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Rural Water Supply Network Furos Rentáveis

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2017

Código de Boas Práticas


para a Obtenção de Furos Rentáveis
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Resumo Índice
A utilização sustentável das águas subterrâneas é essencial para per- Resumo ..................................................................................................................................2
mitir o acesso universal a água potável. O presente documento, o Có-
digo de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis, constitui um Glossário ................................................................................................................................3
ponto de partida para a concretização do acesso económico e susten-
Considerações ....................................................................................................................3
tável a água potável. O termo “rentáveis” refere-se à maximização do
investimento realizado a longo prazo. Os furos são feitos para durar
por um período entre 20 e 50 anos. Assim, o custo mais baixo nem Capítulo 1 Introdução................................................................ 4
sempre é o mais rentável, essencialmente se a qualidade da constru-
ção for comprometida para poupar dinheiro. Uma perfuração barata Capítulo 2 Contexto Operacional ............................................ 5
ou a fraca qualidade da construção podem levar a uma falha precoce
do poço ou contaminação do abastecimento de água. Se os furos fo- Planeamento e Coordenação .................................................................. 5
rem abandonados de seguida pelos seus utentes, claramente não se-
Escolha das Comunidades ........................................................................ 5
rão rentáveis.
Este Manual estabelece nove princípios directamente relacionados Operação e Manutenção........................................................................... 5
com as especificidades da construção de furos (ver abaixo). Devem ser
Recursos Hídricos Subterrâneos e Ambientais................................... 5
cumpridos no sentido de se obterem furos rentáveis. Cada princípio
divide-se em subprincípios que indicam os procedimentos que devem
ser seguidos e recomendam a definição de normas mínimas e respec- Capítulo 3 Princípios .................................................................. 6
tivo cumprimento.
1. Empresas Profissionais de Perfuração e Consultores .............. 6
Deste modo, este Código de Boas Práticas fornece um quadro de aná-
lise dos pontos fortes e fracos das políticas e práticas existentes. De- 2. Localização ......................................................................................... 7
verá ser usado como fundamento para a elaboração de protocolos
3. Método de Construção ................................................................. 8
nacionais para fornecimento de furos rentáveis. Constituirá a base para
os diversos intervenientes analisarem se estão a trabalhar em confor- 4. Adjudicação ...................................................................................... 9
midade com as práticas internacionais, e pode ser usado pelos doa-
dores para reverem as condições do financiamento. 5. Configuração e Construção ....................................................... 11

Nove Princípios para a Obtenção de Furos Rentáveis 6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos ................ 12
7. Dados e Informações ................................................................... 14
Princípio n.º 1: Empresas Profissionais de Perfuração e Con-
sultores – A construção de furos de captação de água e a sua su- 8. Base de Dados e Registos .......................................................... 15
pervisão são realizadas por entidades profissionais e competentes
que respeitam as normas nacionais e são reguladas pelo sector pú- 9. Acompanhamento......................................................................... 16
blico.
Princípio n.º 2: Localização – Aplicam-se práticas adequadas de Anexo A Exemplos de Caderno de Encargos (C.E.) .............. 17
localização de forma competente e científica.
Princípio n.º 3: Método de Construção – O método de constru- Anexo B Modelo de Classificação do Risco e Planos
ção seleccionado para o furo será o mais económico, tendo em de Pagamento .............................................................. 18
conta a configuração e as técnicas disponíveis no país. A tecnologia
de perfuração tem de se adequar à configuração do furo.
Anexo C Selecção do Método de Perfuração ........................ 19
Princípio n.º 4: Adjudicação – Os procedimentos de adjudica-
ção asseguram que os contratos são concedidos a empresas de
perfuração e consultores experientes e qualificados. Anexo D Exemplos de Configuração dos Furos ....................20
Princípio n.º 5: Configuração e Construção – A configuração do
furo será rentável, deve durar de 20 a 50 anos, tendo por base pa- Anexo E Sugestão de Modelo de Registo de
drões mínimos para criação de um furo adequado à sua finalidade. Conclusão de Furos .................................................... 24
Princípio n.º 6: Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos
– Estão reunidas as condições necessárias para assegurar uma cor-
recta gestão, supervisão e o pagamento atempado da empresa de
perfuração.
Princípio n.º 7: Dados e Informações – São recolhidos dados de
qualidade de natureza hidrogeológica e de construção do furo
num formato padronizado, sendo estes depois entregues à autori-
dade governamental competente.
Princípio n.º 8: Base de Dados e Registos – O armazenamento
dos dados hidrogeológicos é feito por uma entidade governamen-
tal central com registos actualizados, sendo as informações dispo-
nibilizadas gratuitamente e usadas para preparar os requisitos do
furo.
Princípio n.º 9: Acompanhamento – Realizam-se visitas regu-
lares a consumidores de água com furos concluídos, para acompa-
nhar a funcionalidade a médio prazo, bem como a longo prazo de
acordo com as conclusões divulgadas.

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Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Glossário
Acompanhamento – Verificação periódica do funcionamento dos Mobilização comunitária – Processo de preparação de uma co-
furos, bombas e laje de soleira e da gestão comunitária da fonte munidade para a chegada de uma empresa (ou ONG) que irá cons-
de água, bem como níveis e qualidade da água. truir um sistema melhorado de abastecimento de água (ex.: furo
de captação de águas) e planear a posterior gestão e manutenção
Adjudicação – Processo de escolha de empresa de perfuração, da mesma. A mobilização comunitária também pode incluir a re-
consultor hidrogeológico ou fornecedor para executar um deter- colha de contribuições em dinheiro ou em géneros para a constru-
minado serviço ou obra. ção pelo governo local, ONG ou doador envolvidos.

Bio-incrustação – As bactérias no aquífero facilitam a acumulação Operação e Manutenção – Funcionamento e manutenção do furo
de ferro e outros metais, causando a formação de biofilme no filtro de captação de água, da bomba e da laje de soleira para que seja
e no tubo de revestimento do poço. Quando a acumulação desse possível obter água potável suficiente em todos os momentos ao
biofilme origina problemas de incrustação ou corrosão do filtro e longo da duração esperada do equipamento e assegurando que a
revestimento do poço, o processo é denominado bio-incrustação. zona envolvente esteja limpa. Isto também abrange a protecção
da cabeça do furo, assistência pós-construção e acesso a peças
Configuração do furo – Escolha da profundidade, diâmetro e ma- sobressalentes para manutenção da bomba e do furo.
terial de revestimento do furo e técnica de perfuração a usar.
Planeamento a nível comunitário – Avaliação prévia ao projecto
Consultor hidrogeológico – Indivíduo ou empresa profissional da situação vigente em termos de água e no campo socioeconó-
responsável pela localização e configuração do furo de captação mico na comunidade para estabelecer o tipo de serviço de abas-
de água. tecimento de água mais indicado.

Controlo de qualidade – Garantir que tanto as bombas e as peças Pré-filtro – Estrutura permeável, que se coloca de forma artificial
sobressalentes fornecidas como a construção do furo obedecem no espaço anular em torno do filtro do furo de captação de águas.
às condições estabelecidas. Tem de ter uma espessura mínima de 70mm para ser eficaz; se for
mais fino, é um maciço filtrante (acima).
Dados – Todos os factos sobre o furo recolhidos antes e durante
a perfuração, desenvolvimento, acabamento e ensaio de bomba- Processo de Escolha das Comunidades – Processo através do
gem. qual se escolhem as comunidades que beneficiarão de um furo.

Desenvolvimento – Limpeza de um furo após a sua construção, Rebaixamento – A diminuição do nível das águas causada pelo
por meio de jactos de água ou de outra forma, até a água do poço bombeamento de águas subterrâneas.
estar limpa e sem materiais finos.
Rebaixamento do nível freático – Efeito que a acção de bombear
Empresa de Perfuração – Firma privada ou ONG dedicada à per- um poço tem no fluxo sazonal nas nascentes, no rebaixamento de
furação de poços para construir furos para abastecimento de água. poços próximos ou na secagem de zonas húmidas.

Estimativa dos custos totais – Ponderação de um preço justo e Rendimento – Este termo é muitas vezes utilizado incorrecta-
razoável para as obras, determinada por um engenheiro profissio- mente. As empresas de perfuração muitas vezes falam em Rendi-
nal (incluindo mão-de-obra, equipamento, material e um valor ra- mento quando, na realidade, querem dizer: (a) o fluxo medido du-
zoável para despesas gerais e lucro). rante a perfuração com ar comprimido, ou (b) a velocidade a que
a água era bombeada durante o ensaio de bombagem. Na ver-
Explicação do Método – Documento que estabelece com clareza dade, o rendimento efectivo do furo depende da geometria do
os detalhes de como o trabalho será realizado. aquífero e das suas propriedades hidráulicas, combinadas com o
máximo rebaixamento permitido nessas condições específicas. É
Furo – Poço de água perfurado no solo e parcial ou totalmente importante salientar que esta definição não tem em conta os re-
revestido para extracção de águas subterrâneas. cursos hídricos subterrâneos renováveis.
Interferência – O efeito que a acção de bombear um poço tem no Sensibilização das comunidades – Em geral refere-se ao processo
rebaixamento dos poços próximos. através do qual os consumidores de água de dada comunidade
são informados sobre as opções técnicas para a melhoria de uma
Laje de soleira – Estrutura em betão à volta de um furo de cap-
fonte de água e os requisitos que têm de preencher para beneficiar
tação de água para proporcionar uma zona relativamente limpa e
dela.
controlar o escoamento de água para fora do poço.
Tecnologia de Perfuração – O método de construção e o equipa-
Locação de contrato de aquisição – Contrato de locação com op-
mento utilizados para fazer o furo de captação de água.
ção exclusiva do direito de preferência para aquisição posterior do
item.

Localização do Furo – Escolha do local ideal para os furos na co- Considerações


munidade com meios hidrogeológicos e/ou geofísicos que asse-
gurem a rentabilidade da concepção. Um poço rural abastece entre 100 e 300 pessoas (20 litros/pes-
soa/dia) e funciona dez horas por dia. Aqui, a taxa média de uma
Maciço filtrante – Se um furo puder ser desenvolvido de forma bomba é de 0,1 a 0,3 litros por segundo, que corresponde a 360
natural ou se o espaço anular em torno do filtro for reduzido, ou litros por hora. Um poço numa pequena cidade abastece de 2000
ambos, uma estrutura permeável, denominada maciço filtrante, é a 10.000 pessoas, num total de 40 litros/pessoa/dia e funciona du-
colocada apenas para preencher o espaço anular e evitar que o rante dez horas por dia. Corresponde a uma taxa média de 2 a 10
maciço desabe sobre o filtro. litros por segundo, ou seja, 7.200 a 36.000 litros/hora.

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Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Capítulo 1 Introdução Para os furos (por vezes denominados poços perfurados para capta-
ção de água ou poços tubulares) serem rentáveis, têm de ser bem de-
Estima-se que 884 milhões de pessoas não têm acesso a uma fonte finidos, localizados de modo adequado e perfurados com recurso a
melhorada de água potável, das quais 84% vivem nas zonas rurais métodos e equipamentos apropriados. Nos casos em que se recorre
(OMS/UNICEF 2010). Embora o mundo esteja no bom caminho para ao sector privado, têm de ser seguidos os procedimentos competen-
alcançar a meta do Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) tes de adjudicação e gestão de contratos. As empresas de perfuração
de “reduzir para metade, até 2015, a percentagem da população sem e os supervisores têm de assegurar a qualidade da construção.
acesso permanente a água potável”, é extremamente improvável que
O CBP centra-se em nove princípios que estão directamente relacio-
esta meta seja atingida nas zonas rurais da África Subsariana. Tam-
nados com as especificidades da construção de um furo de captação
bém é importante destacar que, ao procurar cumprir a meta supra-
de água (Figura 1). Estes princípios devem ser observados para obter
mencionada, tem havido a tendência de concentrar as verbas públi-
furos rentáveis. Cada princípio divide-se em subprincípios que indicam
cas na construção de infra-estruturas para abastecimento de água
os procedimentos que devem ser seguidos e recomendam a definição
em detrimento do desenvolvimento institucional, melhoria de recur-
de normas mínimas e respectivo cumprimento.
sos humanos e sistemas de acompanhamento ou a devida conside-
ração pela viabilidade a longo prazo do serviço de abastecimento O CBP reconhece o contexto de operação dos programas para cons-
melhorado (RWSN 2010). trução dos poços perfurados. Em particular, serão discutidos de forma
geral quatro aspectos do contexto operacional imediato (planea-
Os serviços melhorados de abastecimento de águas subterrâneas
mento e coordenação, selecção das comunidades, operação e manu-
(em particular poços perfurados e cavados à mão) proporcionam a
tenção, e protecção de recursos hídricos subterrâneos e ambientais),
uma percentagem significativa de habitantes de zonas rurais acesso
conforme disposto na Figura 1. Estes são fundamentais ao funciona-
a água potável a uma distância razoável de sua casa. Estima-se que
mento duradouro dos recém-construídos serviços de abastecimento.
seja necessário abrir cerca de 60.000 furos por ano só na África
O contexto alargado dos enquadramentos legal, institucional e polí-
Subsariana para alcançar a Meta do ODM. As águas subterrâneas
tico, o meio ambiente, as comunicações e os recursos humanos e fi-
são praticamente omnipresentes e podem ser utilizadas de forma
nanceiros também são importantes, mas não se incluem no âmbito do
relativamente barata e progressiva para satisfazer a procura. Muitas
CBP. Assim, o contexto alargado só será abordado em relação directa
vezes têm um custo de investimento menor que a água de superfí-
com os nove princípios.
cie, geralmente têm uma excelente qualidade natural e normalmente
podem usar-se sem necessidade de tratamento. As águas subterrâ- Figura 1. Âmbito e Prioridades do Código de Boas Práticas
neas habitualmente têm pelo menos algum tipo de protecção contra
a poluição causada por actividades humanas. No entanto, têm sido Contexto alargado
manifestadas algumas preocupações sobre inconstâncias na quali- Enquadramentos legal Enquadramentos institucional Enquadramentos político

dade das construções e os elevados custos dos furos de captação de Meio ambiente Comunicações Recursos humanos e financeiros

