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Resíduos e contaminantes químicos em alimentos

ARTIGO ARTICLE
de origem animal no Brasil: histórico, legislação
e atuação da vigilância sanitária e demais sistemas regulatórios

Chemical residues and contaminants in food


of animal origin in Brazil: history, legislation and actions
of sanitary surveillance and other regulatory systems

Bernardete Ferraz Spisso 1


Armi Wanderley de Nóbrega 1
Marlice Aparecida Sípoli Marques 2

Abstract Food safety became a relevant subject Resumo A segurança de alimentos é um tema
due to the increasing search for a better way of cada vez mais relevante, devido à crescente busca
life and consciousness of the consumers to stand por uma melhor qualidade de vida e conscienti-
on one’s rights to acquire healthy products. The zação dos consumidores quanto ao direito de ad-
use of substances in animals destined for human quirir produtos seguros à saúde. O uso de subs-
consumption requires from pharmacokinetics to tâncias em animais produtores de alimentos para
residue depletion studies, with the establishment o consumo humano requer de estudos de farma-
of limitative values so that do not constitute a cocinética à depleção dos resíduos, com o estabe-
risk to health. Beyond the substances used delib- lecimento de valores limitativos, de forma que não
erately, others coming from environment contam- constituam em um risco à saúde. Além das subs-
ination or contamination of feeding stuffs con- tâncias utilizadas intencionalmente, outras ad-
sumed by these animals may reach human vindas da contaminação ambiental ou contami-
through the diet. The aims of this paper are to nação das rações ingeridas por esses animais po-
collect and discuss the main federal acts covering dem atingir o homem através da dieta. Os objeti-
chemical residues and contaminants in food of vos deste artigo são reunir e discutir os principais
animal origin in Brazil, besides those on mea- atos federais relativos a resíduos e contaminantes
sures to control veterinary medicinal products químicos em alimentos de origem animal no Bra-
and additives for use in animal nutrition. The sil, além daqueles relativos ao controle de medica-
chronological presentation of the legal basis in- mentos de uso veterinário e aditivos para produ-
tends to facilitate the interpretation of the acts tos destinados à alimentação animal. A apresen-
inside respective political and economics scenar- tação cronológica das bases legais pretende facili-
ios. The actions proposed from the different agents tar a interpretação dos atos dentro dos respectivos
1
Instituto Nacional de
involved into the regulatory systems are discussed cenários políticos e econômicos. As propostas de
Controle de Qualidade de
Saúde, Fundação Oswaldo from the public health point of view. ação dos diferentes agentes envolvidos nos siste-
Cruz. Av. Brasil 4365, Key words Residues and contaminants, Veteri- mas regulatórios são discutidas sob o ponto de
Manguinhos. 21045-900
nary drugs, Food, Safety, Sanitary surveillance vista da saúde pública.
Rio de Janeiro RJ.
bernardete.spisso@ Palavras-chave Resíduos e contaminantes, Me-
incqs.fiocruz.br dicamentos veterinários, Alimentos, Segurança,
2
Instituto de Química,
Departamento de Química
Vigilância sanitária
Analítica, Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
2092
Spisso BF et al.

Introdução por metais pesados, entre outros, também po-


dem representar risco à população.
Segundo a norma NBR ISO 22000 o termo “se- Assim, este artigo objetiva apresentar uma
gurança de alimentos” descreve aspectos relacio- revisão sobre as principais bases legais (até abril
nados somente à inocuidade, ou seja, que os ali- de 2007) e discutir os sistemas regulatórios en-
mentos não se constituam em vias de exposição volvendo os setores de saúde e agricultura, no
a perigos que possam causar danos à saúde, se- contexto da questão dos resíduos e contaminan-
jam eles agentes biológicos, físicos, químicos ou tes químicos em alimentos de origem animal,
condição do alimento1. com ênfase nos resíduos de medicamentos ve-
Já o Conselho Nacional de Segurança Alimen- terinários, bem como do seu uso no Brasil.
tar e Nutricional, CONSEA, na sua II Conferên-
cia, incluiu a disponibilidade em termos de quan-
tidade e a preocupação quanto ao desenvolvi- Histórico, legislação e atuação dos sistemas
mento sustentável na definição de segurança ali- regulatórios relacionados ao tema resíduos
mentar e nutricional2. e contaminantes químicos em alimentos
Entre os perigos químicos existentes, desta- de origem animal no Brasil, incluindo
cam-se os resíduos de medicamentos veterinári- o controle de medicamentos de uso
os, que podem representar um risco, caso não veterinário e aditivos na alimentação animal
sejam observadas as boas práticas veterinárias,
seja em função do uso exagerado e/ou indevido, As atividades de Vigilância Sanitária (VS) de ali-
do não cumprimento dos períodos de carência, mentos no Brasil datam do século XVI, mas so-
entre outros fatores3. mente em 1950, através da Lei nº 1.283, estabele-
Demais perigos químicos, como os resíduos ceu-se atribuições e competências relacionadas a
de pesticidas, a contaminação por micotoxinas, produtos de origem animal4 (Figura 1).

Lei nº 1.283/50

Obrigatoriedade: Atribuições e
- Prévia fiscalização dos competências
produtos de origem
animal
- Registro dos Registro dos Fiscalização dos Análises fiscais
estabelecimentos estabelecimentos estabelecimentos de produtos e
industriais ou comerciais comerciais subprodutos
entrepostos desses
produtos

Secretarias ou Órgãos de
Ministério da Departamentos de saúde pública
Agricultura Agricultura dos
(MA) estados, territórios
e distrito federal Comunicação
S
S

Figura 1. Esquema da abrangência da Lei 1.283/50.


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O Decreto nº 30.691/52, ainda vigente, apro- geira, além do registro (que passou a ser obriga-
vou o novo Regulamento da Inspeção Industrial tório) de produtos alimentícios preparados ou
e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIS- industrializados7. Em 1961, a Portaria nº 545 do
POA)5 (Quadro 1). Segundo Costa e Rozenfeld6, Ministério da Agricultura (MA) proibiu o uso de
“o conjunto da legislação e a estrutura centrali- anabolizantes para qualquer finalidade, sendo
zada visavam, principalmente, atender às exigên- alterada em 1962 pela Portaria n° 6098, que foi
cias dos países importadores – sobretudo dos revogada pela de nº 02/72, facultando o uso des-
Estados Unidos – e tornar a carne brasileira mais tes produtos para fins terapêuticos e sob prescri-
competitiva no mercado internacional”. ção veterinária9.
O Decreto nº 49.974/61 (Quadro 1) conferiu Após a instauração do regime militar, vários
atribuições e atividades ao Ministério da Saúde decretos (D) e decretos-lei (DL) foram publica-
(MS), que englobavam desde as condições de hi- dos (Quadro 2). O DL n° 986/69, até hoje em
giene dos alimentos até a propaganda7. O Códi- vigor, além das normas de defesa e proteção da
go Nacional de Saúde estendeu a atuação do La- saúde ligadas ao consumo de alimentos, esten-
boratório Central de Controle de Drogas e Me- deu a ação fiscalizadora das autoridades fede-
dicamentos (LCCDM), criado em 1954, incluin- rais, estaduais ou municipais de saúde a quais-
do a área de alimentos, o que acarretou na sua quer estabelecimentos industriais ou comerciais
renomeação para LCCDMA. Entre as atribui- envolvidos na fabricação, manipulação, benefi-
ções constavam a realização de análises prévias ciamento, acondicionamento, conservação,
de gêneros alimentícios e de matérias-primas transporte, depósito, distribuição ou venda de
constituintes, de procedência nacional ou estran- alimentos.

Quadro 1. Decretos das décadas de cinquenta e sessenta.

