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AGRO176 - ACE 3 – PROJETO 2 –

PLANEJAMENTO DE COMUNIDADES - 60h

Biopesticidas
Professor Dr. Julio Alves Cardoso Filho (Microbiologia Agrícola/ESALq/USP
Os defensivos químicos
(Agrotóxicos ou Pesticidas),
insumos usados nos diversos
setores de produção agropecuária.
Engloba diferentes tipos de
produtos (naturais ou sintéticos).
Defensivos agrícolas

Produtos natural ou sintéticos


(fungicidas, herbicidas, inseticidas,
acaricidas, nematicidas e bactericidas)

Produtos biológicos não sintéticos


(fungos, bactérias, vírus, algas,
insetos, plantas)
Registros
Pesticidasde
ou Pesticidas
agrotóxicos?no Brasil
Você usa (2021)
esses
568 produtos
produtos na sua casa?

Uma das mudanças propostas pelo PL


6299 é a substituição do termo agrotóxico
para pesticida. Essa mudança foi sugerida
porque o Brasil é a única nação que chama
essas substâncias de agrotóxicos.

Fonte: croplifebrasil.org
Mercado total - Sindiveg
Mercado total - Sindiveg
Percentual de
propriedades
rurais que
utilizam
agrotóxicos,
por município
IBGE (2017)
Mercado total - Sindiveg
Regulamentação dos defensivos agrícolas

Principais mudanças promovidas e pontos


importantes no PL1459/2022 em relação à Lei
atual (2002).

Afinal, os pesticidas aprovados no Brasil estão


proibidos em outros países?
Taxas para registro de ingredientes ativos novos
Local Tipo de Registro Valor do Registro Necessidade de Tempo decisão
(U$) Renovação (meses)
Canadá Registro novo ≈ 136.000 Sim, periódica De 18,5 a 22
EUA Registro novo, alto risco ≈ 627.568 Não informado 24
para uso em alimentos
EUA Registro novo, baixo risco ≈ 436.000 Não informado 18
para uso em alimentos

EUA Registro novo, sem uso em ≈ 436.000 Não informado 21


alimentos (espaços
abertos)
EUA Registro novo, sem uso em ≈242.495 Não informado 20
alimentos (espaços
fechados)

Reino Unido Registro Novo ≈ 69.000 Sim, quando houver Não informado
nova evidência
Brasil Registro Novo ≈ 830 (sanitário) + ≈ Sim, quando houver De 4 a 5 anos (visto
16.000 (ambiental) nova evidência IBAMA e ANVISA)
A afirmação de que o Brasil aprova
pesticidas proibidos em outros países é
falsa.

Grande parte da confusão deriva da própria


aplicação da legislação europeia

Diretiva n.º 414, de 15 de julho de 1991, que determinou a necessidade de que


todos os ingredientes ativos utilizados em diferentes países do bloco fossem
submetidos a uma nova avaliação em um período de 12 anos (Europeia para a
Segurança Alimentar (EFSA))
Por isso, afirmações tão generalistas como a de que o
A não aprovação de um IA (ingrediente ativo) não está,
Brasil aprova moléculas químicas (IAs) proibidas em
necessariamente, relacionada ao risco de toxicidade
outros países não podem ser prontamente aceitas.

Nunca avaliadas pelas autoridades governamentais


de qualquer país.

Que não tiveram pedidos para renovação ou


registro aceitos.

Que tiveram seu cancelamento por ausência de


pagamentos de taxas para manutenção de registro.
Diferença entre risco e perigo

Risco: probabilidade de ocorrência ou


exposição a determinada situação ou evento
potencialmente perigoso à saúde e
integridade física das pessoas e do ambiente.

Perigo: toda fonte (atividade, máquina,


substância etc.) com potencial de causar
danos à saúde e integridade física das
pessoas e do ambiente.
Classificação toxicológica de defensivos agrícolas
Sistema Globalmente Harmonizado (GHS) de
Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos
(Globally Harmonized System of Classification and
Labelling of Chemicals), proposto pela ONU.