águas. Dada a extrema necessidade de serviços melhorados de Ambiente operacional imediato


abastecimento de água em conjunto com o investimento limitado, Planejamento e Seleção de
comunidade
Coordenação
há uma necessidade urgente de compreender plenamente o alcance
destas questões, aproveitando os pontos fortes e solucionando os 9. Acompanhamento
1. Empresas Profissionais de
Perfuração e Consultores
pontos fracos.
8. Base de Dados 2. Localização
Nalguns países em desenvolvimento, predominam situações de
e Registos
emergência, enquanto outros se encontram em transição ou recons- Buracos de 3. Método de
custo efetivos Construção
trução, e outros estão a implementar intervenções para desenvolvi- 7. Dados e
mento a longo prazo. Informações
4. Adjudicação
6. Gestão, Supervisão e 5. Configuração
Em muitos países, o papel do Governo tem passado do de prestador
Pagamento de Contratos e Construção
de serviços para um de criação de políticas, planeamento, mobiliza-
Princípios para buracos Proteção de
ção de recursos, regulamentação e intervenção. O sector privado e Operação e recursos de águas
de custo efetivo
as ONGs fornecem os serviços, como a construção de furos. Existem manutenção subterrâneas
níveis variados de capacidade no sector público bem como de ma-
turidade e profissionalismo no sector privado. Porém, enquadra- O Código de Boas Práticas pode ser usado da seguinte forma:
mentos legais desadequados e a fragilidade das instituições gover-
 Primeiramente, constitui um quadro sistemático para os Gover-
namentais revelam que muitas vezes não existem procedimentos e
normas nacionais para a criação de poços de água. Nos casos em nos nacionais e seus parceiros para o desenvolvimento analisa-
que se estabeleceram normas e procedimentos, a adesão e o cum- rem os pontos fortes e fracos das políticas e práticas vigentes.
primento dos mesmos geralmente são escassos. Essa análise cria um ponto de partida para uma acção e debate
informado entre os vários interessados no sentido de melhorar
O presente documento define um Código de Boas Práticas (CBP) a situação, podendo originar a decisão de elaborar determina-
para a Obtenção de Furos Rentáveis com base na experiência inter- das normas ou directrizes, e até de organizar actividades para
nacional. O termo “rentáveis” refere-se à maximização do investi- desenvolvimento de competências.
mento realizado a longo prazo. Os furos são feitos para durar por
 Em segundo lugar, o CBP tem a intenção de servir de base para
um período entre 20 e 50 anos. Assim, o custo mais baixo nem sem-
pre é o mais rentável, essencialmente se a qualidade da construção a criação de protocolos nacionais 1 para fornecimento de furos
for comprometida para poupar dinheiro. Uma perfuração barata ou rentáveis. Estes protocolos devem incluir procedimentos com
a fraca qualidade da construção podem levar a uma falha precoce ampla aceitação e devem ser respeitados pelos intervenientes
do poço ou contaminação do abastecimento de água. Se os furos de todos os sectores no seu planeamento e implementação de
forem abandonados de seguida pelos seus utentes, claramente não programas de abastecimento de água que englobam a perfu-
serão rentáveis. ração de poços de água. Os protocolos nacionais terão diferen-
ças e têm de ser suficientemente flexíveis e abrangentes para

1
Nalguns países, o protocolo é denominado estratégia ou código de boas prá-
ticas.

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Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

poderem adequar-se às diferenças locais ou regionais. Também  Os consumidores de água, encarregados, mecânicos, fornecedo-
não devem ser tão rígidos que impeçam inovações. res e o governo local dispõem de equipamentos e competências
 Em terceiro lugar, o CBP habilita as organizações internacionais,
indicados e têm consciência das suas funções e responsabilidades
as empresas privadas e as ONGs a analisarem se o seu trabalho para com os outros;
está em harmonia com as melhores práticas internacionais.  Um processo transparente de contribuição ou pagamento total
 Em quarto lugar, pode ser usado pelas entidades doadoras para da construção pela comunidade é seguido por todos os interve-
reflectir sobre a relevância das suas opções de financiamento e nientes que trabalham numa zona/distrito/país em particular;
para identificar áreas críticas para apoio por parte de doadores,  O recebimento de taxas de utilização para manutenção é seguido
partilha de conhecimentos e assistência técnica. por todos os intervenientes que trabalham numa zona/dis-
trito/país em particular. Também devem definir-se procedimen-
O Capítulo 2 deste documento proporciona uma visão mais próxima
tos para alterações às taxas e angariação de fundos para repara-
do contexto operacional em que se enquadram os programas de
ções de importância ou alargamento do sistema;
perfuração de poços de água. Os nove princípios para a Construção
de Furos Rentáveis serão aprofundados no Capítulo 3. Os Anexos  Existe uma cadeia de distribuição competitiva e de confiança para
fornecem material e referências importantes. fornecimento de peças sobressalentes, equipamento e serviços de
manutenção do furo. Além disso, é fundamental existir e ser utili-
zado um mecanismo de controlo de qualidade das bombas e das
Capítulo 2 Contexto Operacional peças. Este deverá incluir a inspecção e verificação antes do envio,
bem como a certificação e inspecção ao chegar ao destinatário.
O presente capítulo apresenta resumidamente os seguintes quatro
 Execução de um sistema forte e com financiamento adequado de
tópicos: planeamento e coordenação, escolha das comunidades,
operação e manutenção, e recursos hídricos subterrâneos. Estas apoio às necessidades dos consumidores de água após a cons-
questões são de extrema importância e devem ser consideradas na trução. O tipo de apoio dependerá do facto de os sistemas serem
fase de preparação de um projecto ou programa, pois constituem a geridos pela comunidade, ou comercialmente por indivíduo/em-
base para a sustentabilidade a longo prazo de estruturas recente- presa privados ou por uma entidade pública.
mente construídas. Isto tem influência directa na rentabilidade da  Em casos em que se determina que a configuração original não
construção dos furos. Lamentavelmente, muitas vezes as entidades está adequada à situação da comunidade, esta pode ter de ser de-
que implementam os programas de construção de poços de água vidamente modificada. Se os consumidores finais não tiverem cum-
não dão atenção a estas questões. prido os seus deveres em termos de operação e manutenção, en-
tão o mais indicado será voltar a dar formação à comunidade e
Planeamento e Coordenação melhorar a sua gestão, em vez de fazer uma nova construção.
Idealmente, o planeamento e a coordenação das melhorias das in-
fraestruturas para abastecimento de água devem estar a cargo do
nível estatal adequado mais baixo. Todos os doadores, ONGs e ou-
tras instituições governamentais devem informar e consultar o go-
verno local sobre aspectos desde o planeamento de investimentos
ao desenvolvimento de infraestruturas.
O governo local deve elaborar um plano de trabalho que inclua
componentes sociais (por exemplo, sensibilização, mobilização e for-
mação das comunidades) na localização do furo e nos trabalhos de
construção. Os possíveis empreiteiros têm de ser informados deste
plano. Os Departamentos de Água, Educação e Saúde a nível local
devem envidar todos os esforços para consolidar os planos, as pro-
postas e os contratos para a construção dos poços de água. Planos
de desenvolvimento plurianuais a nível dos governos locais podem
estabelecer a base para contratos plurianuais.
Recursos Hídricos Subterrâneos e Ambientais
Escolha das Comunidades
 Devem tomar-se medidas para administrar e controlar os recur-
O processo de escolha das comunidades que irão beneficiar da me- sos hídricos subterrâneos e ambientais e proteger os recursos vul-
lhoria dos serviços de abastecimento de água pretende-se bem de- neráveis da sobreexploração. É essencial cumprir os regulamen-
finido e transparente. Em países com algum tipo de descentralização, tos de protecção ambiental conforme definidos pelas autoridades
este processo deve ser levado a cabo pelo governo local com agen- ambientais nacionais competentes.
tes externos para prestar apoio e informações. Todas as agências  A qualidade da água deve ser verificada em momentos críticos do
envolvidas no abastecimento de água em zonas rurais devem aderir ano quanto à contaminação bacteriológica e química de acordo
aos sistemas nacionais para estabelecimento de prioridades e esco- com as directrizes nacionais (ex.: arsénio, nitrato, flúor, ferro, man-
lha das comunidades (por exemplo, resposta às necessidades; bene- ganésio). É necessário controlar os níveis das águas subterrâneas,
fício dos mais pobres; igualdade de acesso). bem como o constante cumprimento das medidas de protecção
das águas subterrâneas. É importante que os utentes saibam os ris-
Operação e Manutenção cos associados ao consumo de água de fontes altamente contami-
As condições de operação e manutenção a longo prazo para a du- nadas. Deve realizar-se uma verificação especial de recursos hídri-
ração total da tecnologia devem ser atentamente ponderadas na cos subterrâneos particularmente vulneráveis.
fase de planeamento. No mínimo, será necessária uma estratégia (ou  Destacamos que, embora as situações de emergência possam
quadro) nacional de operação e manutenção que assegure os se- exigir soluções de curto prazo com resultados imediatos, também
guintes pontos: deve considerar-se a posterior transição para uma situação de
desenvolvimento.

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Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Sector privado local de perfuração competente

1. Empresas Profissionais Evitar empresas ou consultores de perfuração subsidiados


de Perfuração e
Consultores Registo e Autorização de empresas e consultores de perfuração

Associação de Perfuradores

Capítulo 3 Princípios Se o sector privado local estiver particularmente enfraquecido, a


capacidade e uma base de activos podem levar mais de uma dé-
Cada uma das nove secções que se seguem inclui um princípio ge- cada a serem desenvolvidas. As necessidades de investimento para
ral (a negrito), acompanhado dos seus subprincípios e um texto obter máquinas de perfuração de grande escala chegam às cente-
explicativo. Os protocolos nacionais podem basear-se nesta estru- nas de milhares de dólares e levará muitos anos a formar perfura-
tura global, alterando os princípios consoante o caso e até acres- dores qualificados. A utilização de mecanismos que permitem uma
centando ou eliminando princípios específicos, se for necessário. empresa alugar equipamento com direito de preferência para o
adquirir após um período de um a três anos será uma das formas
de construir uma base de activos. Estes mecanismos devem ser
1. Empresas Profissionais de Perfuração e Consultores
considerados, pois permitem a recuperação progressiva do capital
investido no equipamento de perfuração através dos pagamentos
Princípio n.º 1 A construção de furos de captação de água e
dos contratos. Contudo, é necessária a criação de processos aber-
a sua supervisão são realizadas por entidades profissionais e
tos, honestos e transparentes.
competentes que respeitam as normas nacionais e são regula-
das pelo sector público. Nos casos em que as agências de apoio já forneceram as máquinas
de perfuração, é importante garantir apoio em termos de peças
Este divide-se nos seguintes subprincípios: sobressalentes, ferramentas, apoio à gestão e formação, durante
• A construção de furos de captação de água e a instalação de um período de dez anos (a duração estimada das sondas) após a
bombas normalmente devem ser realizadas por firmas locais do entrada em funcionamento do equipamento. Se as agências de
sector privado (ou ONGs) e não por agências doadoras ou go- apoio forneceram sondas de perfuração ao Governo, deve ser cri-
ado e utilizado um sistema de gestão de informação sobre sondas
vernamentais.
(Caixa 1), sendo apresentados relatórios sobre o mesmo. As em-
• Deve evitar-se a perfuração subsidiada por empresas de perfuração presas privadas também são incentivadas a usar um sistema de
públicas/estatais e ONGs. Se grande parte da perfuração for feita gestão de informação sobre as máquinas para registar informação
directamente pelo sector público ou se a capacidade do sector pri- importante.
vado para construção de furos for reduzida, os diversos interessa-
dos devem elaborar uma estratégia para obter a participação do Caixa 1. Breve Apresentação de um Sistema de Gestão de
sector privado local com prazos determinados. Informação sobre Sondas
• Da mesma forma, a localização e configuração dos furos e a su-
Um Sistema de Gestão de Informação sobre Sondas possibilita o
pervisão da sua construção devem ser realizadas por firmas lo-
registo, armazenamento e análise de dados sobre a utilização, ma-
cais de consultoria do sector privado. Devem evitar-se serviços
nutenção e reparações das máquinas de perfuração. Pode ser em
de consultoria subsidiados por parte de empresas públicas/es-
formato papel ou por meio de um software. Um Sistema de Gestão
tatais ou ONGs. Se grande parte do trabalho for realizada direc-
de Informação sobre Equipamentos permite aos gestores de pro-
tamente pelo sector público ou se a capacidade dos consultores
gramas de perfuração controlar a produtividade do equipamento,
do sector privado for restrita, os diversos interessados devem
seguir a utilização do equipamento e diminuir as situações de mau
elaborar uma estratégia para melhorar a participação do sector
uso ou abuso, registando o seguinte:
privado local.
• As empresas de perfuração e consultores devem encontrar-se  Detalhes das sondas de perfuração, compressores e veículos de
registados, tendo-lhes sido emitida uma licença ou autorização, apoio (todos os equipamentos possuem um número de identi-
ou serem reconhecidos por um conselho, instituição ou ordem ficação único e respectiva descrição).
de engenheiros a nível nacional ou internacional. Devem ter ac-  Lista de Regiões/Estados, Governos Locais e Vilas/Comunidades
tividade aberta enquanto empresa junto das autoridades com- da operação (com códigos de identificação).
petentes, também para efeitos fiscais. A autorização deve ser
 Dados específicos sobre cada poço perfurado (ex.: localização
renovável anualmente (ou a cada 2 ou 3 anos) desde que reú-
nam as condições exigidas, incluindo o envio de relatórios de com coordenadas – por exemplo do GPS –, número de identifi-
conclusão de furo conforme descrito, e até a realização com cação do furo, data de início, data de conclusão, profundidade
êxito de formação adicional. Os consultores também terão de de perfuração, duração da perfuração e tempo de inactividade
comprovar a sua experiência e competência. no local). Destacamos que isto não substitui a existência de uma
base de dados nacional de águas subterrâneas.
• Deve existir uma associação de perfuradores que seja activa na
discussão e comunicação de questões levantadas pelos perfu-  Distância percorrida (mobilização inicial e também entre as lo-
radores. calizações individuais) e tempo de inactividade (por motivo de
espera, manutenção e reparações).
O sector público muitas vezes tem tomado a seu cargo a constru- O Sistema de Gestão de Informação sobre Equipamentos tem de
ção de furos em diversos países. No entanto, é preferível optar-se permitir a recuperação de informações sobre as actividades de per-
pela construção por parte do sector privado local (ou ONGs) sendo furação referentes a uma máquina em particular, a autoridade lo-
o Governo responsável pelo planeamento, mobilização de recur- cal, comunidade ou período, bem como de actividades de manu-
sos, e elaboração de políticas e regulamentação. As agências doa- tenção e reparação de determinado equipamento. Um Sistema de
doras e governamentais, bem como as ONGs, são, assim, incentiva- Gestão de Informação sobre Equipamentos sustenta o plano de
das a prestar apoio para o desenvolvimento do sector privado, em
manutenção de equipamentos.
vez de adquirirem equipamento estatal de perfuração.

