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Unidade 1 A preocupação com a segurança de alimentos é, ao mesmo tempo,

uma estratégia de permanência no mercado e uma demanda do


consumidor” (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O que é saúde?
Segundo a Constituição da Organização Mundial da Saúde Em outras palavras, segurança dos alimentos tem a ver com a renda
(OMS/WHO) – 1946: e a informação de que as pessoas dispõem para que possam ter acesso aos
“A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não alimentos em quantidades adequadas e de forma a atender às suas
consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade. Gozar do melhor necessidades nutricionais, levando em conta sua cultura alimentar e a
estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos necessidade de preservar a saúde e o meio ambiente (ANVISA - Guia de
fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, de religião, de Alimentos e Vigilância Sanitária).
credo político, de condição econômica ou social.”
O objetivo da segurança dos alimentos é a proteção e preservação
O que é um alimento seguro? da saúde humana dos riscos representados pela presença de perigos nos
Dentre os fatores essenciais que caracterizam qualitativamente os alimentos. Dentre os componentes responsáveis pela segurança dos
produtos alimentícios, a segurança é de extrema relevância. Atualmente, alimentos destaca-se: a qualidade das matérias-primas; adequada
muitas empresas já têm consciência disso e se preocupam em produzir industrialização, distribuição e comercialização; sistema de controle de
produtos seguros e de qualidade, sem que os mesmos percam suas qualidade implantado; legislação alimentar; auditoria e vigilância sanitária.
características nutricionais e funcionais. Vale reforçar que um alimento Pode-se dizer que a Segurança dos Alimentos é o conjunto de estudos
isento de qualquer agente patogênico ou de suas toxinas é uma atribuição ligados à Ciência tratando de: Preparo, Conservação, Transporte,
primária de segurança na manipulação de alimentos. Embalagem, Preservação, Cocção, Contaminação, Manipulação,
Processamento, Armazenamento e outras operações visando manter e tornar
Alimento seguro é aquele que, além de apresentar as propriedades o alimento seguro para consumo.
nutricionais esperadas pelo consumidor, não causa danos à saúde, não tira
o prazer que o alimento deve lhe oferecer, não lhe rouba a alegria de se Ter segurança dos alimentos consiste em ter garantido o direito de acesso
alimentar correta, segura e inteligentemente (REVISTA HIGIENE regular e permanente aos alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
ALIMENTAR, 2012). aliado a práticas alimentares que promovam a saúde e sejam sustentáveis
do ponto de vista ambiental, cultural, econômico e social (ANVISA –
Alimento seguro está relacionado ao controle higiênico sanitário Seminário Internacional sobre Sistemas de Inocuidade de Alimentos, 2009 –
dos alimentos, o assunto é estudado dentro do tema Segurança Alimentar. Brasília).
Este tema além das questões sanitárias envolve outros aspectos relacionados
à alimentação.
Tipos de Perigos e Contaminação
Segurança dos Alimentos Inicialmente, vamos simplificar o conceito de perigo. Entende-se por
No Brasil, a segurança dos alimentos é definida como “o termo perigo, qualquer contaminação em alimentos que possa afetar sua
usado para se referir à prática de medidas que permitam o controle da inocuidade ou qualidade (deterioração), como presença de objetos
entrada de qualquer agente que promova risco à saúde ou integridade estranhos (cabelos, metal, vidro, plástico), resíduos de produtos químicos de
física do consumidor. Portanto, ela é consequência do controle de todas as limpeza ou inseticida ou pesticida, ou ainda uma contaminação biológica,
etapas da cadeia produtiva, desde o campo até a mesa do consumidor.
isto é, crescimento ou sobrevivência de microrganismos e produção de divididos em parasitas, vírus, bolores, leveduras e
toxinas nos alimentos. bactérias. Utilizam outros seres vivos como homens,
animais e insetos e até mesmo o vento para
contaminarem outros locais. Alguns microrganismos
Perigos físicos apenas alteram os alimentos no que se referem as suas
Em relação aos danos à saúde, os perigos físicos têm uma relevância menor características sensoriais, como cor, sabor e odor.
do que aqueles causados por microrganismos. Porém, eles são perigosos Outros, classificados como patogênicos, que ao
para os consumidores, em especial para grupos de risco (crianças, gestantes contaminarem alimentos e/ou produzirem toxinas nos
e imunodeprimidos) e podem trazer consequências drásticas aos produtores mesmos, fazem mal ao homem, ocasionando as
de alimentos, como, por exemplo, indenizações e perda de credibilidade no chamadas doenças transmitidas por alimentos.
mercado. Ressalta-se que a qualidade microbiológica dos
Ressalta-se nesse caso, a necessidade de cada empresa ter seu próprio alimentos e do ambiente é definida, primeiramente,
programa de manutenção preventiva dos equipamentos com o pelo número e tipo de microrganismo presente no
acompanhamento, se possível, dos operadores envolvidos, isso ajudará com alimento, chamado de contagem inicial, e
a prevenção de falhas, quebras dos equipamentos e liberação de partes posteriormente pela multiplicação destes
de equipamentos (parafusos, molas, lascas de metal). microrganismos no alimento ou ambiente.
Por conseguinte, a qualidade das matérias-primas e a
Perigos químicos higiene dos manipuladores e das áreas de processamento
São contaminantes de natureza química, resíduos ou produtos de estão ligadas à contaminação, enquanto que o tipo de
degradação que, em um primeiro momento, passam despercebidos e seus alimento e as condições ambientais irão favorecer ou
efeitos podem ser em longo prazo (crônicos), cumulativos ou em curto não a multiplicação dos microrganismos.
prazo (agudos).
O "Dossiê ABRASCO Parte 1 – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e
Nutricional e Saúde" mostra que um terço dos alimentos consumidos Fatos interessantes sobre os microrganismos
cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos, 1. Fungos – bolores e leveduras: bolores crescem na superfície do
segundo análise de amostras coletadas em todas as 26 unidades federativas alimento em contato com o ar, alteram a cor, sabor, cheiro e textura dos
do Brasil, realizada pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos alimentos. Enquanto que as leveduras são fungos que crescem em
em Alimentos (PARA) da ANVISA (2011). alimentos ácidos e/ou com muito açúcar (como frutas, doces em caldas,
picles, salsichas a vácuo, carnes, leite e derivados). Alteram o sabor, cor
Perigos biológicos e textura dos alimentos.
Macrobiológico Moscas, caramujos, pulgões, lesmas. Nem sempre 2. Vírus: podem ser transmitidos através do sangue, secreções, pela água e
representam risco à saúde do consumidor, com exceção alimentos contaminados. Ex.: vírus da hepatite A, norovírus, astrovírus
de alguns insetos venosos. e rotavírus.
3. Bactérias: num ambiente favorável, as bactérias se reproduzem
Microbiológico Os microrganismos são seres vivos muito pequenos, rapidamente. Uma única bactéria pode duplicar-se a cada vinte minutos
visíveis somente através de microscópio. Estão e, assim, em apenas 24 horas terão milhões de bactérias.
4. Parasitas: chamados de vermes, como ameba, oxiúro, lombriga, Fatores relacionados ao crescimento/multiplicação de
giárdia, solitária.
microrganismos
Os microrganismos necessitam de condições adequadas para sua
multiplicação no alimento, estas condições podem ser divididas em dois
grandes grupos como descrito no quadro a seguir:

 Fatores ligados à presença, ao número e à proporção dos


microrganismos nos alimentos:
o Qualidade do substrato;
o Crescimento micro-orgânico pré-existente;
o Contaminação posterior do alimento;
o Tratamento de prevenção e conservação;
o Agentes químicos bacteriostáticos, bactericidas, aditivos e
substâncias acidentais.

 Fatores reguladores do crescimento de microrganismos nos


alimentos:
o Valor nutritivo;
Nem todos os microrganismos são ruins para o homem. Alguns o Temperatura;
chamados de produtores de alimentos, quando presentes na comida ou o pH;
adicionados a uma preparação, produzem alterações sensoriais (cor, sabor, o Umidade (Aw);
textura, odor) nos mesmos a partir de reações químicas com ou sem auxílio o Potencial oxi-redução;
de grandes tecnologias. Como exemplo, temos: pães, vinhos, embutidos o Estrutura Biológica;
cárneos (salames). Os alimentos disponibilizados para o consumo da o Interação dos microrganismos;
população não podem ser submetidos a qualquer risco de contaminação ou o Substâncias inibidoras;
deterioração. Por isso, todas as etapas da cadeia alimentar precisam ser o Temperatura de armazenamento;
monitoradas como demonstrado na imagem acima. o Umidade relativa;
Uma das principais causas de surtos de doenças de origem o Presença e concentração de gases.
alimentar é o despreparo dos manipuladores de alimentos, que poderia ser
solucionado com um programa de capacitação e monitoramento constante
das etapas do processo produtivo. A capacitação e o monitoramento Doenças transmitidas por alimentos
também são de grande valia no que se refere à prevenção e controle do risco A falha no processamento dos alimentos poderá contaminá-los e
de ocorrência de uma contaminação intencional, nenhuma empresa está gerar as denominadas Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA´s).
livre de mão de obra mal intencionada ou insatisfeita. Para as empresas, a contaminação e/ou deterioração dos alimentos gera
prejuízos financeiros, perda de tempo e prejuízo à imagem.
Nenhuma indústria ou UAN no Brasil ou fora do país está livre da Exemplos: Salmonella, Staphylococcus aureus, Clostridium
ameaça de sofrer com falhas no processo e gerar as doenças transmitidas perfringens.
por alimentos (DTA´s). Estas possuem sintomas e sinais, como: mal-estar,
náuseas, dor de cabeça, diarreia, desinteria, cólicas abdominais e febre. Em O período de incubação e a dose infecciosa também influenciam na
casos mais severos, podem gerar infecção generalizada e parada caracterização das DTA´s. Entende-se por período de incubação o intervalo
respiratória. de tempo entre o consumo de alimentos e o aparecimento dos primeiros
Os problemas decorrentes de alimentos contaminados ou sintomas da doença, podendo variar de alguns minutos, até horas e dias. Na
deteriorados, assim como a alimentação desbalanceada com agravos à intoxicação, os sintomas aparecem mais cedo por conta da presença da
saúde, atingem de forma muito mais drástica os setores excluídos, toxina no produto.
marginalizados e de baixa renda da população. A dose infecciosa refere-se à quantidade do microrganismo que
Isto vem se agravando à medida que a população depende cada vez precisa ser consumida para provocar sintomas de intoxicação ou infecção
mais de refeições produzidas fora do domicílio e aumenta o consumo de alimentar.
alimentos gordurosos e de origem animal. No caso das crianças e idosos,
a maior parte das mortes por desnutrição vem associada a doenças causadas
pela contaminação e ou deterioração dos alimentos (MALUF et. al., 1996).

