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O Brasil é, na atualidade, o único país

do mundo que possui significativa


capacidade de expansão agrícola.

Possuímos ainda 90 milhões de hectares de terras


agricultáveis que podem ser incorporadas ao processo
produtivo, sem que se comprometam as integridades da
floresta amazônica e do meio ambiente.

Nosso maior desafio não é a questão da terra


mas sim aquele da fixação do produtor rural.
USA 2. 087

Brasil 2. 668

UE 775
Tailândia 300
China 300
Outros 6. 225
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000

Custo atual de produção: US$ 0,60/Kg carne


Fonte: IABEF , 2005 Annual Report
• O conhecimento de novas tecnologias.
• Novos padrões de concorrência.
• A busca incessante por qualidade.
• Conhecimento a respeito dos circuitos financeiros
gerados pela globalização da economia.
• A geração de empregos no momento em que as novas
tecnologias vem gerando desemprego.
• A luta contra subsídios e medidas protecionistas
governamentais.
• O uso de medicamentos veterinários.
1- Toda substância simples ou complexa que se administrada
convenientemente ao organismo enfermo alivia ou cura seu
estado patológico.

2- Qualquer substância simples ou complexa que se aplicada


no interior ou no exterior do corpo animal produz efeitos
curativos ou preventivos.

3- Os aditivos ou promotores de crescimento que se


administram aos animais visando diminuir a mortalidade,
Prevenir infecções e aumentar o ganho de peso .
¬ mesma idade
¬ mesmo perfil genético

¬ mesmo estado nutricional

¬ mesmas condições de higiene

¬ permanência em espaço restrito

¬ mesmo ar, comida, água


Na presença de resíduos dos mesmos,
ou de seus metabólitos, em alimentos
de origem animal.

Os recentes avanços no relativo à análise


e quantificação das substâncias químicas têm
permitido a detecção de quantidades mínimas,
da ordem de partes por bilhão (ppb) ou partes
por trilhão (ppt) de resíduos das mesmas em
alimentos de origem animal.
O Conflito se instala no momento em que
se discute a relevância de manter ...

¾ a produção animal intensiva


¾ o bem estar dos animais
¾ a saúde humana

A manutenção da qualidade dos alimentos é,


nos dias de hoje, a maior preocupação dos
consumidores no mundo inteiro.
• O aumento da expectativa de vida.
• A maior conscientização ambiental
• A idéia generalizada de que “tudo que é
químico é tóxico e tudo que é natural não é tóxico”.
• As facilidades trazidas pela Internet
• A existência de Organizações de defesa do Consumidor:
IDEC no Brasil e Consumers International.

Têm impulsionado uma parcela cada vez maior da população a


questionar a qualidade dos alimentos que ingere e até mesmo
a posicionar-se de forma ingênua contra os avanços que têm
ocorrido na agropecuária.
•A partir da segunda guerra mundial, os objetivos se
voltavam para a promoção da agricultura como forma
de alcançar autonomia na produção de alimentos.

- Produção animal intensiva.


- Uso de proteínas animais
- Uso de promotores de crescimento.

• Conseguiu-se autonomia de produção


Produção Saúde do Consumidor
Mudança de postura:
A saúde é a 1a e a maior preocupação.
• 1995 / 1996
Doença da Vaca Louca (BSE)
=> Comprovou-se a possibilidade de
transmissão do prion de um animal doente
para os seres humanos.

• 2000 (Belgica)
Contaminação de carne de frango por
dioxinas através da ração animal.
Queda drástica no consumo de carne após cada
uma destas crises.
=> Exigências dos distribuidores
por padrões de qualidade que incluem :

- rastreabiliade completa,
- condições sanitárias
(controle microbiológico e residual)
- qualidade alimentação animal
- alojamento, bem estar, …
Estes fatos vêm exigindo uma postura mais crítica da
Indústria Farmacêutica, dos profissionais ligados à
agropecuária, da academia, dos produtores rurais e dos
Órgãos Ministeriais para a relação entre o uso de
medicamentos veterinários e a qualidade dos alimentos.
• Banimento total das matérias primas qundo:
- impurezas desconhecidas
- inexistência de rastreabilidade
- proteína de origem animal

• Banimento total de algumas moléculas :


- Cloranfenicol
- Dimetridazol
- Nitrofuranos, Carbadox, etc.