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Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Funcionários competentes responsáveis pela localização

Estudo hidrogeológico de base e reconhecimento do terreno

2. Localização Classificação do risco

Usar a técnica de registos geofísicos apenas quando se justificar

Considerar a Preferência Comunitária na escolha do local

área calculado de acordo com o modelo conceptual dos fluxos


2. Localização
de água.
Princípio n.º 2 Aplicam-se práticas adequadas de localiza-  Qualidade da água adequada para o uso pretendido: Os diver-
ção de forma competente e científica. sos tipos de uso da água têm diferentes requisitos de qualidade
da água. A água para uso doméstico tem de estar isenta de agen-
Este divide-se nos seguintes subprincípios: tes patogénicos (presentes nas fezes humanas) e deve apresentar
• A escolha do local do poço deve ser realizada por pessoal com- níveis baixos de substâncias químicas tóxicas como o arsénio e
flúor. Ao utilizar águas subterrâneas para rega, tem de ser verifi-
petente.
cado o nível de salinidade. Assim, a localização do furo tem de ter
• Antes de elaborar um contrato para construção de poço, tem em consideração o possível aparecimento deste tipo de substân-
de se realizar um estudo hidrogeológico de base, bem como o cias indesejadas. A água obtida depois da conclusão e desenvol-
reconhecimento do terreno, sendo também determinado o mé- vimento do poço deve ser analisada, sendo os resultados com-
todo de localização dos poços com base em opinião especiali- parados com as normas nacionais. Quando não existirem normas
zada. nacionais, podem ser usadas as directrizes da OMS (OMS 2008).
• Deve ser classificado o risco de perfurar um poço mal sucedido.  Evitar potenciais fontes de contaminação: É fundamental evitar
Em áreas comprovadas onde a geologia é bem conhecida e o as fontes de contaminação pontual, como latrinas com fossa, fos-
sucesso dos furos é elevado (digamos, superior a 70%), pode sas sépticas, currais e aterros sanitários. Podem existir normas na-
não ser preciso usar as técnicas de registos geofísicos para a cionais sobre as distâncias a cumprir ou zonas de protecção das
localização dos furos. águas subterrâneas. Se não existirem, devem ser criadas.
• Os levantamentos geofísicos só têm de ser feitos nos sítios onde  O envolvimento com a comunidade para determinar de forma
os custos de perfurar um poço mal sucedido justifiquem essa consensual a localização do furo é essencial e exige algum poder
despesa. negocial para explicar os constrangimentos técnicos tendo tam-
bém em consideração a preferência comunitária. É fundamental
• A escolha do local tem de ter em conta a preferência comuni-
ter plenamente em conta as necessidades das mulheres, que são
tária em termos de conveniência.
em geral as responsáveis por ir buscar água. Também poderão
Escolher o melhor local para um furo de captação de água exige que existir problemas relativamente à posse dos terrenos.
sejam considerados aspectos técnicos, ambientais, sociais, financei-  Proximidade do ponto de utilização: Além dos constrangimen-
ros e institucionais. O processo de localização deve demonstrar as tos da geologia, os recursos hídricos subterrâneos e a qualidade
condições das águas subterrâneas que predominam na área do pro- da água subterrânea, idealmente um furo deve ser localizado o
jecto e que permitem a determinação da configuração do(s) furo(s). mais próximo possível do ponto de utilização. Isto corresponde a
A localização profissional engloba o estudo teórico e o reconheci- minimizar a distância que é preciso percorrer para ir buscar água
mento do terreno, utilizando plenamente todos os dados existentes. dos pontos de abastecimento rurais (por exemplo, poço com
Para decidir o melhor local para um furo de captação de água, são bomba manual) e o custo energético das bombas eléctricas ou a
essencialmente importantes os seguintes dez factores: combustível e da água canalizada. Devem ser realizados estudos
do local para elaborar um mapa da comunidade. Entrevistar os
 Rendimento suficiente para o uso pretendido: O aquífero sub- chefes de família ajudará a compreender a preferência comunitá-
terrâneo deve ter um rendimento suficiente para uma bomba ria pela localização do poço. No geral, a comunidade deverá in-
manual de abastecimento de água rural (cerca de 0,1-0,3 l/seg), dicar três locais preferenciais na sua localidade para construção
para o abastecimento de água a uma cidade pequena (2-10 do furo, por ordem de prioridade.
l/seg), ou para uma necessidade superior, como uma zona irri-  Acesso pelas equipas de construção e manutenção: No caso
gada com volumes significativos de água 2. Esta informação por de furos construídos por maquinaria pesada, é fundamental haver
vezes está disponível em documentos existentes ou pode ser ob- acesso para as sondas de perfuração, compressores e veículos de
tida realizando um ensaio de bombagem (consulte os formulários apoio. Mesmo quando é usado equipamento leve, é importante
no Anexo E). garantir o acesso para veículos da construção e manutenção. As-
sim, a escolha do local deve ter em conta essas condições.
 Suficientes recursos hídricos renováveis para o uso preten-
dido: Embora um poço talvez consiga fornecer um determinado  Evitar a interferência com outras fontes e utilizações das
rendimento a curto e médio prazo, se a água subterrânea não for águas subterrâneas: Em zonas onde já se realizou algum tipo de
regularmente reabastecida por meio de infiltração de águas plu- desenvolvimento das águas subterrâneas, a construção de um
viais ou dos fluxos fluviais, esse rendimento não será sustentável furo novo pode originar um maior rebaixamento2 nas fontes exis-
a longo prazo. Assim, é importante avaliar o reabastecimento tentes. Pode igualmente gerar um aumento dos custos (energé-
provável do aquífero, e como este pode variar ao longo do ticos) do bombeamento tanto no poço existente como no poço
tempo. Esta estimativa pode basear-se no balanço hídrico de uma novo, redução dos rendimentos, alterações na qualidade das
águas subterrâneas e potenciais conflitos entre os utilizadores.

2
Consultar o Glossário.

7
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Especificações exactas da profundidade dos furos

Abordagem faseada para a selecção da tecnologia, sendo primeiro


3. Método de Construção considerados os métodos de custo muito reduzido (ex.: poços cava-
dos à mão e poços perfurados manualmente)

Escolha adequada da sonda de perfuração

Numa fase inicial do processo de localização, têm de ser descritos 3. Método de Construção
e discutidos a possibilidade de interferência 3 e os riscos de rebai-
xamento do nível freático3. Isto significa que a esfera de influência Princípio n.º 3 O método de construção seleccionado para o
dos poços existentes deve ser calculada e os poços novos devem furo será o mais económico, tendo em conta a configuração e
ser construídos fora desta zona. Em situações de risco elevado, as técnicas disponíveis no país. A tecnologia de perfuração tem
devem ser avaliadas possíveis áreas de localização alternativas. de se adequar à configuração do furo.
 Evitar a interferência com as descargas naturais das águas
subterrâneas: De forma semelhante, a construção de um furo Este divide-se nos seguintes subprincípios:
demasiado perto de fontes naturais, cursos de água ou zonas hú- • A profundidade dos furos especificada não deve estar desne-
midas pode originar uma redução dos níveis das águas, potenci- cessariamente acima nem abaixo dos níveis adequados.
almente secando estas fontes de água importantes e ecossiste-
mas e afectando as utilizações e os utilizadores que faziam uso • Deve seguir-se uma abordagem faseada para selecção da tec-
deles. A penetração de água salgada devido à captação excessiva nologia. Serão primeiramente considerados (em vez da perfu-
de águas subterrâneas perto da costa pode levar ao declínio irre- ração mecânica) os métodos com custos extremamente reduzi-
versível da qualidade da água. dos, incluindo poços perfurados manualmente e poços cavados
à mão protegidos, desde que sejam exequíveis.
 Risco: Incluindo-se na localização do furo de captação de águas,
deve classificar-se o risco de perfurar um poço seco (risco alto, • Subsequentemente, deve ser ponderado o uso de sondas de
médio e baixo conforme descrito no Anexo C). No caso de furos perfuração pequenas que proporcionam o diâmetro e a profun-
onde serão instaladas bombas manuais em zonas com caracte- didade especificados para o furo e alcançam locais remotos.
rísticas hidrogeológicas conhecidas, raramente são necessárias • Por fim, deve considerar-se a utilização de sondas de perfura-
técnicas geofísicas (ex.: resistividade, condutividade), desde que ção de maior capacidade.
tenha sido realizado o estudo teórico da hidrogeologia geral da
zona. A perfuração de poços exploratórios de pequeno diâmetro
(com uma pequena sonda manual) também pode ser um método É importante as configurações dos poços serem suficientemente
de localização adequado para poços rasos. Contudo, posterior- detalhadas. Os intervenientes devem evitar especificar em excesso
mente este furo deve ser selado de forma adequada para evitar as profundidades e diâmetros, pensando que tal pode vir a ser ne-
a contaminação do aquífero. cessário, porque isso faz com que os aparelhos exigidos sejam mai-
ores do que seria preciso, aumentando também os custos. No en-
 Se não existir qualificação no país para realizar a localização de tanto, especificar “por baixo” também pode ser problemático: por
furos, devem ser feitos esforços para desenvolver competências vezes pode originar um furo fracassado ou a necessidade de mo-
a longo prazo nesta área. bilizar uma sonda de perfuração diferente. As experiências anteri-
ores podem ajudar a definir a configuração, comparando as con-
dições estabelecidas nesses contratos anteriores com as
profundidades perfuradas na realidade.

As propostas e os contratos devem indicar o equipamento de per-


furação menos dispendioso mas adequado, capaz de fazer con-
corrência a sondas maiores e mais dispendiosas. As propostas de-
vem especificar o produto final (neste caso, o poço perfurado para
captação de águas), evitando, assim, definir por excesso os apare-
lhos de perfuração. Aparelhos pequenos, de baixo custo e de fun-
cionamento mecânico, que perfuram a um custo mais reduzido do
que as máquinas de grande porte, geralmente podem ser trans-
portados na traseira de uma carrinha ou num mini-reboque, con-
seguindo alcançar locais mais remotos, essencialmente se a es-
trada estiver em más condições. Se as diversas partes envolvidas
não tiverem conhecimento das tecnologias de perfuração mecâ-
nica de menor escala, devem ser feitos esforços claros para as in-
formar sobre o assunto.

