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Pesticidas em alimentos

Curso Superior de Tecnologia de Alimentos


Disciplina: Toxicologia de Alimentos
Profa. Da. Carolina Médici Veronezi
Tópicos abordados
 Introdução
 Legislação
 Benefícios
 Malefícios
 Classificação
 Toxicidade
 Métodos
Introdução
 A agricultura precisa ser produtiva e evitar perdas, garantir
alimentos de qualidade e quantidade para uma população
que cresce a cada ano; e por isto o uso dos agrotóxicos é
considerado fundamental
 Pesticidas, praguicidas, biocidas, fitossanitários,
agrotóxicos, defensivos agrícolas, venenos, remédios
expressam as várias denominações dadas a um mesmo
grupo de substâncias químicas, cuja finalidade central é
combater pragas e doenças presentes na agricultura e
pecuária
 Os agrotóxicos estão entre os mais importantes fatores de
risco para a saúde dos trabalhadores, consumidores e
meio ambiente
Introdução

 Utilizados em grande escala por vários setores produtivos


e armazenamento de grãos
 Existem registros indicando que os seres humanos já
utilizavam pesticidas para proteger suas plantações antes
de 2500 a.C.
 Na Suméria, a 4500 anos atrás utilizou-se pela primeira
vez pó de enxofre elementar para proteger plantações de
pragas
 Começaram a ser utilizados no Brasil na década de 40,
inicialmente para controlar doenças endêmicas, tal como
Chagas, Malária e Febre Amarela
 O uso de compostos organoclorados coincide com o
período de combate a doenças e pragas nas atividades
agrícolas e pecuárias
Introdução

 O Brasil é um dos países que mais utilizam pesticidas no


mundo, com 425 princípios ativos permitidos para uso
agrícola
 Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e do Observatório da Indústria dos Agrotóxicos
da UFPR, divulgados em 2012, enquanto, nos últimos dez
anos, o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, o
mercado brasileiro cresceu 190%
 Em 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu
o posto de maior mercado mundial de agrotóxicos
 Na última safra, que envolve o segundo semestre de 2010
e o primeiro semestre de 2011, o mercado nacional de
venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de
produtos, sendo 833 mil toneladas produzidas no País, e
246 mil toneladas importadas
 Entretanto, o uso indevido de pesticidas pode acarretar na
Introdução

presença de resíduos nos alimentos acima dos limites


permitidos (LMR), representando uma violação legal,
podendo também oferecer risco à saúde da população
Legislação
 O processo produtivo agrícola brasileiro está cada vez mais
dependente dos agrotóxicos e fertilizantes químicos
 O uso de pesticidas no Brasil tem seu marco legal definido
pela Lei nº 7.802 de 11 de julho de 1989
 A lei dos agrotóxicos e o decreto que regulamenta esta lei
definem que essas substâncias são:

“Produtos e agentes de processos físicos, químicos ou


biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e
de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos,
Legislação

hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a


composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da
ação danosa de seres vivos considerados nocivos”
 Em 2008, o Brasil passou a liderar o ranking de
comercialização de pesticidas e em 2010 detinha 19%
(cerca de U$ 7,3 bilhões) de participação no mercado
mundial, seguido pelos Estados Unidos (17%)
 Até novembro de 2012 havia 422 ingredientes ativos
permitidos para uso agrícola no país
 O processo de registro dos pesticidas envolve três esferas
governamentais
o A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
estabelece o Limite Máximo de Resíduo (LMR), a
Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos ingredientes ativos
e a classificação toxicológica dos produtos formulados;
Legislação

o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


(MAPA) avalia a eficiência agronômica e aprova o
rótulo do produto;
 O processo de registro dos pesticidas envolve três esferas
governamentais
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA) avalia o impacto do
pesticida no meio ambiente e em outros organismos
vivos
 Ainda em relação ao decreto supramencionado, resíduo
de pesticida e limite máximo de resíduos (LMR) são
definidos como substância ou mistura de substâncias
remanescente ou existente em alimentos ou no meio
ambiente decorrente do uso ou da presença de
agrotóxicos e afins, inclusive, quaisquer derivados
específicos, tais como produtos de conversão e de
Legislação

degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas,


consideradas toxicológica e ambientalmente importantes
 LMR é a quantidade máxima de resíduo de agrotóxico ou
afim oficialmente aceita no alimento, em decorrência da
aplicação adequada numa fase específica, desde sua
produção até o consumo, expressa em partes (em peso)
do agrotóxico e afim ou seus resíduos por milhão de
partes de alimento ppm ou mg/kg
 Na prática, o nível de resíduos de um pesticida no
alimento não deve ultrapassar o LMR quando o produtor
segue as indicações de uso contidas no rótulo dos
produtos, ou as boas práticas agrícolas (BPA)
 Entre estas recomendações estão à concentração da calda,
a forma e frequência de aplicação e o intervalo de
carência (tempo entre a última aplicação e a colheita do
Legislação

produto)
 As BPA são utilizadas pelas indústrias produtoras de
pesticidas nos estudos supervisionados de campo
conduzidos para cada combinação cultura/pesticida
 Os resultados desses estudos são submetidos aos
governos para estabelecimentos do LMR
 Assim, a presença em uma determinada cultura de
resíduos de pesticidas acima dos limites legais
estabelecidos é uma indicação do mau uso do produto no
campo
 Em princípio, o consumo de alimento contendo resíduos
até o LMR não deve significar um risco para a saúde
humana
Legislação
 O Comitê de Resíduos de Pesticidas do Codex Alimentarius
(CCPR – Codex Committee on Pesticide Residues)
estabelece LMRs no âmbito internacional, com base nas
recomendações do Grupo de Peritos em Resíduos de
Pesticidas da FAO (Organização para Agricultura e
Alimentação das Nações Unidas) e OMS (Organização
Mundial de Saúde) (JMPR – Joint Meeting on Pesticide
Residue)
 Essas recomendações são elaboradas a partir dos
resultados dos estudos supervisionados de campo
conduzidos em vários países e, em princípio, cobre o uso
em qualquer país
 O estabelecimento de LMR pelo Codex tem como
Legislação

objetivos facilitar o comércio internacional de alimentos,


eliminando barreiras sanitárias e garantir um produto
seguro para a população
 No Brasil existem dois programas de monitoramento de
resíduos em alimentos: o Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) coordenado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o
Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
(PNCRC), do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento
 O PARA foi criado em 2001 como um projeto com objetivo
de estruturar um serviço para avaliar e promover a
qualidade dos alimentos em relação ao uso de agrotóxicos
e afins
 Tem por objetivo verificar se os alimentos comercializados
no varejo apresentam níveis de resíduos de agrotóxicos
Legislação

dentro dos Limites Máximos de Resíduos (LMR)


estabelecidos pela ANVISA
 Permite, também, conferir se os agrotóxicos utilizados
estão devidamente registrados no país e se foram
aplicados somente nas culturas para as quais estão
autorizados
 Porém, é preciso entender que as atribuições do PARA não
são fiscais, principalmente junto ao setor varejista, mas de
orientação
 Como ainda não existem instrumentos eficientes de
rastreabilidade consolidados, é impossível determinar os
responsáveis pelas amostras irregulares
 Dados desses programas mostram que 48,3% das 13556
amostras analisadas entre 2001 e 2010 apresentaram
Legislação

resíduos de pesticidas, das quais 5,8 % continham


resíduos acima do LMR e 30,8% continham resíduos de
organofosforados
 Maçã, mamão, uva, morango e pimentão foram os
alimentos que mais apresentaram resíduos
 Para se avaliar o risco para a saúde da ingestão de
pesticida na dieta de uma população deve-se considerar a
concentração do resíduo presente no alimento, a
quantidade do alimento consumido e o potencial tóxico
do pesticida
 Apesar de frutas, legumes e verduras serem os alimentos
que mais apresentam resíduos de pesticidas, é importante
ressaltar que os benefícios do consumo desses alimentos
são maiores que os eventuais riscos causados pela
ingestão de pesticidas
Legislação
Benefícios
 Quando utilizados de forma adequada e criteriosa os
pesticidas podem trazer benefícios aos alimentos e seres
humanos
 O uso de pesticidas servem para o controle de pragas
agrícolas e vetores de doenças de plantas, controle de
vetores de doenças e organismos nocivos a animais e
humanos, e impedir ou controlar os organismos que
prejudicam outras atividades humanas ou suas estruturas
 Também protegem garantem a proteção dos produtos
frescos durante o transporte em longas distâncias e a
preservação dos alimentos a granel
 O uso de pesticidas é responsável por inúmeras
Benefícios