Podemos classificar as DTA´s em três tipos conforme a seguir:


 Intoxicações – causadas pela ingestão de alimentos contendo toxinas
produzidas por microrganismos específicos durante a multiplicação
deste microrganismo patogênico no alimento.
Exemplos: Clostridium botulinum, Staphylococcus aureus, Bacillus
cereus forma emética e os fungos produtores de micotoxinas. A maioria
dos casos é consequência de falha humana (falta de higiene) ou por
falhas no processo produtivo.

 Infecções – causadas pela ingestão de alimentos contaminados por


microrganismos patogênicos. Estes aderem à mucosa do intestino e
começam a se multiplicar.
Exemplos: Salmonella, Shigella, Escherichia coli invasora, Yersinia
enterocolitica.

 Toxinfecção alimentar – neste tipo de DTA, o produto está


contaminado pela toxina e pelo microrganismo. Um caso pode diferir de
outro visto que os sintomas são diferentes de um microrganismo pra
outro, assim como ser influenciado pela contagem inicial desse
microrganismo e pela quantidade de toxina presente.
Cabe lembrar que a utilização de produtos de limpeza e de
sanitização devem atender às determinações da legislação higiênico-
sanitária e as especificidades apresentadas pelos fabricantes nos rótulos das
embalagens ou através de laudo técnico. Devem ser armazenados separados
da comida, em recipientes claramente identificados para evitar o risco de
contaminação.
Unidade 2
HIGIENE

Esta expressão “higiene dos alimentos” pode ser entendida como


a produção de alimentos limpos e seguros, isentos de contaminação.

De uma forma geral, é necessário que as equipes tenham em mente


que as condições da matéria-prima ao chegar ao restaurante, a higiene e o
cuidado dos manipuladores com o alimento, as condições físicas, de
limpeza e higiene do estoque e modos de estocagem, além da limpeza de
cozinhas e equipamentos são primordiais para assegurar uma boa higiene
dos alimentos.
O processo de higienização compreende um conjunto de ações
que tem por objetivo inibir a proliferação microbiana e tornar a área
de produção segura. No processo de higienização ocorre a limpeza do
ambiente e dos equipamentos com a aplicação de agentes químicos e
mecânicos para a remoção de resíduos.
Um bom processo de higienização é aquele que elimina as
sujidades visíveis e não visíveis e garante a destruição de microrganismos
patogênicos e de deterioração até níveis que não coloquem a saúde dos Veja todas as etapas abaixo:
consumidores em risco e que não prejudiquem a qualidade do produto.
Um cuidado especial neste processo é garantir que 100% do produto Pré-Lavagem
químico utilizado seja eliminado ao final do procedimento, zero resíduo.  A pré-lavagem remove 90% da sujeira aderida e tem como objetivo
Falhas no processo de higienização podem causar danos à saúde do reduzir a quantidade de resíduos que permanecem aderidos após
consumidor como intoxicações e queimaduras, vide exemplos que já drenagem ou raspagem.
foram abordados pela mídia a respeito de achocolatados, produtos à base de  Uso de água ligeiramente aquecida: 40 a 60 oC;
soja, entre outros.  Continuar até que a água na saída esteja limpa.
As Indústrias de Alimentos e Unidades de Alimentação (UAN)
devem ter muito bem descritos os Procedimentos de Higienização Limpeza com detergentes
(PPHO), para que a execução seja bem feita e assim se tenha alimentos A utilização de detergente tem o objetivo de reduzir o tamanho e
seguros. remover as sujidades. O detergente ideal é aquele que tem solubilidade
rápida e completa, não é corrosivo à superfície de metais e não é irritante à
pele, tem propriedade enxaguante, ação germicida, é atóxico, estável deterioração, e pelo nível de estabilidade desejado para o produto final.
durante o armazenamento e não é higroscópico. Veja um exemplo:
A indicação do tipo de detergente está condicionada à natureza da
sujidade ou do resíduo a ser removido e à qualidade da superfície dos  Branqueamento: consiste em um tratamento prévio que utiliza
equipamentos. Na composição dos detergentes entram um ou mais água fervente ou vapor por um tempo e uma temperatura pré-
constituintes, que lhes dão características para o cumprimento de cada uma estabelecidos, tendo como finalidade inativar enzimas responsáveis
de suas finalidades. por reações de deterioração, que causam alterações sensoriais e
Os diferentes elementos químicos dentro de outras funções são nutricionais (CORREIA et al., 2008).
destinados a emulsionar ou dispersar as substâncias graxas depositadas,
provocar a umectação da periferia da sujidade e chegar à interface de
contato entre a sujidade e o resíduo, visando a separação de ambos Tindalização
(EVANGELISTA, 2000). Após o acondicionamento em recipiente fechado, o produto é
submetido ao tratamento térmico. Dependendo de cada produto e do rigor
Enxágue com água quente térmico desejado, as temperaturas variam de 60 a 90ºC, durante alguns
Remoção dos resíduos de detergentes através da passagem de água minutos. As células bacterianas que se encontram na forma vegetativa são
de processo. Atenção à temperatura da água e utilização de destruídas, porém os esporos sobrevivem. Depois do resfriamento, os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI`s). esporos entram em processo de germinação e depois de 24 horas a operação
é repetida. O número de operações pode variar de 3 a 12 vezes até a
Sanificação obtenção da esterilização completa. A vantagem desse processo é que
É a etapa que visa à redução do número de microrganismos ainda podem ser mantidos praticamente todos os nutrientes e as qualidades
presentes na superfície limpa para níveis aceitáveis. organolépticas do produto, em proporções maiores do que quando se
 Aspersão; utilizam outros tipos de tratamentos térmicos (LOPES, 2011).
 Imersão;
 Nebulização. Pasteurização
Neste processo, ocorre o extermínio parcial da flora banal, a
Métodos de conservação de alimentos eliminação total da flora microbiana patogênica e a inativação de enzimas
prejudiciais. É um tratamento térmico relativamente suave (temperaturas
Os métodos de conservação dos alimentos têm como princípios a inferiores a 100ºC) que promove o prolongamento da vida útil dos
prevenção ou retardamento da decomposição do alimento por ação dos alimentos durante vários dias ou meses. A temperatura de pasteurização e
microrganismos ou por inativação de enzimas e a prevenção de danos o tempo de duração utilizado dependem da carga de contaminação do
provocados por insetos, outros animais ou causas mecânicas. produto e das condições de transferência de calor através do mesmo. O
tratamento térmico pode ser feito de duas formas: pasteurização lenta –
Conservação pelo Calor LTLT (62-65ºC/30min) e pasteurização rápida – HTST (72-75ºC/15-20s).
O uso de calor para conservar alimentos tem por objetivo a redução (CORREIA et. al., 2008). Entretanto, não destrói todas as formas
da carga microbiana e a desnaturação de enzimas. A escolha do método é vegetativas presentes.
influenciada pela termoressistência do alimento, pela sua suscetibilidade à
Esterilização
Este processo consiste em uma operação unitária, na qual os O congelamento consiste em reduzir a temperatura do alimento para
alimentos são aquecidos a uma temperatura suficientemente elevada, abaixo do seu ponto de congelamento, no qual uma proporção elevada
durante minutos ou segundos, promovendo a destruição total de de água muda de estado físico, formando cristais de gelo. As
microrganismos e inativação de enzimas capazes de deteriorar o produto temperaturas utilizadas são baixas o suficiente para reduzir ou
durante o armazenamento. A esterilização dos alimentos envasados provoca paralisar a deterioração causada pelos microrganismos, enzimas ou
modificações tanto no seu valor nutritivo como nas suas características agentes químicos, como o oxigênio.
sensoriais. Para definir o tempo de tratamento que deverá ser aplicado, O congelamento é um dos melhores métodos para se manter a cor, o
faz-se necessário conhecer a resistência térmica, tanto dos microrganismos aroma e a aparência de muitos alimentos. No entanto, apesar de ser
como das enzimas presentes, a velocidade de penetração de calor no considerado o mais recomendado para conservar alimentos por longos
alimento, o seu estado físico e as propriedades térmicas do alimento e do períodos, suas vantagens podem ser afetadas pelos efeitos deletérios ao
material de envase (CORREIA et. al., 2008). produto.
Isso pode ser explicado pelo fato de que no congelamento lento há a
Apertização formação de grandes cristais de gelo, pontiagudos, que provocam o
Corresponde ao aquecimento do produto já elaborado (esterilização rompimento das estruturas celulares, tendo como consequência a perda
comercial), envasados em latas, vidros, plásticos autoclaváveis e de suco celular e, portanto, redução do valor nutricional, durante o
relativamente isentos de ar. descongelamento.
Em oposição, o congelamento rápido evita a formação de grandes
Conservação pelo Frio cristais de gelo e a ruptura de membranas celulares, mantendo o valor
nutricional do alimento (CORREIA et. al., 2008).
O uso de baixas temperaturas tem por objetivo retardar o crescimento Uma questão a se considerar é que no processo de congelamento, as
microbiano e as reações químicas. Para garantir a retenção das toxinas pré-existentes e os esporos não são afetados por baixas
propriedades sensoriais e nutricionais do produto, é imprescindível que temperaturas
ele seja mantido em temperaturas adequadas durante o transporte,
distribuição e estocagem. Manter a cadeia de frio encarece o custo do Conservação por controle de umidade
produto e é por isso que se deve prestar bastante atenção no momento da A conservação por controle de umidade consiste na retirada de
compra no ponto de venda. água do alimento, ou seja, na desidratação, que reduz a atividade de água
para diminuir as alterações causadas por ação microbiana. Então, ocorre a
 Refrigeração diminuição do conteúdo de água até o ponto em que acontece a inibição
O processo de refrigeração ocorre em temperaturas entre -1ºC a 10ºC. dos microrganismos deteriorantes e patogênicos.
Neste processo duas condições são consideradas: a temperatura
empregada e o tempo em que o produto é mantido sob esta temperatura. A secagem pode ser natural (exposição do produto ao sol e vento, por
A refrigeração não elimina os microrganismos existentes, ela apenas exemplo, uvas, coco, peixes e carnes) ou controlada (empregada para
retarda a multiplicação deles. Outros métodos de conservação são reduzir o conteúdo de umidade a níveis aceitáveis para armazenamento). A
empregados em conjunto com a refrigeração (embalagens a vácuo, escolha do tipo de secagem vai depender das qualidades a serem mantidas,
salga, defumação). da sensibilidade do alimento à injúria térmica, bem como das
características de reidratação e dos custos do processo.
 Congelamento
1. Secagem natural: a secagem natural é empregada como atividade Esse processo é utilizado para carnes bovinas, pescados e embutidos,
caseira e industrial, aplicada para a produção de diversas frutas, com o objetivo de aumentar o prazo de validade. As essências aromáticas
hortaliças, carnes e pescado. A carne seca (charque) resultado da da madeira, ao serem liberadas pela combustão, são absorvidas pelo
exposição de mantas em varais de carne bovina é um exemplo alimento.
bastante conhecido no Brasil.
2. Secagem por ar aquecido: a secagem convencional por ar aquecido A defumação, por si só, não atua 100% no processo de conservação,
é realizada em secadores cujo sistema baseia-se na circulação de ar devendo ser sempre aliada a outras técnicas. No caso das carnes, por
aquecido, combinando, dessa forma, transferência de calor exemplo, o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos
(aquecimento do produto) e de massa (remoção da umidade). de Origem Animal (RIISPOA) define os produtos defumados como
3. Liolifização: é um processo de remoção de umidade que combina aqueles que, após o processo de cura, são submetidos à defumação, para
congelamento, sublimação de gelo e, secagem a vácuo. Preserva a lhes dar cheiro e sabor característicos, além de um maior prazo de vida
cor, o aroma, o sabor, a forma e os nutrientes. Garante uma boa comercial por desidratação parcial (BRASIL, 1952). Portanto, para
conservação dos alimentos. Neste processo, a água é eliminada do segurança do consumidor, os produtos cárneos devem ser curados
alimento por sublimação. O alimento é congelado e no liofilizador, previamente (LOPES, 2011).
sob vácuo, ocorre a desidratação. O sistema de vácuo deve reduzir a
pressão para 1mmHg, condição que deve ser mantida até o final da Conservação por fermentação
secagem (CELESTINO, 2010). Baseia-se no antagonismo entre espécies microbianas, em que uma
É um processo de alto custo, porém as perdas de nutrientes são ou mais espécies inibem as demais, por meio da competição por nutrientes e
mínimas e o produto seco tem rápida reidratação. da produção de metabólitos antimicrobianos a partir de substratos
4. Atomização (spray-drying): tem como objetivo transformar presentes no alimento. Tais metabólitos, geralmente ácidos orgânicos,
alimentos líquidos em pó, envolve a pulverização de um alimento álcoois e CO2 limitam o crescimento da flora patogênica e/ou deterioradora.
líquido, formando gotículas que são lançadas em uma câmara
fechada. Existem três tipos de fermentação:
5. Desidratação osmótica: a desidratação osmótica é uma técnica 1. Fermentação alcoólica – esta fermentação produzida por leveduras
bastante útil na conservação de frutas e vegetais, submetendo o é o resultado da decomposição de açúcares em álcool e anidrido
alimento sólido, inteiro ou em pedaços, a soluções aquosas (sais ou carbônico.
açúcares) com alta pressão osmótica, para que ocorra a remoção da 2. Fermentação acética – é semelhante à fermentação alcoólica sendo
água não ligada presente no alimento (CORREIA et. al., 2008). produzida através de bactérias do vinagre.
O processo consiste na imersão do alimento (geralmente frutas e 3. Fermentação lática – utilizada para a produção de uma série de
hortaliças) em solução supersaturada de soluto. alimentos e conservas “curtidas”.