Contudo, é importante salientar que perfurar com uma sonda mais


pequena pode ser mais demorado, o que exigirá uma supervisão

3
Consultar o Glossário.

8
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Usar sistemas do Governo nacional

Processo competitivo local de apresentação de propostas

4. Adjudicação Qualificação prévia

Conjunto de vários furos numa zona geográfica com indicação de


semelhanças na hidrogeologia e risco de poços secos

Pacotes com opção de trabalho de acompanhamento por mais de 1 ano

mais prolongada. Tudo isto tem de ser ponderado ao estabelecer ser mais facilmente discutido com uma associação de perfurado-
as condições de gestão e supervisão do contrato. res, caso exista. No entanto, a decisão final estará sempre nas mãos
das empresas privadas e é preciso ponderar o perigo de se criar
Os furos cavados à mão ou perfurados manualmente constituem um monopólio para os fornecedores.
uma opção em meios específicos (formação branda e águas sub-
terrâneas rasas). Em zonas onde estas técnicas permitam realizar
poços de água em número considerável, devem ser inteiramente 4. Adjudicação
tidos em consideração. No entanto, a verticalidade do furo tem de
ser suficientemente boa de forma a possibilitar a instalação e fun- Princípio n.º 4 Os procedimentos de adjudicação asseguram
cionamento da bomba definida, e os poços têm de ser suficiente- que os contratos são concedidos a empresas de perfuração e
mente profundos para sustentar as reservas durante períodos de consultores experientes e qualificados.
seca prolongados e por vários anos de seca. Deste modo, a utili-
Este divide-se nos seguintes subprincípios:
zação destes métodos tem de englobar um nível conveniente de
supervisão e controlo de qualidade. • A adjudicação deve ser feita através de sistemas governamen-
tais nacionais e não da entidade doadora ou de apoio. Se os
Divulgação de informação, visitas ao local, projectos-piloto, apoio
sistemas governamentais nacionais forem especialmente lentos
ao sector privado local, e estudos internos podem ser necessários
ou enfraquecidos, deve usar-se uma combinação de aborda-
em zonas onde as técnicas de poços cavados à mão ou perfuração
gens para melhorar os sistemas nacionais, ao mesmo tempo
manual não sejam conhecidas ou não sejam usadas regularmente.
que se obtêm resultados efectivos. Nalguns casos, é preferível a
As técnicas convencionais de perfuração mecânica para construir adjudicação ser realizada directamente pelo utilizador final do
furos de captação adequados para projectos rurais e peri-urbanos poço (por exemplo, a comunidade ou instituição).
de abastecimento de água são: perfuração por rotação com circu- • O envolvimento dos consultores e empresas de construção para
lação de lamas, perfuração por percussão mecânica com cabo, e a realização do furo deve fazer-se através de um processo com-
perfuração por roto-percussão com ar comprimido. Também se petitivo de apresentação de propostas a nível nacional (ou lo-
podem usar combinações destas técnicas dependendo das carac- cal), com uma fase de pré-qualificação. Estimativas dos custos
terísticas geológicas (por exemplo, perfuração por rotação com cir- totais e propostas recentes de engenharia referentes a trabalhos
culação de lamas perfurando os solos de cobertura escaváveis até ou serviços semelhantes podem ser usadas como comparação
alcançar rocha dura e depois percussão com ar comprimido). A es- de valores das propostas apresentadas a concurso. Isto evitará
colha do equipamento mais indicado será influenciada pela pro- adjudicar o trabalho a um proponente com valores considera-
fundidade do poço e a capacidade de elevação da sonda para re- velmente abaixo do preço de custo estimado.
tirar as ferramentas de perfuração e revestimentos temporários. O
• A adjudicação deve referir-se a um pacote que inclua vários fu-
Anexo C fornece algumas directrizes sobre a escolha do método
ros numa área geográfica de relativa proximidade, com condi-
de perfuração.
ções semelhantes de profundidade e hidrogeologia. Os lotes
podem englobar um número bastante elevado de poços, de-
pendendo da necessidade de dar oportunidade a empresas de
perfuração mais pequenas para desenvolver as suas competên-
cias internas.
• No sentido de se aproveitar e desenvolver a capacidade interna
e de permitir às pequenas empresas competirem com firmas de
maior escala, devem ser considerados mecanismos de atribui-
ção de pacotes que incluam uma opção de trabalho de acom-
panhamento. Em alternativa, deve ser considerado um contrato
que dure vários anos (sujeito a uma clara avaliação do desem-
penho).

Quando os procedimentos internos de adjudicação de contratos e


propostas (sistema instituído de concursos públicos) são fracos, es-
Para melhorar a disponibilidade de peças sobressalentes para os tes devem ser reforçados e utilizados. Para assegurar que os con-
equipamentos de perfuração em países com nível reduzido de in- tratos são atribuídos a consultores e empresas de perfuração ex-
dustrialização, o sector privado deve ser incentivado a uniformizar perientes e qualificados, recomenda-se um processo com fase de
parcialmente o seu equipamento de perfuração. Este tópico pode pré-selecção e adjudicação de propostas e contratos:

9
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

 As necessidades de recursos humanos e as condições exigidas Juntar vários poços num pacote pode constituir um desafio espe-
de capacidade dos equipamentos devem ser definidas com cla- cial em países com um funcionamento extremamente descentrali-
reza. Estas devem adequar-se à configuração do furo, método zado. No entanto, podem considerar-se soluções inovadoras como
de construção e dimensão do contrato. passar dotações orçamentais de um ano para o outro ou fazer per-
furações de dois em dois ou de quatro em quatro anos para ir jun-
 Um processo transparente e meticuloso de pré-qualificação
tando verbas. Adjudicar poços de profundidade e hidrogeologia
deve basear-se no perfil, equipamentos e competências do pes-
semelhantes num pacote permite a utilização de aparelhos menos
soal da empresa, o respectivo volume de negócios, a experiên-
volumosos e menos dispendiosos sempre que tal seja adequado.
cia e consecuções anteriores, bem como o cumprimento das
normas nacionais relativamente a autorizações e licenças de Uma forma de fazer com que as pequenas empresas participem é
perfuração e a pertença a associações profissionais nacionais. A adjudicar os pacotes a um conjunto de perfuradores, com a opção
pré-qualificação, que se pode realizar a cada um a três anos, de trabalho de acompanhamento, ou seja:
deve abranger visitas às instalações da empresa e, se possível, a
operações no terreno durante e após a conclusão de uma ins-  Fazer a pré-qualificação de vários empreiteiros e iniciar o pro-
talação de poço recente. A lista de empresas pré-qualificadas cesso de concurso.
deve ser publicada.
 Identificar os empreiteiros que serão incluídos no conjunto de
 O processo de recepção de propostas ou de adjudicação que perfuradores por um período determinado.
envolva o envio de uma Explicação do Método só deve estar
 Negociar e definir os valores de perfuração de uma área estipu-
disponível para empresas pré-qualificadas.
lada.
 As propostas, planos e condições específicas devem basear-se
 Adjudicar pacotes (de cerca de 10 a 30 poços) a vários emprei-
nos resultados do processo de localização e configuração do
teiros do conjunto de perfuradores.
furo e devem ser aprovados pelo Governo Local e outros dos
principais intervenientes antes do concurso.  À medida que os pacotes forem sendo concluídos, podem ser
adjudicados mais trabalhos consoante o desempenho dessa
 Os resultados desejados (como localização, profundidade, con-
empresa.
dições de perfuração) devem ser definidos com clareza na fase
de apresentação da proposta. Caso tal não seja possível, pode Este mecanismo permite aos empreiteiros trabalhar noutros con-
ser elaborado um acordo aberto, com base nos custos habitu- tratos, pois uma construção dentro dos prazos e com elevada qua-
ais, conforme definido no modelo de caderno de encargos lidade assegurará um novo trabalho. As empresas que possuam
(Anexo A). várias sondas de perfuração podem aceitar diversos pacotes, en-
quanto as que têm uma sonda podem trabalhar de acordo com a
 Deve realizar-se uma reunião de apresentação de propostas
sua capacidade. O cliente irá controlando os trabalhos que estão
onde um hidrogeólogo que conheça bem as condições de per-
em execução.
furação da zona descreve o âmbito do trabalho e “as categorias
de risco”. Isto é explicado com maior detalhe na secção do
Princípio n.º 2 referente à Localização.
 Um processo claro e transparente de adjudicação de contratos
com critérios de avaliação bem definidos, um programa com as
datas mais importantes, abertura pública de propostas, avalia-
ção que inclui esclarecimento e discussão com os proponentes,
comunicação de resultados e da adjudicação, e procedimentos
para questionar o resultado.
O estabelecimento de pacotes contratuais para construção de vá-
rios furos próximos uns dos outros serve a intenção de diminuir as
despesas de deslocação e facilitar a supervisão do trabalho. Reco-
menda-se juntar os furos no mesmo contrato, tendo atenção ao
número total de poços que se junta num mesmo programa e à
possibilidade de que, quando se incluem demasiados furos num
mesmo pacote, isso pode excluir os empreiteiros locais.

10
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Condições mínimas para um poço “adequado à finalidade” (rendimento,


diâmetro, profundidade, revestimento e filtro, pré-filtro/maciço filtrante,
verticalidade, aditivos de perfuração e protecção sanitária).

5. Configuração e
Desenvolvimento adequado do poço
Construção

Requisitos indicados para ensaios de bombagem

Análise da qualidade da água

5. Configuração e Construção com um revestimento/câmara de bombagem com diâmetro


nominal de 4 ou 5”.
Princípio n.º 5 A configuração do furo será rentável, deve
 Profundidade: Primeiramente, é necessário medir o nível freá-
durar de 20 a 50 anos, tendo por base as condições mínimas
tico actual. Depois é preciso determinar o nível hidrostático re-
para criação de um furo adequado à sua finalidade.
duzido em consequência de flutuações sazonais ou de longo
Este divide-se nos seguintes subprincípios: prazo. O rebaixamento esperado no seguimento da bombagem
• Condições mínimas para um poço “adequado à finalidade” em tem de ser ponderado, além dos requisitos da dimensão do fil-
termos de rendimento, diâmetro, profundidade, revestimento tro e da fossa. Isto permitirá calcular a profundidade total. Em
e filtro, pré-filtro/maciço filtrante, verticalidade, aditivos de per- locais onde as formações superficiais meteorizadas possam ter
furação e protecção sanitária. Uma configuração dos furos espessura, permeabilidade e armazenamento suficientes para
acima das necessidades, essencialmente profundidade ou diâ- sustentar o rendimento requerido, e aguentar as flutuações do
metro excessivos, constitui um gasto e deve evitar-se. nível da água, poderá ser rentável a utilização de um furo rela-
tivamente raso (protegido e instalado com pré-filtro ou maciço
• Os procedimentos para desenvolvimento de um furo são cla-
filtrante), construído com uma sonda bastante pequena ou per-
ramente estabelecidos e acordados no contrato de perfuração.
furado manualmente.
O poço perfurado tem de ser desenvolvido até a água estar
isenta de sólidos e materiais finos (finos) e de turvação por um  Filtro e tubo de revestimento simples: O filtro deve ser insta-
período contínuo de 30 minutos. lado no aquífero e deve ter uma área aberta de tamanho sufici-
• Os procedimentos para desenvolvimento do furo e ensaios de ente (determinada pela medida das ranhuras) para permitir que
bombagem são claramente estabelecidos e acordados no con- a água flua livremente para dentro do poço. A dimensão do fil-
trato de perfuração. As condições do ensaio de bombagem tro não deve ser alterada para reduzir custos, uma vez que pode
para uma bomba manual devem ser realistas e não serem es- originar um furo seco. Em zonas onde os poços são perfurados
tabelecidas por excesso. em formações rochosas sãs, será possível poupar revestindo
apenas a formação geológica meteorizada. Contudo, a ligação
• Realizam-se testes de qualidade da água (análise química e mi-
entre a formação geológica meteorizada e a formação rochosa
crobiológica), particularmente em zonas de alto risco e em fu-
tem de ser selada (com argamassa). Devem usar-se um filtro e
ros que abasteçam instituições (por exemplo, centros de saúde
tubo de revestimento de plástico (PVC-U) em vez de aço nos
e escolas).
casos em que os furos tenham menos de 100-120 m de profun-
didade.
Abaixo descreve-se uma configuração adequada à finalidade. No
caso de sistemas com motor (se se considerar rentável), a configu-  O pré-filtro 5 ou maciço filtranteError! Bookmark not defined. devem
ração tem de ter em atenção as condições exactas do sistema. ter uma classificação própria com uma qualidade de >95% sí-
lica. Têm de ser instalados devagar e cuidadosamente, de pre-
 Em termos de rendimento efectivo do furo para uma bomba
ferência com tremie e tubo de tremie.
manual, 1m3/hora será suficiente, embora possa ser reduzido
para 400 litros por hora em zonas onde seja difícil encontrar  A verticalidade e alinhamento têm de ser definidos como con-
água subterrânea 4. Os poços só devem ser perfurados à pro- dição de sucesso do poço (<100mm por cada 30m). A verticali-
fundidade indicada para este resultado. As condições relativas dade e o alinhamento têm de permitir que a bomba e a conduta
às bombas motorizadas dependem da configuração do sistema, de elevação possam ser descidas pelo furo sem encontrarem
que se baseia nas necessidades dos utilizadores, e podem ser resistência.
consideravelmente superiores às de uma bomba manual.
 Espuma química e lama biodegradável devem ser usadas como
 Os requisitos em termos de diâmetro de um poço de bomba aditivos de perfuração em vez de bentonita e outras lamas não
manual e as bombas de pequeno diâmetro agora disponíveis degradáveis. Quando a perfuração passa o lençol freático, a
significam que furos revestidos com diâmetro interior de 4” bentonita não deve ser usada como lama de perfuração, porque
(~100mm) são suficientes para o cilindro da bomba manual e tem tendência a obstruir a entrada do aquífero e é muito difícil
conduta de elevação. Geralmente estipula-se um tubo de reves- de retirar.
timento/filtro de PVC-U com um diâmetro interior mínimo de
 O preenchimento do espaço anular com detritos de perfuração
103mm e um diâmetro exterior de 113mm. Os poços perfurados
a motor podem exigir mais espaço de forma a permitir a insta- é essencial.
lação de uma bomba submersível, podendo ser completados