consequências de caráter positivo, beneficiando em


ordem mundial fazendeiros, consumidores, pesquisadores
e indivíduos de muitos outros grupos
 Estima-se que 70% da população subalimentada vivem em
zonas rurais, onde a agricultura fornece diretamente os
alimentos ou é fonte de salário responsável pela
alimentação dos trabalhadores
 Os benefícios dos pesticidas abrangem três classes: a
social, que diz respeito à saúde, qualidade de vida e bem
estar da população; a econômica, como rendimentos
agrícolas, custos e lucros e por fim a ambiental, nos
compartimentos terrestre, aquático e atmosférico
Benefícios
Malefícios
 Os pesticidas são considerados um problema para a saúde
humana e ambiental devido a uma serie de fatores como
sua ampla utilização somada ao desconhecimento dos
riscos associados a ela, o desrespeito às normas básicas de
segurança, a grande pressão comercial por parte das
empresas distribuidoras, a livre comercialização e os
problemas sociais encontrados no meio rural
 Os agrotóxicos podem causar diversos efeitos sobre a
saúde humana
 Um grande problema relacionado à saúde populacional e
ao uso dos pesticidas são os casos de intoxicação, que
podem ocorrer de duas maneiras distintas
 A intoxicação aguda manifesta-se através de um conjunto
Malefícios

de sinais e sintomas que aparecem alguns minutos ou


algumas horas após a exposição excessiva a um toxicante
Malefícios
 Esta exposição geralmente é única e ocorre em um
período de até 24 h, acarretando efeitos rápidos sobra a
saúde
 Já a intoxicação crônica pode ocorrer devido a uma
exposição ocupacional e/ou ambiental, onde os efeitos
danosos à saúde surgem no decorrer de repetidas
exposições ao toxicante, que normalmente ocorrem
durante longos períodos de tempos, onde os casos clínicos
são muitas vezes irreversíveis
 Além das intoxicações, os pesticidas também são
responsáveis por efeitos adversos como a
neurotoxicidade, hepatotoxicidade, sendo também
causadores de outras doenças como alergias, câncer e
Malefícios

distúrbios reprodutivos
 Muitos desses danos estão diretamente ligados ao fato de
que grande parte dos pesticidas possui a capacidade de
interferir no sistema endócrino de humanos e animais
 Os inseticidas neurotóxicos organofosforados e
carbamatos estão entre os pesticidas mais tóxicos, e a
intoxicação aguda por esses compostos, principalmente
em trabalhadores rurais, causa broncoconstrição,
taquicardia, hipertensão arterial, tremores e convulsões,
podendo levar ao coma e ao óbito
 No ambiente, os pesticidas podem contaminar os
compartimentos aquáticos, terrestres e atmosféricos
 Além disso, são muitas vezes persistentes e podem se
Malefícios

deslocar até áreas remotas


Classificação
 Conforme a toxicidade
o Os agrotóxicos são classificados pela ANVISA, órgão de
controle do Ministério da Saúde, em quatro classes de
perigo para sua saúde
o Cada classe é representada por uma cor no rotulo e na
bula do produto
Classificação
 Conforme o organismo alvo e grupo químico
o Os agrotóxicos também podem ser classificados
segundo o grupo químico ao qual pertencem e o tipo
de ação (natureza da praga controlada)
o A forma de classificar os agrotóxicos é importante e
pode ser útil para o diagnostico das intoxicações e para
a adoção de tratamento especifico
Classificação
 Outras classes importantes de agrotóxicos compreendem:
o Raticidas (combate aos roedores),
o Acaricidas (combate aos ácaros),
o Nematicidas (combate aos nematoides)
o Molusquicidas (combate aos moluscos, basicamente
contra o caramujo da esquistossomose)
 Alguns agrotóxicos possuem mais de um tipo de ação
como, por exemplo, o inseticida organofosforado
“Parathion” que também e utilizado como acaricida e o
inseticida carbamato “Furadan” que também possui ação
Classificação

de combate aos nematoides (nematicida)


Toxicidade
 Tanto os pesticidas de origem natural quanto os de origem
sintética constituem um grupo de substâncias químicas
utilizadas para controlar os efeitos indesejáveis de
organismos-alvo
 Com relação à toxicologia de alimentos, as classes mais
importantes são os pesticidas; fungicidas e herbicidas
 Existem mais de mil formulações diferentes de agrotó-
xicos, que são constituídas de princípios ativos
 O mesmo princípio ativo pode ser vendido sob diferentes
formulações e diversos nomes comerciais, e também
pode-se encontrar produtos com mais de um princípio
ativo
Toxicidade
 Dos cerca de 115 elementos químicos conhecidos
atualmente, 11 podem estar presentes nas formulações
dos agrotóxicos, dentre eles: bromo (Br), carbono (C),
cloro (Cl), enxofre (S), fósforo (P), hidrogênio (H),
nitrogênio (N) e oxigênio (O), e são os mais
frequentemente encontrados, conferindo características
específicas aos agrotóxicos
 Organofosforados
o Fazem parte dos pesticidas sintéticos mais antigos e
compõem a classe de inseticidas mais utilizados
o Embora o químico Jean Louis tenha sintetizado pela
primeira vez a partir da reação de ácido fosfórico com o
álcool em 1920, foi somente na década de 1930 que
Toxicidade

