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MÓDULO I

1. Receituário
Agronômico

2023.1
Aula 01 Rodolfo Molinário de Souza
Prof. Associado do Curso de Engenharia Florestal
Disciplina: Receituário Agronômico e Tecnologia de
Aplicação de Agrotóxicos
Introdução
e histórico.
RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

Pra quê?

Pra quem?

Por quê?
✓Conceitos

• O Receituário Agronômico é uma sequência de


procedimentos adotados por profissionais habilitados para
orientar os produtores rurais sobre a utilização dos
agrotóxicos.

• A Receita Agronômica é um documento prescrito por esse


profissional após a conclusão do Receituário Agronômico.

A sua emissão é obrigatória para a compra de qualquer


agrotóxico, não domissanitário, registrado pelo Mapa
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento),
conforme a Lei 7.802/89.
✓Importância

• Direcionar o uso adequado dos agrotóxicos.

→ Avaliação in situ.

→ Segurança para o produtor.

→ Conservação do ambiente.

• Valorização dos profissionais

• Fiscalização em relação à venda, à compra e à utilização.

• Descarte correto das embalagens vazias.


História
“Anseio do homem
em melhorar sua
condição de vida,
procurando aumentar
a produção de
alimentos”.

10.000 anos atrás: surgimento da


agricultura.
Antiguidade
(4000 a.C até 476 d.C.)

Idade Média
(Século V a XV)
A antiguidade e a Idade Média são marcadas por um período de crenças
e religiões.

2.500 a.C. → Enxofre pelos 400 a. C. → Piretro (pó da Persia), para controle de
sumérios. piolhos.
No século XIV, os
chineses começaram
a utilizar compostos
de arsênio para
controlar insetos.
Idade Moderna
(A partir do século XV)
XVII → Uso da
Nicotina como
inseticida pelos
povos sul-
americanos.
Século XVIII
primeira grande
revolução agrícola.

Desenvolvimento da agricultura –
fertilizantes em larga escala, máquinas
agrícolas.
Século XIX

Advento da química.
1828

Síntese de ureia a
partir do cianato de
amônio (Friedrich
Wöhler).
1867
✓Síntese de diversos compostos inorgânicos e alguns orgânicos naturais.

Primeira geração de agrotóxicos


(1867 – 1930)

• acetoarsenito de cobre (verde de Paris - 1867), sulfato de cobre + cal (calda bordalesa -
1885), ácido cianídrico, sulfato ferroso (herbicida), fluoreto de sódio (formigas).
• Rotenona extraída das raízes de Derris elliptica. Piretro (Pó da pérsia).
1874

✓ Síntese do DDT (Dicloro Difenil Tricloroetano).


Verde de Paris

✓ Em 1900 era usado em tão larga escala que levou o governo dos
Estados Unidos da América a estabelecer a primeira legislação no
país sobre o uso de inseticidas.

Arsenito de cobre (verde de Paris)


Século XX

Desenvolvimento da
Indústria de Síntese Química.
✓ 1930 → Descoberta dos efeitos inseticidas dos organofosforados
(derivados do ácido fosfórico).

Segunda Geração de
Agrotóxicos
(1930 a 1967)
1934
Decreto Federal nº 24.114 –
“Regulamento de Defesa
Sanitária Vegetal”.
Segunda
Guerra
Mundial

(1939 a 1945)
1939
Descoberta das propriedade
inseticidas do DDT.

Nasce os organoclorados.

1941-42
Descoberta as propriedade
inseticidas do BHC.
1943
DDT é usado na Segunda
Guerra para combater
piolhos.
1946
✓ Introdução dos organoclorados no Brasil.

✓ Primeiro registro de Resistência de insetos ao


DDT.
1950
✓ Califórnia – Surgimento do termo “Controle
Integrado”.

1954 a 1960
✓ Intenso registro de agrotóxicos, no Brasil (2.045
produtos).
Década de 1960
Duas grandes revoluções.
Revolução Verde
• É um amplo programa idealizado para
aumentar a produção agrícola no mundo
por meio do uso intensivo de insumos
industriais, mecanização e redução do
uso de mão-de-obra.
Início do
Movimento
Ambientalista.
1962

“Primavera Silenciosa”
– Rachel Carson.

Marco do movimento
ambientalista.
1964
✓ Ecologistas australianos – Manejo de Pragas.

1965
✓ Polônia - Autorização escrita para a compra de
agrotóxicos.