Decreto no Regulamentou Delegou Alteração Inovações


(decretos no)

30.691/52 5 A inspeção industrial Artigo 3º: inspeção de produtos 1.236 (2/09/1994) Tratar de produtos
e sanitária de destinados ao comércio 1.812 (8/02/1996) destinados ao
produtos de origem interestadual ou internacional à 2.244 (4/06/1997) comércio
animal. Divisão da Inspeção de interestadual ou
A Lei nº 2.312 de Produtos de Origem Animal internacional.
3/09/1954 - Código (DIPOA)/Departamento
Nacional de Saúde. Nacional da Produção Animal
(DNPA/MA).

49.974/61 7 Ao Ministério da Saúde (MS), ______ Atribuição ao órgão


criado em 19537: atribuições federal da saúde pelo
relativas à promoção, proteção e estabelecimento dos
recuperação da saúde, incluindo limites máximos de
entre outras, medidas de resíduos (LMR) de
controle sanitário de pesticidas, antes
alimentos.Artigo 65°, parágrafo denominados de
2°: determinou a participação “taxas residuais dos
do órgão federal de saúde no inseticidas”. Primeira
registro e licenciamento de citação em legislação
inseticidas destinados à referente ao controle
agricultura, no tocante à de resíduos e
avaliação dos riscos à saúde contaminantes em
humana. alimentos.
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Spisso BF et al.

Quadro 2. Decretos (D) e decretos-lei (DL) das décadas de sessenta e setenta.

Decreto/decreto-lei Normas Delegou Inovações


no(revogado por)

DL 200/6710 Estabeleceu diretrizes para ampla Ao MS: “ação preventiva em geral; ______
reforma administrativa, com vigilância sanitária de fronteiras e de
descentralização das atividades da portos marítimos, fluviais e aéreos” e
administração federal. o “controle de drogas, medicamentos
e alimentos”10 (p. 4). Ao MA:
“padronização e inspeção de
produtos vegetais e animais ou do
consumo nas atividades
agropecuárias”10 (p. 4).

DL 209/6711* Instituiu o Código Brasileiro de ______ ______


(DL 986/69) Alimentos (CBA).

DL 986/6912* Defesa e proteção da saúde À Comissão Nacional de Normas e Introduziu o


individual ou coletiva, da Padrões para Alimentos (CNNPA)/ conceito de padrão
produção ao consumo de MS: fixação de normas e padrões de identidade e
alimentos. para fins de concessão de registro e qualidade (PIQ),
Matérias-primas alimentares e regulamentação do “emprego de incluindo em seus
alimentos in natura excluídos da substâncias, materiais, artigos, requisitos de higiene
obrigatoriedade de registro no equipamentos ou utensílios, o “o limite residual
órgão competente do MS. suscetíveis de cederem ou (LR) de pesticidas e
transmitirem resíduos para os contaminantes
alimentos”12 (p. 2352). tolerados”.

DL 467/6913 Estabeleceu a obrigatoriedade da Ao Serviço de Defesa Sanitária ______


fiscalização da indústria, do Animal do Departamento de Defesa
comércio e do emprego de e Inspeção Agropecuária/MA.
produtos de uso veterinário, em
todo o território nacional.

D 69.502/7114 Estabeleceu as áreas de Ao MA: registro, padronização e As prescrições


competência do MA e MS. inspeção de produtos vegetais e relativas aos
animais. alimentos destinados
Ao MS: artigo 3º - “[...] impedir a ao consumo humano
distribuição ao consumo de produtos definidas pelo MS
alimentares em cuja elaboração não seriam observadas
se tenham observado as prescrições nas inspeções.
estabelecidas sobre a defesa da saúde
individual ou coletiva”14 (p. 8977).

D 73.116/7315 Fiscalização industrial e sanitária. Ao MA: implantação da ______


Regulamentou a lei federalização da inspeção de
5.760/71 16 produtos de origem animal, desde a
produção até a comercialização.
Artigo 5°: explicita quais prescrições
estabelecidas pelo MS seriam
observadas pelo MA, o que inclui
aditivos usados em produtos de
origem animal e elementos e
substâncias contaminantes.

continua
2095

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Quadro 2. continuação

Decreto/decreto-lei Normas Delegou Inovações


no (revogado por)

D 76.986/7617 Dispõe sobre a inspeção e a À Divisão de Defesa Sanitária Animal ______


Regulamentou a lei fiscalização obrigatórias dos (DDSA)/MA: artigo 5º - registro de
6.198/74 18 produtos destinados à antibióticos ou outros medicamentos
(Art. 5°, D alimentação animal. nessa divisão para posterior registro de
5.053/04)19 alimentos para animais contendo as
referidas substâncias.

D 78.713/7620 Celebração de convênios entre a ______ Exigiu-se a criação de


Regulamentou a lei União e os Estados, Distrito organismos próprios,
6.275/75 21 Federal e Territórios para a capazes de
execução dos serviços e atribuição inspecionar e
de receitas referentes à inspeção fiscalizar as pequenas
sanitária e industrial dos produtos e médias empresas
de origem animal. não envolvidas no
comércio
interestadual ou
internacional.

D 79.056/7622 A nova organização e as Ao MS: estabelecimento e fiscalização Substituiu as


competências do MS e de seus de normas e padrões relativos a comissões nacionais,
órgãos e entidades vinculadas. alimentos, bebidas, drogas e entre elas a CNNPA,
Extinguiu a Secretaria Nacional medicamentos destinados ao consumo por Câmaras Técnicas
de Saúde. humano. do Conselho
Às Câmaras Técnicas: elaboração de Nacional de Saúde
normas e exame e proposição de (CNS). Instituiu a
soluções para problemas relativos à Secretaria Nacional
promoção, proteção e recuperação da de Vigilância
saúde. Sanitária (SNVS).

*Não fazem nenhuma referência às competências do MA.

Em 1971, a Lei n° 5.76016 alterou a de n° 1.283/ a coordenação, a supervisão e a execução de ati-


50 (Figura 1), imputando à esfera federal a com-
4
vidades de controle de qualidade de alimentos25.
petência pela fiscalização industrial e sanitária, Para se controlar os resíduos de substâncias
inclusive quanto ao comércio municipal ou in- de uso na agropecuária, bem como de poluentes
termunicipal dos produtos de origem animal. Em ambientais em produtos de origem animal, criou-
1989, ela foi revogada pela Lei 7.88923, com a fis- se, através da Portaria nº 86/79, o Programa Na-
calização e registro dos estabelecimentos envol- cional de Controle de Resíduos Biológicos em
vidos apenas no comércio municipal descentra- Carnes (PNCRBC) do MA26. A Portaria nº 86 foi
lizados à esfera municipal. revogada em 1986 pela Portaria nº 51, instituindo
A Lei n° 6.437/77, ainda em vigor, configura o Plano Nacional de Controle de Resíduos Bioló-
as infrações e penalidades à legislação sanitária gicos em Produtos de Origem Animal (PNCRB)27,
federal, incluindo todos os produtos, entre eles e adequada mais tarde pela Portaria nº 527/9528.
os alimentos24. Na década de oitenta, com a retomada da
Em 1978, o LCCDMA foi transferido para a democracia, os PROCONs e o Instituto Brasilei-
Fundação Oswaldo Cruz e, em 1981, foi inaugu- ro de Defesa do Consumidor (IDEC) começa-
rado o Instituto Nacional de Controle de Quali- ram a modificar a percepção de risco dos consu-
dade em Saúde (INCQS). Entre suas competên- midores, se transformando em fortes aliados da
cias, estão incluídos atualmente o planejamento, VS na proteção à saúde.
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Spisso BF et al.