• Tornou compulsório o estabelecimento de LMR para


medicamentos veterinários e aditivos, liberados para uso
pela EMEA ou pelo Codex alimentarius.
• Institui novos métodos para análise dos
períodos de carência (ex : nos locais de aplicacão)

• Exige novos estudos para a autorização de uso


de antimicrobianos em Medicina Veterinária
(ecotoxicidade, resistência, farmacocinética…)

• Exige que os antimicrobianos sejam produzidos


segundo os padrões GMP ou ISO

• A UE institui o banimento dos aditivos


antimicrobianos (1997 : avoparcina …)
• Uso racional de antimicrobianos em animais de
produção

- Prescrição veterinária Compulsória

- Reducão do uso de antimicrobianos como


terapêutica preventiva.

- Desenvolvimento de terapias individuais ou


relativas a pequenos grupos no lugar de
tratamentos massais ou coletivos

> OS VETERINÁRIOS E ZOOTECNISTAS


SÃO A CHAVE DESTE PROCESSO
Controlar os resíduos de medicamentos
veterinários e de aditivos zootécnicos.

Evitar o desenvolvimento de resistência


bacteriana.
Boas práticas de Alimentação Animal e de uso
de medicamentos veterinários a nível de campo.

Boas práticas de produção (GMP), distribuição


(transporte), estoque e manuseio de ingredientes
e de medicamentos oferecidos aos animais
de produção.

Código aplica-se a todos os tipos de alimentos


fornecidos aos animais, sejam eles obtidos no
campo (forrageiras, pastagem) ou industrializados
(rações, premix). Inclui-se aqui a água de bebida.
A simples constatação de uma substância
química (SQ) em um alimento não possibilita
qualquer compreensão do significado
toxicológico que ela possa ter no relativo à
saúde das pessoas que a ingerem em níveis
residuais.
É preciso saber:
Qual é o resíduo?
Quanto dele foi detectado?
Apenas o conhecimento científico a respeito da
toxicidade de um medicamento veterinário (MV) deve
embasar as decisões relativas à contaminação dos
alimentos.

Em outras palavras, cabe à ciência responder:


Qual o risco associado à ingestão de um MV?

Órgãos de avaliação
Órgãos normalizadores mundiais
1- JECFA do Codex alimentarius da FAO/OMS
2 - FDA nos EEUU
3 - EMEA e DG-SANCO na UE
4 - MAPA e ANVISA no Brasil
5 - MA em outros países
“A ciência não é uma ilusão,
ilusão seria acreditar que
pudéssemos encontrar em outra
fonte o que ela nos
proporciona.”
Sigmund Freud
1) São genotóxicos?
Testes in vitro:
9 Teste de Ames.
9 Mutação de células embrionárias de hamsters.
9 Mutação de células de camundongos.
9 Mutação em células do ovário de hamsters.
9 Danos ao DNA de célula epiteliais humanas.
Teste in vivo:
9 Ensaios citogenéticos em células da medula
óssea de ratos.
Dados toxicológicos

Alguns testes solicitados:

•Toxicidade aguda
•Toxicidade a curto prazo
•Toxicidade a longo prazo (3 gerações)
•Toxicidade sobre a reprodução
•Toxicidade peri-natal
• Imunotoxicidade
•Toxicidade neuro-comportamental
•Estudos especiais (antimicrobianos)
1. Cálculo do valor da NOEL

NOEL
2. Cálculo do valor da IDA IDA =
FS

IDA
3. Cálculo do valor do LMR LMR =
FS
A Ingestão Diária Aceitável (IDA) de um
antimicrobiano deve ser calculada também através dos
efeitos que produzem na microflora do TGI humano.

IDA = MIC50 modal (μg/ml) x MCC (g)


FD x FS x peso (kg)

MIC50 = concentração de um antimicrobiano que inibe in vitro 50%


do crescimento de uma bactéria representativa da microflora do TGI.
MIC50 modal = o valor modal dos MIC50 das bactérias mais
representativas da microflora do TGI.
MCC = média do conteúdo fecal humano/dia (220g).
FD = fração do antimicrobiano disponível no TGI.
FS = fator de segurança (varia de 1 a 10).
Peso = média de peso corporal humano (60 kg)
São obtidas, para os antimicrobianos dois valores de IDA:

- um derivado de testes de toxicidade.


-outro, microbiológico e derivado da análise de seus
efeitos sobre a microflora do TGI humano.

A menor delas é usada para o cálculo dos LMR


para este antimicrobiano.
• Resistência aos antibióticos usados em
medicina humana ?

=> O uso excessivo de antimicrobianos em


produção animal selecionaria bactérias
resistentes ?

