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Etapa Ensino Médio Língua

Portuguesa

Conto II
2ª SÉRIE
Aula 2 – 2º Bimestre
Conteúdos Objetivos
● Gênero conto; ● Familiarizar-se com
características do gênero
● Estrutura do conto;
conto e sua estrutura;
● Elementos da narrativa. ● Identificar os elementos da
narrativa;
● Produzir um conto.
Para começar

Você ouviu falar dos gêneros textuais e já estudou sobre


alguns deles. Então, sabe que cada gênero possui
características próprias, ou seja, marcas, elementos, que o
tornam único.
Já escreveu algum conto? Ou já teve vontade de escrever
um?
De qual gênero de conto você gosta mais: terror, urbano,
policial, de fadas, fantástico, de humor, psicológicos, de
ficção científica?
Foco no conteúdo
Na aula passada, analisamos e interpretamos o conto “A
Carteira”, de Machado de Assis. Mas você sabe dizer o que
caracteriza um conto? Vamos refletir sobre as perguntas a
seguir.
● Qual é a diferença entre conto e romance?
● Quais elementos você pode apontar que sempre
aparecem nos contos?
Conversem em duplas e anotem suas respostas. Ao final,
vamos compartilhar com a turma.
Foco no conteúdo
Na aula passada, analisamos e interpretamos o conto “A Carteira”, de
Machado de Assis. Mas você sabe dizer o que caracteriza um conto?
Vamos refletir sobre as perguntas a seguir.
● Qual é a diferença entre conto e romance? É o tamanho e a
estrutura da narrativa, ou seja, o romance apresenta uma
história longa, com muitas personagens e vários conflitos; já
o conto é uma narrativa curta, centrada em uma
personagem e um conflito.
● Quais elementos você pode apontar que sempre aparecem nos
contos? Tempo – Espaço – Personagens – Enredo (sequência
de fatos da história) – Narrador (Foco narrativo)
Foco no conteúdo
O CONTO
É um gênero literário que tem como estrutura uma história curta,
escrita em prosa, centrada em uma personagem e um conflito. Sua
estrutura clássica pressupõe: situação inicial – conflito e
desenvolvimento – clímax e desenlace. Entretanto, a literatura
contemporânea apresenta uma série de estruturas diferentes, não
seguindo a estrutura tradicional.
Este gênero é muito popular, pois é possível lê-lo em pouco tempo,
até mesmo no trajeto de casa à escola ou ao trabalho, dentro do
ônibus, do metrô ou do trem. Além disso, é de fácil
compartilhamento e divulgação em blogs e redes sociais.
Foco no conteúdo
O CONTO

O conto não é um gênero menos importante do que o romance,


tanto é assim que muitos grandes romancistas eram também
renomados contistas, como: Machado de Assis, Álvares de Azevedo,
Mário de Andrade, entre tantos outros.
Na prática
Agora vamos ler o conto “Valha-me, Senhora da
Amizade!”. Durante a leitura, você deve prestar
atenção na estrutura e ir tomando nota. Busque
responder às perguntas:
● Até que parágrafo se estende a situação inicial?
● Qual é o conflito da história? Em que parágrafo ele
aparece?
● Até que parte vai o desenvolvimento da narrativa?
● Como acontece o desenlace?
Foco no conteúdo