GHS – Nova classificação toxicológica


dos defensivos agrícolas
GHS pictogramas (padrão internacional)
Porque mais países adotam os princípios do GHS?

Promover maior eficiência regulatória


Facilitar o comércio
Facilitar a conformidade entre países
Reduzir custos
Fornecer informações de riso e perigo aprimoradas e consistentes
Estimular o transporte, manuseio e uso seguro de agrotóxicos
Promover uma melhor resposta de emergência a incidentes químicos
Reduzir a necessidade de testes em animais
O que um Engenheiro Agrônomo precisa
saber sobre um pesticida?
Principais características de um fungicida

Fungicidas protetores ou de contato


• Barreira protetora, impedir a penetração de fungos inibindo a
germinação dos esporos e do tubo germinativo

Fungicidas sistêmicos
• Os fungicidas sistêmicos geram resíduos que impedem o
retorno da infecção. São móveis e atuam para partes distantes

Fungicidas erradicantes
• Atuam diretamente sobre o patógeno, eliminando-o da
superfície de partes da planta ou do solo
Fungicidas: agem em diversas fases do ciclo de relações
patógeno/hospedeiro
Sistemicidade depende da lipofilicidade ou hidrofilicidade
(determinada por logP e pKa) dos IAs.

O valor de pKa de uma molécula de fungicida


define o pH no qual ela é neutra.

O logP de uma molécula de fungicida descreve sua


lipofilicidade ou hidrofilicidade (permeabilidade
pela membrana celular)
Absorção e translocação de fungicidas

Os adjuvantes (ex. dispersantes) são fatores que ajudam os


IAs no modo de absorção e translocação. Se será via
apoplástica (extracelular), simplástica (intracelular) ou
translaminar (da superfície adaxial para abaxial da folha).
Os mecanismos dos defensivos fungicidas, são
FRAC-BR - Comitê
classificados deComitê
pelo Ação ade
Resistência a Fungicidas
Ação a Resistência a
Fungicidas (FRAC) de acordo com o modo de ação
bioquímico (MOA) dos patógenos nas vias de
biossíntese das plantas.
Classificação dos fungicidas de acordo
com o modo de ação e grupo químico
Mecanismo de ação A atuam inibindo a síntese
de ácidos nucléicos (DNA e RNA)
Mecanismo de ação B atuam na divisão
celular e na mitose
Mecanismo de ação C atuam na
respiração mitocondrial, privando a
síntese de ATP
Mecanismo de ação C atuam na respiração
mitocondrial
Mecanismo de ação D atuam na síntese de
aminoácidos e proteínas
Mecanismo de ação E atuam na transdução de
sinais, interrompendo estes processos
Mecanismo de ação F atuam inibindo a síntese de
lipídeos e membranas, causando desorganização
celular
Mecanismo de ação G inibem a síntese de
esteróis em membranas.
Mecanismo de ação H inibem a síntese da
parede celular
Mecanismo de ação I inibem a síntese de
melanina na parede celular
Mecanismo de ação P não possuem efeito
sobre os patógenos, mas induzem a produção
de compostos de defesa
Mecanismo de ação M apresentam
atividade em dois ou mais dos sítios
apresentados anteriormente.
Mecanismo de ação BM (Biológicos com múltiplos
modos de ação) são fungicidas biológicos que
apresentam atividade em dois ou mais dos sítios
apresentados anteriormente.
•BM1: Múltiplos efeitos na parede celular,
transportador de membrana iônica; efeitos quelantes.
BM2: Competição, micoparasitismo,
antibiose, enzimas líticas e resistência
induzida.
Mecanismos de ação que não são
conhecidos, são classificados em um único
grupo.
Não são
classificados óleos
minerais, óleos
orgânicos, sais
inorgânicos e alguns
materiais de origem
biológica
Mecanismos de resistência de fungos aos fungicidas
Decréscimos na permeabilidade: fungicida não chega ao sítio devido ao
decréscimo na permeabilidade da membrana do protoplasma do organismo
resistente
Aumento da desintoxicação: Modificações na molécula com a perda de ação
fungicida após a entrada na célula fúngica

Decréscimo da afinidade no sítio de ação: não é metabolizado pelo organismo,


a resistência devido a falta de afinidade do inibidor no sítio reativo

Aplicação repetida de fungicidas sistêmicos quimicamente relacionados

Aplicação de fungicidas em concentrações letais ou subletais, continuamente.