Conservação pela adição de um soluto Conservação pela adição de aditivos


Neste método não há retirada de água, ao adicionar um soluto no Para aumentar a vida de prateleira dos alimentos, são adicionadas
alimento, este “captura” a água livre. São exemplos açúcar na produção de algumas substâncias denominadas aditivos que são divididos em:
geleias caseiras e sal na produção da carne de sol e carne seca. estabilizantes, corantes, antioxidantes, espessantes, emulsificantes,
agentes quelantes, flavorizantes, edulcorantes, acidulantes e
Conservação por defumação umectantes.
Alguns conservadores podem ser empregados segundo as Boas Práticas tecnologia, as embalagens artificiais foram criadas para melhor conservá-
de Fabricação (BPF), o que significa que podem ser usados em quantidade los.
“quantum satis”, ou seja, quantidade suficiente para obtenção do efeito
A Resolução – RDC nº 91, de 11 de maio de 2001, ANVISA, define
desejado, sempre que o aditivo não afetar a identidade do alimento, seu uso
embalagens para alimentos como sendo o artigo que está em contato direto
não resultar em práticas enganosas e a função estiver aceita para o alimento
com alimentos, destinado a contê-los, desde a sua fabricação até a sua
em questão.
entrega ao consumidor, com a finalidade de protegê-los de agente
Um aditivo autorizado como BPF não significa que o mesmo possa ser externos, de alterações e de contaminações, assim como de adulterações.
utilizado em todos os alimentos. Somente poderá ser aplicado se estiver
A lei reforça que as embalagens e equipamentos que estejam em
constando do Regulamento Técnico específico, geralmente com a frase
contato direto com alimentos devem ser fabricados em conformidade com
"todos os autorizados como BPF". Portanto, é bom ressaltar a necessidade
as boas práticas de fabricação para que, nas condições normais ou
de pesquisar a legislação sempre antes do início de qualquer processamento
previsíveis de emprego, não produzam migração para os alimentos de
de alimento que requeira o uso de conservadores ou de outros aditivos
componentes indesejáveis, tóxicos ou contaminantes em quantidades tais
químicos (LOPES, 2011).
que superem os limites máximos estabelecidos de migração total ou
Conservação pelo uso da irradiação específica, de modo a representar um risco para a saúde humana ou
ocasionar uma modificação inaceitável na composição dos alimentos ou
O objetivo é aumentar a vida útil (shelf life) de produtos nas características sensoriais destes.
alimentícios, dando-lhes estabilidade química e microbiológica para
auxiliar em processos de distribuição e comercialização. A exposição dos SOUSA et. al. (2012) ressalta que o tipo de embalagem no qual o produto
alimentos à radiação ionizante beta ou gama não lhes causa prejuízos. é acondicionado também pode influenciar na sua vida útil.
Os mesmos autores ao citar MOREIRA e POÇAS (2003) reforçam
Embalagens como método de conservação de que a questão da embalagem na segurança dos alimentos pode ser abordada
alimentos segundo duas perspectivas diferentes: por um lado a embalagem exerce
um papel muito importante na proteção e na conservação do produto,
Inicialmente, é preciso esclarecer que a embalagem não melhora a
contribuindo assim para a segurança do produto; por outro lado, a
qualidade do alimento, ela tem função de proteção. Ela age como
embalagem não deve ser ela própria uma fonte de perigos para a segurança
coadjuvante de outros métodos de conservação. Constitui uma barreira
e qualidade do produto, na medida em que se trata de materiais de natureza
entre o alimento e o meio ambiente que pode controlar a transmissão de luz,
diversa, em contato direto com os alimentos, que podem originar
calor, umidade, gases e a eventual contaminação física, química ou
contaminação física, química e mesmo microbiológica (POÇAS &
microbiológica.
MOREIRA, 2003).
A natureza por si só conferiu a diversos alimentos algumas
características estruturais que funcionam como meios de proteção contra Para tal, é necessário que as embalagens atendam a alguns
danos do meio ambiente até o momento de seu consumo, essas requisitos ou que possuam determinadas características como, por
características podem ser chamadas de embalagens naturais, por exemplo, exemplo, serem isentas de toxicidade, serem seguras contra agentes físicos,
cascas, películas e pele. Na busca por minimizar essa deterioração, ao longo químicos ou microbiológicos deteriorantes, além de compatíveis e
do tempo, o homem adequou estruturas disponíveis na natureza para adequadas ao produto no que se refere ao tamanho, peso e formato.
acondicionar os alimentos e aumentar sua vida útil. Com o avanço da
A escolha da melhor embalagem está relacionada à tecnologia de
processamento do alimento, pois como visto nos itens anteriores, os
métodos de conservação têm características distintas, o que requer a
utilização de embalagens adequadas que resistam à ação mecânica e
térmica ou tenham barreira contra gases, vapor e a luz, por exemplo.
As embalagens podem ser classificadas em três tipos quanto ao
manuseio:
 Rígidas – madeira, papelão, vidro, metal, plástico rígido;
 Semi-rígidas – laminados mistos, garrafas, recipientes plásticos;
 Flexíveis – plásticos, celofane, papel, alumínio.
Existem ainda dois tipos que interagem de maneira intencional com o
alimento e visam melhorar algumas de suas características. São as
embalagens ativas e inteligentes. Estas embalagens alteram as condições Unidade 3
do produto, aumentando sua vida de prateleira, além de oferecer maior
segurança e melhorar suas características sensoriais. Boas práticas de fabricação para serviços de
Segundo Souza et. al. (2012), a embalagem ativa pode ser definida
alimentação
como o tipo que muda as condições do ambiente que cerca o alimento para Atualmente, existe uma diversidade de unidades de alimentação
prolongar a sua vida útil, e mantém as propriedades sensoriais e de produzindo e comercializando alimentos no Brasil, desde grandes
segurança, enquanto conserva a qualidade do alimento. Já a embalagem restaurantes até quiosques e ambulantes. Por conta do grande número de
inteligente controla a qualidade no transporte e facilita a distribuição em opções, o homem ficou mais suscetível a adquirir produtos com problemas
tempo real. de qualidade decorrentes de práticas incorretas de manipulação e
processamento.
A rápida detecção e correção/eliminação das falhas no
processamento dos alimentos, bem como a adoção de medidas preventivas
são hoje a principal estratégia para o controle de qualidade desses produtos.
Nota-se que o despreparo e o nível educacional relativamente baixo
dos manipuladores de alimentos envolvidos nesses serviços é um dos
principais fatores que favorecem a contaminação dos alimentos,
ocasionando as DTA´s e também perdas.