4
Consultar o ponto “Considerações”.
5
Consultar o Glossário.

11
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Gestão de contrato apropriada

Supervisão adequada realizada por profissionais

6. Gestão, Supervisão e Documentos de contrato directos e inteligíveis


Pagamento de Contratos
Pagamento dentro do prazo

Período de garantia

Enquadramento jurídico sólido

 Uma protecção sanitária de argamassa a uma profundidade de 6. Gestão, Supervisão e Pagamento de Contratos
pelo menos 5m da superfície é exigida. É essencial que não seja
possível a entrada de água contaminada (do solo ou de latrinas Princípio n.º 6 Estão reunidas as condições necessárias para
com fossa) no poço ou aquífero. assegurar uma correcta gestão, supervisão e o pagamento
atempado da empresa de perfuração.
 É necessária uma laje de soleira/plataforma de betão para
drenar as águas derramadas para fora do furo. Também são re- Este divide-se nos seguintes subprincípios:
queridas valas de drenagem, bem como uma vedação, para
manter afastados os animais. • Em condições normais, a gestão de contratos deve ter por base
os sistemas governamentais, devendo observar-se as melhores
O Anexo D descreve exemplos de configurações de furos para as práticas internacionais, utilizando modelos de contrato de refe-
principais formações hidrogeológicas. rência.
O desenvolvimento do furo deve realizar-se antes de a empresa • Os documentos de contrato têm de ser directos e prontamente
de perfuração passar ao local seguinte. Se o filtro sobre a área do entendidos pelos empreiteiros responsáveis pela perfuração.
pré-filtro/maciço não estiver correctamente limpo, a eficiência do • A supervisão deve ser feita por agentes governamentais ou pelo
furo pode baixar e o filtro pode entupir ao longo do tempo. Sem- sector privado. Podem ser introduzidas competências especia-
pre que possível, deve usar-se o desenvolvimento natural do poço. lizadas adicionais para colmatar as lacunas em termos de capa-
A melhor forma de realizar o desenvolvimento do furo é com ar cidade com a perspectiva de desenvolvimento de competências
comprimido ou com jactos de água a alta pressão meticulosa- a longo prazo.
mente aplicados a todas as zonas revestidas. A pistonagem com
êmbolo também pode ser indicada. O furo deve ser completa- • O pagamento das obras deve ser feito atempadamente.
mente limpo até estar isento de finos e turvação por um período • Deve considerar-se um período de garantia para boa execução,
constante de 30 minutos. Também se pode introduzir cloro antes sendo retido um valor de cerca de 10% como caução, garantia
do desenvolvimento do poço para ajudar a desfazer o polímero de bancária ou em dinheiro.
perfuração. Depois de a água elevada estar limpa, deve ser medida • O ideal é contar com um enquadramento jurídico sólido que
a quantidade de água que sai do poço pela técnica de ar compri- suporte situações de compensação, mecanismos de retenção
mido e este valor (rendimento através do sistema com ar compri- financeira, e procedimentos de auditoria e conduta.
mido) é registado.

Os ensaios de bombagem são realizados para determinar a efici- Possuir competências técnicas e pessoal com experiência na con-
ência do furo e avaliar as propriedades do aquífero. As condições figuração, gestão, supervisão e planeamento de programas de
adequadas para uma bomba manual correspondem a uma bom- perfuração de poços é essencial para assegurar que os furos reali-
bagem contínua durante 3 a 6 horas. Normalmente, a cota de des- zados são de elevada qualidade e que as despesas são aceitáveis.
carga deve ser pelo menos 10% superior à descarga do plano para Por exemplo, o tempo de inactividade no terreno enquanto se
um furo de captação bem-sucedido. Deve medir-se a recuperação. aguarda pela tomada de decisões pode aumentar consideravel-
Aqui usam-se padrões nacionais ou internacionais (por exemplo, mente os custos globais da obra. Da mesma forma, planear a rea-
BS ISO 1468:2003). No caso de furos mecânicos, devem fazer-se lização dos furos durante a estação das chuvas pode causar mais
testes de rebaixamento e recuperação mais amplos (por exemplo, atrasos dispendiosos.
ensaio de rebaixamento escalonado e ensaio a caudal constante
por 24 horas). Os contratos referentes à perfuração de um poço para captação
de águas podem ser pagos consoante um Caderno de Encargos
Uma análise da qualidade da água em conformidade com as nor- (C.E. – consultar o Anexo A) ou ser pagos de uma só vez. Embora
mas nacionais deve ser feita e os resultados entregues às autori- no caso do pagamento de uma só vez os contratos sejam mais
dades competentes. Sempre que possível, devem realizar-se as se- fáceis de gerir, continua a ser fundamental uma supervisão com-
guintes análises no local: temperatura, pH, turvação, petente. No geral, é crucial o contrato garantir que seja do inte-
condutividade, cor, sabor, arsénio, ferro, manganésio, coliformes resse do empreiteiro a construção de um furo de boa qualidade.
totais e E. coli. Os contratos com a quantia paga de uma só vez são mais indicados
se for especificado que os poços secos não serão remunerados,
Instalação da bomba: A escolha da bomba deve obedecer às nor- embora isto também possa ser estabelecido num contrato pago
mas e directrizes nacionais, caso existam. A bomba deve ser posi- de acordo com um caderno de encargos, mas isto requer uma clas-
cionada no nível correcto acima da secção revestida, tendo em sificação dos riscos de construir um furo seco e os respectivos mo-
conta as variações sazonais e o rebaixamento. Isto corresponde no dos de pagamento, conforme disposto no Anexo C. Os contratos
geral a 2 metros abaixo do nível hidrodinâmico mais baixo. tanto podem integrar a instalação da bomba na construção do
furo, como podem considerá-las em separado, para adjudicação e
instalação por operários locais especializados em mecânica.

12
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Nos casos em que só seja possível obter garantias bancárias de Também se pode considerar o acompanhamento por parte da co-
boa execução através de pagamentos em dinheiro, será preferível munidade da construção e da supervisão. Se receberem formação
os Contratos insistirem em Seguros de Caução de uma empresa adequada, as comunidades podem, por exemplo, controlar o nú-
conceituada. mero de tubos de revestimento instalados, o número de sacos de
cimento usados pela empresa de construção e a presença do su-
Uma supervisão adequada é um bom investimento que assegura
pervisor. Por vezes, os furos anunciados como bem-sucedidos se-
uma construção de qualidade e que os furos não sejam mais pro-
cam passado pouco tempo devido a más condições da construção.
fundos do que o necessário, evitando o abandono precoce dos
Para evitar estas situações, pode incluir-se no Contrato, e fazer-se
poços. No entanto, é importante regular a fiscalização da perfura-
cumprir, uma cláusula de garantia, com a retenção de cerca de 10%
ção. De preferência, as obras de abertura de um furo devem ser
do valor do contrato. Perto do final do período de 12 meses, de
supervisionadas a tempo inteiro por funcionários qualificados e
acordo com os termos do contrato, os supervisores têm de se des-
competentes para garantir a elevada qualidade da construção. Só
locar a cada local terminado para encerrar o processo, momento
se deve recorrer a supervisão a tempo parcial numa situação de
que inclui a verificação da viabilidade junto dos utilizadores de
considerável escassez de recursos. Nestes casos, será essencial
água. É fundamental o contrato determinar claramente quem é
manter a supervisão do ensaio de bombagem e da medição da
responsável pela qualidade da bomba durante este período.
profundidade do furo.
O pagamento das obras deve ser feito até um mês após a sua con-
A supervisão da perfuração deve estar a cargo de funcionários da
clusão e não pode ultrapassar os três meses. Atrasos superiores a
entidade cliente ou de consultores do sector privado. Em ambos
este tempo não são aceitáveis em termos da liquidez (fluxo finan-
os casos, estes têm de possuir tempo, recursos financeiros e com-
ceiro) dos empreiteiros, ficando sujeitos a pagamento de multa/ju-
petências suficientes. Os supervisores têm de ter formação ade-
ros de acordo com as condições do contrato.
quada e operar de forma independente do empreiteiro em termos
financeiros e de logística. Um local remoto não pode ser desculpa O acompanhamento por terceiros, pago pelo cliente mas realizado
para prescindir da supervisão. Os resultados habituais de uma fraca por um profissional independente com formação após a constru-
supervisão das obras de perfuração são os seguintes: ção, também pode funcionar como mecanismo de controlo. Isto
 A empresa de perfuração afirma que o furo é mais profundo do
requer uma lista de verificação bem definida e coerente para cada
que é na realidade; furo de captação de águas que foi construído, com publicação de
resultados.
 Realiza-se um furo com diâmetro menor do que o especificado;
Quando o enquadramento jurídico e as instituições públicas que
 O furo construído é mais profundo do que era necessário (ou são fundamentais para sustentar procedimentos de gestão de con-
seja, em casos em que o empreiteiro é pago consoante um ca- tratos estão enfraquecidos, é necessário dar grande ênfase ao de-
derno de encargos e pretende aumentar a receita); senvolvimento dos sistemas indicados através da legislação e da
 Colocação incorrecta do filtro ou utilização de materiais drenan- melhoria de competências.
tes não mencionados;
 Cascalho em quantidade insuficiente ou utilização não-especi-
ficada;
 Falta de argamassa;

 Desenvolvimento insuficiente do furo;

 A empresa de perfuração declara o sucesso do poço, mas na


realidade este encontra-se seco. Isto acontece por vezes
quando a obra é realizada pouco depois da estação das chuvas.
O poço pode secar durante a estação seca à medida que o nível
da água vai descendo;
 Instalação de bombas que não as definidas (sejam maiores ou
mais pequenas do que fora determinado).

13
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Especificar os dados pretendidos e as responsabilidades

Enviar para as autoridades o registo de conclusão de poço

7. Dados e Informações Renovação da licença de perfuração ligada ao envio de relatórios de conclusão

Número único de identificação de furo de captação de água

Relatórios anuais sobre programas de perfuração disponibilizados ao


público e outras agências de execução

7. Dados e Informações Cada número único de identificação deve ser gravado numa placa
de metal que é colocada na base da bomba manual, sendo tam-
Princípio n.º 7 São recolhidos dados de qualidade de natu- bém inscrito na plataforma da bomba ou na caixa da cabeça do
reza hidrogeológica e de construção do furo num formato pa- furo. Para evitar a construção de furos de captação de água não
dronizado, sendo estes depois entregues à autoridade gover- planeados ou sem acompanhamento, as autorizações de perfura-
namental competente. ção devem ser emitidas pela autoridade competente.
Este divide-se nos seguintes subprincípios: Deve haver uma partilha transparente das principais informações
• Os dados a recolher durante a perfuração do poço são defini- dos programas de perfuração por parte dos Governos, ONGs e ou-
dos no contrato da obra e as responsabilidades de recolha de tros interessados. Os relatórios devem ser colocados em domínio
dados entre o empreiteiro e o supervisor são claras. público, ficando, assim, imediatamente acessíveis ao Parlamento,
unidades de acompanhamento do Governo, sociedade civil e ou-
• A informação, na forma de relatório nacional de conclusão de
tras instituições. As áreas cruciais a serem divulgadas incluem:
poço, será enviada para a entidade governamental indicada
após a perfuração (mesmo no caso de poços secos).  Resultados do programa (com os custos associados) em termos
• A renovação das licenças de perfuração deve estar associada de melhoria de competências, conhecimentos e capacidade es-
ao envio dos relatórios de conclusão de furo para captação de trutural, bem como o número de pessoas que receberam for-
água. mação;
• Cada furo construído no país deve ter o seu número único de  Furos de captação de águas construídos (ou seja, número, pro-
identificação. fundidades dos poços, e locais, com respectivos números dos
• O Governo e outros intervenientes no sector das águas devem furos e coordenadas de GPS);
verificar anualmente os dados sobre a perfuração de poços
 Relatórios breves de supervisão;
para captação de águas, disponibilizando os relatórios ao pú-
blico.  Preços da instalação de cada furo, com detalhes sobre o que foi
incluído e excluído (por exemplo, lucro e despesas gerais, loca-
lização, mobilização, perfuração, supervisão, bombas, abasteci-
Os modelos do registo de conclusão de furo para captação de mento de energia, sistemas de armazenamento e distribuição,
água têm de incluir informação sobre o local, as operações de per- formação comunitária). Fornecer explicação sobre como se cal-
furação, o revestimento e conclusão do poço, litologia, desenvol- culam os custos (por exemplo, o preço de um pacote de 10 furos
vimento do furo e ensaio de bombagem e análise da qualidade da num pacote de um contrato específico divide-se por 10). A in-
água. O Anexo E fornece um modelo recomendado para registo formação tem de ser apresentada de forma que seja possível
de conclusão de furo. É essencial esta informação ser enviada para estabelecer comparações entre regiões e/ou distritos;
a entidade competente do Governo central num prazo de 30 dias  Detalhes sobre a participação do sector privado, incluindo os
após a sua conclusão, e que cada projecto ou programa não se nomes das empresas, resumo e montante do contrato, data de
limite a guardar para si os seus dados, mas os partilhe com outras pagamento da construção e pagamento da cláusula de garan-
agências de execução. tia;
A importância da regulamentação e licenciamento das empresas  Conclusões apresentadas pelas missões de acompanhamento e
de perfuração é destacada no Princípio n.º 1. Como condição para avaliação.
a renovação anual da autorização para perfuração, recomenda-se
que se torne obrigatório o envio, para a entidade indicada, de uma
compilação vinculativa dos seus relatórios de conclusão referentes
ao conjunto anual dos trabalhos que a empresa realizou no ano
anterior.