A controvérsia sobre a liberação do uso de Na década de noventa, a partir do Código de


anabolizantes iniciou-se com a Portaria nº 268/ Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90)37 e da
8629, revogada pela de nº 450/8630, devido a “pres- Lei Orgânica da Saúde (Lei n° 8.080/90)38, as re-
sões de órgãos da saúde e aos interesses das in- gulamentações incorporaram novas ações e o
dústrias exportadoras de carne”31, apesar do pa- conceito de “risco” pela VS.
recer favorável de uma comissão à liberação des- A criação do Mercosul, em 1991, estimulou a
ses produtos (exceto os estilbenos)32. O assunto atividade regulatória e, em 1992, foi criado o gru-
voltou a ser discutido em 1994 e uma outra co- po ad hoc “Resíduos de Medicamentos Veteriná-
missão também foi favorável ao registro e uso rios em Alimentos” para subsidiar a Comissão de
em pecuária de corte de 17b-estradiol, progeste- Alimentos, subordinada ao Subgrupo de Traba-
rona, testosterona, acetato de trembolona e ze- lho (SGT) Nº 3, “Regulamentos Técnicos e Avali-
ranol31. Porém, a Portaria n° 51/9133, que proibia ação da Conformidade”. Atualmente, a coorde-
a utilização de todas as substâncias com ativida- nação da Comissão de Alimentos vem sendo feita
de anabolizante, foi mantida. O Quadro 3 su- de forma conjunta entre a Secretaria de Defesa
mariza essa e demais regulamentações relacio- Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecu-
nadas ao uso de anabolizantes, a partir da déca- ária e Abastecimento (MAPA) e a Agência Nacio-
da de oitenta. nal de Vigilância Sanitária (ANVISA). As reco-

Quadro 3. Portarias (P) e Instruções Normativas (IN) relacionadas ao uso de anabolizantes (a partir da década de
oitenta).

Portaria/Instrução Permitiu Proibiu


Normativa no(revogada por)

P 268/8629 Registrar produtos contendo substâncias A formulação e o emprego de produtos


(P 450/86)30 naturais ou artificiais, de natureza à base de estilbenos para fins
hormonal ou não, destinados ao aumento anabolizantes e/ou uso terapêutico.
de ganho de peso de bovinos.

P 51/9131 Usar hormônios naturais unicamente para Todas as substâncias com atividade
(IN 10/01)34 fins terapêuticos, sicronização do ciclo estral anabolizante, com caráter hormonal
e preparação dos animais doadores e ou não, para fins de crescimento e
receptores em tranferências de embriões. ganho de peso dos animais de abate.

IN 10/0134 Importar, produzir, comercializar e usar ______


anabolizantes para fins de melhoramento
genético e de pesquisa experimental em
medicina veterinária.

IN 36/0235 Vender, somente sob prescrição, com ______


retenção da receita, produtos farmacêuticos
de uso veterinário contendo 17 substâncias,
como azaperona, boldenona, estanozolol e
testosterona, entre outras.

______ Administrar, por qualquer meio, na


IN 17/0436 alimentação e produção de aves,
substâncias com efeitos tireostáticos,
androgênicos, estrogênicos ou
gestagênicos, bem como de β-agonistas,
com a finalidade de estimular o
crescimento e a eficiência alimentar.
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Ciência & Saúde Coletiva, 14(6):2091-2106, 2009


mendações dos SGTs são encaminhadas ao GMC O Quadro 4 resume os decretos e portarias
(Grupo Mercado Comum) para aprovação como relacionados ao registro de medicamentos vete-
resoluções, após o instrumento de consulta inter- rinários e a resíduos e contaminantes em alimen-
na nos Estados Partes. Uma vez aprovadas, as tos de origem animal da década de noventa.
resoluções GMC devem ser incorporadas ao or- O Decreto n° 1.662/9543 foi revogado pelo de
denamento jurídico de cada país. Seis resoluções n° 5.053/0419 e, assim como o anterior, não in-
referentes ao tema “Resíduos de Medicamentos cluiu os aditivos utilizados na fabricação de pro-
Veterinários em Alimentos” já foram aprovadas dutos destinados à alimentação animal, que obe-
pelo GMC (Resoluções GMC n° 53/94, 57/94, 75/ decem à legislação específica. O parágrafo 2° do
94, 45/98, 46/98, 54/00 - revogou a 75/94) e a in- Art. 25 estabelece que o MAPA ouvirá o setor
ternalização no país tem sido feita ora pelo Mi- responsável da área da Saúde.
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimen- A Portaria nº 448/9844 foi revogada pela IN n°
to, ora pelo Ministério da Saúde. A Resolução n° 38/0245, que incluiu a proibição das substâncias
45/98 foi internalizada pela RDC Anvisa nº 4/0139, furaltadona e furamisol, mas a proibição de toda
enquanto as resoluções n° 53/94, 57/94 e 54/00 a classe de nitrofuranos só foi efetuada em 2003,
pelas Instruções Normativas MAPA nº 27/0340, pela IN nº 946 (que revogou a de nº 38), após a
nº 46/0341 e MAA nº 12/0142, respectivamente. Re- detecção na Europa de casos de carnes de frango
gulamentos técnicos (RT) relativos ao registro, importadas do Brasil contendo resíduos desses
uso, controle e comercialização de produtos vete- antimicrobianos.
rinários foram elaborados por outra comissão A Medida Provisória nº 1.791/98, com a pro-
do SGT Nº 3, a de Produtos Veterinários. posta de definição do Sistema Nacional de Vigi-

Quadro 4. Decretos (D) e Portarias (P) da década de noventa.

Decreto/Portaria Normas Considerações


n°(revogado por)

P 1.428/9347 Incluiu como um requisito de PIQ o estabelecimento Deu enfoque ao caráter preventivo da
de limites máximos de “contaminantes” (agrotóxicos, proteção e defesa da saúde do consumidor.
drogas veterinárias, aditivos e inorgânicos).

P 1.565/9448 Definiu o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária A VS acompanhada da Vigilância


(SNVS) e sua abrangência, as competências das esferas Epidemiológica são partes integrantes da
de governo no SUS e estabeleceu as bases para a Vigilância em Saúde.
descentralização da execução de serviços e ações.Para
as ações de VS relacionadas a alimentos, bebidas e água
para consumo humano, meio ambiente e saneamento
básico é prevista a articulação intersetorial com outros
ministérios, visando a definição de atribuições.

D 1.662/9543 Regulamentou o registro dos produtos de uso Não incluiu os aditivos utilizados na
(D 5.053/04)19 veterinário pelo Ministério da Agricultura, do fabricação de produtos destinados à
Abastecimento e da Reforma Agrária (MAARA). alimentação animal, que obedecem à
legislação específica.

P 183/9649 Internalizou, entre outras, as Resoluções Mercosul nº ______


56/94 (Limites Máximos de Aflatoxinas Admissíveis
no Leite, Amendoim e Milho), nº 102/94 (Limites
Máximos de Tolerância, LMT, para contaminantes
inorgânicos em determinados alimentos) e n° 103/94
(Princípios Gerais para o Estabelecimento de Níveis
Máximos de Contaminantes Químicos em Alimentos,
aplicáveis a micotoxinas, contaminantes inorgânicos,
praguicidas, drogas veterinárias e migrantes
provenientes de embalagens e equipamentos em
contato com alimentos).
continua
2098
Spisso BF et al.

Quadro 4. continuação

Decreto/Portaria Normas Considerações


n°(revogado por)

P 301/9650 Normas complementares do regulamento de O relatório técnico para registro de


fiscalização de produtos veterinários e dos produto farmacêutico deve incluir dados
estabelecimentos que os fabriquem e/ou comerciem. sobre resíduos e períodos de carência.

P 74/9651 Aprovou roteiros para elaboração de relatórios técnicos Incluiu no roteiro de relatório técnico
para registro de produtos de uso veterinário. exigido para o registro dos produtos
farmacêuticos de uso veterinário
informações sobre farmacocinética e
controle de resíduos.

P 48/9752 Regulamento Técnico sobre produção, controle e Os rótulos, as instruções de uso e demais
emprego de antiparasitários de uso veterinário. impressos dos produtos ectoparasiticidas
que ofereçam riscos à saúde humana e/ou
ao meio ambiente deverão conter
informações de advertência.

