim a uma maior
diferença entre os valores de flecha final. Ainda sobre os gráficos das vigas VB-G322 e
VB-G323, ressalta-se que a pequena descontinuidade no primeiro trecho dos gráficos é
devida ao primeiro incremento de carga incluir, além de uma parcela da carga total P de
serviço, também o peso próprio da viga.

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Legenda:
Figura 9 – Gráficos carga aplicada versus flecha no meio do vão das vigas VB-G312, VB-G313, VB-G322 e
VB-G323 do grupo VB-G3.

Os resultados das flechas finais de cada viga, para o carregamento total de serviço, estão
mostrados nos gráficos da Figura 10, separados por grupo, onde se pode visualizar a
variação das flechas de viga para viga e entre os diferentes métodos/modelos.
Pode-se observar que para a maioria das vigas os menores valores de flechas foram
obtidos pelo método Bilinear, principalmente nas vigas com carga distribuída, e os
maiores valores foram obtidos pelo método Branson-NBR, principalmente para as vigas
submetidas à carga concentrada. O modelo do Analest apresentou valores em geral
intermediários entre os métodos, sendo que o modelo MEV-Branson foi o que apresentou
resultados mais próximos aos do modelo do Analest.

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Figura 10 – Resultados das flechas finais obtidas pelos métodos/modelos estudados.

4.3 Análise dos resultados


Para analisar melhor as flechas obtidas para a carga total de serviço, para cada viga,
foram calculadas as diferenças percentuais das flechas obtidas por cada método em
relação à flecha calculada pelo modelo do Analest. Na Tabela 7 encontram-se as médias
dessas diferenças percentuais separadas por método. Além da média total calculada com
os resultados das diferenças percentuais em módulo (Média 1), apresenta-se a média das
vigas com diferença percentual negativa, ou seja, vigas que apresentaram flechas
menores que as do Analest, a média das vigas com diferença percentual positiva, a média
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total calculada levando-se em conta se a diferença é positiva ou negativa (Média 2) e na
última coluna o desvio padrão das diferenças percentuais.
Tabela 7 – Médias das diferenças percentuais das flechas finais em relação as do modelo do Analest (%)
com todas as vigas de projeto
Desvio
Método Média (-) nº vigas Média (+) nº vigas Média 1 Média 2
Padrão
Branson-NBR -5,37 9 10,03 32 9,00 6,65 10,40
Bilinear -10,77 24 6,87 17 9,15 -3,46 10,95
MEV-Branson -9,46 26 2,41 15 6,88 -5,12 9,31

Pela Média 1, o modelo MEV-Branson foi o modelo que mais se aproximou do modelo de
referência, o que já era esperado por se tratar de um modelo mais refinado. Isso se deve
ao fato do modelo, além de apresentar valor da carga de mudança do estádio I para o
estádio II na seção analisada similar ao valor do modelo do Analest, também ter
apresentado rigidez próxima à do modelo do Analest no trecho pós-fissuração, resultando
em curvas carga-flecha bem próximas para muitas vigas. Já o método Branson-NBR, que
adota um valor de rigidez equivalente para todo o vão, obteve diferença percentual média
de 9%, cerca de 2% maior à obtida pelo MEV-Branson; isto se explica pelo fato do valor
da carga de mudança do estádio I para o estádio II da seção ser menor, mas a rigidez no
trecho pós-fissuração é semelhante à do MEV-Branson e à do modelo do Analest,
levando assim a valores de deslocamentos maiores para um mesmo nível de carga
aplicada, para a maioria das vigas estudadas (80%).
O método simplificado Bilinear apresentou resultados das flechas finais com diferença
média (Média 1) de 9,2%, o que se explica pelo método apresentar valor de carga de
entrada no estádio II menor que do modelo do Analest, mas com rigidez maior no trecho
pós-fissuração, levando a resultados de flechas finais ora acima ora abaixo dos valores de
referência. No entanto, utilizando-se a Média 2, o método Bilinear apresentou a menor
diferença média, mas porém, com o maior desvio padrão.
Foi observado, também, que para vigas com baixa taxa de armadura e menor extensão
do vão fissurado os valores de flechas finais dos métodos apresentaram maiores
variações em relação às do modelo do Analest, principalmente para os dois modelos
simplificados. Já para taxas de armaduras mais elevadas essa diferença diminui, já que a
contribuição do concreto fissurado na rigidez também diminui.
Dividindo as vigas teóricas estudadas em dois grupos, o primeiro formado pelas vigas
submetidas à carga distribuída e o segundo pelas vigas submetidas à carga concentrada,
obteve-se separadamente as médias de diferença percentual das flechas finais em
relação às do modelo do Analest, conforme mostrado nas tabelas seguintes.
Tabela 8 – Médias das diferenças percentuais das flechas finais em relação às do modelo do Analest (%)
das vigas submetidas à carga distribuída
Desvio
Método Média (-) nº vigas Média (+) nº vigas Média 1 Média 2
Padrão
Branson-NBR -5,37 9 5,41 17 5,40 1,68 7,32
Bilinear -10,94 21 8,81 5 10,53 -7,14 9,68
MEV-Branson -10,50 17 1,96 9 7,54 -6,19 10,38