14
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Base de dados nacional de todos os registos de furos (ou arquivo de todos os registos)

8. Base de Dados Informações de todos os programas, projectos e trabalhos de perfuração


e Registos introduzidas na base de dados

A informação da base de dados é disponibilizada e utilizada livremente

8. Base de Dados e Registos Será necessário retirar os dados-chave específicos dos relatórios
de conclusão de poço e introduzi-los numa base de dados nacio-
Princípio n.º 8 O armazenamento dos dados hidrogeológi- nal sobre perfuração de poços. Esta base de dados terá de ser con-
cos é feito por uma entidade governamental central com regis- venientemente criada, actualizada, ficar imediatamente acessível a
tos actualizados, sendo as informações disponibilizadas gratui- todos, e assegurar a não-duplicação de dados introduzidos (por
tamente e usadas para preparar os requisitos de outros furos. exemplo, recorrendo ao número único de identificação do furo e à
informação de GPS). Se não existir uma base de dados nacional, os
Este divide-se nos seguintes subprincípios: dados das perfurações devem ser arquivados pelos intervenientes
• Deve ser criada e actualizada uma base de dados nacional (ou do sector até ser criado um mecanismo como este, com um agente
de nível regional) com todos os registos de perfuração de po- responsável atribuído. Organizações de apoio externas e do Go-
ços para captação de águas. Se não existir uma base de dados verno devem ser incentivadas a apelar à recolha de dados, estabe-
nacional conforme descrito, os intervenientes do sector devem lecer bases de dados das águas subterrâneas e desenvolver a ca-
manter e arquivar os registos de todos os trabalhos de cons- pacidade nacional neste campo.
trução de furos realizados até esta ser criada. A nível internacional reconhece-se que, para avaliar o progresso e
• Os dados de todos os programas e projectos de perfuração do estado de desenvolvimento de águas subterrâneas nacionais e ori-
país devem ser introduzidos nesta base de dados. entar um planeamento futuro, é crucial ter bons registos da aber-
• Os dados da base de dados devem poder ser acedidos sem tura de furos e listar e arquivar os documentos originais de forma
restrições. a facilitar o rápido acesso aos mesmos. Os registos devem incluir:
 Relatórios da avaliação de propostas e da fase de pré-qualifica-
Um melhor conhecimento dos recursos hídricos subterrâneos pro- ção;
porcionado pelo arquivo de dados adequados e acessíveis au-
menta extraordinariamente as hipóteses de sucesso na perfuração  Relatórios de mobilização e formação das comunidades;
e construção de furos para captação de água. Os registos dos po-  Calendários da supervisão das obras;
ços, relatórios de conclusão e os dados dos ensaios de bombagem
 Relatórios de acompanhamento.
(consoante definido no contrato de perfuração) têm sempre de ser
enviados à autoridade local e/ou nacional competente. As infor-
mações referentes a poços “secos” ou sem sucesso são tão impor-
tantes como as dos que foram bem-sucedidos.

15
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Usar sistemas nacionais de acompanhamento

9. Acompanhamento Controlar a utilização e funcionamento, pelo menos durante 6 meses e depois


anualmente no mínimo por 10 anos após a construção

Tomar medidas e publicar relatórios de acompanhamento

9. Acompanhamento As conclusões deverão ser tidas em consideração ao estabelecer


medidas a nível comunitário e do Governo local, e podem influen-
Princípio n.º 9 Realizam-se visitas regulares a consumidores ciar políticas e programas nacionais referentes ao desenvolvimento
de água com furos concluídos, para acompanhar a funcionali- de infra-estruturas e operação e manutenção das mesmas. As ac-
dade a médio prazo, bem como a longo prazo, de acordo com ções tomadas devem estar em conformidade com estatutos locais
as conclusões divulgadas. e políticas nacionais vigentes.
Este divide-se nos seguintes subprincípios:
• Os sistemas de acompanhamento do Governo devem ser usa-
dos (e reforçados, caso necessário) em vez de serem desenvol-
vidos sistemas semelhantes.
• Deve realizar-se controlo do funcionamento, incluindo análise
e estabelecimento de medidas: durante 6 meses, e depois anu-
almente por pelo menos 10 anos após a construção.
• As conclusões do trabalho de acompanhamento devem cor-
responder a acções tomadas e tornadas públicas.

É essencial que os procedimentos de acompanhamento definidos


pelo Governo sejam obedecidos e/ou melhorados, sendo toda a
informação recolhida comunicada às autoridades relevantes. As
actividades de acompanhamento vêm complementar os sistemas
estabelecidos de operação e manutenção (descritos no Capítulo 2).

O controlo do funcionamento deve ter em consideração os utiliza-


dores da água e o abastecimento de água. Idealmente, deveria ser
recolhida informação sobre a administração da fonte, como as re-
ceitas recolhidas, as verbas para manutenção e a satisfação dos
consumidores. Devem ser avaliados os aspectos técnicos de rendi-
mento da bomba, nível freático e hidrodinâmico e qualidade da
água. É importante haver uma inspecção sanitária, sendo destaca-
dos os motivos de eventuais avarias e reparações.

16
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo A Exemplos de Caderno de Encargos (C.E.)


Tabela A1: Caderno de Encargos – Exemplo (i) para 10 Na Tabela A2, os itens foram simplificados e a margem (lucro e
furos, cada um com profundidade média de 50m, ou seja, despesas gerais) foi incorporada nos montantes dos diversos arti-
profundidade total de 500m. gos.

Tabela A2: Caderno de Encargos – Exemplo (ii) para 10


Preço Preço
Descrição Qtd Unid furos, cada um com profundidade média de 50m, ou seja,
unitário Total
profundidade total de 500m.
1 Localização de furo 10 cada
2 Estabelecimento de acampamento 1 suma
global Preço Preço
Descrição Qtd Unid
unitário Total
3 Mobilização e desmobilização de 500 km
equipamentos e funcionários 1 Mobilização 1 cada

4 Instalação de sondas e deslocação 400 km 2 Deslocação entre locais 9 cada


entre locais
3 Perfuração 500 m
5 Execução de furo de 125mm (5”) 200 m
de diâmetro nominal em camada 4 Revestimento e Conclusão 500 m
de solo de cobertura 5 Pré-filtro e Desenvolvimento 100 m
6 Fornecer, instalar e retirar 10 cada
revestimento temporário 6 Ensaio de Bombagem 10 cada

7 Execução de furo de 125mm (5”) 300 m 7 Preenchimento e conclusão do 10 cada


de diâmetro nominal em rocha furo (incluindo a análise de
matriz qualidade da água)
8 Amostragem e Perfilagem do Furo 10 cada 8 Instalação de bomba manual e 10 cada
em intervalos de 3 metros acessórios
9 Fornecer e instalar tubos de 400 m 9 Relatórios de Conclusão 30 cada
revestimento de PVC-U de 110mm
de diâmetro exterior com Subtotal
classificação de pressão de 10 bar Imposto de Valor Acrescen-
10 Fornecer e instalar filtro de PVC-U 100 m tado (IVA) – 20%
de 110mm de diâmetro exterior
com classificação de pressão de 10 Total
bar (Tamanho da ranhura 0,5mm)
11 Fornecer e colocar o pacote de 0,8 m3
filtragem aprovado em torno dos É fundamental ser extremamente meticuloso na realização dos
filtros 6 Cadernos de Encargos.
12 Fornecer e instalar preenchimento 10 cada
com inertes
13 Limpeza e desenvolvimento do 30 hora
poço até a água estar isenta de
sedimentos
14 Ensaio de Bombagem conforme 10 cada
condições acordadas
15 Fornecer e colocar argamassa 10 cada
16 Análise da qualidade da água e 10 cada
desinfecção do furo
17 Tampa do furo 10 cada
18 Instalar duas bombas manuais 10 cada
India II consoante condições
acordadas
19 Relatórios de conclusão 30 cada
20 Período de espera (ou repouso) hora
Subtotal
21 Despesas gerais e lucro – 15%
22 Imposto de Valor Acrescentado
(IVA) – 20%
Total

6
Volume anular entre o furo executado e o tubo de revestimento exterior: bu-
raco com 150mm de diâmetro; tubo de revestimento exterior com 110mm de
diâmetro = 8 litros/metro, que equivale a 0,8m3 para 10 poços, cada um com
pacote de filtragem de 10m.

17
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo B Modelo de Classificação do Risco e Planos de Pagamento

A Tabela B1 (abaixo) apresenta um modelo que classifica o risco de de abordar um dos principais desafios da perfuração de um poço
executar a perfuração de um poço seco e estabelece estruturas de captação de água: o risco de furos secos. Um método alterna-
adequadas de pagamento. Expõe uma abordagem específica que tivo é o cliente responsabilizar-se pela localização e pagar ao em-
usa diferentes modelos de contrato e pagamento, consoante o preiteiro os furos secos e os bem-sucedidos de acordo com um
risco de perfurar um poço seco. Caderno de Encargos (C.E.).

Em todos os casos, a empresa de perfuração é responsável pelo Num determinado país ou região pode ser possível classificar o
sucesso do furo de captação de água. Destacamos que este mo- potencial de perfuração nas três (ou mais) categorias descritas na
delo não tem intenção prescritiva, pretendendo ilustrar uma forma Tabela B1.

Tabela B1: Modelo de Classificação do Risco de Executar um Furo Seco com Exemplo de Planos de Pagamento

Taxa de
Categoria Pressuposições Planos de Pagamento Propostos
Sucesso
Não há necessidade de es-
tudo geofísico. A perfuração
A em qualquer local tem O risco de obter um furo seco é classificado como baixo e os poços secos
grande probabilidade de não serão pagos ao empreiteiro em nenhuma circunstância. A empresa de
>75%
Sucesso sucesso. A primeira opção perfuração escolhe um local dentro das zonas referidas pela comunidade
Elevado da comunidade tem proba- e as suas taxas unitárias devem incluir o risco de furos secos.
bilidade de ser bem-suce-
dida.
Será feito um pagamento limitado à Empresa pelos poços secos até uma
certa profundidade, consoante a seguinte fórmula:
As próprias empresas de
perfuração podem optar • 1.º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.
por examinar (seja a em- • Se o 1.º furo estiver seco: Não há lugar a pagamento.
presa em si, seja um hidro- • 2. º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.
geologista de sua escolha) e
seleccionar os locais exactos • Se o 2.º furo estiver seco: Calcula-se uma percentagem justa de um
a perfurar, de entre as zo- poço produtivo e esse valor é pago, tendo em consideração as obras re-
B alizadas, ou paga-se de acordo com o Caderno de Encargos (C.E.).
nas que a comunidade pre-
50 - 75% fere. Devem ser seguidas as • 3. º furo bem-sucedido: pagamento de 100%; passar a um novo local.
Sucesso
directrizes do Governo rela- • Se o 3.º furo estiver seco: Calcula-se uma percentagem justa de um
Moderado
tivas ao processo de Locali- poço produtivo e esse valor é pago, tendo em consideração as obras re-
zação. alizadas, ou paga-se de acordo com o Caderno de Encargos (C.E.). Pas-
sar a uma nova comunidade.
Nalguns casos, recomenda-
se a especificação no Con- No caso de existirem três poços secos, não se realizará mais nenhum tra-
trato de uma profundidade balho de perfuração nesta comunidade até serem concluídos estudos adi-
mínima de perfuração. cionais. Este local passa a ser considerado como “risco de Categoria C” e
requer um estudo hidrogeológico especial organizado pela empresa no
sentido de determinar o local (ou locais) onde realizar novas perfurações.
O Cliente deve organizar
um processo independente
de localização, que incluirá
o uso de aspectos da geofí-
C
sica (Perfil de Resistividade
O cliente escolheu o local e a profundidade; será feito o pagamento tanto
<50% e Análise Electromagnética
Sucesso dos furos húmidos como dos secos.
[EM]). Os locais escolhidos e
Reduzido
projectados pelo consultor
devem ser perfurados pelo
empreiteiro à profundidade
mínima indicada.
* As percentagens sugeridas aplicadas acima podem alterar-se consoante as condições locais, por exemplo: >90%, 40-90% e <40%, respectivamente.

18
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo C Selecção do Método de Perfuração

Métodos Manuais
Métodos Mecânicos
Formação
Perfuração Perfuração por
Perfuração Jactos de Perfuração por
Lamas por roto- rotação com
manual água percussão
percussão circulação directa

Cascalho X X X ? ? X

Areia    ? ? 