Valei-me, Senhora da Amizade!, de Jorge Will


Certa vez, num lugar bem distante, onde ainda não havia selvas
de pedra como a que vivemos hoje, havia um rapaz que vivia
sozinho e triste. Sua tristeza tinha um motivo: ele não tinha o que
comer nem o que beber e morava sozinho. As últimas colheitas
foram um desastre por causa da praga e da chuva. Além disso, não
havia água em abundância por ali. Por isso, todo mundo já tinha
saído daquela região. Assim, não tinha ninguém com quem
conversar. Certo dia, ao acordar, ele decidiu ir embora daquele
lugar. Seu sonho era encontrar um lugar bonito e cheio de fartura,
que ele pudesse chamar de lar.
Foco no conteúdo
Saindo de lá, caminhou por horas por uma longa estrada de terra.
Ao final do dia, encontrou um descampado e decidiu parar para
descansar. Ele escolheu uma árvore, e, então, lentamente, abaixou
e se deitou, tendo a grama como lençol. Estava sem forças; a
caminhada foi dura. Seus músculos estavam tão doloridos, que,
mesmo quando a fome apertou e a sede veio reclamar um pouco
d’água, preferiu o sono como alimento. Quem dorme não sente
fome, sua avó dizia.
Ao despertar da aurora, o rapaz levantou, ajuntou forças, e
continuou sua jornada.
No meio de uma estrada, ele encontrou uma mulher brava, mal-
humorada, que vinha resmungando pelo caminho.
Foco no conteúdo
Ao se aproximar da senhora, o rapaz a cumprimentou e perguntou
se estava tudo bem. A mulher respondeu sem paciência que não era
de sua conta, que ele cuidasse da vida dele. Mas o rapaz não se
abalou e falou que era uma pessoa simples, sem propriedades nem
dinheiro, mas que estava disposto a ajudá-la no que fosse possível.
- Siga o seu caminho! A velha respondeu, completando: “E não se
incomode com uma estranha, velha, pobre e ranzinza”.
Ao contrário do que propôs a mulher, o rapaz se aproximou ainda
mais e disse:
- Minha senhora, deve ter alguma coisa que eu possa fazer, deixe
eu ajudá-la!
Foco no conteúdo
Ao dizer essas palavras, a velha se transformou em uma linda
jovem, e com uma voz suave e cheia de melodia falou, sorrindo:
- Meu caro rapaz, você recebeu um dom muito especial de Deus,
o dom de amar ao próximo e ajudar a quem precisa. Por ser tão
especial assim, quando estiver em apuros, basta que me chame,
dizendo: Valei-me Senhora da Amizade! E eu virei em seu auxílio
imediatamente.
O rapaz agradeceu e seguiu seu caminho, refletindo sobre o valor
da amizade e do amor ao próximo. Ele ficou feliz com a nova
amizade, afinal, ter uma amiga com poderes mágicos é sempre
bom. A gente nunca sabe quando o destino vai nos pôr à prova.
Foco no conteúdo
Com esse sentimento de felicidade, e com esperança de que nunca
precisasse recorrer à Senhora da Amizade, foi caminhando e logo
chegou a um reino, que ficava ali próximo.
Nesse reino, havia uma princesa que há semanas estava muito
triste. O rei, seu pai, já havia feito de tudo para vê-la sorrir de novo,
chamou até os melhores médicos, ofereceu os melhores presentes,
mas nada a tirava daquela situação. A princesa estava
profundamente triste por ter perdido a bolinha de ouro com a qual
brincava sempre e que tinha sido presente de sua mãe, a rainha,
antes de morrer. Nada mais tinha graça para ela, nada mais tinha
valor.
Foco no conteúdo
Ao chegar nesse reino, o rapaz foi tomar um pouco de água numa