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são um conjunto de normas


utilizadas no sistema produtivo de alimentos, estas normas englobam
todos os processos desde o recebimento de insumo, embalagens e
matérias-primas até a distribuição, além da infraestrutura, passando
por manutenção e edificações. Seu objetivo é garantir a segurança e  Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997;
qualidade dos alimentos.  Portaria nº 368, de 04 de setembro de 1997;
 RDC 216 de 15/09/2004 – ANVISA.
As orientações gerais para elaboração do Programa de BPF fazem
parte do Código Internacional de Práticas Recomendadas pelo CODEX 2. POP´s
ALIMENTARIUS, regulamento estabelecido pela Organização Mundial  Resolução RDC 275 de 21/10/2002 – ANVISA.
da Saúde/OMS e reconhecido pela Organização Mundial do
Comércio/OMC.
3. Sistema APPCC
Atualmente, esse programa é aplicado em vários setores, onde a  CODEX ALIMENTARIUS – FAO/1993;
sanidade do produto é imprescindível para a saúde do consumidor.  Portaria 1428 de 26/11/93 – MS;
Incluem-se aí, além dos alimentos e medicamentos, produtos de higiene,  PAS Programa Alimentos Seguros – SENAI/2003;
artigos hospitalares etc. (LOPES, 2007).  ISO 22000:2005.