P 193/9853 Regulamento Técnico para o licenciamento e a Recomendação de que antimicrobianos


renovação de licença de antimicrobianos de uso utilizados em terapêutica sejam evitados
veterinário. como aditivos alimentares promotores de
crescimento ou como conservantes de
alimentos para animais. Proibição do uso
de cloranfenicol, penicilinas, tetraciclinas
e sulfonamidas sistêmicas como aditivos.

P 448/9844 Proibição da fabricação, importação, comercialização e


(IN 38/02)45 emprego de insumos contendo cloranfenicol,
furazolidona e nitrofurazona na pecuária.

P 490/9854 Designou um Grupo de Trabalho (GT) para discutir o Conclusões do GT publicadas em portaria
uso da avoparcina, um antibiótico glicopeptídeo específica recomendaram suspensão do
empregado como aditivo melhorador da eficiência uso.
alimentar em rações e sua contribuição ao
desenvolvimento de microorganismos resistentes à
vancomicina..

P 685/9855 Internalizou as Resoluções Mercosul nº 102/94 e nº Essas resoluções já haviam sido


103/94. incorporadas ao ordenamento jurídico
nacional em 1996 pelo MAARA.
Aprovou o Regulamento Técnico sobre princípios
gerais para o estabelecimento de níveis máximos de
contaminantes químicos em alimentos e seu anexo
sobre LMT para contaminantes inorgânicos.

P 819/9856 Recomendou suspensão do uso da avoparcina. Efetuada pelo Ministério da Agricultura e


Abastecimento (MAA).

lância Sanitária (SNVS) e criação da ANVISA, mentos foi oficialmente incorporado como atri-
foi transformada na Lei nº 9782/9957, que alte- buição da VS, embora já fosse discutido pela Se-
rou o Decreto–Lei nº 986/6912, com modificação cretaria de Vigilância Sanitária.
do Art. 57 e revogação do Art. 58. O controle de Após o escândalo na Bélgica da contamina-
resíduos de medicamentos veterinários em ali- ção por dioxina de alimentos para animais, a
2099

Ciência & Saúde Coletiva, 14(6):2091-2106, 2009


ANVISA publicou, em 1999, a Resolução RDC nº tabelecido um prazo de três anos para que os
1958, com uma série de exigências que só foram detentores do registro do carbadox provassem
revogadas pela RDC nº 81/0059. que o mesmo não causava nenhum dano à saú-
Em 1999, o PNCRB foi renomeado para “Pla- de, embora essa mesma substância, além do ola-
no Nacional de Controle de Resíduos em Produ- quindox, já tivesse sido banida da União Euro-
tos de Origem Animal – PNCR” através da IN nº péia (UE) devido à sua genotoxicidade e carcino-
4260, que revogou a IN nº 3/9961. genicidade em roedores71.
Em 2000, a ANVISA instituiu um Grupo de O IDEC e o Ministério Público Federal (MPF)
Trabalho (GT) sobre medicamentos veterinários entraram então com uma ação civil pública con-
em alimentos62. Dois programas de monitora- tra a União em dezembro de 2004, para que o
mento, o Programa Nacional de Controle de Re- MAPA cancelasse os registros do carbadox.
síduos de Medicamentos Veterinários em Alimen- Também a Comissão do Codex Alimentarius,
tos Expostos ao Consumo (PAMVet) e o Progra- na sua 28a sessão72, revogaria os LMR (limites
ma Nacional de Monitoramento e Controle de máximos de resíduos) vigentes para o carbadox,
Resistência Microbiana em Alimentos de Origem seguindo a recomendação da 15a sessão do Co-
Animal Expostos ao Consumo (PREBAF), foram mitê do Codex sobre Resíduos de Medicamentos
delineados. O GT sugeriu ainda a implementação Veterinários em Alimentos (CCRVDF)73. A 60a
de uma comissão técnica interministerial para reunião do Comitê Misto FAO/OMS de Especia-
avaliar o potencial impacto à saúde humana de- listas em Aditivos Alimentares e Contaminantes
corrente do uso de medicamentos veterinários, o (JECFA) concluiu que resíduos carcinogênicos de
desenvolvimento de iniciativas para a execução de carbadox estavam presentes em tecidos comestí-
programas de farmacovigilância e farmacoepide- veis e que a concentração real desses resíduos não
miologia, a promoção de ações educativas volta- pôde ser confiavelmente determinada a partir da
das para a adesão e aplicação das boas práticas duração do estudo fornecido. Portanto, o JECFA
veterinárias e o incentivo à realização de pesqui- resolveu retirar os LMR recomendados em 199074.
sas científicas sobre resíduos de medicamentos Somente após a concessão da liminar proferida
veterinários e resistência microbiana. pela 11a Vara Cível da Subseção Judiciária de São
A Portaria n° 31/0263 determinou o cancela- Paulo, em 03/11/2005, e considerando as conclu-
mento dos registros, na área de alimentos para sões da 60a reunião do JECFA, o MAPA, através
animais, de produtos contendo arsenicais e anti- da IN nº 35/05, baniu o carbadox75, 76.
moniais. Em reflexo à nova regulamentação sobre aditi-
Em 2002, a ANVISA, pela RDC n° 274, inter- vos para ração, que entrou em vigor em outubro
nalizou a Resolução Mercosul nº 25/02, apro- de 2003 na UE, foi aprovado em 2004 um RT so-
vando o “RT Sobre Limites Máximos de Aflato- bre aditivos para produtos destinados à alimen-
xinas Admissíveis no Leite, no Amendoim, no tação animal, a IN n° 1377. Iniciou-se para fins de
Milho”64. Essa RDC revogou a Resolução CNNPA registro a exigência de proposta de LMR, exceto
nº 34/7665. para aqueles já estabelecidos ou se a autoridade
Quanto ao monitoramento de resíduos, a competente decidir não ser necessário fixá-los.
Resolução RDC nº 119/03 criou o Programa de Em 2005, com o decreto n° 5.351, houve uma
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimen- reestruturação do MAPA e a criação do Departa-
tos (PARA)66. Apesar de ter iniciado suas ativida- mento de Fiscalização de Insumos Pecuários
des em 2002, o PAMVet só foi oficialmente insti- (DFIP), dentro da Secretaria de Defesa Agropecuá-
tuído em setembro de 2003 pela RDC n° 25367. ria (SDA), com a responsabilidade de inspecionar
Por força de recomendação expedida pela e fiscalizar os produtos de uso veterinário e os
Procuradoria da República, após denúncia do destinados à alimentação animal78. Baseada nesse
IDEC, o MAPA, através da Portaria nº 808/03, decreto, foi instituída, em março de 2005, a Coor-
instituiu um GT composto por representantes denação de Controle de Resíduos e Contaminantes
de instituições dos setores agricultura e saúde e (CCRC), para implementar e monitorar os pro-
de universidades, a fim de analisar e reavaliar o gramas relacionados ao controle de resíduos e
uso das substâncias carbadox, olaquindox, ba- contaminantes em produtos agropecuários.
citracina de zinco, espiramicina, virginiamicina e Com a finalidade de estabelecer diagnóstico e
fosfato de tilosina como aditivos de rações para apresentar propostas para aperfeiçoar as ativi-
animais68, 69. A IN nº 11/04 baniu o uso do ola- dades de inspeção, fiscalização e controle dos
quindox como promotor de crescimento70, mas produtos de origem animal e vegetal destinados
de acordo com o relatório final do GT, ficou es- ao consumo humano, a Portaria Interministe-
2100
Spisso BF et al.