bica e, conversando com alguns moradores dali, ficou sabendo que o
rei havia prometido terras e um bom montante em dinheiro para
quem achasse a bolinha de ouro de sua filha. Nesse instante, ele se
lembrou do que a Senhora da Amizade havia prometido a ele e
percebeu que juntos eles poderiam ajudar o rei a resgatar a alegria
de sua filha. Lógico que, não sendo bobo nem nada, também
ponderou que, caso conseguisse resolver o problema, nunca mais
teria que andar pelo mundo sem destino, nunca mais passaria fome,
nem sede.
Mas o que mais o motivou foi pensar que estaria ajudando a
princesa a acabar com aquela tristeza sem fim.
Foco no conteúdo
O rapaz procurou um lugar discreto e fez uma tentativa de
conversar com a Senhora da Amizade, dizendo:
- Valei-me, Senhora da Amizade!
Para sua surpresa e alegria, a sua amiga apareceu imediatamente
em sua frente e perguntou:
- O que foi meu jovem? Como posso lhe ajudar?
O rapaz explicou o que estava acontecendo com a filha do rei e
disse que queria ajudá-la a encontrar a sua bolinha de ouro. Ele não
precisou dizer mais nada, pois a fada já havia entendido o que ele
precisava. Então, ela convocou os pássaros e os animais, pedindo
que todos procurassem a bolinha de ouro da princesa.
Foco no conteúdo
E não demorou para que um guaxinim cinza, com manchas pretas
ao redor dos olhos e um rabo todo listrado, bem fofo e esperto,
aparecesse correndo, respirando com sofreguidão. Ao chegar aos
pés da fada, ele estendeu as duas mãozinhas com a bolinha de ouro
que trazia, com cuidado. O rapaz, com grande entusiasmo,
agradeceu ao lindo animal, que ficou todo feliz por ser o único a
encontrar a bolinha. E corou de vaidoso quando a Senhora da
Amizade lhe deu um beijo e agradeceu seu serviço. O moço
agradeceu à amiga e disse que ela poderia contar com sua ajuda
quando precisasse, e ela se foi.
Para não perder tempo, nem dar sorte ao azar, rapidamente, o
rapaz se dirigiu ao castelo do rei e entregou a bolinha de ouro à
princesa, que começou a sorrir imediatamente.
Foco no conteúdo
Ela ficou tão feliz que pulou no colo do pai e o abraçou fortemente.
Aliviado, o rei a beijou e pediu que fosse brincar. Então, chamou o
rapaz e perguntou como tinha encontrado a bolinha que sua filha
perdera, quando tanta gente já havia tentado e não havia tido êxito.
Quem tem um amigo, tem tudo! O rapaz respondeu. E o rei, que
não entendeu muito bem, mas ficou satisfeito com o resultado, deu
ao jovem o que tinha prometido: terras para morar e cultivar e
muito dinheiro. Mas antes disso, como era hora do almoço, o rei fez
questão de que ele participasse do banquete de comemoração. Você
já deve estar pensando e é isso mesmo: o bom moço se
empanturrou de tanto comer e se esbaldou com taças de vinho.
Foco no conteúdo
Como havia passado muito tempo de dor e tristeza pela perda da
bolinha de ouro da princesa, o rei achou que era momento de
comemorar e decretou que, por três dias e três noites, todos os
cidadãos do reino iriam festejar a volta da felicidade da princesa,
com muita comida, muito vinho e muita música para todos. Assim,
além de rico, o rapaz se tornou muito famoso. E sempre que alguém
perguntava como ele havia conseguido, ele dizia: - Quem tem um
amigo, tem tudo!
(Texto cedido pelo autor)
Na prática Correção