Vigilância Sanitária – ANVISA – Legislação Legislação específica de alimentos


A seguir uma caracterização resumida da Agência Nacional de 1. Resolução RDC nº 173, de 13 de setembro de 2006, da ANVISA –
Vigilância Sanitária. Outras informações sobre o funcionamento da dispõe sobre o "Regulamento Técnico de Boas Práticas para
agência, suas atribuições e legislação estão disponíveis no portal da Industrialização e Comercialização de Água Mineral Natural" e a
agência. lista de verificação das "Boas Práticas para Industrialização e
Comercialização".
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi criada pela Lei nº 2. Resolução RDC nº 172, de 04 de julho de 2003 – dispõe sobre o
9.782, de 26 de janeiro de 1999. É uma autarquia sob regime especial, ou "Regulamento Técnico de Boas Práticas de Fabricação para
seja, uma agência reguladora caracterizada pela independência Estabelecimentos Industrializadores de Amendoins Processados e
administrativa, estabilidade de seus dirigentes durante o período de mandato Derivados", e apresenta a lista de verificação das Boas Práticas de
e autonomia financeira. A gestão da ANVISA é responsabilidade de uma Fabricação.
diretoria colegiada, composta por cinco membros. 3. Resolução RDC nº 352, de 23 de dezembro de 2002 – dispõe sobre a
Na estrutura da Administração Pública Federal, a agência está lista de verificação e o "Regulamento Técnico de Boas Práticas de
vinculada ao Ministério da Saúde, sendo que este relacionamento é Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de
regulado por contrato de gestão, isto é, a agência tem metas a cumprir e a Frutas e ou Hortaliças em conserva".
cada ano presta conta de seus resultados mediante relatório. O contrato 4. Resolução RDC nº 267, de 25 de setembro de 2003 – estabelece os
estabelece que a Agência é responsável pelo controle sanitário da produção procedimentos de BPF para estabelecimentos industrializadores de
e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância gelados comestíveis a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias
sanitária, dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias. do produto final, incluindo requisitos para produção, transporte e
exposição à venda, dentre outros. Essa resolução institui, ainda, a
Legislação vigente: obrigatoriedade da pasteurização das misturas a base de leite, ovos e
1. Boas Práticas derivados para fabricação de gelados comestíveis.
 Portaria 1.142 de 26/11/93 – MS;
5. Resolução RDC nº 18, de 19 de novembro de 1999 – legislação  Portaria nº 177, de 4 de março de 1999. Aprova o Regulamento
inovadora na área de alimentos por apresentar em seu anexo um Técnico "Disposições Gerais Para Embalagens e Equipamentos
instrumento destinado à avaliação dos estabelecimentos Celulósicos em Contato com Alimentos".
industrializadores de palmito em conserva, congregando critérios  Portaria nº 177, de 4 de março de 1999. Aprova o Regulamento
relativos às Boas Práticas de Fabricação e requisitos sanitários
Técnico "Disposições Gerais Para Embalagens e Equipamentos
específicos para o controle do processamento desse alimento.
Celulósicos em Contato com Alimentos".
6. Resolução RDC nº 81, de 14 de abril de 2003 – dispõe sobre a
obrigatoriedade de identificação do fabricante do produto palmito em  Resolução - RDC nº 129, de 10 de maio de 2002. Aprova o
conserva, litografada na parte lateral da tampa metálica da embalagem Regulamento Técnico sobre Material Celulósico Reciclado.
de vidro do produto e elaboração, implementação e manutenção de  Resolução - RDC nº 217, de 1º de agosto de 2002. Aprova o
Procedimentos Operacionais Padronizados – POP´s para acidificação Regulamento Técnico sobre Películas de Celulose Regenerada em
e tratamento térmico. Contato com Alimentos.
7. Resolução RDC nº 28, de 28 de março de 2000 – dispõe sobre os  Resolução nº 123, de 19 de junho de 2001. Aprova o Regulamento
procedimentos básicos de Boas Práticas de Fabricação em Técnico sobre Embalagens e Equipamentos Elastoméricos em
estabelecimentos beneficiadores de sal destinado ao consumo humano e Contato com Alimentos.
apresenta o roteiro de inspeção sanitária em indústrias beneficiadoras
 Lei nº 9.832, de 14 de setembro de 1999. Proíbe o uso industrial de
de sal.
8. Circular nº 272, de 22 de dezembro de 1997 – implanta o Programa de embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para
Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) e do Sistema de acondicionamento de gêneros alimentícios, exceto para produtos
Análise de Risco e Controle de Pontos Críticos (ARCPC) em secos ou desidratados.
estabelecimentos envolvidos com o comércio internacional de carnes e  Resolução RDC nº 20, de 22 de março de 2007. Aprova o
produtos cárneos, leite e produtos lácteos e mel e produtos apícolas. Regulamento Técnico sobre Disposições para Embalagens,
9. Resolução DIPOA/SDA nº 10, de 22 de maio de 2003 – institui o Revestimentos, Utensílios, Tampas e Equipamentos Metálicos em
Programa Genérico de Procedimentos Padrão de Higiene Operacional – Contato com Alimentos.
PPHO, a ser utilizado nos estabelecimentos de leite e derivados que  Portaria nº 987, de 8 de dezembro de 1998 (*). Aprova o
funcionam sob o regime de Inspeção Federal, como etapa preliminar e Regulamento Técnico para embalagens descartáveis de polietileno
essencial dos programas de segurança dos alimentos do tipo APPCC tereftalato - PET - multicamada destinada ao acondicionamento de
(Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle). bebidas não alcoólicas carbonatadas.
 Resolução nº 105, de 19 de maio de 1999. Aprova o Regulamento
Embalagens Técnico “Disposições Gerais para Embalagens e Equipamentos
 Resolução – RDC nº 91, de 11 de maio de 2001. Aprova o Plásticos em contato com Alimentos”.
Regulamento Técnico “Critérios Gerais e Classificação de Materiais  Resolução nº 124, de 19 de junho de 2001. Aprova o Regulamento
para Embalagens e Equipamentos em Contato com Alimentos”. Técnico sobre Preparados Formadores de Películas à base de
 Resolução nº 122, de 19 de junho de 2001. Aprova o Regulamento Polímeros e/ou Resinas destinados ao revestimento de Alimentos.
Técnico sobre Ceras e Parafinas em Contato com Alimentos.  Resolução RDC nº 20, de 26 de março de 2008. Aprova o
Regulamento Técnico que dispõe sobre o Regulamento Técnico
sobre embalagens de polietilenotereftalato (PET) pós-consumo
reciclado grau alimentício (PET-PCR grau alimentício) destinados a lanchonetes, bufês, confeitarias, restaurantes, cozinhas industriais e
entrar em contato com alimentos. institucionais (BRASIL, 2004).
 Resolução RDC nº 51, de 26 de novembro de 2010. Dispõe sobre
migração em materiais, embalagens e equipamentos plásticos Aplica-se a serviços de alimentação que realizam algumas das
destinados a entrar em contato com alimentos. seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento,
 Resolução RDC nº 52, de 26 de novembro de 2010. Dispõe sobre armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de
corantes em embalagens e equipamentos plásticos destinados a estar alimentos preparados ao consumo, tais como: cantinas, bufês, confeitarias,
em contato com alimentos. cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes,
 Resolução RDC nº 41, de 16 de setembro de 2011. Dispõe sobre a padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres.
proibição de uso de bisfenol A em mamadeiras destinadas à Excluem-se lactários, Unidades de Terapia de Nutrição Enteral –
alimentação de lactentes e dá outras providências. TNE, bancos de leite humano, cozinhas dos estabelecimentos assistenciais
 Resolução RDC nº 56, de 16 de novembro de 2012. Dispõe sobre de saúde e indústrias.
a lista positiva de monômeros, outras substâncias iniciadoras e
polímeros autorizados para a elaboração de embalagens e A partir deste ponto, estaremos detalhando a Resolução - RDC
equipamentos plásticos em contato com alimentos. ANVISA nº 216/04 sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para
 Resolução - RDC nº 17, de 12 de janeiro de 2008. Dispõe sobre Serviços de Alimentação, cujo objetivo é estabelecer procedimentos de
Regulamento Técnico sobre Lista Positiva de Aditivos para boas práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições
Materiais Plásticos destinados à Elaboração de Embalagens e higiênico-sanitárias do alimento preparado. A resolução na íntegra
Equipamentos em Contato com Alimentos. publicada no Diário Oficial da União (D.O.U), em 16 de setembro de
 Portaria nº 27, de 13 de março de 1996. Aprova o Regulamento 2004, encontra-se disponível no portal da Anvisa.
Técnico sobre embalagens e equipamentos de vidro e cerâmica em
contato com alimentos, e não metálicos. Boas Práticas de Fabricação para serviços de
 Instrução Normativa nº 9, de 12 de novembro de 2002. Dispõe alimentação
sobre as embalagens destinadas ao acondicionamento de produtos
As Boas Práticas de Fabricação são normas e procedimentos criadas
hortícolas "in natura".
pelo FDA (Food and Drugs Administration), em 1969 com o objetivo de
Dentre os principais diplomas legais que comandam a Vigilância Sanitária, assegurar que o produto esteja a salvo dos contaminantes e seja preparado,
em especial a área de alimentos, destaca-se a Resolução RDC nº. 216 de manipulado e embalado sob condições sanitárias adequadas. Tudo isso
15/09/2004 que dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para para que seja possível alcançar um determinado padrão de identidade e
Serviços de Alimentação (BRASIL, 2004). qualidade, cuja eficácia e efetividade devem ser avaliadas através de
inspeção e/ou investigação.
A Resolução-RDC ANVISA nº 216/04 apresenta regras claras e objetivas,
que norteiam os comerciantes a procederem de maneira adequada e segura É importante destacar que todo o processo de produção, desde o
na manipulação, preparo, acondicionamento, armazenamento, transporte e recebimento de matérias-primas e insumos, infraestrutura, equipamentos e
exposição à venda dos alimentos. utensílios, mão de obra, até a gestão e controle de processos são
consideradas no Manual de Boas Práticas de Fabricação.
Essa norma de âmbito federal tem como objetivo a melhoria das condições
higiênico-sanitárias dos alimentos preparados em padarias, cantinas, Manual de Boas Práticas de Fabricação
É um documento/regulamento gerencial interno que descreve as atividades desenvolvidas. Os tetos devem ser impermeabilizados com tinta
operações realizadas pelo estabelecimento. Inclui os requisitos sanitários apropriada, não higroscópica.
dos edifícios, a manutenção e higienização das instalações, dos
Como os pisos geralmente estão contaminados por um grande
equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o
número de microrganismos, devem ser projetados de forma que a limpeza
controle integrado de vetores e pragas urbanas, controle da higiene, da
seja fácil e eficiente, sem frestas, rachaduras, resistentes ao trânsito e
saúde dos manipuladores, além do manejo e da garantia de qualidade do
impermeáveis. Deve-se ter atenção aos “caimentos” e posição dos ralos para
produto final.
que não haja acúmulo de líquido no ambiente, os líquidos devem escorrer
até os ralos, sem que haja formação de poças.
Edificações, instalações, equipamentos, móveis e
utensílios Para isso, os pisos devem ter uma declividade mínima de 2% em
direção aos ralos e canaletas. Devem também ser resistentes a substâncias
A edificação e as instalações devem ser projetadas de forma a ácidas para suportar a presença de agentes químicos provenientes das
possibilitar um fluxo ordenado e sem cruzamentos em todas as etapas da matérias-primas e de materiais de limpeza, ser sifonados e as grelhas devem
preparação de alimentos e a facilitar as operações de manutenção, limpeza possuir um dispositivo que permita seu fechamento.
e, quando for o caso, desinfecção.
Superfícies antiderrapantes podem ser necessárias em algumas
O acesso às instalações deve ser controlado e independente, não áreas para a segurança ocupacional, mas podem dificultar uma limpeza
comum a outros usos, isto reduzirá o fluxo de pessoas e materiais. eficaz. Revestimentos de resina em geral atendem às necessidades, uma vez
que são antiderrapantes, resistentes aos calçados e laváveis com facilidade.
O dimensionamento da edificação e das instalações deve ser
Contêm polímeros de resinas (por exemplo: resina epóxi, de poliuretano,
compatível com todas as operações, devendo existir separação entre as
de poliéster e de metacrilato) como ligante de areia ou como material de
diferentes atividades por meios físicos ou por outros meios eficazes de
enchimento. Não se deve utilizar pisos de madeira.
forma a evitar a contaminação cruzada. Por exemplo, portas vaivém na
área interna. Poeira, terra e umidade não podem ser facilmente removidas do
piso, a menos que a junção com a parede esteja protegida. Assim, os
As instalações físicas como piso, parede e teto devem possuir
ângulos entre paredes, pisos e base de colunas ou de suporte de
revestimento liso, impermeável e lavável. Elas devem ser mantidas íntegras,
equipamentos devem ser vedados e inclinados.
conservadas, livres de rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos,
infiltrações, bolores, descascamentos, dentre outros e não devem transmitir As paredes devem ser revestidas de materiais impermeáveis,
contaminantes aos alimentos. Para evitar danos à estrutura de pilastras e laváveis, de cores claras, até uma altura mínima de 2 metros. Pode-se usar
paredes com o trânsito de carrinhos e pallets e evitar contaminação física azulejo, laminado plástico ou pintura à base de epóxi. Devem ser lisas e sem
pode-se instalar “guard rails” (muretas) de aço inox nessas áreas. frestas, fáceis de limpar e desinfetar. Entre paredes e teto não devem existir
aberturas que propiciem a entrada de pragas, nem bordas que facilitem a
O teto deve ser construído e/ou acabado de modo que impeça o
formação de ninhos.
acúmulo de sujeira, proporcione facilidade de higienização, apresente
resistência à umidade e a vapores e possua vedação adequada. A pintura do As portas e as janelas devem ser mantidas ajustadas aos batentes. As
teto não deve ser descamável na área de processamento. Deve-se evitar portas da área de preparação e armazenamento de alimentos devem ser
forro falso para que não proliferem insetos e outros animais prejudiciais às dotadas de fechamento automático, assim como as portas externas.
As aberturas externas das áreas de armazenamento e preparação de 1. 540 lux em todos os pontos de inspeção;
alimentos, inclusive o sistema de exaustão, devem ser providas de telas 2. 220 lux nas áreas de trabalho;
milimetradas para impedir o acesso de vetores e pragas urbanas. As telas 3. 110 lux nas outras áreas.
devem ser facilmente removíveis para limpeza, mantidas em bom estado de As instalações elétricas devem estar embutidas ou protegidas em
conservação e terem malhas com abertura menor ou igual a 2 mm. tubulações externas e íntegras de tal forma a permitir a higienização dos
As instalações devem ser abastecidas de água corrente e dispor de ambientes. Para evitar acidentes, deve-se instalar proteções e sistemas de
conexões com rede de esgoto ou fossa séptica. As caixas de gordura e de aterramento de todos os equipamentos.
esgoto devem possuir dimensão compatível ao volume de resíduos, devendo
estar localizadas fora da área de preparação e armazenamento de alimentos A ventilação deve garantir a renovação do ar e a manutenção do
e apresentar adequado estado de conservação e funcionamento. ambiente livre de fungos, gases, fumaça, pós, partículas em suspensão,
condensação de vapores, dentre outros que possam comprometer a
Os tubos de escoamento não devem apresentar vazamentos e, de qualidade higiênico-sanitária do alimento. O fluxo de ar não deve incidir
forma alguma poderão contaminar a água potável. É recomendável que as diretamente sobre os alimentos.
caixas de inspeção sejam construídas fora das áreas de operação, de modo a
bloquear a entrada de insetos e roedores e com frequência de limpeza As áreas de produção devem ser bem ventiladas, especialmente aquelas
proporcional ao volume de dejetos eliminados. A rede de esgotos
que contêm equipamentos que liberam excessivo calor ou vapor de água
proveniente das instalações sanitárias e vestiários devem ser independentes
no ambiente, para evitar condensação do vapor no teto e na parte superior
daquela oriunda da unidade de processamento.
das paredes e consequente proliferação de mofo, o que poderá contaminar
Não é permitido o deságue direto das águas residuais na superfície os produtos.
do terreno, sendo obrigatório, no seu tratamento, seguir as prescrições
estabelecidas pelo órgão competente. Assim, a utilização de sistemas de ventilação nas indústrias alimentícias
As áreas internas e externas do estabelecimento devem estar livres tem como objetivos: eliminação de excesso de calor nos ambientes de
de objetos em desuso ou estranhos ao ambiente, não sendo permitida a trabalho; renovação do ar interno viciado; manutenção da pressão positiva
presença de animais. Recomenda-se aplicar os cinco sensos do Programa interna e retirada de ar quente em processos de cozimento, concentração e
5S em auxílio às BPF´s. secagem (estufas), além de proporcionar um maior conforto aos
funcionários. Entretanto, a direção do fluxo de ar não pode ocorrer de uma
A iluminação da área de preparação deve proporcionar a
área contaminada para uma área limpa.
visualização de forma que as atividades sejam realizadas sem comprometer
a higiene e as características sensoriais dos alimentos. Os equipamentos e os filtros para climatização devem estar
As luminárias localizadas sobre a área de preparação dos conservados. A limpeza dos componentes do sistema de climatização, a
alimentos devem ser apropriadas e estar protegidas contra explosão e troca de filtros e a manutenção programada e periódica destes equipamentos
quedas acidentais. Lembrando que não se deve utilizar proteções de vidro, devem ser registradas e realizadas conforme legislação específica.
somente plástico
As instalações sanitárias e os vestiários não devem se comunicar
A iluminação, quando artificial, não deve ter coloração que altere
visualmente a aparência dos produtos ou produza sombras sobre a área de diretamente com a área de preparação e armazenamento de alimentos ou
trabalho. As seguintes intensidades mínimas de luz são recomendadas:
refeitórios, devendo ser mantidos organizados e em adequado estado de Equipamentos que produzem pó devem ser dotados de captação.
conservação.
Tanques e esteiras devem possuir coberturas, por isso deve-se realizar a
As instalações sanitárias devem possuir lavatórios e estar supridas de manutenção preventiva com limpeza posterior.
produtos destinados à higiene pessoal, tais como: papel higiênico, sabonete
líquido inodoro antisséptico ou sabonete líquido inodoro e produto Higienização das instalações, equipamentos, móveis e
antisséptico e toalhas de papel não reciclado ou outro sistema higiênico e utensílios
seguro para secagem das mãos. Os coletores dos resíduos devem ser
dotados de tampa e acionados sem contato manual. As instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem ser
mantidos em condições higiênico-sanitárias apropriadas.
Devem existir lavatórios exclusivos para a higiene das mãos na área de
manipulação, em posições estratégicas em relação ao fluxo de preparo dos
alimentos e em número suficiente de modo a atender toda a área de
preparação. Os lavatórios devem possuir sabonete líquido inodoro
antisséptico ou sabonete líquido inodoro e produto antisséptico, toalhas de
papel não reciclado ou outro sistema higiênico e seguro de secagem das
mãos e coletor de papel, acionado sem contato manual.