rial nº 220/05 instituiu um GT79. Os autores não e JMPR (Joint FAO/WHO Meeting on Pesticide
tiveram acesso às conclusões. Residues) para o estabelecimento de níveis máxi-
Ainda em 2005, o MPF de São Paulo reco- mos de resíduos para medicamentos veterinári-
mendou que a ANVISA criasse um GT para defi- os e pesticidas, respectivamente. Dentre as limi-
nir as diretrizes e parâmetros do impacto na saúde tações referentes aos dados e procedimentos atu-
pública do uso de produtos veterinários. Além almente disponíveis, foi citado, em relação aos
disso, solicitou que o MAPA fornecesse à agência resíduos de medicamentos veterinários, o fato
as informações necessárias sobre os produtos de que as diferentes raças dos animais dos países
registrados. O relatório do GT incluiu uma série de clima tropical e de clima temperado podem
de recomendações relativas à atribuição de com- ter diferentes perfis metabólicos. Além disso, os
petências à ANVISA a fim de regulamentar o 2° dados de consumo de alimentos usados pela JE-
parágrafo do Art. 25 do Anexo do Decreto n° CFA na avaliação da exposição baseiam-se em
5.053/0480. uma cesta teórica de alimentos calculada com base
Um outro GT foi criado pela Portaria do em informações sobre os hábitos de consumo
MAPA n° 40/06, visando reavaliar o emprego das fornecidas há décadas por poucos países. Embo-
substâncias avilamicina, flavomicina, enramici- ra esta abordagem leve a estimativas conserva-
na, monensina e maduramicina como aditivos doras da exposição crônica, ela não reflete a situ-
em produtos destinados à alimentação animal81. ação real. Portanto, uma nova abordagem, base-
Para estudar a situação brasileira quanto aos ní- ada na Ingestão Diária Estimada (IDE), derivada
veis de micotoxinas nesses mesmos produtos, da mediana dos valores de concentração nos te-
também foi criado, no mesmo ano, um GT82. A cidos, e não na Ingestão Diária Teórica Máxima
composição de ambos os grupos não incluiu re- (IDTM), foi proposta e adotada na 66a reunião
presentantes de órgãos de defesa do consumidor do JECFA, em fevereiro de 200685. Além disso,
e do meio ambiente. Não foi possível localizar não há um procedimento para o cálculo da in-
informações sobre o trabalho desses dois GTs. gestão aguda para substâncias com uma dose de
Um projeto de IN sobre um novo RT para o referência aguda estabelecida (ARfD) e não há
licenciamento de produtos antimicrobianos de dados de consumo adequados para esse tipo de
uso veterinário (em substituição à Portaria n° avaliação. Outro ponto levantado é que os da-
193/98) está em consulta pública. Nesse projeto, dos sobre resíduos são provenientes dos estudos
foram acrescentadas as quinolonas aos demais apresentados pelos patrocinadores86.
antimicrobianos que devem ser evitados como As avaliações de risco são utilizadas para sub-
aditivos alimentares, promotores de crescimen- sidiar as decisões quanto ao gerenciamento. No
to ou como conservantes de alimentos83. Brasil, a ANVISA e o MAPA dividem as respon-
sabilidades referentes aos riscos de agravo à saú-
de decorrentes da exposição humana a resíduos
Discussão de medicamentos veterinários e têm participado
das reuniões do CCRVDF, o comitê de gestão de
Lucchese84 relata que a avaliação do risco, etapa risco do Codex sobre o assunto, para melhor fun-
da análise de risco de natureza técnico-científica, damentar suas decisões. Entretanto, o gerencia-
é uma atividade estreitamente relacionada à ca- mento e a comunicação do risco no país têm se
pacidade de pesquisa e desenvolvimento em cada baseado muito mais nas consequências advin-
país, e como os países menos favorecidos têm das da não adequação a exigências internacio-
insuficiência nessa área, muitas vezes essa etapa nais do que propriamente na proteção à saúde
acaba sendo inviabilizada pela falta de recursos e da população brasileira.
são adotadas avaliações de riscos realizadas em O modelo atual existente para regular as re-
países desenvolvidos que nem sempre refletem lações produção-consumo de alimentos no Bra-
as características do país que a adotou. sil, com a divisão de atribuições entre ANVISA e
Um workshop conjunto organizado pela FAO, o MAPA, é fruto do passado histórico e continua
pelo Instituto Nacional de Saúde Pública e Ambi- acarretando, muitas vezes, conflitos de compe-
ental dos Países Baixos (The Netherlands Natio- tências e indefinições.
nal Institute for Public Health and the Environ- O PNCR, em seus subprogramas de monito-
ment, RIVM) e pela OMS, em novembro de 2005, ramento e de investigação nos Programas Seto-
discutiu a atualização dos princípios e métodos riais de Controle, define que as amostras são
de avaliação de risco usados pelo JECFA (Joint provenientes de estabelecimentos sob o Serviço
FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) de Inspeção Federal (SIF)60. Entretanto, a prática
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do abate clandestino ainda permanece, bem como microbianos registrados para uso na apicultura,
da produção e consumo de leite informal87. mas sem informações sobre períodos de carência.
Diversas deficiências foram apontadas no re- Como resposta aos pontos levantados pela
latório da penúltima visita da missão européia UE, a CCRC da Secretaria de Defesa Agropecuá-
ao Brasil, em 2005, para avaliação do controle de ria (SDA) esclareceu89 que:
resíduos e contaminantes em animais vivos e (1) o monitoramento de chumbo, cádmio,
produtos animais, incluindo o controle de medi- clortetraciclina, oxitetraciclina, tetraciclina, sulfa-
camentos de uso veterinário88. Nesse relatório, tiazol, sulfametazina, sulfadimetoxina e sulfaqui-
os técnicos da UE apresentaram um diagnóstico, noxalina em mel estava previsto para 2006 e que a
destacando alguns pontos: amostragem foi iniciada em novembro de 2005;
(1) ausência de programas de resíduos em mel; (2) a testagem de nitrofuranos e cloranfeni-
(2) não aprovação pela UE de um plano de col em ovos foi iniciada no final de 2005 e o esco-
resíduos em ovos, apesar da exportação; po de substâncias monitoradas seria ampliado
(3) falta de monitoramento de resíduos de em 2006;
substâncias exigidas pela legislação européia; (3) a CCRC e a Coordenação Geral de Apoio
(4) falhas no sistema da qualidade e dificul- Laboratorial (CGAL) vêm trabalhando para
dades de implantação de metodologias analíti- implementar as análises dos seguintes princípi-
cas nos laboratórios que compõem a rede oficial os: cloranfenicol, dimetridazóis, nicarbazina, car-
de laboratórios do MAPA; badox, olaquindox, espiramicina e tilosina em
(5) falta de confirmação de resultados de aná- músculo; ciromazina, espectinomicina, clopidol
lises de triagem de antimicrobianos; e lasalocida em ovos e flubendazol em ovos e
(6) não consideração do número de animais músculo. Ainda, o número de análises de resídu-
abatidos por estado na amostragem; os cresceu consideravelmente de 2004 para 2005;
(7) rastreabilidade inadequada e a diminui- (4) o CGAL está acompanhando a implemen-
ção da probabilidade de detecção de resíduos tação das ações corretivas e novos equipamen-
ao se efetuar a amostragem de leite em cami- tos foram adquiridos;
nhões-tanque; (5) as análises de confirmação por CLAE-
(8) ausência de controles regulares sobre medi- EM-EM deverão ser implantadas;
camentos de uso veterinário, tanto no nível de (6) a amostragem será revista, de modo a
procedimentos/clínicas veterinárias quanto em considerar a população animal;
fazendas, aliado ao fato de que não há exigência (7) é possível garantir a rastreabilidade, uma
de manutenção dos registros dos tratamentos vez que o estabelecimento deve fornecer a lista-
médicos e, ainda, à indisponibilidade ou desconhe- gem de todos os fornecedores do leite amostra-
cimento por alguns fazendeiros dos períodos de do no caminhão-tanque;
carência para vários medicamentos veterinários; (8) medidas serão tomadas para aperfeiçoar
(9) ausência de uma relação oficial, disponí- os sistemas de controle;
vel ao público, dos produtos de uso veterinário (9) o MAPA está elaborando no sítio do Mi-
registrados; nistério uma base de dados que deverá estar con-
(10) permissão de uso, em animais produto- cluída em novembro de 2006;
res de alimentos, de substâncias proibidas na UE, (10) o monitoramento da ractopamina é prio-
tais como arsenicais, ractopamina, fenilbutazo- ritário no PNCR 2006; somente o uso terapêuti-
na, tetramisol e somatotropina bovina (BST); co dos arsenicais é autorizado e eles são proibi-
(11) aprovação de uso do clembuterol em cava- dos no país como aditivos promotores de cresci-
los sem exigência de prescrição veterinária; (12) mento; a BST é indicada somente para gado lei-
autorização, como aditivos em ração, de certos teiro, não representando um risco à saúde se-
antibióticos já banidos na UE, tais como bacitra- gundo o Codex;
cina de zinco e espiramicina; (11) será criado um GT para avaliar quais
(13) adoção de LMRs recomendados pelo produtos de uso veterinário devem ser vendidos
Codex Alimentarius, que em alguns casos são exclusivamente com receituário médico-veteriná-
superiores aos adotados na UE; rio e também avaliar os controles de venda dos
(14) falta de dados concretos e confiáveis so- β-agonistas;
bre a distribuição e uso de produtos de uso vete- (12) um grupo de trabalho criado em 2003
rinário, o que dificulta a seleção e priorização das não chegou à conclusão de que os aditivos cita-
substâncias que devem ser monitoradas e dos causavam resistência microbiana;
(15) existência de três produtos à base de anti- (13) nos casos em que os LMRs são superio-
2102
Spisso BF et al.