1967
✓ Surge o conceito de Manejo Integrado de Pragas.
• Feromônios;
Terceira geração • Fisiológicos,
1967 de agrotóxicos • Biológicos,
• Piretroides.
1970

1,5 milhões de toneladas


de agrotóxicos.
1973
✓ Califórnia, EUA → Surge a figura do Eng. Agrônomo como
mediador da relação agrotóxicos/produtor.

✓ DDT é banido dos EUA.

Brasil
✓ CREA – RS aprova o Ato nº 2/73 → marco na luta a favor DL50oral ≤ 50 mg/Kg
da restrição ao uso de agrotóxicos no país. Necessidade de DL50dermal ≤ 200 mg/Kg
Toda aplicação em Ultra
ART. Baixo Volume (UBV)
“Embrião” precursor do Receituário Agronômico
no RS e no Brasil.
✓ I Convenção Regional do Centro de
Estudos de Toxicologia do Rio Grande do
Sul. ✓ Criação da ANDEF –
Associação Nacional de
1974 • Bloqueio regional para os agrotóxicos
altamente tóxicos ou persistentes;
Defensivos Agrícolas
(primeiro nome).
• A comercialização deveria exigir a
prescrição de um Eng. Agrônomo.
REPORTAGENS DA ÉPOCA
“Bloco de Recomendações Técnicas”
utilizado no RS antes da implantação do
Receituário Agronômico (1978).

Único instrumento utilizado de forma


ampla para a prescrição de toda e qualquer
recomendação técnica

Servia para os problemas de:


• Sementes,
• Adubos,
• Corretivos,
• Rações,
• Máquinas e equipamentos agrícolas,
• E materiais para a construção rural.
1975
✓ RS - Simpósio sobre Toxicologia dos Pesticidas e → Ratificado a necessidade de
implantação do Receituário
Envenenamento Ambiental. Porto Alegre/abril. Agronômico para a venda de
pesticidas.

✓ Programa Nacional de Defensivos Agrícolas – US$ 200


milhões.

✓ RS – Núcleo de Agrônomos de Santa Rosa – primeira


experiência prática – participação do Banco do Brasil.
→ Associação dos Engenheiros
Agrônomos do Nordeste do Rio
✓ RS – III Encontro de Grande do Sul – documento
1976 Engenheiros Agrônomos do Rio
Grande do Sul. Porto
comprovando a redução no uso
de produtos fitossanitários, pela
venda controlada através de
Alegre/junho. prescrição técnica.
→ Medidas de impacto na
questão do uso indiscriminado
de agrotóxicos:

✓ RS – Conselho de Desenvolvimento - Redução máxima no uso


1977 Agropecuário → Resolução nº 11 de
14 de novembro.
de organoclorados;

- Implantação do
Receituário Agronômico em
todo o estado.
“A mobilização crescente da opinião pública em torno das discussões sobre a
questão do uso indiscriminado de agrotóxicos em todo o país começava a
desencadear movimentações nas esferas governamentais, na busca de criação de
espaços institucionais para o debate e as deliberações sobre o tema” (ALVES-
FILHO, 2000).
✓ Portaria nº 610 do Ministério da Agricultura

1977 constituindo a Comissão de Defensivos Agrícolas


como órgão consultivo da Divisão de Defesa
Sanitária Vegetal.
✓ EUA → 2.800 agrônomos credenciados a autorizarem a venda de
produtos fitossanitários.

Brasil
✓ Implantação definitiva do Receituário Agronômico no Rio Grande do
Sul, pelo Serviço de Extensão Rural do estado.

1978 ✓ Banco do Brasil – Carta Grupal nº 2.697

→ Empréstimos só seriam realizados mediante apresentação da Receita


Agronômica.

✓ EMATER-RS – implanta um modelo de Receituário Agronômico e


procura parcerias com as Universidades (reciclagem dos
extensionistas).
“A prática do receituário agronômico, desde seu início em 1975 até o ano
1978, caracterizou-se principalmente como sistema de controle de vendas
através de receitas...”

“...a parir de abril de 1978, surgem os primeiros passos na construção de uma


doutrina técnica para o manejo de problemas fitossánitários.”

(ALVES-FILHO, 2000)
✓ Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos de
Toxicologia do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Pelotas realizam o
1º Curso de Fundamentos do Receituário Agronômico.

Principais idealizadores da metodologia do receituário


agronômico.

1978 → Prof. MILTON DE SOUZA


GUERRA

Prof. DAISER PAULO DE


ALMEIDA SAMPAIO

“Um valioso instrumento que disciplinará a comercialização e o uso


dos diferentes defensivos agrícolas, através da interveniência do
profissional em Agronomia”.
1978

✓ Comissão de Defensivos Agrícola –


recomendação nº 1 de 17 de outubro.
✓ Banco do Brasil – estudo demonstrando a redução no uso de organoclorados e
organofosforados mais tóxicos em decorrência da prática do receituário no RS.