Os equipamentos, móveis e utensílios que entram em contato com


alimentos devem ser de materiais que não transmitam substâncias tóxicas,
odores, nem sabores aos mesmos, conforme estabelecido em legislação
específica. Devem ser mantidos em adequado estado de conservação e ser
resistentes à corrosão e a repetidas operações de limpeza e desinfecção.
Preconiza-se a utilização de equipamentos, móveis e utensílios de aço inox.

Devem ser realizadas manutenção programada e periódica dos


equipamentos e utensílios e calibração dos instrumentos ou equipamentos As operações de higienização devem ser realizadas por funcionários
de medição (balanças, termômetros, pHmetros...), mantendo registro da comprovadamente capacitados e com frequência que garanta a manutenção
realização dessas operações. dessas condições e minimize o risco de contaminação do alimento.
As caixas de gordura devem ser periodicamente limpas. O descarte
As superfícies dos equipamentos, móveis e utensílios utilizados na dos resíduos deve atender ao disposto em legislação específica.
preparação, embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e
exposição à venda dos alimentos devem ser lisas, impermeáveis, laváveis e As operações de limpeza e, se for o caso, de desinfecção das
estar isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam instalações e equipamentos, quando não forem realizadas rotineiramente,
devem ser registradas. E a área só deve ser liberada novamente para
comprometer a higienização destes e serem fontes de contaminação dos
produção após verificação do responsável.
alimentos. Além disso, é preciso ter cuidados especiais com tábuas e cubas
A área de preparação do alimento deve ser higienizada quantas Controle integrado de vetores e pragas urbanas
vezes forem necessárias e imediatamente após o término do trabalho, porém
não se pode higienizar e produzir ao mesmo tempo. As edificações devem ser mantidas em boas condições de
conservação para evitar o acesso de pragas e eliminar os locais potenciais
Devem ser tomadas precauções para impedir a contaminação dos para sua proliferação. Os orifícios, os drenos e outros locais onde as pragas
alimentos causada por produtos saneantes, pela suspensão de partículas e podem ter acesso devem ser mantidos fechados. As telas de arame
pela formação de aerossóis. Os produtos saneantes utilizados devem estar colocadas, por exemplo, em janelas abertas, portas e aberturas de
regularizados pelo Ministério da Saúde. ventilação, reduzem o problema do acesso de pragas. Os animais devem,
A diluição, o tempo de contato e modo de uso/aplicação dos sempre que possível, ser impedidos de entrar nas áreas das fábricas e das
produtos saneantes devem obedecer às instruções recomendadas pelo plantas de processamento de alimentos.
fabricante. Os produtos saneantes devem ser identificados e guardados em Deve existir um conjunto de ações eficazes e contínuas de controle
local reservado para essa finalidade. de vetores e pragas urbanas, com o objetivo de impedir a atração, o abrigo,
Substâncias odorizantes e ou desodorantes em quaisquer das suas o acesso e ou proliferação destes.
formas não devem ser utilizadas nas áreas de preparação e
armazenamento dos alimentos. Abastecimento de água
Os utensílios e equipamentos Deve ser utilizada somente água potável para manipulação de
utilizados na higienização devem ser alimentos. Quando utilizada solução alternativa de abastecimento de água,
próprios para a atividade e estar a potabilidade deve ser atestada semestralmente mediante laudos
conservados, limpos e disponíveis em laboratoriais, sem prejuízo de outras exigências previstas em legislação
número suficiente e guardados em específica.
local reservado para essa finalidade. O gelo para utilização em alimentos deve ser fabricado a partir de
Os utensílios utilizados na água potável, mantido em condição higiênico-sanitária que evite sua
higienização de instalações devem contaminação. O vapor, quando utilizado em contato direto com a comida
ser distintos daqueles usados para ou com superfícies que entrem em contato com ela, deve ser produzido a
higienização das partes dos partir de água potável e não pode representar fonte de contaminação.
equipamentos e utensílios que entrem O reservatório de água deve ser edificado e ou revestido de
em contato com o alimento. materiais que não comprometam a qualidade da água, conforme legislação
É importante lembrar que os funcionários responsáveis pela específica, devendo ser higienizado em um intervalo máximo de seis meses.
atividade de higienização das instalações sanitárias devem utilizar Cabe lembrar que esta operação deve ser registrada e a certificação do
uniformes apropriados e diferenciados daqueles utilizados na produção. serviço deve estar visível.