Utilização de fungicidas em áreas isoladas, onde não haja competição das


diferentes raças de fungos.
Necessidade de prescrição do Receituário agronômico

Produtos registrados como agrotóxicos


• Venda e prescrição com Receituário agronômico

Produtos registrados não como agrotóxicos


• Venda e prescrição sem a necessidade de receituário
agronômico (ex. Calda Bordalesa, Calda Sulfocálcica).
O Crea-AL registra os profissionais formados nos
cursos das áreas da Engenharia (Civil,
Elétrica, Mecânica, Ambiental, Química, entre
outros), Agronomia, Geologia, Geografia,
Meteorologia, Design de Interiores, além dos
formados em cursos de Tecnologia ligados às áreas
fiscalizadas pelo Sistema Confea/Crea.
Biopesticidas: são defensivos
agrícolas (ou agrotóxicos) naturais,
desenvolvidos através de um agente
biológico (como organismos vivos e
metabólitos) que visam impedir, destruir,
repelir ou diminuir o desenvolvimento de
pragas e doenças em lavouras
Os produtos biológicos são aqueles insumos agrícolas
desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo que seja
natural, considerado ativo biológico.

A maioria são de baixa toxicidade

Tendem diminuir a dependência de aplicações


constantes de outros produtos de origem sintética.

Agem com o objetivo de eliminar a praga alvo sem


agredir o meio ambiente

Permite a manutenção de insetos benéficos na lavoura


(inimigos naturais)
Biopesticidas Botânicos
• Inseticidas botânicos são compostos
resultantes do metabolismo secundário
das plantas, que compõem a própria
defesa química contra os insetos
herbívoros
➢ Geralmente têm dois modos de ação
• Matam por contato
• Matam por ingestão
➢ Existem cerca de 250000 espécies vegetais avaliadas
➢2121 Úteis no manejo de pragas
• 1005 exibem atividades inseticidas
• 384 exibem atividades antialimentares
• 297 exibem atividades repelentes
• 27 Exibem atividades atrativas
• 31 exibem propriedades inibidoras do crescimento
Azadirachta indica (Nim)

Cochonilhas - Inseticida
“Azadiractina” afeta o processo
reprodutivo e digestivo do
inseto praga

Biopesticidas botânicos
Spodoptera frugiperda
Efeitos adversos dos PMS nos insetos

Efeitos Fisiológicos Efeitos Comportamentais

Efeitos tóxicos induzindo mortalidade


Efeitos deterrentes e repelentes
Destruição celular, malformação
no aparelho digestivo Atração de inimigos de predadores
Efeitos neurotóxicos: PMS bloqueia e parasitóides
os receptores Colinesterase Interrompe o hábito alimentar
pela planta
Inibidores de enzimas (Tripsina) Interrupção da oviposição e
comportamento de colonização
Thymus vulgaris (Tomilho)

Xanthomonas vesicatoria
(bactericida)

Biopesticidas botânicos
Míldio Pulverulento -
Fungicida
Biopesticidas Botânicos

Vantagens: a ação e degradação rápidas, toxicidade baixa a


moderada para mamíferos, maior seletividade e baixa
fitotoxidade.

Desvantagens: composto sinergista, baixa persistência,


carência de pesquisas, escassez do recurso natural,
necessidade de padronização química e controle de
qualidade, dificuldade de registro e custo.
Biopesticidas Bioquímicos
Eles são substâncias de ocorrência natural que
controlam insetos pragas por mecanismos não
tóxicos. Incluem os feromônios sexuais de
insetos. não atingem o meio ambiente, são
específicos, não apresentam toxicidade e
exigem pouca mão de obra para o agricultor
Semioquímicos no manejo inseto-praga (MIP)

Semioquímicos = Toda e qualquer substância


química utilizada na comunicação entre os
seres vivos na natureza.