res aos da UE, as metodologias serão revisadas O PAMVet, sob coordenação geral da ANVI-
de modo a possibilitar a verificação da confor- SA, tem como objetivo principal avaliar o poten-
midade. cial de exposição do consumidor a resíduos de
O MAPA esclareceu ainda que uma série de medicamentos veterinários pela ingestão de ali-
melhorias foi implementada desde a missão da mentos de origem animal adquiridos no comér-
UE de 2003, tais como a elaboração de um ma- cio. Dificuldades de implementação conforme sua
nual de procedimentos de controle e investiga- idealização, com a introdução sequencial de no-
ção nos casos de infrações relativas a resíduos; a vas matrizes, além do leite, são problemas a serem
implantação de um novo sistema de informa- enfrentados. Além disso, como as amostras cole-
ções referentes ao PNCR, o SISRES, para dina- tadas são produtos finais para o consumo, mui-
mizar a comunicação entre todas as organiza- tas vezes já processados, como no caso do leite
ções envolvidas no programa, de produtores a UAT e leite em pó, o sistema de rastreabilidade fica
laboratórios; a criação de um corpo consultivo comprometido, dificultando a identificação do res-
estadual, o Serviço de Inspeção de Produtos Agro- ponsável pelo eventual problema de contamina-
pecuários (SIPAG), pertencente à Superintendên- ção no início da cadeia produtiva. Por conseguin-
cia Federal de Agricultura (SFA)89. te, a adoção de medidas de controle capazes de
É óbvio que os motivos técnicos alegados pe- prevenir, eliminar ou reduzir a níveis aceitáveis os
los países importadores também são usados como resíduos presentes também fica prejudicada.
barreiras protecionistas a seus mercados. Entre- As deficiências analítico-laboratoriais perpas-
tanto, é fato que os avanços no sentido de mini- sam as redes de laboratórios oficiais existentes
mizar as deficiências têm sido alavancados por no país. Somente com investimentos públicos na
forte pressão das autoridades sanitárias dos paí- aquisição de instrumentos adequados, capacita-
ses importadores, principalmente da UE, incluin- ção de pessoal e acreditação segundo a norma
do até mesmo o embargo de produtos brasileiros, ISO/IEC 17025 é possível atingir o grau de exper-
como aconteceu com o mel em 2006. Há que se tise necessário à execução das complexas análises
reconhecer os grandes esforços e avanços alcan- de resíduos e contaminantes.
çados pelo MAPA nos últimos anos no que diz É direito do consumidor obter informações
respeito aos sistemas de gestão da segurança de sobre os riscos à saúde decorrentes do consumo
alimentos de origem animal. A última visita da de produtos e serviços. Assim, o aperfeiçoamen-
missão européia ao Brasil no começo deste ano to dos sistemas de informação, incluindo a dis-
detectou progressos significativos em relação a ponibilização, nos sítios dos órgãos reguladores,
2005, com a adoção de várias medidas para atacar da relação atualizada de todos os medicamentos
as deficiências apontadas na ocasião90. Entretan- e aditivos registrados, bem como a agilização e
to, algumas questões ainda precisam ser apro- atualização periódica dos informes sobre o an-
fundadas. Até hoje não há participação dos seto- damento e os resultados dos programas de mo-
res saúde e meio ambiente nas avaliações para fins nitoramento nacionais, seria um avanço em ter-
de registro de produtos de uso veterinário, bem mos de cidadania e transparência pública no país.
como de aditivos empregados na alimentação
animal. Ainda observam-se discrepâncias entre
períodos de carência mencionados em bulas para Considerações finais
produtos idênticos registrados no Brasil e na UE.
É competência da ANVISA o estabelecimento Uma vez que as ações de VS compreendem, além
de limites de resíduos e contaminantes para os dos instrumentos da legislação e da fiscalização e
alimentos de origem animal. Entretanto, ela de- controle sanitário de produtos, serviços e ambi-
cidiu não internalizar a resolução GMC relativa entes, a comunicação e atividades de educação
aos LMRs (Resoluçõa no 54/00) até que houvesse em saúde, torna-se evidente que nessa área a efe-
condições de verificar o seu cumprimento. Ape- tividade das ações só será alcançada mediante
sar das críticas e da internalização pelo MAPA entrosamento e ação conjunta de todas as orga-
dessa resolução, a ausência de um regulamento nizações governamentais e segmentos sociais en-
nacional a respeito não acarretaria na falta de volvidos na cadeia produtiva de alimentos, com
parâmetros, uma vez que, de acordo com o anti- compartilhamento das responsabilidades das
go, mas o ainda vigente Decreto-Lei no 986/69, autoridades federais, estaduais e municipais e
podem ser adotados normas e padrões interna- coordenação entre as estruturas de registro, fis-
cionalmente aceitos. calização e avaliação laboratorial. Só através da
2103

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articulação do setor saúde com os demais seto-
res igualmente comprometidos com a segurança
de alimentos será possível criar uma estrutura
adequada e eficaz para identificar, prevenir e eli-
minar ou minimizar os riscos à saúde humana
provenientes do uso de medicamentos veteriná-
rios em animais de produção.

Colaboradores

BF Spisso trabalhou na concepção teórica; AW


Nóbrega e MAS Marques, na revisão.

Agradecimentos

A Maria Elisabeth Peixoto Paz (INCQS) pela lo-


calização de referências.