um químico alemão descobriu suas propriedades


inseticidas
 Organofosforados
o São definidos como ésteres dos ácidos fosfóricos e
tiofosfórico

o Não se acumulam no corpo, porque são rapidamente


metabolizados e excretados
o Porém, agem inibindo a atividade da acetilcolinerase,
que é um neurotransmissor de mamíferos, pois
Toxicidade

competem com acetilcolina pelo sítio receptor


localizado nas colinesterases e, dessa forma bloqueiam
a quebra da acetilcolina
 Organofosforados
o A intoxicação ocorre após alguns minutos da exposição,
com o aparecimento quase que imediato de náuseas,
vômitos, cólicas estomacais, diarreia, cefaléia, visão
borrada, dor torácica, confusão mental e convulsões
o Além desses sintomas clássicos, recentemente sinais de
neurotoxidade persistente vem sendo relacionados aos
organofosforados
o O segundo estágio de intoxicação é a síndrome
intermediária, que pode ocorrer 24 a 96 horas após a
crise aguda, tendo duração aproximada de 6 semanas e
apresenta-se como uma sequencia de sinais
neurológicos e fraqueza muscular
Toxicidade

o O terceiro estágio clínico descrito é a neurotoxidade


retardada induzida por organofosforados
 Organofosforados
o Os sintomas podem surgir de 2 a 5 semanas após a
exposição aguda, apresentando um quadro clínico que
inclui fraqueza progressiva, paralisia distal flácida de
membros inferiores e superiores e paralisia de
músculos respiratórios
o A recuperação pode ser demorada (de meses a anos),
podendo não ocorrer total reversão do quadro
o Assim, é importante que pacientes intoxicados
agudamente sejam acompanhados por semanas
durante a recuperação de uma intoxicação aguda, para
que se observe se ocorrera a evolução do quadro para
algum dos estágios citados
Toxicidade
 Organofosforados
o O tratamento inicial é de suporte com controle das vias
aéreas, oxigenação e hidratação, realização de
esvaziamento gástrico, correção de distúrbios
hidroeletrolíticos e uso de atropina, na dose de 0,05
mg/kg intravenoso, repetido a intervalos de 5 minutos,
até surgirem os sintomas de atropinização
Toxicidade
 Carbamatos
o Os primeiros compostos da classe dos carbamatos
foram sintetizados nos anos 30 e inicialmente
comercializados como fungicidas por possuírem baixa
atividade inseticida
o Já na década de 50 foram sintetizados aril ésters
derivados do ácido metilcarbâmico, os quais
apresentavam potente ação inseticida
o Esses compostos são análogos sintéticos do alcaloide
tóxico fisostigmina encontrado na fava de Calabar
o São considerados ésteres do ácido carbâmico
Toxicidade
 Carbamatos
o Os inseticidas carbamatos são ativos contra uma
variedade relativamente menor de organismos alvo
que os organofosforados, mas são altamente tóxicos
para insetos benéficos, como a abelha
o Em geral, esses compostos também são muito tóxicos
para os mamíferos quando ingeridos
o Como os organofosforados, os inseticidas carbamatos
são inibidores da acetilcolisneterase em mamíferos,
contudo não são capazes de envelhecer a esterase
neurotóxica
Portanto, não estão associados à síndrome da
Toxicidade

neuropatia tardia
 Carbamatos
o A intoxicação por carbamatos ocorre após 30 minutos
da exposição com sintomas semelhantes aos da
intoxicação pelos organofosforados, porém com
excesso de sudorese e salivação
o As intoxicações agudas por carbamatos podem levar a
sinais e sintomas que incluem diarreia, náusea, vomito,
dor abdominal, salivação e sudorese excessivos, visão
borrada, lacrimejamento, dificuldade respiratória, dor
de cabeça, convulsões e morte
o Esses inseticidas estão envolvidos em grandes números
de casos de envenenamento humano que resultaram
Toxicidade