=> Resíduos de antimicrobianos nos


alimentos de origem animal afetam flora TGI ?
Staphilococcus
aureus
1º caso resistência 80% das cepas
à penicilina hospitalares são
resistentes
1) Resíduos de antimicrobianos em alimentos de
origem animal podem selecionar microorganismos
resistentes no TGI do consumidor do produto ?

2) Bactérias resistentes eventualmente presentes


em alimentos poderiam colonizar diretamente ou
transferir genes de resistência a linhagens que
colonizam o TGI humano?
1) Resíduos de antimicrobianos em alimentos de
origem animal podem selecionar microorganismos
resistentes no TGI do consumidor do produto ?
Os principais efeitos adversos dos
antibióticos sobre a microflora intestinal
humana são:
• Selecão de bactérias resistentes
• Remoção da barreira natural
desenvolvida pela flora residente à
colonização do intestino por
bactérias “estranhas”.
A flora normal
O O pode ser sensível
A flora residente
O
previne a colonização a antbióticos
N N
por patógenos L
O O
L L O
N N
L L L
L L
L
L
L

L
Socorro!
Resposta é não.
Racional: A IDA microbiológica leva este fato em questão ao
analisar a pressão de seleção exercida pelos antimicrobianos
sobre as espécies mais representativas de bactérias do TGI
humano.
2) Bactérias resistentes eventualmente
presentes em alimentos poderiam colonizar
diretamente ou transferir genes de resistência a
linhagens que colonizam o TGI humano?
Resposta é sim.
Há consenso internacional de que a maior preocupação
no relativo a bactérias resistentes veiculadas por
Alimentos de origem animal está representada
pelas seguintes bactérias:

Salmonella spp.
Escherichia coli
Campylobacter spp. e
Enterococcus spp.
1. Salmonella spp.: cepas resistentes já foram
isoladas em casos de diarréia de bovinos, de seres
humanos e, também de gatos, podendo ser
adquirida pela ingestão de alimentos contaminados.

As Salmonellas estão resistentes a vários


antimicrobianos como:ampicilina, cloranfenicol,
estreptomicina, sulfonamidas e tetraciclinas.
2. Escherichia coli: preocupa porque produz
quadros de enterites hemorrágicas em humanos,
e há relatos de ocorrência de infecções por bactérias
resistentes após a ingestão de produtos de origem
animal como a carne.
3. Campylobacter: tem sido discutida atualmente
a possível relação entre o uso de fluoroquinolonas
em agropecuária e o aparecimento de resistência
de Campylobacter a antimicrobianos de uso humano
pertencentes a este grupo farmacológico.
¾ Em 2001 o Codex Alimentarius recomendou que a FAO/
WHO e a OIE fizessem uma Reunião Conjunta para
discutir a questão do uso não-humano de antimicrobianos
e o desenvolvimento de resistência bacteriana.

¾ Mais de 40 Reuniões semelhantes foram realizadas


em todo o mundo, nos últimos 5 anos, sobre esse assunto.
¾ O uso não-humano de anitimicrobianos produz impacto
sobre as bactérias resistentes em animais, nos alimentos
e no ser humano.
- Contaminação através de alimentos é a principal rota.
- Existem também outras rotas de contaminação.

¾ Não existem no momento e a nível internacional, abordagens


químicas e/ou microbiológicas para análises de risco de
resistência bacteriana.
- As análises que existem não abordam em sua totalidade a questão
do potencial impacto da resistência sobre a saúde humana.
- Não analisam todo o espectro de antimicrobianos existentes e
tampouco os organismos que são relevantes para a compreensão
do risco.
Rotas de transmissão de bactérias resistentes

Tratamento dos
animais com Produção de
Antimicrobianos grãos

Seleção de Seleção de
bactérias bactérias
resistentes resistentes

Fezes/resíduos Irrigação de
vegetais e plantas

Contaminação humana Possível


durante o manejo Água/solo transferência pelos
alimentos
Baixo risco de transferência
Uso de antimicrobianos nos animais

Desenvolvimento de bactérias resistentes nos animais


T T
r r
a Sobrevivência durante o processamento a
n n
s s
Sobrevivência durante a preparação do alimento
f f
e e
r Transferência da resistência para o ser humano r
ê ê
n Colonização do TGI humano n
c c
i Instalação da doença i
a a
Falha do tratamento

?
Risco de contaminação por bactérias resistentes está mais
associado ao preparo dos alimentos e às práticas de consumo:

•19% não lavam as mãos ou utensílios


domésticos após o contato com carne
ou leite não processados.
• 20% ingerem leite ou carne crus.
• 50% ingerem ovo pouco cosido ou cru.
• Este risco tem relação direta com o estado sócio-econômico
e cultural.
• Os homens estão sujeitos a maiores riscos que as
mulheres.
Am J Prev Med 2005
Sensível

Incidência de
casos de Salmonelose
Nos EUA
Morbidade
Resistente Severo
Outra origem
Morte por
Fatalidade
Infecção

Infecção por
Outros fatores bactéria proveniente Causa morte
ligados à morte de fazenda resistência

Uso de penicilina ou
de tetraciclina na
fazenda
Não
Muitas mortes com
mesma causa
Sim
A. Lammerding, Health Canada
Prevalência

Pf Pp Pv Probabilidade
de exposição

fazenda processamento varejo casa risco

Cf Cp Cv Probabilidade
de infecção
Concentração

A. Lammerding, Health Canada


As conseqüências da resistência sobre a saúde humana
são particularmente severas quando os patógenos
tornam-se resistentes a antimicrobianos criticamente
relevantes para o tratamento – isto e,
quando o medicamento faz parte de uma classe
de fármacos onde existe um limitado número de agentes
disponíveis para o tratamento em especial, de doenças
veiculadas por alimentos.
CRITICAMENTE MUITO
IMPORTANTES
IMPORTANTES IMPORTANTES

Aminoglicosídeos Cefalosporinas de
Anfenicois
1ª e 2ª gerações
Cefalosporinas de
3ª e 4ª gerações Polimixinas Lincosamidas

Macrolídeos Espectinomicina Penicilinas

Ampicilina Sulfonamidas Bacitracina

Quinolonas Tetraciclinas

Estreptograminas

Fonte: Grupo de Trabalho da WHO, Camberra, 2005.


1. O uso indiscriminado de antimicrobianos para
tratamento animal, feito sem provas de sensibilidade;
2. A presença de bactérias resistentes em animais de
produção;
3. Possibilidade de que microorganismos resistentes ou
genes de resistência possam ser transferidos de animais
para o ser humano ou para o meio ambiente;
4. O emprego em medicina Veterinária de alguns
antimicrobianos usados em Medicina Humana ou que
apresentam resistência cruzada com medicamentos
usados em humanos.
Casos de ileíte diagnosticados na Dinamarca.
Remoção do uso de
Antimicrobianos

12
% de diagnóstico

4
a
a
0
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3

1998 1999 2000

Fonte: DS laboratory Kjellerup

Aumento de 35% no consumo terapêutico em medicina veterinária


1. Os antimicrobianos devam ser usados apenas sob
supervisão de profissionais habilitados;
2. Deve-se evitar o uso em veterinária de antimicrobianos
usados em Medicina Humana;
3. Deve-se procurar fazer provas de sensibilidade;
4. Devem-se analisar relações RISCO X BENEFÍCIO;
5. Deve-se seguir a posologia prescrita à risca;
6. Deve-se tratar pelo menor tempo possível;
7. Deve-se manter registro dos animais tratados;
8. Deve-se delimitar claramente se o uso foi feito como
terapêutica curativa ou como aditivo.
DIREITOS DOS CONSUMIDORES
De acesso a uma alimentação suficiente que satisfaça as necessidades
nutricionais básicas.
De certeza de estar ingerindo alimentos saudáveis e seguros.
De ter informações sobre o que está comendo, inclusive quanto aos
riscos, origem e natureza do produto.
De reclamar e ter uma reparação adequada por qualquer dano que
sofrer.
De participar das decisões que os afetem.

De ter um meio ambiente saudável, agora e para as futuras gerações.

Modificada de Paz, (1999)


ANVISA e MAPA
Programa Nacional de Vigilância e
Monitoramento de LMR para antimicrobianos e
de formas de bactérias resistentes em
Alimentos1
1º Leite bovino; 2º Carne de frango.

1. Objetiva identificar mudanças no perfil de sensibilidade bacteriana,


possibilitando o planejamento e a avaliação de ações de controle.
ANVISA/MAPA
Antibióticos analisados e LMRs (µg/kg)

Benzilpenicilina 4
Dihidroestrepto/Estreptomicina 200
Neomicina 500
Eritromicina 40
Tetra/Oxa/Clortetraciclina 100
Ampicilina 4
Amoxaxilina 4
Ceftiofur 100
Cloranfenicol 0
Sulfas 100
Abamectina 0
Ivermectina 10

No leite e em carne de frango.


Mark Twain
Jpalermo@usp.br

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