→ Expansão para todo o país da obrigatoriedade do receituário agronômico em


todos os financiamentos de crédito rural.

A medida causou impacto significativos na perspectiva de


mercado de agrotóxicos no país.

1980 ✓ Portaria nº 347 do Ministério da Agricultura – institui-se oficialmente o receituário


agronômico em todo o território nacional.

→ Critérios menos rígidos em comparação com o sistema adotado pelo Banco do


Brasil.
- Restrita aos produtos Classe I e II;
- Classe III e IV → venda livre.

Projeto fitossanitário
1981
• A revista norte–americana Newsweek, de agosto
de 1981, revelou que a venda de pesticidas tão
mortíferos, a exemplo do DDT, Aldrin e Parathion, tão
rigidamente controlados nos Estados Unidos, eram
livremente comercializados em países do terceiro
mundo, inclusive o Brasil.
→ Correção dos erros de estrutura e
✓ Portaria nº 007 do Ministério da Agricultura ortografia do dispositivo anterior
→ Exclusão do “projeto fitossanitário”.

Apenas a Receita Agronômica, fornecida por


Eng. Agrônomo registrado no CREA, como
requisito para a comercialização de produtos
classificados nas categorias I e II diretamente

1981 aos usuários finais.

→ Antes → 96% dos produtos


✓ Portaria nº 02 do Ministério da Saúde – mudanças pertenciam às classes I e II.
→ Depois → Redução significativa →
na classificação toxicológicas dos produtos. diminuição na abrangência da
medida de controle preconizada na
portaria nº 007.
✓ Governo do Rio Grande do Sul:

→ Decreto nº 30.787 → proíbe a utilização de defensivos organoclorados.

→ Portaria SSMA/AS nº 01 → listagem de inseticidas/acaricidas de uso proibido.

→ Decreto nº 30.811 → institui o receituário agronômico e obriga o cadastramento


das empresas de defensivos junto aos órgãos fiscalizadores.

1982 → Portaria SSMA/AS nº 02 → Estabelece as especificações técnicas mínimas


necessárias à implementação do receituário agronômico.

→ Lei nº 7747 de 22 de dezembro → dispões sobre o controle de agrotóxicos e


outros biocidas, homologando os decretos anteriores, passando a exigir o
receituário agronômico para qualquer defensivo agrícola registrado no
Ministério da Agricultura, independentemente da quantidade ou da
classificação toxicológica.
✓ Os quatro principais estados consumidores de
agrotóxicos, responsáveis por cerca de 80% da
demanda, já haviam aprovado suas respectivas
leis, regulando o comércio e o uso dos
agrotóxicos (SP, PR, RS, MS).

1984
✓ Começa a tramitar no congresso Nacional um
projeto de Lei Federal → forte discussão e
pressão de ambos os lados.
✓ Mundo → 3 milhões de toneladas de
agrotóxicos.

1985 Brasil
✓ 15 estados e alguns municípios gaúchos já
contavam com leis aprovadas.
“Vencida uma das etapas importantes
na tentativa de organizar e dar
consistência ao processo de
✓ Lei Federal nº 7.802 de 11 de julho regulamentação dos agrotóxicos em
todas as etapas de seu ciclo de
produção, comercialização e uso”
(ALVES-FILHO, 2000)

1989 ✓A necessidade de receituário


“Art. 13 – A venda de agrotóxicos e
afins aos usuários será feita através
agronômico para comercialização dos de receituário próprio, prescrito por
profissional legalmente habilitado,
agrotóxicos foi definida no artigo 13º
salvo casos excepcionais que forem
previstos na regulação desta Lei.”
✓ Decreto nº 98.816, de 11 de janeiro → regulamentação da Lei Federal
nº 7.802.

O tema receituário é título de um dos capítulos dividido em


quatro artigos específicos onde são definidos os conceitos de
usuário, profissional habilitado e os tópicos que caracterizam
o conteúdo mínimo que deve estar presente na receita.

1990 ✓ Resolução 344 do CONFEA de 27 de julho

Define as categorias profissionais habilitadas a assumir a


Responsabilidade Técnica na prescrição de produtos
agrotóxicos, sua aplicação e atividades afins.

• Engenheiros Agrônomos
• Engenheiros Florestais
2003
✓Goiás → primeiro receituário
agronômico ON LINE.
RECEITUÁRIO AGRONÔMICO

Pra quê?

Pra quem?

Por quê?

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