tanto de exposição ocupacional quanto de


contaminação de produtos alimentícios
 Carbamatos
o Por exemplo, o carbamato aldicarbe presente em
melancias contaminadas foi à causa do adoecimento de
281 pessoas na Califórnia em 1985
o Como o aldicarbe é bastante solúvel em água, ele é
capaz de se acumular em níveis perigosos nos
alimentos que tem alto teor de água, como
consequência, não é indicado para esse uso
Toxicidade
 Organoclorados
o São agrotóxicos de lenta degradação, com capacidade
de acumulação nos seres vivos e no meio ambiente,
podendo persistir por ate 30 anos no solo
o São altamente lipossolúveis e o homem pode ser
contaminado não só por contato direto, mas também
através da ingestão de água e alimentos contaminados
o Esses inseticidas foram utilizados por várias décadas na
saúde pública para o controle de vetores de doenças
endêmicas, como a malária, assim como na agricultura
o O DDT [1,1-(2,2,2-tricloroetilideno)bis(4-
clorobenzeno)] foi banido em vários países a partir da
Toxicidade

década de 1970
 Organoclorados
o No Brasil, a maioria dos organoclorados de uso na
agricultura teve a comercialização, uso e distribuição
proibidos pela Portaria n° 329, de 2 de setembro de
1985
o As restrições a sua utilização originam-se da sua grande
capacidade residual e de uma possível ação
carcinogênica. Entretanto, algumas substâncias, como
o endossulfam e o dicofol, foram liberadas em caráter
emergencial para comercialização, distribuição e uso
em algumas culturas (Portaria n° 95, de 21 de
novembro de 1985)
Toxicidade
 Organoclorados
o Na intoxicação aguda os sintomas são: irritabilidade,
sensação de dormência na língua, nos lábios e nos
membros inferiores, desorientação, dor de cabeça
persistente (que não cede aos analgésicos comuns),
fraqueza, vertigem, náuseas, vômitos, contrações
musculares involuntárias, tremores, convulsões, coma
e morte
o Em caso de inalação, podem ocorrer sintomas como
tosse, rouquidão, edema pulmonar, broncopneumonia
e taquicardia
o Na intoxicação crônica ocorrem alterações no sistema
Toxicidade

nervoso, alterações sanguíneas diversas, como aplasia


medular, lesões no fígado, arritmias cardíacas e lesões
na pele
 Organoclorados
o O início dos sintomas ocorre entre 30 minutos e 6
horas após a exposição
o O tratamento inicial é de suporte com controle das vias
aéreas, oxigenação e hidratação, realização de
esvaziamento gástrico e correção de distúrbios
hidroeletrolíticos
o A IARC classifica alguns organoclorados como
pertencentes ao grupo “2B” (possivelmente
cancerígeno para a espécie humana)
o O DDT, por exemplo, pertence a este grupo por estar
associado ao desenvolvimento de câncer de fígado, de
Toxicidade

pulmão e linfomas em animais de laboratório


 Organoclorados
o Outros organoclorados pertencentes ao grupo 2B são
Clordane, Heptacloro, Hexaclorobenzeno, Mirex
o O endossulfam é um inseticida e acaricida do grupo dos
organoclorados que ainda e comercializado no Brasil
o A ANVISA vem propondo a reavaliação desse químico,
visando a sua proibição no país, por se mostrar como
risco a saúde humana, incluindo potencial
carcinogênico
Toxicidade
 Piretroides
o Tiveram uso crescente nos últimos 20 anos e, além da
agropecuária, são também muito utilizados em
ambientes domésticos, nos quais seu uso abusivo vem
causando aumento nos casos de alergia em crianças e
adultos
o Os piretróides são compostos sintéticos análogos às
piretrinas, substâncias extraídas das flores do
Chrysanthemum cinerariaefolium
o Embora as piretrinas possuam ação inseticida, são
instáveis e se degradam facilmente quando expostas à
luz
Toxicidade
 Piretroides
o Os mamíferos são três vezes menos sensíveis aos
piretróides que os insetos e por isso, seu uso vem
aumentando na substituição de outros compostos mais
tóxicos, como os organofosforados
o São facilmente absorvidos pelas vias digestiva,
respiratória e cutânea
o O principal alvo de ação tóxica dos piretroides nos
insetos e mamíferos é o bloqueio dos canais de sódio,
cálcio e cloreto
o Os piretroides se ligam aos receptores dos canais de
sódio e diminuem sua taxa de inativação aumentando
Toxicidade

