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Agrotóxicos em alimentos

Definição

“Agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos,


químicos ou biológicos que têm finalidade de alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos”.

(Decreto n. 4.074, de 4/01/2002 - Lei n. 7.802/1989)


Um pouco da história...
• Mais antiga referência – Antiguidade Clássica
• Romanos, Gregos – enxofre e arsênio (insetos)
• Sécs. XVI-XIX – Nicotina e Piretros (Europa e EUA)
• 1939 – descoberta do DDT
• 1943 –Início da Revolução Verde
• Incrementou o uso de fertilizantes, irrigação e
agrotóxicos - produtividade aumentou.
Um pouco da história...
• Começam os impactos ambientais

• Até a 2ª GM - quantidades de agrotóxicos usadas eram


muito pequenas, equipamentos de aplicação rústicos.

• Após o final da 2ª Guerra – aumento do uso

• Anos 80 e 90 - evoluíram rapidamente


No caso do Brasil...

• Déc. 70 - Uso intensificado


• Déc. 80 – Inicio da retirada DDT
• “dos 50 agrotóxicos mais utilizados nas lavouras de nosso
país, 22 são proibidos na União Europeia” (CARNEIRO et
al., 2012).
• Maior consumidor agrotóxicos banidos por outros países.
• Nos últimos 10 anos: Mundo- aumento 93%
Brasil- aumento 190%
Figura 1: Produção agrícola e consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos
nas lavouras do Brasil, de 2002 a 2011. Fonte: CARNEIRO et. al. 2012.
Programas de monitoramento de
agrotóxicos em alimentos:
• Programa RAMA:
– Rastrear e monitorar produtos que abastecem
Redes de Varejo Associadas à ABRAS e à
Associações Estaduais;
– Correta identificação das origens dos produtos de
FLV e suas possíveis contaminações;
– Fornecer às empresas acesso à
informação para melhores decisões
de abastecimento de produtos de FLV
Programas de monitoramento de
agrotóxicos em alimentos:
• Programa PARA:

– Avaliar níveis de resíduos de agrotóxicos nos


alimentos in natura;
– Fortalecer a capacidade do Governo em atender à
segurança alimentar
– Evitar possíveis agravos à saúde da
População.
Agrotóxicos na produção agrícola em
2012

Fonte: ANVISA, 2013.


29 % Insatisfatório devido à:
• Presença de agrotóxicos em níveis cima do
LMR em 27 amostras  1,5 %.

• Constatação de agrotóxicos não autorizados


para a cultura em 416 amostras  25%.

• Resíduos acima do LMR e NA


simultaneamente em 40 amostras  2,5.
Alimentos insatisfatórios quanto à
presença de agrotóxicos
59 %
42 %

41 %
33 %

28 %
Apresentaram ingredientes ativos não
autorizados

39% 38%
38%

33%
26%
Apresentaram ingredientes ativos
autorizados acima do limite

6% 2%

1% 1% 1%
Principais grupos químicos com uso
irregular detectados nas amostras
Legislações relacionadas
- Lei de Agrotóxicos e Afins nº 7.802, de 11 de julho de 1989:
“ os agrotóxicos somente podem ser utilizados no país se forem registrados
em órgão federal competente, de acordo com as diretrizes e exigências dos
órgãos responsáveis.

- Decreto nº 4.074, de 04 de janeiro de 2002, estabelece as competências


para os três órgãos envolvidos no registro:

• Anvisa vinculada ao Ministério da Saúde

• Ibama vinculado ao Ministério do Meio Ambiente

• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


- - RDC 119/03: Programa de Análise de Resíduos
de Agrotóxicos em Alimentos (PARA)

ANVISA:

•Avaliar e classificar toxicologicamente os agrotóxicos

•calcular o parâmetro de segurança que consiste na Ingestão Diária Aceitável


(IDA) de cada ingrediente ativo(IA).

•Verificar LMR (Limite máximo de resíduos)

• Conferir se os agrotóxicos utilizados estão devidamente registrados no país e se


foram aplicados somente nas culturas para as quais estão autorizados.
Funcionamento do PARA:

-As coletas dos alimentos são realizadas pelas Vigilâncias Sanitárias


(Estaduais/Municipais) de acordo com princípios e guias internacionalmente
como o Codex Alimentarius

- Coletas semanais feitas nos locais em que a população adquire os


alimentos: mercado varejista, supermercados e sacolões

-Escolha dos alimentos monitorados :

• de acordo com dados de consumo obtidos nas POF

•disponibilidade dos alimentos nos supermercados das diferentes unidades da


Federação e no uso de agrotóxicos nas culturas
Imprevistos, reformas de
instalações físicas, quebra de
Impactos no
equipamentos, falta de
cumprimento do
insumos, falta de oferta de
plano de
produtos nos pontos de venda
amostragem
e amostras que chegam
deterioradas aos laboratórios

Método utilizado:

• multirresíduo (MRM, do inglês Multiresidue Methods)

• Análise simultanea de diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos em


uma mesma amostra,

• Detecção de diversos metabólitos

• Técnica adotada por países como Alemanha, Austrália, Canadá, Estados


Unidos, Holanda e outros.