Lodos Formações não    ? ? 


bentoníticos consolidadas

Argila   ? lento lento 

Areia com seixos


X X X ? ? X
ou pedras

Xisto Formações de X X X  lento 


resistência
Arenito média a forte X X X   

Calcário X X X lento  lento

Ígneo Formações de
X X X lento  X
(granito, basalto) resistência
baixa a forte
Metamórfica
X X X m lento  X
(ardósia, gneisse)

Rochas com
fracturas ou X X X   !
vazios

Acima do lençol
 X ?   
freático

Abaixo do lençol
?     
freático

= Método de perfuração adequado ? = Risco de colapso do furo ? = Possíveis problemas


! = É necessário manter aspiração para continuar a perfuração X = Método de perfuração inapropriado

Fonte: Waterlines 1995

19
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo D Exemplos de Configuração dos Furos


Figura D1: Exemplo de configuração de furo (formação não consolidada a profundidade de 100-120m – em profundidades
superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples


(diâmetro nominal de 4”) Nível Natural do Solo
Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for
necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se
Protecção Sanitária for usado maciço filtrante

Profundidade da protecção
sanitária a 5m do nível do solo O diâmetro do tubo tem de englobar
o diâmetro exterior do cilindro da
bomba.
Preenchimento a 5m
do nível do solo Formação não consolidada

A bomba deve estar posicionada no


nível correcto acima da área protegida,
Preenchimento tendo em conta as variações sazonais
Nível Freático e do rebaixamento.
Em geral será 2m abaixo do nível
hidrodinâmico mínimo.

Pré-filtro ou
maciço filtrante Pré-filtro ou maciço filtrante*: O
introduzido no diâmetro de perfuração tem de incluir
mínimo 3m um pré-filtro de 2-4” de espessura ou
acima do tubo de maciço filtrante mais fino. A espessura
ranhuras do pré-filtro depende das
características da formação. Será
necessário um anel grosso (3-4”) no
caso de materiais extremamente finos,
Pré-filtro ou como mica, que requerem maior
maciço filtrante diâmetro de perfuração (7-10”).
Em alternativa, pode usar-se uma
bolsa filtrante geotêxtil dependendo
Aquífero do risco de bio-incrustação.

Filtro *Consulte no glossário a definição de


pré-filtro e maciço filtrante

Tubo simples para


reservatório (1,5m)

Tampa de fundo Não está à escala

20
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D2: Exemplo de configuração de furo (formação semi-consolidada com risco de colapso a 100-120m – em
profundidades superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples


(diâmetro nominal de 4”) Nível Natural do Solo
Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for
necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se
Protecção Sanitária for usado maciço filtrante

O diâmetro do tubo tem de englobar


Profundidade da protecção
o diâmetro exterior do cilindro da
sanitária a 5m do nível do solo
bomba.

A bomba deve estar posicionada no


Preenchimento a 5m Overburden/Substrato nível correcto acima da área protegida,
do nível do solo Rochoso Instável tendo em conta as variações sazonais
e do rebaixamento.
Em geral será 2m abaixo do nível
Preenchimento hidrodinâmico mínimo.
Nível Freático
Pré-filtro ou maciço filtrante*: O
diâmetro de perfuração tem de incluir
um pré-filtro de 2-4” de espessura ou
Maciço filtrante maciço filtrante mais fino. A espessura
introduzido no do pré-filtro depende das
mínimo 3m acima do características da formação. Será
tubo de ranhuras necessário um anel grosso (3-4”) no
caso de materiais extremamente finos,
Aquífero
como mica, que requerem maior
Pré-filtro ou maciço filtrante diâmetro de perfuração (7-10”).
Em alternativa, pode usar-se uma
bolsa filtrante geotêxtil dependendo
Filtro do risco de bio-incrustação.

Tubo simples para


*Consulte no glossário a definição de
reservatório (1,5m)
Formação pré-filtro e maciço filtrante
Consolidada/Substrato
Tampa de fundo Rochoso Estável
Não está à escala

21
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D3: Exemplo de configuração de furo (formação consolidada – revestimento e filtro em rocha matriz – 100-120m – em
profundidades superiores deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples


(diâmetro nominal de 4”) Nível Natural do Solo

Diâmetro perfurado: 7 a 8” se for


necessário pré-filtro; pode ser 5 a 6” se
Protecção Sanitária for usado maciço filtrante

Profundidade da protecção O diâmetro do tubo tem de englobar


sanitária a 5m do nível do solo o diâmetro exterior do cilindro da
bomba.

Preenchimento a 5m Overburden/Substrato A bomba deve estar posicionada no


do nível do solo Rochoso Instável nível correcto acima da área protegida,
tendo em conta as variações sazonais
e do rebaixamento.
Preenchimento Em geral será 2m abaixo do nível
hidrodinâmico mínimo.
Nível Freático

Pré-filtro ou maciço filtrante*: O


diâmetro de perfuração tem de incluir
Maciço filtrante um pré-filtro de 2-4” de espessura ou
introduzido no maciço filtrante mais fino. A espessura
mínimo 3m acima do do pré-filtro depende das
tubo de ranhuras características da formação. Será
necessário um anel grosso (3-4”) no
caso de materiais extremamente finos,
Pré-filtro ou maciço filtrante como mica, que requerem maior
diâmetro de perfuração (7-10”).
Em alternativa, pode usar-se uma
bolsa filtrante geotêxtil dependendo
Filtro
do risco de bio-incrustação.

Tubo simples para


reservatório (1,5m) Formação *Consulte no glossário a definição de
Consolidada/Substrato pré-filtro e maciço filtrante
Rochoso Estável
Tampa de fundo
Não está à escala

22
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Figura D4: Exemplo de configuração de furo (formação consolidada – furo aberto a 100-120m – em profundidades superiores
deve usar-se revestimento de aço)

Tubo em PVC-U simples


(diâmetro nominal de 5”)
Nível Natural do Solo
Diâmetro perfurado: 6,5” desde o material
meteorizado à rocha; instalar tubo de 5” e depois
perfurar 4,5” na rocha; deixar furo aberto. Por
Protecção Sanitária vezes pode ser necessária perfuração com
encaixes, o que implica que a perfuração tem de
Profundidade da protecção ser iniciada com um diâmetro muito superior,
sanitária a 5m do nível do solo como por exemplo 10 a 12”.

Preenchimento a 5m O diâmetro do tubo tem de englobar o diâmetro


Overburden/Substrato
do nível do solo exterior do cilindro da bomba. Por vezes pode ser
Rochoso Instável
necessário o encaixe de vários tubos que podem
ter diâmetros diferentes.

Preenchimento
Nível Freático A bomba deve estar posicionada no nível correcto
acima da área protegida, tendo em conta as
variações sazonais e do rebaixamento.
Protecção em massa de Em geral será 2m abaixo do nível hidrodinâmico
cimento (profundidade de 1m) mínimo.

Tampa do tubo alinhada


com o topo do substrato
Formação Consolidada
Abertura de furo em
formação rochosa a
4,5” e mantido aberto
Aquífero
*Consulte no glossário a definição de pré-filtro e
maciço filtrante

Não está à escala

23
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

Anexo E Sugestão de Modelo de Registo de Conclusão de Furos

Índice
1. Informações Gerais
2. Operação de Perfuração
3. Revestimento e Conclusão do Poço
4. Resumo do Desenvolvimento do Furo e do Ensaio de Bombagem
5. Resumo da Qualidade da Água
6. Litologia
6a. Perfil Litológico
6b. Características que serão avaliadas e estudadas durante a perfilagem das
amostras de perfuração

7. Detalhes dos Ensaios de Bombagem


7a. Ensaio a Caudal Variável
7b. Ensaio a Caudal Constante
7c. Ensaio de Recuperação de Níveis

8. Parâmetros de Análise da Qualidade da Água

24
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

1. Informações Gerais
N.º de Referência Uso: Comunidade Doméstico/Complexo Privado
do Furo de Captação/ Estabelec. de Saúde Estabelec. de Ensino
Poço de Água Instalações de Empresa Furo de Teste Outro

Nome do Proprietário:
Local:

Referência/Coordenadas Coordenadas no mapa: Endereço do Proprietário:


GPS: Long. E Lat. N

Projecto/Programa de Financiamento/Privado:

Autorização de Poço N.º: Data da Emissão: Autoridade Emissora:

Nome da Empresa de Perfuração: N.º da Licença da Empresa de Perfuração:

Endereço da Empresa de Perfuração:

Esboço Cartográfico

Escala Aproximada:

25
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

2. Operação de Perfuração

Data de Início: Profundidade Total: m Método(s) de Perfuração:

Manual (indique o tipo) __________________


Profundidade em que se atinge o m
aquífero principal: Percussão Rotação (Lamas) Roto-percussão (ar
comprimido) DTH (fundo de furo)
Data de Nível Freático: m
Combinação (detalhes):________________________
Conclusão:
Fabricante da Sonda de Perfuração: ________________
Nível Hidrodinâmico: m
(com bombagem a ____m3/h) Fabricante do Compressor: __________________________

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

Taxa de Penetração Média: ______ m/h (diâmetro de ______ mm/polegada)

De A Diâmetro de Método Taxa de Penetração


Perfuração (m/h)
polegada mm

m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m
m m

26
Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis

3. Revestimento e Conclusão do Poço

Material do Revestimento: _____________________ Área Aberta do Filtro (%) ______

Juntas do Tubo: De Rosca Cola e Bocal Tampa de Fundo: Sim Não

Revestimento
Diâmetro
De A Tipo
polegada mm
m m
m m
m m
m m
m m
m m

Filtro
Diâmetro
De A Tipo Tamanho da Abertura
polegada mm
m m
m m
m m
m m
m m
m m
Cascalho natural artificial
De A Granulometria Volume Usado
m m
m m
m m
Preenchimento e Protecção Sanitária
Diâmetro Tipo e especificações
De A
polegada mm (Preenchimento/Protecção Sanitária)

Observações dos Testes de Alinhamento e de Verticalidade:

Cabeça e Plataforma do Furo

Tampa do Furo: Sim Não

Caixa: Bomba: Bomba Instalada: Sim Não

Placa de betão Vertical

Escoamento Ajustada ao Tubo


Vala de Infiltração Soldada ao Tubo

Vedação Tipo de Bomba:____________________________________

Observações: _______________________________________________________________________________________

27
Código de Boas Práticas
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4. Resumo do Desenvolvimento do Furo e do Ensaio de Bombagem

Desenvolvimento: Ensaio de Bombagem:


Com ar comprimido Avaliação da capacidade de elevação da água com
injecção de ar
Sobrebombagem
Ensaio a Caudal Constante
Pistonagem
Ensaio Escalonado
Retrolavagem
Duração _________h
Por jacto a alta pressão
Caudal ________l/s
Duração _____________h
Nível Hidrodinâmico: _________m
Observações: ___________________________________
Rebaixamento: _________m
__________________________________________________
Observações: ___________________________________

__________________________________________________

5. Resumo da Qualidade da Água

Amostra Recolhida:  Sim  Não Qualidade Química:


Data ________________ pH: _______________

Laboratório: ____________
Parâmetros no Terreno:
(para mais parâmetros, consulte a folha adicional)
Clara

Turva
Cor_______ Sabor_______ Odor ______ Qualidade Bacteriológica:
Turvação______UNT Temp. ______˚C SDT______mg/l
Condutividade Eléc._______µS-cm pH ______ Coliformes Totais: ____________UFC por 100ml

Laboratório: _______________________________

Observações: _________________________________________________________________________________

28
6a. Perfil Litológico

N.º de Referência do Furo de Captação/Poço de Água

Nome do Proprietário:
Local:

Coordenadas no mapa: Endereço do Proprietário:


Referência/Coordenadas GPS:
Long. E Lat. N
Projecto/Programa de Financiamento/Privado:

Autorização de Poço N.º: Data da Emissão: Autoridade Emissora:

Nome da Empresa de Perfuração: N.º da Licença da Empresa de Perfuração:

Perfil do Furo realizado por:

Observações
(ex.: consolidação,

(m)
Descrição porosidade, mineralogia,

Cor*
mento
Caudal

Grau de

Textura*
Unidade
estruturas e características,

dos solos*
SDT (mg/l)

29
Calibração*
Arredonda-
Estratigráfica

Profundidade
Taxa de Pene-

Granulometria
meteorização*
Condutividade

tração (min/m)

(se conhecida)*
perfuração, água)
Eléctrica (µS/cm)

Os dados devem ser registados no mínimo em intervalos de 1 metro – Acrescente mais folhas se for necessário; * Consulte o verso para ler descrição.
para a Obtenção de Furos Rentáveis
Código de Boas Práticas
Código de Boas Práticas
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6b. Características que serão avaliadas e estudadas durante a perfilagem das amostras de perfuração
(Fontes: Misstear et al., 2006; MacDonald et al., 2005)

Devem seguir-se procedimentos-padrão de descrição de amostras, como do Instituto Britânico de Normalização (BSI, 1999) ou da Socie-
dade Americana para Testes e Materiais (ASTM, 2000).

Cor
Para aumentar a objectividade, pode ser usado um esquema definitivo para todas as cores (Sistema de Cores de Munsell®) para a
classificação. As cores de Munsell® são referidas através de um conjunto de duas ou três palavras – como amarelo acastanhado ou
cinzento claro azulado – e um número.