Pode-se até aproveitar a mesma mão de obra no fim de turno, mas O reservatório deve estar livre de rachaduras, vazamentos,
estes devem trocar de uniforme. Ressalta-se a obrigação da empresa de infiltrações, descascamentos, dentre outros defeitos e em adequado estado
fornecer equipamentos de proteção individual (EPI´s) para que os de higiene, conservação edevidamente tampado.
colaboradores executem as atividades de higienização.
Manejo de Resíduos
O estabelecimento deve dispor de recipientes identificados e Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por
íntegros, de fácil higienização e transporte, em número e capacidade redes, toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo
suficientes para conter os resíduos. permitido o uso de barba. As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou
base. Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos de
Os coletores utilizados para deposição dos resíduos das áreas de
adorno pessoal e a maquiagem. Os trabalhadores do sexo masculino
preparação e armazenamento de alimentos devem ser dotados de tampas
devem fazer a barba diariamente.
acionadas sem contato manual. Os resíduos devem ser frequentemente
coletados e estocados em local fechado e isolado da área de preparação e Os manipuladores não devem fumar, falar desnecessariamente,
armazenamento dos alimentos, de forma a evitar os focos de contaminação cantar, assobiar, espirrar, cuspir, tossir, comer, manipular dinheiro ou
e a atração de vetores e pragas urbanas. praticar outros atos que possam contaminar o alimento durante o
desempenho das atividades.
Convidei meu amigo, Flávio, especialista nessa área, para me ajudar
a explicar sobre a questão dos manipuladores. Vamos lá, Flávio? Os manipuladores de alimentos devem ser supervisionados e
capacitados periodicamente em higiene pessoal, em manipulação higiênica
Olá, pessoal! Basicamente, o controle da saúde dos manipuladores
dos alimentos e em doenças transmitidas por alimentos. A capacitação deve
deve ser registrado e realizado de acordo com a legislação específica.
ser comprovada mediante documentação.
Aqueles que apresentarem lesões e ou sintomas de enfermidades que
possam comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos devem Os visitantes devem cumprir os requisitos de higiene e de saúde
ser afastados da atividade de preparação de alimentos enquanto persistirem estabelecidos para os manipuladores.
essas condições de saúde.
Matérias-primas, ingredientes e embalagens
Além disso, os manipuladores devem ter asseio pessoal,
apresentando-se com uniformes compatíveis à atividade, conservados e Os serviços de alimentação devem especificar os critérios para
limpos. avaliação e seleção dos fornecedores de matérias-primas, ingredientes e
embalagens. A recepção das matérias-primas, dos ingredientes e das
Os uniformes devem ser trocados, no mínimo, diariamente e usados
embalagens deve ser realizada em área protegida e limpa.
exclusivamente nas dependências internas do estabelecimento. Enquanto
que as roupas e os objetos pessoais devem ser guardados em local O transporte desses insumos deve ser realizado em condições
específico e reservado para esse fim. adequadas de higiene e conservação. Devem ser adotadas medidas para
evitar que esses insumos contaminem o alimento preparado.
Os manipuladores devem lavar cuidadosamente as mãos ao chegar
ao trabalho, antes e após manipular alimentos, após qualquer interrupção As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser
do serviço, após tocar materiais contaminados, após usar os sanitários e submetidos à inspeção e aprovados na recepção. As embalagens primárias
sempre que se fizer necessário, mesmo que usem luvas em suas operações. das matérias-primas e dos ingredientes devem estar íntegras.
Devem ser afixados cartazes de orientação aos manipuladores sobre A temperatura das matérias-primas e ingredientes que necessitem
a correta lavagem e antissepsia das mãos e demais hábitos de higiene, em de condições especiais de conservação deve ser verificada nas etapas de
locais de fácil visualização, inclusive nas instalações sanitárias e recepção e de armazenamento.
lavatórios.
Os lotes das matérias-primas, dos ingredientes ou das embalagens
reprovados ou com prazos de validade vencidos devem ser imediatamente
devolvidos ao fornecedor e, na impossibilidade, devem ser devidamente A temperatura do alimento preparado deve ser monitorada nas
identificados e armazenados separadamente. Deve ser determinada a etapas de armazenamento e transporte até a entrega para o consumo,
destinação final destes. garantindo sua qualidade.
Utilização do conceito PEPS/FIFO, Siglas do Primeiro que Entra, Os meios de transporte do alimento preparado devem ser
Primeiro que Sai (First In, First Out). A avaliação dos estoques é feita pela higienizados, sendo adotadas medidas a fim de garantir a ausência de
ordem cronológica das entradas. Sai o material que entrou antes, isto é, do vetores e pragas urbanas. Os veículos devem ser dotados de cobertura
lote mais antigo. para proteção da carga, não devendo transportar outras cargas que
comprometam a qualidade higiênico-sanitária do alimento preparado.
Preparação do alimento
Exposição ao consumo do alimento preparado
Um dos segredos da produção de alimentos seguros é produzi-los
microbiologicamente estáveis, significa dizer que os alimentos devem estar As áreas de exposição do alimento preparado e de consumação ou
livres de toxinas e os microrganismos inativados, ou seja, os refeitório devem ser mantidas organizadas e em adequadas condições
microrganismos não podem se multiplicar. O controle das temperaturas de higiênico-sanitárias.
cozimento e resfriamento é importantíssimo, pois reduz a contagem inicial
Os equipamentos, móveis e utensílios disponíveis nessas áreas
no produto e evita que eles se multipliquem na sequência.
devem ser compatíveis com as atividades, em número suficiente e em
As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens, utilizados para adequado estado de conservação.
preparação do alimento, devem estar em condições higiênico-sanitárias
Os manipuladores devem adotar procedimentos que minimizem o
adequadas e em conformidade com a legislação específica.
risco de contaminação dos alimentos preparados por meio da antissepsia
O quantitativo de funcionários, equipamentos, móveis ou utensílios das mãos e pelo uso de utensílios ou luvas descartáveis.
disponíveis devem ser compatíveis com volume, diversidade e
Os equipamentos necessários à exposição ou distribuição de
complexidade das preparações alimentícias.
alimentos preparados sob temperaturas controladas, devem ser devidamente
Durante a preparação dos alimentos, devem ser adotadas medidas a dimensionados, e estar em adequado estado de higiene, conservação e
fim de minimizar o risco de contaminação cruzada. Deve-se evitar o funcionamento.
contato direto ou indireto entre alimentos crus, semi-preparados e prontos
A temperatura desses equipamentos deve ser regularmente
para o consumo.
monitorada.
Armazenamento e transporte do alimento O equipamento de exposição do alimento preparado na área de
consumação deve dispor de barreiras de proteção que previnam a
preparado contaminação em decorrência da proximidade ou da ação do consumidor e
Os alimentos preparados mantidos na área de armazenamento ou de outras fontes.
aguardando o transporte devem estar identificados e protegidos contra Os utensílios utilizados na consumação do alimento, tais como:
contaminantes. Na identificação deve constar, no mínimo, a designação do pratos, copos, talheres, devem ser descartáveis ou, quando feitos de material
produto, a data de preparo e o prazo de validade. não descartável, devidamente higienizados, sendo armazenados em local
protegido.
Os ornamentos e plantas localizados na área de consumação ou selecionado e sua concentração, tempo de contato dos agentes químicos ou
refeitório não devem constituir fonte de contaminação para os alimentos físicos utilizados na operação de higienização, temperatura e outras
preparados. informações que se fizerem necessárias.
A área do serviço de alimentação onde se realiza a atividade de Quando aplicável, os POP devem contemplar a operação de desmonte
recebimento de dinheiro, cartões e outros meios utilizados para o dos equipamentos.
pagamento de despesas, deve ser reservada. Os funcionários responsáveis
Controle integrado de vetores e pragas urbanas
por essa atividade não devem manipular alimentos preparados ou
embalados. Os POP´s relacionados ao controle integrado de vetores e pragas
urbanas devem contemplar as medidas preventivas e corretivas destinadas
Documento e registro a impedir a atração, o abrigo, o acesso ou a proliferação de vetores e pragas
Os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas Práticas e de urbanas.
Procedimentos Operacionais Padronizados. Esses documentos devem estar No caso da adoção de controle químico, o estabelecimento deve
acessíveis aos funcionários envolvidos e disponíveis à autoridade apresentar comprovante de execução de serviço fornecido pela empresa
sanitária, quando requerido. especializada contratada, contendo as informações estabelecidas em
legislação sanitária específica.
Padronização e Controle de Processos
 Procedimentos dos processos descritos; Higienização do reservatório
 Padronização dos processos; Os POP´s referentes à higienização do reservatório devem
 Existência de controles. especificar as informações constantes do item higienização de instalações,
Os POP´s devem conter as instruções sequenciais das operações e a mesmo quando realizada por empresa terceirizada e, neste caso, deve ser
frequência de execução, especificando o nome, o cargo ou a função dos apresentado o certificado de execução do serviço.
responsáveis pelas atividades. Devem ser aprovados, datados e assinados
pelo responsável do estabelecimento. Os registros devem ser mantidos por Higiene e saúde dos manipuladores
período mínimo de 30 (trinta) dias contados a partir da data de preparação
dos alimentos. Os POP´s relacionados à higiene e saúde dos manipuladores devem
contemplar as etapas, a frequência e os princípios ativos usados na
Os serviços de alimentação devem implementar Procedimentos lavagem e antissepsia das mãos dos manipuladores, assim como as medidas
Operacionais Padronizados relacionados aos seguintes itens: adotadas nos casos em que os manipuladores apresentam lesão nas mãos,
 Higienização de instalações, equipamentos e móveis; sintomas de enfermidade ou suspeita de problema de saúde que possa
 Controle integrado de vetores e pragas urbanas; comprometer a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos.
 Higienização do reservatório;
 Higiene e saúde dos manipuladores.
Deve-se especificar os exames aos quais os manipuladores de
alimentos são submetidos, bem como a periodicidade de sua execução.
Higienização de instalações, equipamentos e móveis
O programa de capacitação dos manipuladores em higiene deve ser
Os POP´s referentes às operações de higienização de instalações, descrito, sendo determinada a carga horária, o conteúdo programático e a
equipamentos e móveis devem conter as seguintes informações: natureza frequência de sua realização, mantendo-se em arquivo os registros da
da superfície a ser higienizada, método de higienização, princípio ativo participação nominal dos funcionários.
Vamos falar sobre responsabilidade? A atuação dos profissionais
responsáveis pela qualidade nas unidades de alimentação deve ser
eminentemente preventiva. Fundamentado em planos de amostragem bem
definidos, o monitoramento por meio da avaliação microbiológica do
ambiente, dos equipamentos, dos utensílios e dos manipuladores pode
melhorar sensivelmente a qualidade dos alimentos servidos aos usuários. Unidade 4
A segurança de alimentos está relacionada à presença de perigos
É imprescindível que haja um coordenador técnico encarregado de veiculados pelos alimentos no momento do consumo (pelo consumidor).
supervisionar o programa e que, de preferência, cuide dos aspectos
sanitários da empresa, conheça o processo, princípios de microbiologia, Como a introdução de perigos pode ocorrer em qualquer estágio da
química dos alimentos, controle de pragas e controle de qualidade. Na cadeia produtiva de alimentos, é essencial o controle adequado através desta
maioria dos casos, esse coordenador é o próprio Responsável Técnico da cadeia. Assim, a segurança de alimentos é garantida com esforços
empresa que, também, se responsabiliza pela capacitação do pessoal, combinados de todas as partes participantes da cadeia produtiva de
aprovação e rejeição de matérias-primas, insumos, produtos semielaborados alimentos. (ABNT - ISO 22000, 2006)
e outros procedimentos Dando continuidade ao tema segurança dos alimentos, vamos falar
agora sobre o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
O responsável pelas atividades de manipulação dos alimentos deve
(HAZARD ANALYSIS AND CRITICAL CONTROL POINTS), mais
ser o proprietário ou funcionário designado, devidamente capacitado,
conhecido como APPCC ou HACCP.
sem prejuízo dos casos onde há previsão legal para responsabilidade
técnica. O APPCC é um sistema preventivo que engloba todas as etapas do
processo produtivo, desde o recebimento da matéria-prima até sua
O responsável pelas atividades de manipulação dos alimentos deve comercialização. Ele tem como objetivo identificar e controlar os perigos
ser comprovadamente submetido a curso de capacitação, abordando, no potenciais nos alimentos. Quando falamos em perigos potenciais, nos
mínimo, os seguintes temas: referimos à potencialidade de contaminação dos produtos em qualquer etapa
do processo por agentes físicos, químicos e/ou biológicos.
 Contaminantes alimentares;
 Doenças transmitidas por alimentos; O sistema HACCP, que tem fundamentos científicos e caráter
 Manipulação higiênica dos alimentos; sistemático, permite identificar perigos específicos e medidas para seu
Boas Práticas. controle, com a finalidade de garantir a segurança dos alimentos.

É fundamental que a direção da empresa adote uma política de O HACCP é uma ferramenta que permite avaliar os perigos e
produção de alimentos com ênfase na segurança e integridade dos estabelecer sistemas de controle focados na prevenção ao invés da análise
produtos, disponibilizando para isso recursos financeiros e pessoal para do produto final. Todo sistema HACCP é passível de ser adaptado às
realizar as atividades. mudanças, tais como: atualização no projeto dos equipamentos, nos
procedimentos de processamento ou no desenvolvimento tecnológico
(Organização Pan-Americana da Saúde, 2006)
O sistema foi desenvolvido na década de 60, nos Estados Unidos, a
partir de uma parceria entre a indústria de alimentos e a NASA, cujo intuito
era desenvolver uma tecnologia/ferramenta capaz de produzir alimentos Em 2006, a ABNT NBR lançou a ISO22000/2006 - Sistemas de
seguros para serem consumidos em viagens espaciais. Em 1997, o CODEX gestão da segurança de alimentos – Requisitos para qualquer organização na
ALIMENTARIUS estabeleceu as diretrizes do CODEX para cadeia produtiva de alimentos em substituição a ABNT NBR 14900:2002 –
desenvolvimento e aplicação do sistema. Sistema de gestão da análise de perigos e pontos críticos de controle –
Segurança de alimentos.
No Brasil, os Ministérios da Saúde e o da Agricultura exigem a
adoção do sistema nas indústrias de alimentos desde 1998. Portaria nº Além de promover um alto nível de segurança aos produtos, a
1428/93 do Ministério da Saúde e Portaria nº 46/98 do Ministério da aplicação do sistema também proporciona uma redução nos custos dos
Agricultura e do Abastecimento. processos por seu caráter preventivo e reduz as perdas por incidência de
produtos fora do padrão de qualidade.
Ao nos aprofundarmos mais sobre o tema, iremos perceber que a
lógica do sistema está baseada em uma ferramenta da engenharia conhecida A ISO22000/2006 definiu os requisitos para o sistema de gestão da
como FEMEA (failure, mode, effect analysis) e na árvore de falhas, onde segurança de alimentos que combinam os elementos-chave, geralmente
em cada etapa do processo é identificado o que pode acontecer de errado e reconhecidos para garantir a segurança ao longo da cadeia até o consumo
se estabelece um mecanismo de controle para ele. final, são eles: comunicação interativa; gestão de sistema; programa de
pré-requisitos (PPR); princípios de Análise dos Perigos e Pontos
As Boas Práticas de Fabricação constituem a base para
Críticos de Controle (APPCC).
implantação do APPCC, são pré-requisitos. Nenhuma UAN ou indústria
deve buscar a implantação e certificação do APPCC sem que antes tenha o O sistema APPCC é composto por sete
Programa BPF devidamente implantado e validado, assim como os
procedimentos padrão de higiene operacional (PPHO). princípios:
Na ausência das BPF´s e do PPHO, praticamente todo o processo
produtivo é considerado como ponto crítico de controle. Com base na
ISO22000/2006 define-se programa de pré-requisitos (PPR) em segurança
de alimentos como as condições básicas e atividades necessárias para
manter um ambiente higiênico ao longo da cadeia produtiva de alimentos,
adequadas para a produção, manuseio e provisão de produtos finais seguros
e de alimentos seguros para o consumo humano.
O APPCC avalia os oito procedimentos do PPHO: qualidade da
água, higiene nas superfícies de contato com o produto, prevenção de
contaminação cruzada, higiene pessoal, proteção contra contaminação do
alimento, identificação e estocagem adequada dos produtos tóxicos, saúde
dos manipuladores, controle integrado de pragas.
O APPCC é específico para cada item, isto é, independente de ser
produzido em uma indústria de alimentos ou em restaurantes e lanchonetes,
cada alimento deve ter um plano APPCC específico.
 Estabelecimento de ações corretivas.
 Estabelecimento de procedimentos de verificação, validação e revisão;
 Documentação e registro.