Referências

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cional de Segurança Alimentar e Nutricional; 2004. bre alimentos. Diário Oficial da União 1969; 21 out.
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Geneva: FAO/WHO; 1993. 14. Brasil. Decreto nº 69.502. Dispõe sobre o registro, a
4. Brasil. Lei nº 1.283. Dispõe sobre a inspeção indus- padronização e a inspeção de produtos vegetais e
trial e sanitária dos produtos de origem animal. Diá- animais, inclusive os destinados à alimentação hu-
rio Oficial da União 1950; 19 dez. mana e dá outras providências. Diário Oficial da União
5. Brasil. Decreto nº 30.691. Aprova o novo Regula- 1971; 5 nov.
mento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produ- 15. Brasil. Decreto nº 73.116. Regulamenta a Lei nº 5.760,
tos de Origem Animal. Diário Oficial da União 1952; de 3/12/71, e dá outras providências. Diário Oficial
7 jul. da União 1973; 9 nov.
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Sanitária no Brasil. In: Rozenfeld S, org. Fundamentos e industrial dos produtos de origem animal e dá ou-
da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2000. tras providências. Diário Oficial da União 1971; 7 dez.
p. 15-40. 17. Brasil. Decreto nº 76.986. Dispõe sobre a inspeção e
7. Brasil. Decreto nº 49.974-A. Regulamenta, sob a de- a fiscalização dos produtos destinados à alimenta-
nominação de Código Nacional de Saúde, a Lei nº ção animal. Diário Oficial da União 1976; 7 jan.
2.312, de 3/9/54. Diário Oficial da União 1961; 28 jan. 18. Brasil. Lei nº 6.198. Dispõe sobre a inspeção e a
8. Brasil. Ministério da Agricultura. Portaria nº 609. fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à
Torna extensiva a proibição do emprego de hormô- alimentação animal e dá outras providências. Diário
nios determinada pela Portaria Ministerial n° 545, Oficial da União 1974; 27 dez.
de 5/7/61. Diário Oficial da União 1962; 22 ago. 19. Brasil. Decreto nº 5.053. Aprova o regulamento de
9. Brasil. Ministério da Agricultura. Portaria nº 2. Re- fiscalização de produtos de uso veterinário e dos
voga a Portaria Ministerial nº 609, de 14/8/62. Diário estabelecimentos que os fabriquem ou comerciem,
Oficial da União 1972; 12 jan. e dá outras providências. Diário Oficial da União
2004; 23 abr.
2104
Spisso BF et al.

20. Brasil. Decreto nº 78.713. Regulamenta a Lei nº 6.275, 35. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
de 1/12/75, acrescenta parágrafo único ao artigo 3º cimento. Instrução Normativa nº 36. Torna obriga-
da Lei nº 5.760, de 3/12/71 e dá outras providências. tória a venda sob prescrição de médico veterinário
Diário Oficial da União 1976; 11 nov. os produtos farmacêuticos de uso veterinário que
21. Brasil. Lei nº 6.275. Acrescenta parágrafo único ao contenham as substâncias listadas. Diário Oficial da
artigo 3° da Lei n° 5.760, de 03/12/71, e dá outras União 2002; 11 jun.
providências. Diário Oficial da União 1975; 1 dez. 36. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
22. Brasil. Decreto nº 79.056. Dispõe sobre a organiza- cimento. Instrução Normativa nº 17. Proíbe a admi-
ção do Ministério da Saúde e dá outras providênci- nistração, por qualquer meio, na alimentação e pro-
as. Diário Oficial da União 1976; 31 dez. dução de aves, de substâncias com efeitos tireostáti-
23. Brasil. Lei nº 7.889. Dispõe sobre a inspeção sanitá- cos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem
ria e industrial dos produtos de origem animal, e como de substâncias b-agonistas, com a finalidade
dá outras providências. Diário Oficial da União 1989; de estimular o crescimento e a eficiência alimentar.
24 nov. Diário Oficial da União 2004; 21 jun.
24. Brasil. Lei nº 6.437. Configura infrações à legislação 37. Brasil. Lei nº 8.078. Dispõe sobre a Proteção do Con-
sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e sumidor e dá outras Providências. Diário Oficial da
dá outras providências. Diário Oficial da União 1977; União 1990; 12 set.
24 ago. 38. Brasil. Lei nº 8.080. Dispõe sobre as condições para
25. Brasil. Decreto nº 4.725. Aprova o Estatuto e o Qua- a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
dro demonstrativo dos cargos em Comissão e das organização e o funcionamento dos serviços corres-
Funções Gratificadas da Fundação Oswaldo Cruz e pondentes e dá outras providências. Diário Oficial
dá outras providências. Diário Oficial da União 2003; da União 1990; 20 set.
10 jun. 39. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
26. Brasil. Ministério da Agricultura. Portaria nº 86. Cria Resolução RDC nº 4. Aprova o Regulamento Técni-
o Programa Nacional de Controle de Resíduos Bioló- co Glossário de Termos e Definições para Resíduos
gicos em Carnes. Diário Oficial da União 1979; 7 fev. de Medicamentos Veterinários. Diário Oficial da
27. Brasil. Ministério da Agricultura. Portaria nº 51. Dis- União 2001; 5 jan.
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7 fev. nição de prioridades aos Programas de Controle de
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Secretário de Defesa Agropecuária a responsabilida- Diário Oficial da União 2003; 30 jun.
de de coordenar a execução do PNCRB. Diário Ofi- 41. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cial da União 1995; 16 ago. cimento. Instrução Normativa nº 46. Adota o Regu-
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Revoga a Portaria nº 268. Diário Oficial da União to. Instrução Normativa nº 12. Adota o Regulamen-
1986; 28 nov. to Técnico Mercosul Metodologias Analíticas, In-
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32. Brasil. Ministério da Agricultura. Portaria nº 321. fiscalização de produtos de uso veterinário e dos
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Diário Oficial da União 1986; 9 jul. dá outras providências. Diário Oficial da União 1995;
33. Brasil. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. 9 out.
Portaria nº 51. Proíbe, em todo o território nacional, 44. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen-
a produção, importação, comercialização e o uso to. Portaria nº 448. Proíbe a fabricação, a importa-
de substâncias naturais ou artificiais, com atividade ção, a comercialização e o emprego de preparações
anabolizante, ou mesmo outras dotadas dessa ativi- farmacêuticas de uso veterinário, de rações e de adi-
dade, mas desprovidas de caráter hormonal, para tivos alimentares contendo cloranfenicol, furazoli-
fins de crescimento e ganho de peso dos animais de dona e nitrofurazona, em animais cujos produtos
abate. Diário Oficial da União 1991; 27 maio. sejam destinados à alimentação humana. Diário Ofi-
34. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen- cial da União 1998; 11 set.
to. Instrução Normativa nº 10. Proíbe a importação, 45. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
a produção, comercialização e o uso de substâncias cimento. Instrução Normativa nº 38. Proíbe a fabri-
naturais ou artificiais, com atividade anabolizante, cação, a importação e a comercialização de cloran-
ou mesmo outras dotadas dessa atividade, mas des- fenicol, de nitrofuranos e de produtos que conte-
providas de caráter hormonal, para fins de cresci- nham estes princípios ativos, para uso em prepara-
mento e ganho de peso em bovinos de abate. Diário ções de insumos utilizados na pecuária nacional.
Oficial da União 2001; 30 abr. Diário Oficial da União 2002; 9 maio.
2105

