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O BERÇO E A CRUZ

“Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: ‘Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir
em paz o teu servo. Pois os meus olhos já viram a tua salvação, que preparaste à vista de todos os povos: luz
para revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu povo’. O pai e a mãe do menino estavam admirados com
o que fora dito a respeito dele. E Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe de Jesus: ‘Este menino está
destinado a causar a queda e o surgimento de muitos em Israel, e a ser um sinal de contradição, de modo que o
pensamento de muitos corações será revelado. Quanto a você, uma espada atravessará a sua alma’.”
Lucas 2:28-35

O hino que Simeão, um homem justo e devoto, cantou depois de ver o menino Jesus e suas palavras aos
pais terreno de Jesus, reúne toda a Bíblia em um resumo poderoso. O que ele disse uniu as eras: “luz para
revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu povo".

Historicamente quando Jesus nasceu, a fé no Deus Eterno estava desmoronando sob o legalismo dos
fariseus e saduceus. No entanto, mesmo enquanto o povo de Deus sofria sob o domínio romano, Deus ainda
tinha um remanescente.

A canção de Simeão é um bom resumo do significado do Natal.


No espaço de suas poucas palavras, promessa e cumprimento colidem para contar a história do advento
de Cristo, assim como a gloriosa esperança do Natal:
O nascimento de Jesus cumpriu as promessas do passado. Ele era o consolo prometido.
Deus havia cumprido sua Palavra, por isso Simeão compreendia que poderia morrer em paz.

Cristo é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento e é a chave para o Novo Testamento. Ele é
o segundo Adão que surgiu, ao contrário do primeiro Adão, sem pecado (1 Coríntios 15.45-57). Ele é o
verdadeiro Moisés, que foi à terra prometida para preparar um lugar para seu povo. Ele é o verdadeiro
sacerdote, o nosso grande sumo sacerdote, acima disso, é o próprio sacrifício. Ele é o rei eterno, descendente de
Judá, filho de Davi, o herdeiro final de seu trono. Jesus é o cumprimento de todas as promessas da antiga
aliança.

Com isso o nascimento de Jesus trouxe “Boas Novas”. O Evangelho! A salvação para todos os povos.
Deus enviou seu filho como Salvador à todos, judeus e gentios. Ele era uma luz para os gentios, que antes
andavam nas trevas. Como o apóstolo Paulo colocou em Efésios 2.12,13, os gentios anteriormente estavam
“separados de Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo
esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, aqueles que antes estavam longe, pelo sangue de
Cristo, foram aproximados”. Cristo derrubou o muro de separação que antes dividia judeus e gentios e fez para
si um povo de dois. A escuridão espiritual que cobriu a terra por quatro mil anos, desde a queda do Gênesis 3
estava prestes a desaparecer. O caminho para o perdão e a paz com Deus estava prestes a ser aberto a toda a
humanidade. A cabeça de Satanás seria esmagada. A liberdade estava prestes a ser proclamada aos cativos, a
recuperação da visão aos cegos. A poderosa verdade e justiça estava prestes a ser proclamada. Se isso não era
'boas novas', nunca houve notícias que merecessem esse nome.

Sobretudo o nascimento de Jesus foi designado para a ascensão e queda de muitos. Na chegada de Cristo
foi designada a ressurreição de muitos e a queda de milhares. Cristo é o cheiro da vida para aqueles que nele
crêem (2 Coríntios 2.14-16). Muitos que antes estavam afastados de Deus no pecado, foram reconciliados. Esta
é a boa notícia do Natal. Assim como Cristo ressuscitou Lázaro depois que ele já estava morto por muitos dias
(João 11), milhares de pecadores foram ressuscitados para uma nova vida pelo Filho de Deus. Esta boa notícia
relaciona a história do Natal com a Páscoa e mostra como um é incompleto sem o outro. Enquanto as Boas
Novas resgatam milhares, ela também é uma notícia de julgamento aos incrédulos. Deus designou Jesus para a
ruína de multidões. Ele é uma pedra de tropeço e uma rocha de ofensa para todos os que o rejeitam como
Senhor e Salvador.
Mas essa criança que nasceu também seria um sinal de desprezo e rejeição. Esta criança seria
atacada e odiada por todos os lados, por todos os tipos de homens ao longo dos séculos. No exercício do seu
ministério acabaria injuriado, rejeitado e blasfemado; um homem de dores. Assim, como Simeão profetizou que
a criança traria um sinal de contradição, não devemos nos surpreender quando a maioria das pessoas ao nosso
redor não o seguem e o desprezam.

É fato que a criança nasceu para ser sacrificada. Simeão profetizou o evangelho em miniatura. Predisse a
tristeza que viria sobre a virgem Maria, retratando-a como uma espada que corta profundamente, que rasga
alma. Isso foi cumprido quando ela ficou ao lado da cruz e viu seu filho pendurado ali, levando o pecado de
seu povo. Mas sua tristeza se transformaria em alegria, pois Maria era uma pecadora necessitada de graça tanto
quanto nós. A espada que a perfurou na morte de seu filho acabou sendo a salvação de sua alma. A luz
realmente brilhou na escuridão, porque essa criança revelaria a pecaminosidade dos corações humanos e traria a
cura.

É isso, o evangelho revela o verdadeiro coração de todos nós. Pregar Jesus, a sua vinda e a cruz provoca
raiva e inimizade em alguns, mas agonia sobre o pecado e arrependimento para a vida em outros. Para alguns,
isso apenas aumenta a oposição e a culpabilidade, endurece ainda mais seus corações; mas para outros, traz luz
a escuridão da alma: “Porque Deus, que disse: Das trevas brilhe a luz, é quem resplandeceu em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” 2 Co 4.6. Para alguns,
Cristo é a luz do mundo; para outros, ele é uma pedra de tropeço e uma rocha de ofensa.

O evangelho de Simeão é a boa nova de Belém e do Gólgota. É o berço e a cruz. A história do Natal
nunca está completa sem a Sexta da morte e a Páscoa. Nesta época do Advento, enquanto nos reunimos para
celebrar a encarnação de nosso Senhor, aproveite e cante a canção de Simeão por toda parte, especialmente nos
círculos onde impera a escuridão.

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