Detalhamento dos 12 passos


 Formação de Equipe APPCC
A equipe de implantação do sistema APPCC deve ser composta por pelo
menos um membro das áreas de Garantia de Qualidade, Produção,
Manutenção. Esta equipe deve ter um líder e este deve ser especialista no
assunto. Todos os membros da equipe devem conhecer a metodologia
APPCC e as atribuições de cada um devem estar definidas desde o início do
processo.
 Descrição e caracterização do produto
Nessa etapa é preciso elaborar um documento com o detalhamento do
processo do produto, incluindo sua formulação e sua composição química
(a de registro na ANVISA ou no MAPA), características da embalagem
listando os fornecedores aprovados e sua validade. Além disso, é necessário
descrever as condições de armazenagem como temperatura,
empilhamento e a distribuição.

 Identificação do uso pretendido do produto


A partir desses sete princípios, podemos sequenciar o sistema APPCC
É importante identificar a quem se destina esse produto, ou seja, se o
em 12 passos, conforme descrito a seguir:
produto é destinado a todos ou se é especifico para crianças ou idosos. Esta
 Formação de Equipe APPCC; informação pode contar no mesmo documento descrito anteriormente.
 Descrição e caracterização do produto. O uso pretendido, o manuseio razoavelmente esperado do produto final
 Identificação do uso pretendido do produto; e qualquer manuseio e uso incorretos do produto final não intencionais,
 Elaboração do fluxograma de processo. porém razoavelmente esperados, devem ser considerados e descritos em
 Verificação do fluxograma; documentos na extensão necessária à condução da análise de perigos.
 Identificação e análise dos perigos. (ABNT - ISO 22000, 2006)
 Identificação dos pontos críticos de controle;
 Estabelecimento dos limites críticos.  Elaboração do fluxograma de processo
 Estabelecimento de um sistema de monitoramento;
Deve-se desenhar o fluxograma do processo, este deve contemplar todas É importante avaliar dois aspectos relacionados aos perigos nessa etapa:
as etapas do processo e suas particularidades de forma sequenciada e com o risco e a severidade. O risco compreende a possibilidade de ocorrência
as devidas interações. do perigo, hoje, amanhã ou daqui a um mês por exemplo. Já a severidade
está relacionada com a magnitude do perigo. É pensar sobre qual é o
impacto desse perigo. Existe alguma ameaça à vida do indivíduo? A
deterioração do produto é muito grande?
Ao final dessa análise, a equipe APPCC terá em mãos uma lista com
todos os perigos e as medidas preventivas existentes, que serão a base do
próximo passo.
Uma dica importante: na etapa de distribuição é preciso atentar-se para
o tempo de carregamento, descarregamento e deslocamento do produto e
considerar que para reduzir os custos, é possível transportar diferentes
tipos de produtos em um mesmo frete.
 Identificação dos pontos críticos de controle (PCC´s)
Em determinados processos produtivos, uma única operação
caracterizada como ponto crítico de controle (PCC) pode eliminar mais de
um perigo microbiológico. Ponto crítico de controle (PCC) é qualquer
 Verificação do fluxograma ponto, procedimento, operação ou etapa no qual um controle deve ser
aplicado para prevenir, reduzir a níveis aceitáveis ou eliminar um perigo
A equipe vai até a área de produção com o fluxo de produção verificar (físico, químico ou biológico), relacionado com a inocuidade dos alimentos.
se o mesmo está completo e complementando com as informações que Neste momento, utiliza-se uma ferramenta chamada “árvore decisória”.
julgarem importantes.
Diagrama 2. Exemplo de Árvore decisória para identificar PCC
Esse momento é quase como uma auditoria, pois, olhando o processo
com os olhos da qualidade, é possível identificar alguns furos no processo
como procedimentos inadequados e/ou equipamentos mal posicionados,
gerando risco de contaminação. Esta verificação já ajuda, caso sejam
necessários ajustes no programa de pré-requisitos.
 Identificação/análise dos perigos e definição de ações preventivas
Nesta etapa é feita a identificação de informações sobre os perigos
potenciais associados ao alimento, que possam ser significativos no Plano
APPCC. Consiste na avaliação de todos os procedimentos relacionados à
produção, à distribuição e ao uso de matérias-primas.
Os procedimentos de monitoramento devem ser capazes de detectar a
perda de controle no PCC (Organização Pan-Americana da Saúde, 2006).
Neste ponto serão observados os procedimentos definidos no PPR (BPF´s e
PPHO), serão avaliados os tempos de processo em especial onde há
tratamento térmico, as temperaturas do ambiente e dos produtos, serão
coletadas amostras da água, embalagens, produtos químicos, matérias-
primas e dos alimentos em processo para que em laboratório sejam feitas
análises físico-químicas, microbiológicas e sensoriais.
Neste plano, devem constar os procedimentos de inspeção, coleta e
análise de amostras a serem realizadas assim como a frequência de
execução. Além disso, devem estar previstos procedimentos de aferição e
calibração de instrumentos como, por exemplo, termômetros e plano de
manutenção preventiva dos equipamentos. Daí a necessidade da
participação de profissionais de Manutenção na equipe APPCC.
Para termômetros de penetração digital ou mecânico, recomenda-se
calibração semanal ou quando houver suspeita de perda de calibração. Um
Cuidado!
termômetro de referência deve ser mantido em condições adequadas para
É importante diferenciar Ponto de Controle (PC) de Ponto Crítico
controle.
de Controle (PCC). Ponto de Controle é um ponto onde o perigo é
efetivamente controlado pelas Boas Práticas de Fabricação, enquanto que Todas as medições e monitoramento devem estar registrados em
o Ponto Crítico de Controle é o ponto onde as BPF´s não conseguem dar formulário padronizado e assinadas pelo operador que desempenha a
conta de controlar. atividade, pelo responsável pela área e pelo operador/auditor.
Lembrando que, ao identificar uma não conformidade o lote deve ser
 Estabelecimento de um sistema de monitoramento bloqueado para análise. Bloquear um lote significa retirá-lo do processo,
armazená-lo separadamente e bem identificado para que ninguém utilize o
É chegada a hora de estabelecer um plano de ação para monitorar todos produto ou libere até que os resultados das análises do controle de
os PCC´s físicos, químicos e biológicos. Seu objetivo é garantir que os qualidade sejam liberados. Conforme a ISO22000/2006, o lote só pode ser
limites críticos estão sendo respeitados e o processo devidamente liberado se atender aos seguintes requisitos:
acompanhado. O monitoramento deve ser frequente e quando possível 1. Outra evidência, além do sistema de monitoramento, que
constante. Desta forma, ao identificar anomalia, é possível ajustar o demonstre que as medidas de controle tenham sido eficazes;
processo imediatamente. Nesse contexto, é importante considerar que todos 2. Evidência que mostre que o efeito combinado das medidas de
os operadores envolvidos devem receber treinamento para garantir a controle para o produto em questão atende ao desempenho
confiabilidade das mensurações. pretendido;
O monitoramento é a medida ou observação programada de um PCC 3. Os resultados de amostragem, análises e/ou outras atividades de
em relação aos seus limites críticos (Organização Pan-Americana da Saúde, verificação demonstrem que o lote do produto afetado atende
2006).
aos níveis aceitáveis identificados para o(s) perigo(s) à segurança
de alimentos considerados.  Documentação e Registro

 Estabelecimento de procedimentos de verificação, validação e A documentação e a manutenção dos registros devem ser ajustadas à
revisão natureza da atividade e ao porte da empresa e ser suficientes para auxiliar as
empresas na verificação de que os controles do sistema HACCP estão
O CODEX ALIMENTARIUS (Organização Pan-Americana da Saúde, sendo implementados e mantidos (Organização Pan-Americana da
2006) define a etapa de verificação como aplicação de métodos, Saúde, 2006).
procedimentos, análises e outras avaliações, além do monitoramento para
determinar o cumprimento do plano HACCP.
O plano preconiza que a verificação deve ser efetuada por uma pessoa
diferente da encarregada do monitoramento das medidas e das ações
corretivas. Caso as atividades de verificação não possam ser conduzidas na
empresa, especialistas externos ou terceiros qualificados podem realizar
essas atividades. Nesta etapa evidencia-se a implantação e funcionamento
do sistema APPCC.
Serão avaliados os registros de controle de temperatura, calibração,
análises físico-químicas, microbiológicas, sensoriais e demais controles do
plano APPCC.
O planejamento da verificação deve definir o propósito, os métodos, a
frequência e as responsabilidades das atividades de verificação. As
atividades de verificação devem confirmar que:
o O(s) PPR está(ão) implementado(s);
o As entradas para a análise de perigos são atualizadas
continuamente;
o O(s) PPR operacional (is) e os elementos do plano APPCC estão
implementados e são eficazes; Complementando o Sistema APPCC, a unidade deve garantir a
o Os níveis de perigo estão dentro dos níveis identificados como implementação de um sistema de rastreabilidade, onde se tenha informações
aceitáveis; de matérias-primas, insumos, embalagens e produto final. Assim, é possível
o Outros procedimentos requeridos pela organização estão identificar a origem do problema no caso de identificação de PC ou PCC
implementados e são eficazes (ABNT - ISO 22000, 2006). Para fora de conformidade. Um bom sistema de rastreabilidade facilita o
tal, a unidade deve estabelecer um cronograma de auditorias procedimento de recall, ou seja, a retirada/recolhimento de produto
internas a serem realizadas por auditores selecionados para isso, inseguro no ponto de venda. Esses registros devem ser mantidos na empresa
os auditores não devem auditar seu próprio trabalho.
organizados e acessíveis por um bom tempo, inclusive após o vencimento
do produto.

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