• Método não se aplica na análise de alguns ingredientes ativos, como no


caso dos ditiocarbamatos, precursores de dissulfeto de carbono, que
exigem o emprego de metodologias específicas
Lei nº 10.831 e, 2009, o Decreto nº 6.913, estabelecendo procedimentos que
aceleram a avaliação e disponibilização de produtos considerados de baixa
toxicidade no mercado.

Instrução Normativa Conjunta (INC) nº 1, de 24 de fevereiro de 2010 disciplina


o registro de produtos para Culturas com Suporte Fitossanitário Insuficiente
(CSFI), visando facilitar a inclusão de culturas agrícolas nessa categoria.

Instrução Normativa Conjunta nº 1, de 24 de maio de 2011, disciplinou os


critérios para avaliação de eficácia agronômica, ambiental e toxicológica para
fins de registro desses produtos destinados à agricultura orgânica.  
• Grupo de Trabalho de Educação e Saúde sobre Agrotóxicos (GESA):
desenvolver ações educativas quanto ao uso correto de agrotóxicos visando
reduzir seus impactos na saúde da população

• implementar estratégias de incentivo aos sistemas orgânicos de produção e


sistemas alternativos

• Previsão para 2013 aumentar a coleta de amostras coletadas no ano

• Criar e coordenar, um Grupo de Trabalho, GT-Rastreabilidade, visando garantir


ao consumidor o acesso a rastreabilidade até o produtor rural dos alimentos
vegetais comercializados no mercado atacadista e/ou no varejo.

• 2012 a 2015 planejamento de monitoramento de 25 culturas agrícolas.

• Amostras de 2011 e de 2012: 36% das amostras foram rastreadas em 2012,


contra 31% em 2011, 29% em 2010 e 26% em 2009.
Efeitos sobre humanos

TOXICIDADE

CRÔNICA AGUDA
Contaminação em humanos

Organismo não-alvo com:

Envenenamento acidental

Resíduos em ALIMENTOS
Efeitos sobre humanos
Efeitos sobre humanos
Efeitos sobre humanos

?
Efeitos sobre humanos
Efeitos sobre humanos
Quadro 1: efeitos da exposição prolongada

Fonte: MASCARENHA, PESSOA, 2013.


Dúvidas frequentes

Lavagem de frutas e hortaliças


contra acúmulo de resíduos

Utilização da água sanitária

Cocção reduz a quantidade de


resíduos
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/9e0b790048bc49b0a4f2af
9a6e94f0d0/Cartilha.pdf?MOD=AJPERES
Medidas de correção

-2011- 36% contaminados


-2012- 29% contaminados
-Mais encontrados – fungicidas e inseticidas
Alternativas

 Alimentos orgânicos

 Cuidado com o solo

 Planejamento de cultivo (conhecimentos


ecológicos sobre sucessão de espécies)

 Plantio de variedades nativas

 O uso de interação entre espécies (policultura)


Alternativas
Tecnologia de aplicação

Agricultura de precisão

Adição de adjuvantes - produtos químicos sintéticos, derivados de


produtos naturais
 
Novas formulações

Agrotóxicos naturais - baseados em plantas


 
Pesticidas Microbianos- (bactérias, fungos, protozoários e vírus).
Desvantagem é o alto grau de habilidade e controle ambiental exigido
para garantir que seu uso seja totalmente efetivo
 
Controle Biológico - uso de inimigos naturais para o controle de
pragas
Referências
Carneiro, F F; Pignati, W; Rigotto, R M; Augusto, L G S. Rizollo, A; Muller, N M;
Alexandre, V P. Friedrich, K; Mello, M S C. Dossiê ABRASCO –Um alerta sobre os
impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, 1ª Parte. 98p, abril
de 2012.

Decreto 4074, de 4 de janeiro de 2002. Regulamenta a Lei n.7802, de 11 de julho


de 1989. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm. Acesso em 16
de novembro de 2013.

MASCARENHA, T. K. S. F.; PESSOA, Y. S. R. Q. Aspectos que potencializam a


contaminação do trabalhador rural com agrotóxicos: uma revisão integrativa.
Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v.22, n.2, p.87-103, mai./ago.2013.

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