Podem ser usados para captura massal, interrupção


de acasalamento ou ainda para atrair apenas os
machos de maneira que que não ocorra a reprodução.
O monitoramento é o primeiro passo para se praticar
o MIP. Sem monitorar a densidade populacional da
espécie-alvo no campo não há como se aplicar os
princípios do MIP
Semioquímico identificado: Feromônio de
agregação

Técnica de alta
especificidade, não
apresentando nenhum
efeito deletério às
espécies que não são
objeto de controle e,
nenhum resíduo químico
é depositado no meio
ambiente ou no
alimento produzido
Broca do olho do coqueiro
Bicudo (Rhynchophorus palmarum)
Rhynchophorus ferrugineus (Coleoptera: Curculionidae)
Biopesticidas microbianos
• São aqueles que usam alguma bactéria,
fungo, vírus ou protozoário como
ingrediente ativo
Beauveria bassiana
Ciclo saprófita Ciclo endofítico

Ciclo parasita
Ciclo no inseto (4-14 dias)
Biopesticida incorporado em plantas

Os vegetais que foram modificados


geneticamente para produzirem o
pesticida dentro dos seus próprios
tecidos (ex. adição de genes de Bacillus
thuringiensis no genoma da planta)
Biopesticida como evitar resistência

Manter 205 da área planta sem


plantas Bt

Fazer piramidação em até três


níveis
CENÁRIO DA COTONICULTURA NO OESTE DA BAHIA
Indutores de resistência
vegetal
Classificação toxicológica de defensivos agrícolas
Sistema inato de defesa
Jones and Dangl (2006) – Nature 444:323-329
The plant immune system

Jonathan D.G. Jones Jeffery L. Dangl


The Sainsbury Laboratory, John Department of Biology
Innes Centre, Colney University of North Carolina
Sistema Inato Imune Vegetal
Efetor – suscetibilidade
PAMP
PTI - ativado ETS ativação
- ativado Efetor – imunidade
ETI ativação
- ativado
imunidade-ativação

PAMP PAMP PAMP

Patógeno Patógeno Patógeno

Sinalização Sinalização Sinalização


celular celular celular

Com Sem Com


resposta resposta Resposta
imune imune imune
Resistência adquirida
SAR ISR sistêmica (SAR)

SAR – direta –
PRs NRP1 PRs Biotróficos e
Hemi –
(NONEXPRESSOR OF PR GENES 1)
biotróficos

ET/JA- rota Resistência sistêmica


AS-rota metabólica induzida (ISR)
metabólica
ISR – indireta
PRIMING –
Necrotróficos/
Assimbióticos
Pieterse et al. (2009) Nature 5:308-316 e Simbióticos
Biotrófico Hemibiotrófico
Necrotrófico
Hyaloperonospora Pseudomonas
Botrytis cinerea
arabidopsis syringae

Pieterse et al. (2009) Nature 5:308-316


Genes - R SAR oligomérica-oxidada
(inativa)
SA
monomérica-reduzida
(ativa)

JA,ET
NÚCLEO
ISR
Promotor Genes de defesa

CITOSOL
McDowell and Woffenden (2003) Trends
Biotechnol 21:178-83 Defesas ativadas
Aplicação prática da indução
de resistência em plantas
BION® (Acibenzolar S-metil)

Benzo(1,2,3)thiadiazole-7-Carbothioic
Acid S-methyl Ester (BTH) - 1987
Fabricante: (Novartis) – Syngenta (EUA)
Indicação: Ativação da SAR
Registrado no Brasil para as culturas do tomate, cacau
e citros (Consultar MAPA)
Gorlach et al. (1996) The Plant Cell 8:629-643.
Por Hoje é Só.
Obrigado pela atenção

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