o influxo de íons Na+ no neurônio


 Piretroides
o Os sintomas de intoxicação aguda ocorrem
principalmente quando sua absorção se da por via
respiratória
o São compostos estimulantes do sistema nervoso
central e, em doses altas, podem produzir lesões no
sistema nervoso periférico
o Na intoxicação aguda, os principais sinais e sintomas
incluem dormência nas pálpebras e nos lábios, irritação
das conjuntivas e mucosas, espirros, coceira intensa,
manchas na pele, edema nas conjuntivas e nas
pálpebras, excitação e convulsões
Toxicidade
 Piretroides
o Foram detectados vários casos de pneumonia em uma
população que foi exposta a esse grupo de inseticidas
na cidade de Manaus, após uma pulverização contra o
vetor da dengue
o Os piretroides parecem não estarem associados ao
desenvolvimento de câncer
Toxicidade
Métodos
 Multirresíduos
o Durante o manejo de pragas no campo, muitas vezes
há necessidade da aplicação de vários pesticidas numa
mesma cultura
o Para que seja possível monitorar o uso dessas
substâncias nos diversos alimentos são necessários
métodos analíticos capazes de analisar vários resíduos
num mesmo procedimento analítico
o Estes métodos são conhecidos como métodos
multirresíduos (MMR)
o Há mais de 40 anos MMR são desenvolvidos para
analisar resíduos de pesticidas em alimentos para que
Métodos

os governos possam monitorar o uso destes produtos


no campo
 Multirresíduos
o Os primeiros MMR não tinham a preocupação com o
tempo de análise, baixos limites de quantificação e
quantidade de solventes e reagentes empregados
o Recentemente, o método conhecido como QuEChERS
(Quick, Easy, Cheap, Effective, Ruged and Safe),
desenvolvido por Anastassiades et al. (2003) vem
sendo cada vez mais adotado na análise de resíduos de
pesticidas em alimentos
o A proposta é ser um MRM de ampla aplicação, rápido,
com resultados confiáveis e com viabilidade econômica
o O método original é baseado em uma extração por
Métodos

agitação manual com acetonitrila, adição NaCl e


MgSO4, e purificação por extração dispersiva em fase
sólida com PSA (primary-secondary amine) e MgSO4
 Multirresíduos
o Para amostras com clorofila e carotenoides é
adicionado GCB (Grafitized Carbon Black) na etapa de
purificação
o A detecção e determinação são feitas por
cromatografia gasosa e cromatografia líquida acopladas
a espectrometria de massas (GC-MS e LC-MS)
Métodos
 Fungicidas ditiocarbamatos
o A maioria dos compostos ditiocarbamatos (DT) são
polímeros complexados com metais de transição, e
podem ser agrupados em três subclasses de acordo
com a cadeia carbônica: os dimetilditiocarbamates
(DMD), os etilenobisditiocarbamatos (EBDC) e
propilenobisditiocarbamatos (PBDC)
o A determinação dessa classe de pesticidas não é
possível utilizando os métodos multirresíduos, pois
apenas os DT não poliméricos são solúveis em
solventes orgânicos
o Os EBDCs (mancozebe, metiram) e o propinebe são
polímeros e insolúveis nos solventes usados
Métodos

normalmente em análises de resíduos de pesticidas


 Fungicidas ditiocarbamatos
o O método mais adotado para análise dos DT em
alimentos é a sua determinação indireta por meio da
liberação de CS2 após digestão a quente da amostra em
uma solução ácida
o O CS2 liberado pode ser quantificado por
espectrofotometria, ou por cromatografia gasosa,
sendo o resultado expresso em mg CS2/kg de alimento
o Na análise espectrofotométrica, o CS2 é complexado
com uma solução de acetato cúprico, dietanolamina e
etanol e o complexo formado analisado em 435 nm
o Nas determinações por cromatografia gasosa, o CS2
Métodos

pode ser injetado diretamente na forma de gás


(headspace) ou em solução com isooctano
 Fungicidas ditiocarbamatos
o Limite de quantificação (LOQ) reportados pelos estudos
utilizando diferentes formas de detecção do CS2
normalmente se encontra na faixa entre 0,05 e 0,1
mg/kg
o É importante ressaltar, porém, que por não ser
específico, estes métodos podem fornecer resultados
falso positivos devido à presença natural de compostos
sulfurados em alimentos, que também geram CS2
Métodos
Dúvida?

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