Granulometria dos solos


As partículas visíveis podem ser comparadas com recurso a um diagrama de comparação como o que se apresenta abaixo, um mos-
truário de partículas ou a olho nu. Pode ser necessário usar lupa ou microscópio para ver as partículas que não são visíveis a olho nu.

Figura: Gráfico de Granulometria, Calibração e Arredondamento das Partículas (Fonte: Universidade do Wisconsin, 2010)

Textura
A amostra é compacta e densa, ou leve e frágil? Granular ou plástica? Pode ser moldada ou laminada? É possível riscar o fragmento
com uma lâmina de aço ou unha? A Escala de Mohs, que quantifica a dureza dos minerais, é um indicador.

Grau de meteorização
O nível de meteorização das rochas influencia a existência de água subterrânea. Basicamente, o grau de meteorização engloba as três
unidades básicas de solo, rocha meteorizada e rocha sã. A meteorização da rocha mede-se em termos da distribuição e das porções
relativas de rocha fresca e descolorada, decomposta e desintegrada.

Calibração
A calibração descreve a variabilidade de características como o arredondamento e tamanho das partículas. Em materiais bem calibrados,
os grãos que os compõem são maioritariamente de tamanho, forma e esfericidade semelhantes. A calibração divide-se em muito bem
calibrada, bem calibrada, moderadamente bem calibrada, mal calibrada e muito mal calibrada, conforme demonstrado no gráfico de
granulometria e calibração das partículas (acima).

Arredondamento
Normalmente as partículas classificam-se como angular, sub-angular, sub-arredondada, arredondada ou muito redonda, conforme
gráfico acima.

Unidade Estratigráfica/Formação (se conhecidos, adicione os códigos da nomenclatura estratigráfica local)


Um geólogo ou perfurador com experiência poderão identificar as unidades estratigráficas. Contudo, é importante distinguir entre
interpretação e observação, pelo que é preciso registar tanto os dados básicos originais (acima) como a interpretação do profissional.

30
Código de Boas Práticas
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7. Detalhes dos Ensaios de Bombagem

7a. Ensaio a Caudal Variável (abastecimento por furo mecanizado)


N.º de Referência do Furo de Captação/Poço de Água: Nome do Poço de Água:
Data de Início do Ensaio: Momento do Dia:
Nível Freático antes do Início
Caudal Bombeado: m
do Ensaio: m
Ponto de partida para as Furo de Bombagem/Furo de Observação
medições (Assinale o correcto)

Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação


Profundi-
Hora Rebaixa- Medição
Horas Min dade do Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e
Real mento Volumétrica
aquífero outros aspectos
(m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação


Profundi-
Hora Rebaixa- Medição
Horas Min dade do Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e
Real mento Volumétrica
aquífero outros aspectos
(m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação


Profundi-
Hora Rebaixa- Medição
Horas Min dade do Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e
Real mento Volumétrica
aquífero outros aspectos
(m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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7b. Ensaio a Caudal Constante (3 a 6 horas é suficiente em caso de abastecimento por bomba manual)
N.º de Referência do Furo de Captação/Poço de Água: Nome do Poço de Água:
Data de Início do Ensaio: Momento do Dia:
Nível Freático antes do Início
do Ensaio: m Os dados neste quadro referem-se a:
Ponto de partida para as Furo de Bombagem/Furo de Observação
medições (Assinale o correcto)

Caudal Médio ( l/s) N.º do Furo Obs. Distância (m) Profundidade (m)
Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação
Hora Profundida Rebaixa-
Horas Min Reservatório Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e
Real de da Água mento
outros aspectos
(m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

34
Código de Boas Práticas
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Tempo Nível da Água Caudal (Q) Observação


Hora Profundida Rebaixa-
Horas Min Reservatório Caudalímetro SDT, Temperatura, pH e
Real de da Água mento
outros aspectos
(m) (m) (l/s ou m3/h) (l/s ou m3/h)

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7c. Ensaio de Recuperação


N.º de Referência do Furo de Captação/ Nome do Poço de Água:
Poço de Água:
Data de Início do Ensaio: Momento do Dia:
Furo de Bombagem/Furo de Observação
Nível da Água antes do Ensaio m
(Assinale o correcto)
Descrição do ensaio de bombagem realizado antes do ensaio de recuperação:

Ponto de partida para as medições:


Tempo Nível da Água Tempo Nível da Água
Rebaixa-
Hora Profundidade mento Hora Profundidade Rebaixamento
Horas Min Horas Min
Real da Água Real da Água Residual
Residual
m m m m

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8. Análise da Qualidade da Água (parâmetros críticos/regulares)*


N.º de Referência do Furo de Captação/ Nível Máximo Permitido
Poço de Água: de acordo com
Padrões/Normas Nacionais ou
Constituintes Unidade Concentração Directrizes da OMS (OMS 2008)
FÍSICOS
Cor mg/l Pt (uC)
Odor
Sabor
Temperatura ˚Celcius

Turvação UNT
Condutividade Eléctrica µS/cm
QUÍMICOS
Cloro (Cl-) mg/l
Sulfato (SO4 2-) mg/l
Nitrato (No3 -) mg/l
Flúor (F-) mg/l
Sódio (Na+) mg/l
Potássio (K+) mg/l
Cálcio (Ca2+) mg/l
Magnésio (Mg2+) mg/l
Arsénio (As) µg/l
Ferro (Fe) mg/l
Manganésio (Mn) mg/l
Nitrito (No2-) mg/l
pH
Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) mg/l
Microbiológicos
Coliformes Termotolerantes (E. Coli) Total/100ml
Coliformes Fecais Total/100ml
Contagem de Coliformes Totais Total/100ml

* Consulte as Directrizes/Normas Nacionais de Qualidade da Água para Consumo Humano ou as Directrizes da OMS (OMS 2008) para uma lista
de parâmetros gerais.

37
Referências e Leituras Adicionais
Adekile, D. e Kwei, C. 2009. The Code of Practice for Cost-Effective Boreholes in Ghana – Country Status Report (Código de Boas Práticas para a Obtenção
de Furos Rentáveis no Gana – Relatório de Situação no País), Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF. Disponível em: http://www.rwsn.ch/docu-
mentation/skatdocumentation.2010-06-21.6150611965 [acesso a 21 de Junho de 2010]
Adekile, D. e Olabode, O. 2008. Study of Public and Private Borehole Drilling in Nigeria (Estudo de Perfurações Públicas e Privadas de Furos de Captação
de Água na Nigéria), Relatório de Consultoria para o Departamento WASH do UNICEF Nigéria. Disponível em: http://www.rwsn.ch/documenta-
tion/skatdocumentation.2009-11-16.3173940374 [acesso a 21 de Junho de 2010]
Armstrong, T. 2009. The Code of Practice for Cost-Effective Boreholes in Zambia – Country Status Report (Código de Boas Práticas para a Obtenção de
Furos Rentáveis na Zâmbia – Relatório de Situação no País), Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF. Disponível em: http://www.rwsn.ch/docu-
mentation/skatdocumentation.2009-11-16.1437220814 [acesso a 21 de Junho de 2010]
Ball, P. 2004. Solutions for Reducing Borehole Costs in Africa (Soluções para Redução dos Custos dos Furos de Captação de Água em África). Nota de
Campo RWSN/WSP. Disponível em: http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation.2005-11-15.2916688092 [acesso a 21 de Junho de 2010]
British Standards Institution (Instituto Britânico de Normalização). 1999. Code of Practice for site investigations (Código de Boas Práticas para investigação
de localização). Norma Britânica BS 5930.
British Standards Institution (Instituto Britânico de Normalização). 2003. International Standard: Hydrometric determinations - Pumping tests for water wells
– Considerations and guidelines for design, performance and use (Norma Internacional: Determinações Hidrométricas – Ensaios de bombagem para
poços de água – Considerações e orientações relativas à configuração, desempenho e utilização), Alteração n.º 1 incorporada na BS ISO 14686:2003.
Carter, R.C. 2006. Ten-step Guide Towards Cost-Effective Boreholes (Guia em Dez Passos para Obter Furos Rentáveis). Nota de Campo RWSN/WSP. Dis-
ponível em: http://www.rwsn.ch/documentation/skatdocumentation.2007-06-04.5352691802 [acesso a 21 de Junho de 2010]
Danert, K. 2009. Learning from UNICEF’s Experiences of Water Well Drilling (Aprender com as Experiências do UNICEF em Perfuração de Poços de Água),
Documento Interno do UNICEF.
Duffau, B. e Ouedraogo, I. 2009. Optimisation du Cout des forages – Raport de Mission, Relatório de Consultoria para RWSN/UNICEF.
MacDonald, A., Davies, J., Calow, R. e Chilton, J. 2005. Developing Groundwater. A guide for Rural Water Supply (Desenvolvimento de Águas Subterrâneas
– Guia para Abastecimento de Água Rural). ITDG Publishing.
Misstear, B., Banks, D. e Clark, L. 2006. Water Wells and Boreholes (Poços de Água e Furos de Captação de Água). Wiley.
OMS 2008. Guidelines for Drinking Water Quality (Normas de Qualidade da Água para Consumo Humano), Inclui a Primeira e Segunda Adendas à Ter-
ceira Edição, Volume 1 – Recomendações. OMS, Genebra, Suíça. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/gdwq3rev/en/in-
dex.html [acesso a 25 de Junho de 2010]
República Federal da Nigéria/Instituto Nacional de Recursos Hídricos. 2009. National Code of Practice for Water Well Construction in Nigeria (Código
Nacional de Boas Práticas para Construção de Furos de Captação de Água na Nigéria). Kaduna, Nigéria.
RWSN 2010. The Myths of the Rural Water Supply Sector (Mitos no Sector de Abastecimento de Água Rural), Perspectiva N.º 4. RSWN, Suíça. Disponível
em: http://www.rwsn.ch/news/documentation/skatdocumentation.2009-07-27.8158674790 [acesso a 21 de Junho de 2010]
SADC 2001. Guidelines For the Groundwater Development in the SADC Region (Normas para o Desenvolvimento de Águas Subterrâneas na Região da
SADC), Water Sector Coordination Unit (WSCU), Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Disponível em: http://www.sadc-
groundwater.org/upload/file_304.pdf [acesso a 25 de Junho de 2010]
Sociedade Americana para Testes e Materiais. 2000. Standard Practice for Description and Identification of Soils (Prática Comum para Descrição e Identifi-
cação de Solos), ASTM D2488-09a.
Universidade do Wisconsin. 2010. Grain Size Chart (Gráfico de Tamanho de Partículas), Disponível em: http://www4.uwm.edu/course/geosci697/secti-
ons/grainsize%20comp.jpg [acesso a 25 de Junho de 2010]
Waterlines 1995. Technical Brief No. 43 Simple Drilling Methods, Waterlines Vol. 13 No. 3, January 1995. Disponível em: http://www.lboro.ac.uk/well/resour-
ces/technical-briefs/43-simple-drilling-methods.pdf [acesso a 22 de Junho de 2010]

Autores e Revisores Elaboração e Aprovação


Kerstin Danert, Tom Armstrong, Dotun Adekile, Bruno Duffau, Inoussa
Ouedraogo e Clement Kwei são os autores do Código de Boas Práticas
para a Obtenção de Furos Rentáveis. O documento foi objecto de análise
pelos pares: Peter Harvey (UNICEF), Ron Sloots (WE Consult), Richard
Carter (WaterAid), John Chilton (British Geological Survey), Oliver Taylor
A elaboração do presente documento foi orientada pela Dra.
(Consultor da Practical Action), Alison Parker (Cranfield University) e Kerstin Danert da Fundação SKAT que geriu um projecto com fi-
membros da Associação Nacional de Águas Subterrâneas (NGWA). O nanciamento do UNICEF/USAID para desenvolver um Código de
processo de revisão foi apoiado por DEW Point, o Centro de Recursos Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis. Esse projecto
para o Ambiente, Água e Saneamento financiado pelo Departamento de incluía uma revisão da participação do UNICEF na execução de
Desenvolvimento Internacional do Governo do Reino Unido (DFID) e a furos de captação de água, bem como estudos nacionais no Bur-
Associação Nacional de Águas Subterrâneas (NGWA). kina Faso, Gana e Zâmbia. Foi igualmente previsto o trabalho em
curso de criar protocolos nacionais para perfuração, de um co-
nhecimento mais aprofundado do sector de perfuração e profis-
Contactos sionalizar empresas privadas de perfuração no Burkina Faso, Eti-
A Rede de Abastecimento de Água Rural ópia, Gana, Níger, Nigéria, Uganda e Sudão.
(RWSN) é uma rede global de conheci- O Código de Boas Práticas para a Obtenção de Furos Rentáveis
mento para promoção de boas práticas foi oficialmente aprovado pelo Instituto Federal de Geociências e
no abastecimento de água rural. Recursos Naturais da Alemanha (BGR).

Secretariado RWSN Telefone: +41 71 228 54 54 Com o apoio da Associação Nacional de


Fundação SKAT Fax: +41 71 228 54 55 Águas Subterrâneas (EUA) com documen-
Vadianstrasse 42 e-mail: rwsn@skat.ch tação útil.
CH-9000 St.Gallen, Suíça Site: www.rwsn.ch ISBN: 978-3-908156-60-4

Esta publicação pode ser descarregada em: http://www.rwsn.ch/documentation

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