Agora que você leu o conto “Valha-me, Senhora da Amizade!”.


Vamos ver se acertou.
● Até que parágrafo se estende a situação inicial? 10º
parágrafo, que começa com “Nesse reino, havia uma
princesa...”
● Qual é o conflito da história? Em que parágrafo ele aparece? A
tristeza da princesa com a perda da sua bolinha de ouro;
11º parágrafo, que começa com “Nesse reino, havia uma
princesa”.
Na prática Correção

● Até que parte vai o desenvolvimento da narrativa?


Parágrafo 18, que começa com “O rapaz explicou o que
estava acontecendo[...]”.
● Como acontece o desenlace? Com o jovem levando a
bolinha de ouro até o castelo e entregando-a à princesa,
o que a faz ficar muito feliz e ao rei também. Depois o
jovem é recompensado e o rei decreta uma festa de três
dias.
Foco no conteúdo
Elementos da narrativa
Nossa experiência como leitores nos revela que há alguns
elementos que são imprescindíveis para se contar uma
história, não é mesmo? Ou seja, é preciso que:
● alguém conte tudo que se passou: narrador;
● ela tenha acontecido com alguém*: personagens;
● aconteça em algum lugar: espaço;
● se passe em algum momento: tempo;
● haja uma sequência de ações para a narrativa se
desenrolar: enredo.
Foco no conteúdo
Elementos da narrativa

“Alguém” não quer dizer necessariamente uma pessoa,


até animais ou objetos podem ser personagens, e eles,
muitas vezes, são personificados (agem como seres
humanos, falam etc.).
Foco no conteúdo

● Narrador (quem narra a história) / foco narrativo (de que lugar


se narra a história) – Tipos de narrador: 1ª pessoa ou narrador
personagem – faz parte da história; 3ª pessoa observador –
está fora da história, conta o que viu ou ouviu dizer; 3ª pessoa
onisciente – sabe de tudo (passado, segredos, pensamentos);
está em todos os lugares.
● Personagens – o conto geralmente é centrado em uma
personagem, podendo haver outras que deem suporte para o
desenvolvimento do enredo;
Foco no conteúdo

● Espaço – pode ser físico (aberto ou fechado); ou psicológico


(conflito interno ou fluxo de pensamento);
● Tempo – como a história é curta e é um recorte da vida da
personagem, o tempo, em geral, é limitado, questão de horas,
dias ou semanas;
● Enredo - é a sequência de ações que se passam na história.
Aplicando

Vamos pôr em prática o que aprendemos sobre os


elementos da narrativa.
Para isso, você irá escrever uma história e pode escolher
seu próprio tema, ou escolher entre essas sugestões:
preconceito, amizade, adolescência, violência, convívio na
escola, relação em família (só alguns como sugestão). Ao
definir o tema, pense quem será a personagem principal,
em torno de quem irá acontecer os fatos.
Aplicando

Em seguida, defina uma situação-problema que seja


interessante. Depois, escolha o espaço e o tempo para a
sua narrativa. O que irá acontecer nessa história, ou seja,
que ações, o enredo.
Ah, você vai colocar a própria personagem para contar a
história (narrador de 1ª pessoa)? Ou será um narrador de
fora (3ª pessoa)? Observador ou onisciente? Tudo isso
definido, pronto, agora é só começar a escrever o seu
conto.
O que aprendemos hoje?
● Na aula de hoje, retomamos as características do
gênero conto e as partes que integram a sua
estrutura. Para ver isso na prática, lemos e analisamos
o conto “Valei-me, Senhora da Amizade!”. Em seguida,
revimos quais são os elementos da narrativa.
● Para finalizar, ficou o desafio de produção de um
conto.
● Espero que tenham gostado desta aula!!
Referências
CONCEIÇÃO, Jorge W. Valei, Senhora da Amizade!. Disponível em
https://cutt.ly/k3Io3nJ. Acesso em: 14 fev. 2023.
BUENO, Francisco da Silveira. Gramática de Silveira Bueno. 20ª
ed. e atualizada. São Paulo: Global, 2014.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo em ação
– língua portuguesa. Segunda série do ensino médio. Caderno do
estudante. São Paulo, 2022. Disponível em: https://cutt.ly/i8jKJb6.
Acesso em: 28 fev. 2023.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo paulista
do ensino médio. São Paulo, 2020. Disponível em:
https://cutt.ly/V8jLYm2. Acesso em: 28 fev. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 18 – https://pixabay.com/pt/vectors/mulher-lendo-
desenhando-esbo%c3%a7o-6531363/
Slide 21 e 22 – https://pixabay.com/pt/vectors/garota-
personagem-pessoas-pessoa-152497/
Slide 27 – https://pixabay.com/pt/vectors/sala-de-aula-
aprendizado-cooperativo-1297779/
Material
Digital

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