Ciência & Saúde Coletiva, 14(6):2091-2106, 2009


46. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- 57. Brasil. Lei nº 9.782. Define o Sistema Nacional de
cimento. Instrução Normativa nº 9. Proíbe a fabri- Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vi-
cação, a manipulação, o fracionamento, a comerci- gilância Sanitária, e dá outras providências. Diário
alização, a importação e o uso dos princípios ativos Oficial da União 1999; 27 jan.
cloranfenicol e nitrofurano. Diário Oficial da União 58. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
2003; 30 jun. Resolução RDC nº 19. Importação de alimentos in-
47. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.428. Apro- dustrializados de origem belga que tenham na sua
va, na forma dos textos anexos, o “Regulamento Téc- composição carne suína, carne de aves, ovos e deri-
nico para Inspeção Sanitária de Alimentos”, as “Di- vados destes produtos, devem ser apresentar o Cer-
retrizes para o Estabelecimento de Boas Práticas de tificado Sanitário Oficial e a Declaração Oficial acom-
Produção e de Prestação de Serviços na Área de panhado da tradução para o português. Diário Ofi-
Alimentos” e o “Regulamento Técnico para o Esta- cial da União 1999; 22 nov.
belecimento de Padrão de Identidade e Qualidade 59. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
(PIQs) para Serviços e Produtos na Área de Alimen- Resolução RDC nº 81. Revoga a Resolução RDC nº
tos”. Diário Oficial da União 1993; 2 dez. 19, de 19/11/99. Diário Oficial da União 2000; 8 set.
48. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.565. Define 60. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen-
o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e sua to. Instrução Normativa nº 42. Altera o PNCR e leva
abrangência, esclarece a competência das três esfe- a público a programação anual: Programas de Con-
ras de governo e estabelece as bases para a descen- trole de Resíduos em Carnes – PCRC, Mel – PCRM,
tralização da execução de serviços e ações de vigi- Leite – PCRL e Pescado - PCRP. Diário Oficial da
lância em saúde no âmbito do SUS. Diário Oficial da União 1999; 22 dez.
União 1994; 29 ago. 61. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen-
49. Brasil. Ministério da Agricultura, do Abastecimento to. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Nor-
e da Reforma Agrária. Portaria nº 183. Adota Regu- mativa nº 3. Reedita o PNCRB. Altera o PCRBC.
lamento Técnico MERCOSUL sobre Limites Máxi- Aprova os Programas de Controle de Resíduos Bio-
mos de Aflatoxinas Admissíveis no Leite, Amendoim lógicos em Mel, Leite e Pescado e dá outras provi-
e Milho. Diário Oficial da União 1996; 25 mar. dências. Diário Oficial da União 1999; 17 fev.
50. Brasil. Ministério da Agricultura, do Abastecimento 62. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
e da Reforma Agrária. Portaria n° 301. Aprova as Resolução RDC nº 5. Cria Grupo de Trabalho sobre
normas complementares a serem observadas pelos Medicamentos Veterinários em Alimentos. Diário
estabelecimentos que fabriquem e/ou comerciem Oficial da União 2000; 27 jan.
produtos de uso veterinário. Diário Oficial da União 63. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
1996; 19 abril. cimento. Portaria n° 31. Determina o cancelamento
51. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen- dos registros, na área de alimentos para animais, de
to. Portaria nº 74. Aprova os roteiros para elabora- todos produtos formulados com princípios ativos à
ção de relatórios técnicos visando o registro de pro- base de arsenicais e antimoniais. Diário Oficial da
dutos: biológicos, farmacêuticos, farmoquímicos, e União 2002; 5 fev.
de higiene e/ou embelezamento de uso veterinário. 64. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Diário Oficial da União 1996; 19 jun. Resolução RDC nº 274. Aprova o Regulamento Téc-
52. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen- nico Sobre Limites Máximos de Aflatoxinas Admis-
to. Portaria nº 48. Aprova o Regulamento Técnico, síveis no Leite, no Amendoim, no Milho. Diário
em anexo, elaborado pelo Departamento de Defesa Oficial da União 2002; 16 out.
Animal a ser observado na produção, no controle e 65. Brasil. Ministério da Saúde. Divisão de Organização
no emprego de antiparasitários de uso veterinário. Sanitária. Comissão Nacional de Normas e Padrões
Diário Oficial da União 1997; 16 maio. para Alimentos (CNNPA). Resolução CNNPA nº 34.
53. Brasil. Ministério da Agricultura e do Abastecimen- Fixa para os alimentos, tolerâncias de 30ppb (trinta
to. Portaria nº 193. Aprova o Regulamento Técnico partes por bilhão) para as Aflatoxinas, calculada pela
para o licenciamento e a renovação de licença de soma dos conteúdos das aflatoxinas B1 e G1. Diário
antimicrobianos de uso veterinário. Diário Oficial da Oficial da União 1977; 19 jan.
União 1998; 13 maio. 66. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
54. Brasil. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n° Resolução RDC nº 119. Cria o Programa de Análise
490. Institui Grupo de Trabalho para concluir os de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos – PARA.
estudos de avaliação de risco à saúde humana de- Diário Oficial da União 2003; 22 maio.
corrente do uso da Avoparcina na área veterinária, 67. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
integrado por especialistas representantes dos ór- Resolução RDC nº 253. Cria o Programa de Análise
gãos e entidades relacionados. Diário Oficial da União de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Ali-
1998; 30 jun. mentos de Origem Animal – PAMVet. Diário Oficial
55. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância da União 2003; 18 set.
Sanitária. Portaria nº 685. Aprova o Regulamento 68. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
Técnico: “Princípios Gerais para o Estabelecimento cimento. Portaria nº 808. Institui Grupo de Trabalho
de Níveis Máximos de Contaminantes Químicos em para analisar e reavaliar o uso das substâncias quí-
Alimentos” e seu Anexo: “Limites máximos de tole- micas Carbadox, Olaquindox, Bacitracina de Zinco,
rância para contaminantes inorgânicos”. Diário Ofi- Espiramicina, Virginiamicina e Fosfato de Tilosina
cial da União 1998; 28 ago. como aditivos de rações para animais. Diário Oficial
56. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância da União 2003; 10 nov.
Sanitária. Portaria nº 819. Dá conhecimento público
às conclusões do Grupo de Trabalho sobre a Avo-
parcina. Diário Oficial da União 1998; 19 out.
2106
Spisso BF et al.

69. Instituto de Defesa do Consumidor. Idec e MP con- 80. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Re-
tra uso de substância cancerígena em ração. IDEC latório Técnico do GT sobre a regulamentação do pará-
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ago 23]. Disponível em: http://www.idec.org.br “Regulamento de Fiscalização de Produtos de Uso Vete-
70. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- rinário e dos Estabelecimentos que os Fabriquem ou
mento. Instrução Normativa nº 11. Proíbe a fabrica- Comerciem”. Brasília: Agência Nacional de Vigilân-
ção, a importação, a comercialização e o uso da subs- cia Sanitária; 2005.
tância química denominada Olaquindox, como aditi- 81. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
vo promotor de crescimento em animais produtores cimento. Portaria nº 40. Institui GT para atualizar os
de alimentos. Diário Oficial da União 2004; 25 nov. estudos técnico-científicos sobre aditivos alimenta-
71. European Commission. Commission Regulation (EC) res utilizados em rações para animais. Diário Oficial
No 2.788/1998. Amending Council Directive No 70/ da União 2006; 9 fev.
524/EEC concerning additives in feedingstuffs as re- 82. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
gards the withdrawal of authorization for certain gro- cimento. Portaria nº 130. Institui o GT sobre Mico-
wth promoters. Off. J. Eur. Communities 1998; 23. toxinas em produtos destinados à alimentação ani-
72. Food and Agriculture Organization. World Health mal. Diário Oficial da União 2006; 25 maio.
Organization. Codex Alimentarius Commission. Re- 83. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
port of the 28th Session of the Joint FAO/WHO Codex mento. Portaria n° 29. Submete à consulta pública
Alimentarius Commission [Alinorm 05/28/41, Appen- pelo prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de
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Organization. Codex Alimentarius Commission. Re- uso veterinário. Diário Oficial da União 2007; 31 jan.
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60th meeting of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives. 66th meeting (Residues of veteri-
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75. Instituto de Defesa do Consumidor. Idec e Procura- 86. Food and Agriculture Organization. World Health
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77. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- minants in live animals and animal products, in-
cimento. Instrução Normativa nº 13. Aprova o Re- cluding controls on veterinary medicinal products.
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78. Brasil. Decreto nº 5.351. Aprova a Estrutura Regimen- 2005 to evaluate national programme on residues and
tal e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comis- contaminants in animals and animal products. [aces-
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dências. Diário Oficial da União 2005; 24 jan. 90. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
79. Brasil. Portaria Interministerial nº 220. Cria GT Inter- cimento. Missão Européia deve recomendar suspen-
ministerial com a finalidade de estabelecer diagnósti- são do embargo ao mel brasileiro. 18 de abril de
co e apresentar propostas para aperfeiçoar as ativida- 2007. [acessado 2007 abr 23]. Disponível em: http://
des de inspeção, fiscalização e controle dos produtos www.agricultura.gov.br
de origem animal e vegetal destinados ao consumo
humano. Diário Oficial da União 2005; 30 mar.

Artigo apresentado em 10/08/2007


Aprovado em 16/12/2007
Versão final apresentada em 27/01/2008

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