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Tabela 9 – Médias das diferenças percentuais das flechas finais em relação às do modelo do Analest (%)
das vigas submetidas à carga concentrada
Desvio
Método Média (-) nº vigas Média (+) nº vigas Média 1 Média 2
Padrão
Branson-NBR 0,00 0 15,25 15 15,25 15,25 9,38
Bilinear -9,60 3 6,06 12 6,76 2,92 10,33
MEV-Branson -7,50 9 3,09 6 5,74 -3,27 7,02

Por esta análise, percebeu-se que o método Branson-NBR apresentou diferença dos
resultados menor em relação ao modelo do Analest para as vigas com carga distribuída,
ao contrário do que ocorreu para o método Bilinear, que apresentou menor diferença para
as vigas com carga concentrada. Isto pode ser explicado pelo fato do Método Bilinear ter
sido desenvolvido para vigas biapoiadas submetidas à carga concentrada, para o caso
em que  =1, o que pode ser constatado a partir das Equações 5 e 7, em que é feita uma
interpolação linear entre flechas no Estádio I e II, baseando-se em uma variação linear de
momentos fletores. Já a fórmula de Branson aparentemente foi formulada para vigas
submetidas à carga distribuída.

5 Conclusões
Este trabalho teve como objetivo avaliar alguns métodos simplificados e modelos
refinados de EF para o cálculo de flecha imediata de vigas biapoiadas de concreto
armado. Pelos estudos realizados com vigas ensaiadas experimentalmente, verificou-se
que o modelo de EF do Analest apresentou resultados muito próximos aos experimentais
para as vigas analisadas, confirmando as avaliações feitas em estudos anteriores por
Stramandinoli (2007). Adotando-se este modelo como referência para o estudo de vigas
de projeto, puderam-se avaliar dois métodos simplificados, o de Branson indicado pela
NBR 6118 e o Bilinear indicado pelo CEB, além de um modelo de EF de viga que utiliza a
fórmula de Branson para definição da relação momento-curvatura (MEV-Branson). Para
todos os métodos/modelos foram utilizadas as mesmas propriedades de material,
seguindo-se as recomendações da NBR 6118. O modelo MEV-Branson foi o que forneceu
resultados mais próximos aos do modelo de referência, tanto em termos de curva carga-
flecha como de valores de flecha final para carga total de serviço. Em relação apenas à
flecha final, os dois métodos simplificados apresentaram variação média em torno de 9%
em relação ao modelo de referência, sendo que, para vigas submetidas à carga
distribuída, a variação média foi de 5,4% para o método Branson-NBR, enquanto que,
para vigas submetidas à carga concentrada, a variação média foi de 6,8% para o método
Bilinear. Conclui-se assim que os métodos simplificados podem ser utilizados como
estimativas para o cálculo de flechas imediatas em vigas de concreto armado,
recomendando-se o método de Branson-NBR para o caso de carga distribuída e o
método Bilinear para o caso de carga concentrada. Para uma análise mais precisa
recomenda-se a utilização dos modelos refinados de EF, sendo que o modelo do Analest
é mais elaborado e preciso, mas o modelo de MEV-Branson é mais fácil de ser
implementado computacionalmente e apresentou bons resultados em relação ao modelo
do Analest e aos modelos experimentais na maioria dos exemplos analisados.

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6 Referências
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